Capítulo 40

A razão

I've found out a reason to show

Eu descobri uma razão para mostrar

A side of me you didn't know

Um lado meu que você não conhecia

A reason for all that I do

Uma razão para tudo que eu faço

And the reason is you

E a razão é você

The reason - Hoobastank

 Jasper POV

Bocejei. Não fosse a insistência de Alice de querer vir tão cedo – ela tinha me ligado umas seis horas para que eu a buscasse na casa de seus pais -, eu não teria nem sonhado em levantar da minha cama.

-Hmmm... – Alice provou o chocolate quente que tinha falado. Eu ri de sua expressão de satisfação. – O que é?

-Nada. – tomei outro gole de meu café forte. – Então... Vamos conversar.

-Já estamos conversando. – ela se esquivou. – Hmmm, isso aqui está uma delícia.

-Imagino. – sorri para ela. – Alice, eu mudei de ideia.

Eu sabia que ela entenderia do que eu estava falando.

Ela me encarou, desconcertada, mas apenas por poucos segundos. Logo ela já tomava o seu chocolate quente de novo.

-Você devia provar... Está maravilhoso. – Alice disse como se não tivesse escutado uma palavra do que eu acabara de dizer.

-Eu mudei de ideia. – repeti. Ela encarou o chocolate no copo, mas não parecia mais com vontade de bebê-lo.  – Eu quero você, minha Allie.

Chamei-a pelo apelido que eu dera a ela. Era o modo que eu a chamava desde o início do namoro, quando éramos simplesmente inseparáveis.

Alice, no entanto, ficou em silêncio. De novo.

-Eu fui um idiota, nunca devia ter te deixado ir. – continuei. Talvez dizendo aquelas coisas ela se convencesse de que eu estava falando sério. – E também nunca devia ter te comparado com a mulher que pertenceu ao meu passado e de lá nunca mais saiu.

Nada de palavras saindo da boca de Alice. Aquilo deveria ser um recorde; Alice não parava quieta!

-Me desculpe. – eu toquei a sua mão. – Eu estava inseguro, mas não estou mais. Sei que você é a mulher da minha vida. A única.

Então ela me olhou nos olhos mais uma vez.

-Tenho que ir. – ela soltou-se de minha mão e largou seu chocolate quente quase intocado em cima da mesa. Alice saiu com a sua bolsa e eu pude ver que ela abrigava lágrimas em seus olhos.

Emmett POV

Eram nove horas quando eu entrei no hospital para a mesma rotina e mesmice de sempre. Eu estava cansado, mas fazer o quê? Já não tinha trabalhado ontem e, bem, a hora que eu visse as crianças de quem eu cuidaria eu já ficaria feliz.

-Emm? – ouvi uma voz feminina chamar atrás de mim. – Emmett!

Virei-me a tempo de ver Bella “correr” em minha direção com uma garotinha no colo. Quando ela chegou perto é que eu pude ver que não era uma garotinha, era a garotinha.

-Ella? – disse baixinho para não acordá-la, pegando-a do colo de Bella. – O que aconteceu? – preocupei-me. A menina tinha sido atropelada na semana passada; as chances eram mínimas, mas meu diagnóstico de nada sério ter acontecido podia ter sido equivocado.

-Está tudo bem... Ela só estava com sono. – a namorada de Edward deu um sorriso mínimo. – Eu estou cuidando do pai dela, tenho que voltar até lá. Você pode deixar ela em um lugar para dormir na Pediatria?

-Tudo bem. – aceitei, aliviado por ela estar bem. – Obrigado por trazê-la para mim, Bells.

Ela pareceu não entender.

-Por quê?

-É a filha da Rose. – sorri um pouco. Bella arregalou os olhos.

-Quer dizer que o pai dela é o cara que você bateu? – ela perguntou retoricamente, sem me dar tempo para responder. Como as notícias de que eu batera em Royce foram parar nos ouvidos dela, ainda mais tão rápido? – Você salvou a vida dele, Emmett!

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Bella já tinha saído “correndo” outra vez. Devia estar querendo espalhar a “fofoca” ou sei lá.

Fiquei sozinho, pensando em como Edward era um dedo-duro. Tudo o que eu contava a ele parava nos ouvidos de sua namorada quase que instantaneamente – eu só tinha contado a ele do meu acesso de raiva.

Revirei os olhos e me lembrei da criança em meus braços. Ella parecia um anjo dormindo, e era tão leve quanto uma pluma apesar de seus seis anos de idade.

Bom, agora o encontro com Rosalie hoje seria praticamente inevitável; ela teria que buscar sua filha alguma hora. Quer dizer, eu pelo menos esperava que ela fosse pessoalmente.

Jasper POV

Eu estava confuso. Rose vivia me dizendo que Alice me amava e que queria estar comigo; então eu decido tomar a iniciativa para tê-la de volta e ela sai sem me dar nenhum tipo de explicação!

Eu amava cada traço de Alice e sabia conviver com seus defeitos, mas sua impulsividade era quase impossível de se controlar. Por que sofrer calada? Se era a mim que ela queria, por que não me dar outra chance?

Fui atrás dela com a sensação de que Alice estava me escondendo alguma coisa.

Emmett POV

-Tyler, você tem que ficar quieto. – chamei a atenção de meu paciente de quatro anos. Ele tinha quebrado o braço e agora voltara para que eu retirasse o gesso; tarefa praticamente impossível com um garotinho que parecia fascinado demais com Ella dormindo ali ao lado.

-Quem é? – ele perguntou com sua vozinha de criança pequena. Eu sorri, começando a tirar o material de seu braço em seu momento de distração.

-É a minha filha. – eu respondi com adoração. Apesar de eu nem conhecê-la há muito tempo, eu adorava aquela menina em todo o seu jeito meigo de ser como se eu fosse mesmo seu pai.

-Ah. – Tyler sorriu mostrando seus dentinhos. – Ela é bonita.

-Puxou a mãe dela. – sorri novamente. Era a completa verdade. – Prontinho Ty. Pode voltar até seus pais.

O menino pareceu surpreso demais quando viu que eu já tinha retirado o gesso de seu braço.

-Obrigado, doutor Emm. – ele agradeceu e saiu, não sem antes dar mais uma olhada em Ella.

Os garotos estavam começando muito cedo ou era impressão de alguém ciumento demais?

Comecei a guardar o material que tinha usado e fui até o lixo a fim de jogar o gesso fora, ignorando meus pensamentos sem cabimento.

-É a sua filha? – uma voz soou da porta e quase me fez cair para trás.