Capítulo 38

Eu não quero perder nada

I could stay awake just to hear you breathing

Eu poderia ficar acordada só para ouvi-lo respirando

Watch you smile while you are sleeping

Ver você sorrir enquanto está dormindo

While you're far away and dreaming

Enquanto você está longe e sonhando

I could spend my life in this sweet surrender

Eu poderia passar minha vida nessa doce rendição

I could stay lost in this moment forever

Eu poderia ficar perdida nesse momento para sempre

Every moment spent with you

Cada momento que passo com você

Is a moment of treasure

É um momento de valor

I don’t wanna miss a thing - Aerosmith

Rosalie POV

Eu estava cansada de ir embora com tristeza no olhar. Por causa disso, a minha meta era mesmo dormir com um sorriso no rosto – eu estava disposta a passar por cima de tudo para que eu conseguisse aquele feito.

Foi com esse pensamento que decidi dar mesmo uma chance à Emmett. Eu sabia que ninguém é perfeito, todos nós já cometemos pelo menos um erro na vida – e, bem, adolescência é o coletivo de erros.

Só de ele saber que não tinha feito a escolha certa ao se perder daquele jeito, já me deixava mais feliz. Ele tinha corrido atrás, conseguira se recuperar e agora era um pediatra bem-sucedido e conhecido em toda Manhattan. E ele gostava de mim, eu gostava dele. Não o deixaria ir sem tentar fazer com que as coisas entre nós dois dessem certo. 

-Você quer mesmo que eu vá embora? – tomei coragem para perguntar quando aquele homem de olhos tristes abriu a porta.  – Porque eu quero ficar.

E então Emmett sorriu, revelando todos os seus dentes impecáveis e as covinhas que eu nunca me cansaria de admirar. Eu gostava de cada traço do seu corpo, cada milímetro – para mim ele era perfeito apesar de suas imperfeições. Eu o amava.

Ele me beijou e entramos em sua casa do mesmo modo apaixonado que o tínhamos feito minutos antes. Eu faria aquilo mais vezes com toda a vontade do mundo. Eu queria tê-lo; ver o seu sorriso e perceber que era para mim.

Acordei quando os raios solares invadiram meus olhos. Olhei para os lados, a fim de provar que tudo o que acontecera não tinha sido minha mera imaginação; mas não, Emmett estava ali, deitado ao meu lado, dormindo como uma pedra. Eu diria dormindo como um anjo, porque era isso que ele me parecia, mas não acreditava que anjos roncassem daquela forma.

Seu corpo estava apenas coberto por um fino lençol, assim como o meu. Saí da cama com o máximo de cuidado para que ele não acordasse e comecei a pegar as minhas roupas que estavam jogadas pelo chão do quarto.

Peguei tudo o que pude encontrar e corri para o banheiro, enrolada apenas ao cobertor que eu tinha encontrado jogado ao chão. Vesti-me rapidamente quando cheguei naquele cômodo apertado com a minha calça e minha camisa branca de mangas compridas, minhas meias e a minha bota de cano longo.

Quando saí, minutos depois, nada tinha mudado. Emmett continuava roncando na mesma posição – barriga para cima – e da sua cintura para baixo estava coberto com o lençol creme de sua cama desarrumada.

E, apesar do barulho que fazia, eu me encantei vendo aquela cena. Seus traços eram tão perfeitos!

Não sei quanto tempo eu tinha ficado ali, em frente àquela cama com um sorriso bobo no rosto, vendo-o dormir. Só sei que parecia mágico demais, irreal demais... Um sonho.

Emmett respirou fundo e parou de roncar por um instante; mas não acordou, apenas se virou para o lado onde era para eu ainda estar. Ele ainda não tinha notado a minha falta ali e não notaria tão cedo.

Suspirei, de repente me lembrando de minha vida real. Fui até a cozinha – o que exigiu uns cinco passos do quarto – e olhei para o relógio. Eram sete horas da manhã e eu não tinha dado nenhum sinal de vida para os meus filhos. Eu tinha ficado tempo demais com Emmett; pensando que eu tinha saído do hospital umas três horas da tarde do dia anterir, logo após dar o almoço a Travis e Ella.

Tempo demais...

Emmett POV

 Acordei depois de um sono sem sonhos. Levei a mão aos olhos quando percebi a claridade que entrava pela janela, apesar das cortinas. Sorri, com os olhos fechados, ao lembrar-me da noite anterior. Eu e Rose... Finalmente juntos.

Tateei o lugar ao meu lado da cama para encontrá-la. Nada.

Abri os olhos. Não tinha mesmo ninguém ali.

-Rosalie? – chamei, mas, como eu já imaginava, ninguém me respondeu,

Bufei. Ela não teria simplesmente ido embora sem dizer nada, afinal ela que tinha decidido me dar uma chance. Não era possível que o arrependimento já tivesse acontecido; não depois de ontem à noite, de tudo o que dissemos um para o outro.

Suspirei novamente, pensando no que tinha acontecido com aquela mulher de atitudes tão imprevisíveis.

Rosalie POV

Não passei em casa; fui direto para o hospital. Estava preocupada com as crianças e também com o que as pessoas diriam sobre eu tê-las abandonado.

Esse era o tipo de situação que leva a graves processos, com os quais Jasper estava acostumado. Eu não podia, ainda mais como advogada, passar por aquilo.

Fui direto à Neurologia, no andar onde ficava o quarto de Royce. Mas, ao entrar na sala de espera que tinha estado nos dias anteriores, lá estavam Travis e Ella com Alice, Jasper e o próprio Royce com a cabeça enfaixada e na cadeira de rodas.

-Mamãe! – Ella me chamou quando me viu entrando. Ela não tinha expressão preocupada, tampouco tinha notado que eu usava a mesma roupa da noite anterior; só estava feliz em me ver ali.

Travis não foi até mim, mas me lançou um sorriso singelo. Já era um grande feito vindo da parte dele.

Aproximei-me de onde estavam todos e pude sentir minha cara ferver quando Alice e meu irmão me lançaram olhares curiosos. Eu deveria estar vermelha como um tomate maduro.

-Que bom ver você aqui, Royce. – sorri para ele, encabulada. Assim como nossos filhos, ele não parecia ter reparado nada diferente em mim. – Recebeu alta?

-Não. – ele respondeu com voz de sono. – A enfermeira disse que eu precisava sair da cama um pouco, então vou dar uma voltinha pelo hospital.

Royce revirou os olhos. Eu sorri, ainda sem graça e sem conseguir encarar os olhos de Alice e Jasper.

-E então... – resolvi mudar de assunto e virei-me para o meu irmão. – Vocês conversaram ontem?

Alice ficou constrangida com aquela pergunta; Jasper não mudou nem um milímetro a sua expressão.

-Não. Ela – ele olhou para Alice, que agora revirava os olhos. – não quis.

-Como assim? – podia ser pessoal demais, mas a minha curiosidade falava mais alto. – Vocês ficaram sozinhos o dia e a noite toda!

-A verdade é que eu não quis mesmo, pra mim já está tudo resolvido. –Alice interferiu. – E outra, nós não passamos tanto tempo assim juntos. Depois que você saiu e nunca mais voltou, pedi para seu irmãozinho aqui – ela apontou para Jasper com a cabeça – me levar para dormir na casa dos meus pais, já que eu não queria ficar sozinha.

Olhei incrédula para Jasper. Ele entendeu o que eu quis dizer:

-Ela também não quis ir para a minha casa. – ele revirou os olhos. –Disse que seria esquisito.

Royce e eu rimos. Ele não tinha dito nada, mas certamente prestara atenção.

O momento só foi quebrado quando uma enfermeira, que eu nem cheguei a ver o rosto, chegou para guiá-lo pelo hospital. Travis e Ella foram junto com o pai.

-E você está rindo de quê? – Jasper arqueou a sobrancelha assim que meu ex-marido saiu. – Foi você que abandonou seus filhos... Nós encontramos com eles só agora há pouco. Eles tinham dormido aqui de novo.

-E está com a mesma roupa de ontem.

-Você não me viu ontem. – ignorei Jasper e olhei para Alice com descrença.

-Vai mesmo querer ensinar o padre a rezar a missa? – ela levantou uma sobrancelha, me fazendo encolher inconscientemente. Comecei a falar, sem saída.