Escolhas escrita por sophiehale


Capítulo 33
32 - Cold war


Notas iniciais do capítulo

Vou começar a postar semanalmente, todas às segundas-feiras, a partir desse capítulo. Se a quantidade de reviews for grande, eu faço outra postagem na quinta, ok?

Boa leitura, espero que vocês gostem. =)



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Capítulo 32

Guerra fria

When wings to the weak

Quando trouxer asas para os fracos

and bring grace to the strong

E graça para os fortes

make our legal stumble as it applies in the world

Faça com que nossa queda sirva para o mundo

All the tripes come and the mighty will crumble

As entranhas vêm e todos os poderosos irão desmoronar

we must brave this night

Nós devemos ser valentes esta noite

Cold War – Janelle Monáe

Alice e eu saímos em disparada em direção ao quarto de Travis, que era quem estava gritando.

-O que está acontecendo? – meus olhos estavam arregalados; estava assustada. Travis respirava irregularmente e a raiva era aparente em sua expressão. Jasper estava concentrado e mantinha a calma, apesar de seu sobrinho berrar com ele incessantemente sempre que ele tentava dizer alguma coisa.

-Vai embora daqui! – Travis gritou comigo também. Ótimo, era só o que me faltava mesmo.

-Jazz? – eu encarei meu irmão, agora com incredulidade. Travis estava fora de si.

-O idiota do pai dele... – ele começou, mas meu filho não o deixou terminar.

-NÃO. FALE. ASSIM. DO. MEU. PAI. – ele gritou entre dentes. E então a calma de Jasper finalmente começou a se esvair.

-O papai disse para o Trav que você mandou o doutor Emm bater nele ontem. – Ella apareceu atrás de mim, vinda do seu quarto com indiferença, como se estivesse falando de uma tarefa escolar. – Trav é bobo de acreditar nisso. O doutor Emm é muito legal para bater no papai. Acho que o papai está bravo com ele para dizer isso...

Minha pequena gênia começava a pensar. Então olhou no fundo dos meus olhos e fez a pergunta que eu já esperava ouvir.

-Por que o papai está bravo com o doutor Emm, mamãe?

Não só Ella, como Travis me encarava com curiosidade – ele ainda com aquela raiva e respiração descontroladas.

-O papai está com ciúmes. – eu disse simplesmente, sem saber o que falar para completar.

Travis explodiu.

-Eu te perguntei naquele dia e você disse que não tinha nada a ver!

Eu revirei os olhos.

-É exatamente isso, Trav. Não tem nada a ver. – respondi, me perdendo em minhas palavras. Não é que aquele menino de míseros dez anos conseguia me intimidar?

-Ele está com ciúme sim – Alice se interrompeu, me encarando com uma expressão que claramente significava “não me desminta”.  – Mas é da sua irmã.

Todos nós olhamos para ela com um ar de dúvida. Onde Alice queria chegar?

-Ele queria poder cuidar dela como o doutor Emm cuida. – Alice sorriu, sentindo-se satisfeita com a própria mentira. – Aí eles dois brigaram ontem... Mas já está tudo bem.

Não estava nada bem, mas as crianças realmente não precisavam saber daquele detalhe.

-Com pode estar tudo bem se meu pai está no hospital? – Travis parara de gritar, mas ainda estava carrancudo. Ele estava triste, apesar de não querer nunca demonstrar aquilo.

Mas o que ele disse me pegou com a guarda baixa. Hospital?

Tudo bem, Jasper tinha chamado a ambulância para Royce e tudo o mais, mas meu ex-marido só precisava, no máximo, de alguns pontos na região da boca... Nada que o fizesse ficar mais do que vinte e quatro horas naquele lugar.

Aquilo era estranho...

-Hmmm, Jazz? – chamei pelo meu irmão e segurei Alice pela mão, levando-a para a cozinha junto com Jasper.

-O que? – ele perguntou quando chegamos ao outro cômodo, onde Travis e Ella não poderiam nos ouvir conversando. Fui para a sala e sentei-me no sofá. Alice me acompanhou e Jasper permaneceu de pé.

-Vocês não acharam estranho o fato de Royce ainda estar no hospital?

Jasper, que tinha um ar de bastante seriedade, ganhou uma expressão perdida. Alice semicerrou os olhos, provavelmente pensando na validade daquilo que eu acabara de dizer.

-É... Estranho. – Jasper concordou comigo após alguns segundos em silêncio. – Emmett não fez um estrago tão grande assim.

Alice assentiu, demonstrando que concordava comigo e com o meu irmão.

-É melhor ir até lá, Rose. – ela sugeriu. – Falar com o médico dele, ver se alguma coisa séria aconteceu...

-Isso mesmo. – Jasper seguiu o raciocínio. – Não queremos nossos nomes envolvidos em nenhum processo. Chega de problemas.

-Chega de problemas. – ecoei. Queria mesmo me ver livre deles. – Bom, vou levar as crianças para visitar o pai delas. Vocês vão ficar?

-Hmmm, posso ficar com Alice aqui e esperar você voltar. – Jasper se pronunciou e depois se virou para a minha amiga, que mantinha um sorriso quase imperceptível nos lábios. – O que você acha?

-Eu acho que tudo bem. – ela tentou se mostrar indiferente com aquela situação, mas quanto mais o fazia, mais o sorriso em seu rosto aumentava. Jasper sorriu também e beijou o topo de sua cabeça.

Eu então resolvi deixá-los a sós e voltei para o quarto de Travis. Pude ouvir zumbidos de uma provável conversa entre meu filho e Ella, mas eles logo ficaram quietos quando me ouviram chegar.

-Travis, que hospital seu pai está? – ele ainda estava com cara de irritado, mas pareceu surpreso com a minha pergunta.

-Ele disse que era o mesmo que a Ella ficou. – meu primogênito respondeu prontamente com dúvida no olhar.

-Certo. – era o hospital em que Emmett trabalhava, mas eu duvidava que fosse no mesmo andar e que Royce e ele pudessem se encontrar; Emmett era pediatra, não tinha nenhuma relação profissional com qualquer incidente que tivesse mantido Royce lá por tanto tempo.

-Por quê? – Travis fez a pergunta que estava, visivelmente, o remoendo de curiosidade por dentro.

-Nós vamos até lá ver como ele está. – dei um meio sorriso e percebi que Travis e Ella se animaram ao me verem preocupada com o bem-estar do pai deles. Era importante para eles, de certa forma, e eu conseguia entender.

-Vou trocar de roupa. – Ella anunciou e Travis, sem dizer nada, apenas pegou uma jaqueta e se dirigiu até a porta. Ao contrário do que eu imaginava, Ella demorou poucos minutos.

-Vamos? – perguntei para minha garota, que assentiu rapidamente e se dirigiu para a porta. Eu a segui e depois olhei para Alice e Jasper, que pareciam não ter se movido um centímetro desde o último momento em que os havia visto. – Estamos indo.

-Até mais tarde. – eles acenaram. Tranquei a porta e fui em direção ao carro, onde meus filhos já esperavam para entrar. Travis sentou-se no banco do carona e Ella, atrás de mim.

O caminho até o hospital era curto, mas já era noite e eu não estava com vontade de correr riscos com duas crianças pequenas ao andar na rua sozinha com elas. A única coisa com o que eu não podia deixar de me preocupar era com o que tinha forçado meu ex-marido a ficar naquele lugar por tanto tempo...


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Notas finais do capítulo

No aguardo pelas opinões que eu tanto gosto de ler! :)