Terra, Água, Ar. escrita por Dreamy__Girl


Capítulo 7
Capítulo VI – Profecias São Sinal de Problema




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/113409/chapter/7

POV Noah

   Que ótimo! Ellen era filha de Gaia, portanto mais poderosa que eu, como 90% dos campistas eram de dia.

   Mas à noite...

   Eu observaria Ellen atentamente, e se decidisse que ela era tão chata como parecia, transformaria as noites dela num hades. Estava dormindo quando Tufo pulou em cima de mim, acordando-me. Ele era o único que podia fazer isso, pois eu virava uma fera quando me acordavam.

— Qualé, Tufo?

Miau.”

   Tufo era o melhor presente que já ganhara do meu pai. O único. Aquilo lhe dava um crédito mínimo, mas eu continuava considerando meu padrasto, Bradley, meu verdadeiro pai. 

   Fui para o café da manhã, Tufo me seguindo como de costume.

   Ellen estava sentada na mesma mesa que Dioniso, parecendo desconfortável. Afinal, o deus do vinho era seu sobrinho-neto, e Quíron era seu sobrinho. Ela tinha Cronos e outros titãs poderosos como maninhos.

   Aquilo devia ser estranho.

   Mas eu também achava estranho sentar numa mesa com nuvens fofinhas desenhadas. Era mais que estranho: era constrangedor. ARGH.

   Joguei o pão com manteiga e salame na fogueira, porque eu odiava aquilo. Não incineraria panquecas para Morfeu; ele não merecia.

   Assim que acabei de comer, fui para o meu chalé deitar um pouco, mas o tempo passava devagar. Tudo que eu queria mesmo era ir para a Arena. Consegui dormir de novo, uma das poucas vantagens de ser filho do imprestável. Uma hora depois, peguei minha espada e fui treinar.

   Pesadelo foi um presente de Quíron, quando percebeu que eu era um dos melhores espadachins do Acampamento, e me igualava a Alan e Percy Jackson, o que não era pouca coisa.

   Ao chegar lá, quem eu vejo?

— Qualé, Ellen? — cumprimentei, enfatizando no ‘qualé’.

— Garoto dos sonhos. Fico feliz que não guarde rancor por ter perdido ontem.

   Na verdade, prima, eu guardo rancor sim, e pretendo vencê-la na frente de todos. Mas eu não disse isso em voz alta.

— É melhor ter cuidado de noite, priminha. Os sonhos podem ser bastante reveladores — ameacei.

   Seria interessante ver com quem a Ellen sonhava. Mas eu não faria isso até ter certeza que ela era muito chata mesmo.

   Eu não era tão malvado assim.

— Eu não tenho medo de você, garoto dos sonhos. Devia saber disso.

   Esqueça. Eu ERA malvado assim, sim.

— Que tal uma luta? — sugeri como quem não quer nada demais.

   Ela assentiu, e pegou uma espada no baú de armas. A essa altura, vários campistas estavam lá. Eu não era muito popular no Acampamento, e sabia que eles estavam lá para ver Noah Jerkins ser derrotado por Ellen Dashner, a filha de Gaia.

   Ataquei vigorosamente, mas ela desviou. Estocada, golpe lateral, e Pesadelo nunca encontrava seu corpo, nem ao menos a espada adversária. Ellen praticamente dançava a minha volta, deixando-me tonto.

   Estava atordoado quando Pesadelo caiu de minha mão, mas a raiva me acordou: eu não perderia novamente. Rapidamente, agarrei o pulso dela e coloquei sua própria espada em sua garganta.

   A platéia estava imóvel, provavelmente não tinham conseguido acompanhar nada, mas vi o desapontamento de algumas pessoas ao constatarem que eu tinha vencido.

— Parece que estamos empatados, garoto dos sonhos.

  Sorri vitorioso, e fui destroçar alguns bonequinhos de palha. Ellen fez a mesma coisa, até a Sra. O’Leary entrou na Arena fazendo estardalhaço e mordendo um escudo.

   Ellen arregalou os olhos, assustada, por isso eu fui pra perto dela e chamei:

— Sra. O’Leary!

   O cão infernal veio correndo, fazendo Tufo bufar assustado e sair correndo, e Ellen arfou.

— Calma! — Percy, o dono do cão infernal, falou. — Ela é inofensiva.

— Inofensiva? Aliás, o quê ela é?

— Um cão infernal. Mas não pense que todos são bonzinhos, somente a Sra. O’Leary.

— Você tem um cão infernal como mascote? Como? — ela perguntou, e pude jurar que iria completar com um “por quê?

— Digamos que era de Dédalo.

— Você viu Dédalo. Falou com Dédalo. Herdou um cão infernal de Dédalo. —ela fitou Percy assustada. — Quantos anos você tem?

— Calma Ellen! — Percy riu. — Não sou tão velho assim. Tenho 18, não percebeu?

— Mentiroso! — Alan, que tinha acabado de chegar, se intrometeu. —Ele tem trinta, Ellen, embora pareça ter muito mais. Não precisa ficar tão assustada — ele falou com seu sotaque russo.

— Olha quem fala! Você é mais velho que eu, esqueceu? Afinal, estava no Cassino Lótus há anos!

— O que é Cassino Lótus? — Ellen perguntou. Não posso culpá-la, ao chegar ao Acampamento eu fazia milhares de perguntas também.

— Um lugar que te deixa parado no tempo. Alan chegou lá com dezoito, e saiu quando viu três crianças doidas fazendo estardalhaço. Ou seja, eu, Annabeth e Grover.

— Isso foi há quanto tempo?

—Faz dezoito anos. Mas depois que você sai leva um tempo para voltar a envelhecer.

— Entendo — disse Ellen, porém com cara de “não entendi nada, mas vou falar que entendi pra não parecer idiota.”

— Ah, ok, agora vou deixar vocês treinarem. Até — despediu-se Percy.

— Quer lutar Jerkins? — convidou Alan, o sujeito no mínimo duas vezes mais alto que eu.

— É claro — respondi na hora.

   Alan era muito mais forte, porém eu era menor e mais rápido. Ele atacava e eu desviava e atacava, mas nunca interceptava um golpe dele. Quando sua espada foi em direção às minhas costelas e eu desviei com Pesadelo.

   Dica se você algum dia tiver que lutar com Alan: NUNCA, repito, NUNCA desvie um golpe direto dele com sua espada. Principalmente se for fraco, senão você vai quebrar seu braço.

   O golpe fez meu braço chacoalhar descontrolado e logo em seguida ficar dormente. Aí foi fácil colocar sua espada em minha garganta.

   Saí da Arena, cansado de lutar e ser desarmado em lutas, e já que era hora do jantar tomei um banho e fui até o refeitório. Após me empanturrar de batatas-fritas e nuggets, voltei para o chalé detestável com travesseiros e nuvens pintados num fundo azul-claro como meus olhos. Deuses, como eu gostaria de pichar aquilo!

   Após banhar-me, deitei, fechei os olhos e fiquei vagando, à espera do momento...

   Um tipo de luzinha se acendeu em minha mente.

   O sonho de Ellen.

   Ansioso, entrei no sonho dela. Invisível, não queria que ela me visse.

   Encontrei-a sentada numa pedra, trajando um vestido colorido. Tenho que admitir, até que ela estava bonitinha, mas continuava não indo com a cara dela.

   Então um buraco surgiu, e dele saiu uma mulher, muito parecida com Ellen. Os mesmos olhos e cabelos castanhos e o mesmo jeito de sorrir.

— Filha.

— Senhora Gaia? — Ellen olhou para mulher.

   Ela era esperta por tratar a mãe assim. Nunca se sabe o que passa na cabeça de um deus.

— Eu não me incomodaria se me chamasse de mãe. É isso que eu sou.

   Pude ver o balãozinho de pensamento: Uma mãe que não se importa com a filha e nunca esteve presente, além do fato de eu ter quatorze anos. Devia ter me determinado um ano atrás!

   Literalmente. Como o sonho era dela, eu podia ler seus pensamentos. Mas não era aquele lance de escutar a vozinha interior, e tudo mais! Eu tinha que ler o balãozinho, com minha dislexia e tudo!

   Como já disse antes, Morfeu é um imprestável, mesmo.

— Desculpe por não ter te determinado antes. Eu estava sem tempo e...

   Mentira deslavada detectada!

Você é imortal! &*@##$@#$#*&, Ellen praticamente gritava pensando.

— Vou ser rápida e direta. Eu preciso da sua ajuda — disparou Gaia, antes que a filha tentasse matá-la ali mesmo.

— O quê? — perguntou Ellen, que estava distraída com seus pensamentos... Fofos.

— Na verdade, todos precisamos.

—Todos quem? Precisam do que?

— De ajuda, Ellen! — exclamou Gaia impaciente. — Os deuses precisam de sua ajuda, e de seus amigos Lembre-se: não é sempre que pedimos ajuda, e raramente pedimos desculpas. Ellen, eu te conheço melhor do que você pensa, sei que não é de guardar rancor — falou. — A não ser de Jullie, Noah, o cara que cortou a árvore do parque, o menino que te bateu na quarta série... — murmurou.

—Tudo bem! Eu vou tentar ajudar! Mas me diz uma coisa, por que eu não tenho um chalé?

— Por que você é a primeira meio-sangue filha de Gaia. Seu pai... É um homem especial.

Bem, eu sei que ele deve ser de um tipo especial para agüentar a madrastanta, mas não sabia que chegava a esse ponto.

— Bem, vocês precisam da minha ajuda pra quê, exatamente?

— Na verdade não só da sua, mas de seus amigos também. Uma profecia se aproxima Ellen. Fique atenta — alertou a deusa primordial da terra, séria.

   Então tudo ficou embaçado e começou a escurecer.

   Fim do sonho!

   Acordei extremamente curioso para saber por que os deuses precisariam de ajuda, mas nem precisei matutar muito. Ao que parecia, os deuses tinham resolvido alertar os meio-sangues.

— Campistas! Todos para a Casa Grande, agora! — Quíron e Percy gritaram.

    Logo os campistas estavam lá, alguns na varanda, outros fora, mas todos muito curiosos.

— O que houve Quíron? — Annabeth perguntou.

— Dioniso recebeu uma mensagem dos deuses. A situação não é nada boa, parece que uma legião de esqueletos quer acabar com o Olimpo.

— Esqueletos? — todos repetiram em uníssono, assustados.

— Zumbis. Conjunto de ossinhos formando monstros do mal — Percy explicou irônico.

— Hades não toma conta deles? — alguém perguntou.

— Estão fora de controle. Eles têm poderes, não sabemos como, e são milhares, podem causar grande destruição.

— Precisamos da ajuda de vocês, moleques — Dioniso apareceu do nada.

— Heróis, o Oráculo tem uma nova profecia! Porém, esta não se refere a somente um semideus! — bradou Quíron, saltando as escadas do sótão, onde tinha entrado. — O Oráculo de Delfos invoca, agora, terra, água, ar!

   Eu sabia o que aquilo significava. Todos sabiam o que aquilo significava. Tanto que ninguém, absolutamente ninguém, protestou quando Agatha, Ellen e Lilian foram juntas para o sótão.

POV Agatha

   Assim que fechamos a porta do sótão, escutamos algo como “OIIIIIIII”. Em compensação, a pessoa escutou algo como um “AAAAAAAAAAAAAH”, com o maldito susto que nos deu.

— E então meninas? Vocês que são terra, água e ar? — uma ruiva perguntou, aparecendo do nada. Devia ser apenas um ano mais velha que a gente.

— E você que é o... Oráculo?

— Eu mesma! — confirmou sorrindo. — Prazer, Rachel.

— Ãhnn... Agatha, Lilian e Ellen — apresentei ainda zonza com aquela garota... Doida.

— Ah, então, não querem saber da profecia?

— Sim. Só estamos esperando — Ellen disse.

— Mas vocês têm que perguntar. É muito fácil: Oráculo, qual é o meu futuro?

— Só isso? — Lilian parecia decepcionada. — Nada de, sei lá, provas malucas para testar nossa inteligência, ou agilidade, ou astúcia, ou o que quer que seja? Apenas isso? Oráculo, qual é o meu futuro? — ela não estava bem fazendo a pergunta, mas foi o que bastou.

   Rachel desabou, mas por sorte caiu em um sofá que estava logo atrás dela. Sua boca se abriu, e de lá saiu uma névoa onde era possível ver três pessoas: um homem, e duas mulheres, sendo uma delas minha mãe. O homem deveria ser o pai de Ellen, embora não tivesse nada a ver com ela, e pude ver que a mulher era a mãe de Lilian por ter o mesmo cabelo loiro que a filha. Foi o homem que falou primeiro.

   Terra, água e ar” disse apenas, e sua voz retumbou no sótão.

   “’Escolherão outros três para lhes acompanhar, encontrarão guerreiros mortos com poderes cedidos pelos prisioneiros’ falou minha mãe, e logo em seguida a loira completou com ‘e seus guerreiros, semideusas, não sairão ilesos. Para destruir os que desejam com o Olimpo acabar’... E todos disseram juntos: “enterrar, afogar e flutuar”.

   Nossos pais se dissiparam na névoa, enquanto esta voltava lentamente até a boca de Rachel, que se fechou tão rapidamente quanto seus olhos se abriram. Ela estava pálida, mas deve ter percebido que estávamos em choque, pois sorriu fracamente e conseguiu dizer:

— Desçam e contem a profecia. Eu tenho que dormir — e assim que completou a frase seu corpo tombou para o lado e ela começou a ressonar deitada no sofá.

— Hm, então tá — foi tudo que eu falei antes de descermos.

   Quando chegamos lá embaixo, os campistas já tinham sumido, e só restavam Quíron, Percy, Annabeth e o Sr. D, mas o último estava tão desinteressado que não sei se ele realmente conta. Annabeth nos olhava fixamente, Percy olhava Annabeth fixamente e Quíron olhava pro nada fixamente enquanto murmurava baixinho. Detesto admitir, mas o deus do vinho era o único que parecia normal ali.

— Profecia? — Annabeth perguntou na hora, nos fitando com aqueles olhos cinzentos apavorantes. Eu não sabia porquê Alan não tinha os olhos daquela cor, mas era um alívio encarar os seus olhos azuis do que encarar íris que pareciam nuvens de chuva.

— Terra, água e ar vão escolher três campistas e lutar contra zumbis com poderes emprestados pelos prisioneiros. Pra gente vencer essa coisa, temos que enterrar, flutuar e afogar, não necessariamente nessa ordem — recitei. Não eram bem as mesmas palavras, mas dava pra entender a situação.

— Só isso? Não há nada dizendo sobre para onde devem ir, ou algo assim?

— Ãhnn... Não.

— Isso é ruim. Isso definitivamente é ruim — Percy murmurou.

— Nem tanto Percy — Quíron se manifestou. — Eu tive uma espécie de visão há algum tempo, e me mostrava um local não muito longe daqui. Creio que seja para este lugar que elas têm que ir — e virando-se para nós, disse: — Vocês têm duas horas para escolher os três campistas e arrumar a mala. Escolham uma arma no arsenal da Arena e encontrem Argos lá fora — ele estava absolutamente sério, o que me deu a certeza de que profecias, antes de tudo, indicam problema.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hm, alguém?
Sei que não dou tempo, mas eu preciso terminar logo essa fic =X



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Terra, Água, Ar." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.