Terra, Água, Ar. escrita por Dreamy__Girl


Capítulo 4
Capítulo III – Os Colegas de Chalé são... Ladrões?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, e espero que gostem :)



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POV Ellen

   Assim que passamos pelo pinheiro, Peleu voltou a dormir.

— Uau, esse sim é preocupado — Lilian murmurou.

— Qualé, pelo menos ele salvou vocês! Não reclamem — rebateu Noah, bem mais adiantado que nós, praticamente uns cinco metros á frente.

   Ignorando enquanto ele dizia que éramos lerdos demais – o que já estava irritando, afinal o garoto nem nos conhecia – fomos, no nosso ritmo, até uma casa em estilo grego, pintada de azul claro. Na varanda, um cara gorducho de cabelos tão pretos que pareciam roxos parecia jogar pinochle contra adversários invisíveis, já que as cartas flutuavam aparentemente sozinhas.

— Quíron — ele cumprimentou distraído sem tirar os olhos das cartas, como se elas pudessem trapacear a qualquer momento. — Você pareceu nervosinho ao telefone. Por que não mandou uma mensagem de Íris? Não sabe que essas coisas dos mortais atraem monstros?

— Não sei onde iria achar um “arco-íris” em um caminhão, Sr. D.

— Quem são vocês? — indagou, finalmente olhando para nós. Sua expressão não era lá muito... Gentil.

— Estes são James, Ellen, Lilian e Agatha. Suponho que já conheça Noah e Alan. Crianças, esse é o diretor do acampamento.

— Nolan Jekin e Arnold Nikovena. Espero que eles tenham ajudado. Não por vocês, é claro — ele disse, olhando com desprezo para mim e os outros. —Mas eu detestaria saber que perdi meu tempo chamando o garoto dos sonhos e o gêniozinho para que eles não fizessem nada útil.

— Não me chame de garoto dos sonhos. — Noah reclamou irritado.

   O diretor do acampamento limitou-se a tossir e fez um lance no jogo.

— Não sei o que você viu de especial neles, Quíron. Por que foi até São Francisco por esses pestinhas?

    Quíron suspirou e saiu da casa, fazendo um gesto para o seguíssemos.

— Qualé, o que vocês fizeram? — Noah perguntou. — Há muito tempo Quíron não sai do Acampamento.

— Eu sei lá o que fizemos — Agatha respondeu.

POV Agatha

   Quíron nos levou até um pavilhão com várias mesas, sendo que algumas estavam vazias, e outras muito cheias. Só havia uma coisa em comum: todos olhavam curiosos para os novatos – nós.

   Ele bateu o casco contra o piso de mármore e todos se calaram.

— Campistas, conheçam seus novos companheiros! Lilian Looney... — e assim que ele apontou para Lilian, um raio azulado brilhou acima da cabeça dela.

   Imediatamente começaram os cochichos e murmurinhos.

— Lilian, — começou Quíron claramente espantado — você sabia disso criança?

— Eu tive um sonho, mas ele não dizia claramente “eu sou seu pai” — admitiu. — Então Zeus é meu p...

— Oi! — interrompeu animada uma garotinha de aproximadamente oito anos, com olhos azul-elétricos como os da Lilian, mas cabelos pretos como piche.

— Ér, oi — disse Lilian estupefata. — Você é minha... Irmã?

   A garotinha anuiu, sorrindo, e logo puxou Lilian para uma mesa com toalha azul, sem parar de falar um só momento.

   Ao lado da mesa de Zeus, havia outras duas outras mesas. Uma tinha a toalha verde, onde um homem de olhos verde-mar estava sentado. A outra tinha a toalha completamente negra, e o homem de cabelos e olhos pretos que se sentava lá parecido com o cara do meu sonho.

   “Somos uma família”, suas palavras ecoaram em minha mente.

   Depois que fomos apresentados, eu, Ellen e James sentamo-nos na mesa de Hermes. Umas garotas vindas do bosque começaram a servir churrasco, legumes e outras comidas que pareciam estar deliciosas. Peguei um pedaço de pizza, mas quando ia começar a comer todos se levantaram.

— Anda — o garoto atrás de mim murmurou impaciente.

   Segui o pessoal até uma fogueira, onde todos jogavam um morango, a folha mais verde da alface, no fogo.

   Já que era pra jogar fora, joguei a casquinha da pizza, a parte que eu menos gostava. Quando sentamos novamente notei meu copo vazio.

POV Ellen

—Tem alguma jarra de suco aqui? — perguntei para o garoto ao meu lado, notando meu copo vazio. Eu tinha acabado de jogar alguns morangos na fogueira.

— Fale com o copo — ele respondeu.

   Eu não sabia se ele estava me sacaneando ou falando sério, mas peguei meu copo com as duas mãos e segurei-o perto do meu rosto.

— Oi. Tudo bem com você? Você é um copo muito bonito, aposto que já te falaram isso antes. Nossa, que brilho! E esses detalhes azuis são o máximo! — murmurei pro copo.

— Ellen, o que você está fazendo? — James perguntou, sentado a duas pessoas de distância.

— Disseram para falar com ele — corei ao perceber os olhos de divertimento e desprezo dos campistas.

— Não, Ellen — ele estava segurando o riso. — Diga o que você quer beber.

— Claro, eu... Já sabia. É que eu realmente achei o copo lindo — sussurrei mais para mim mesma e para o copo do que para ele e os bocós que estavam rindo de mim.

— Vamos lá, Bob — falei com o copo, recém-batizado de Bob. — Eu quero um suco de maracujá, por favor.

   Bob se encheu de suco de maracujá, e juro que estava muito mais brilhante do que um suco de maracujá normal.

   O que será que a madrastanta colocou no meu café da manhã?

POV James

   Não acreditei quando Ellen falou que ia com os malucos. Como alguém em sã consciência podia achar que o que eles estavam falando era verdade? É claro que depois de ver Ellen falar com um copo percebi que ela definitivamente não estava bem.

   No final fomos para o Acampamento, um dragão nos salvou e descobrimos que Lilian é filha de Zeus.

   Perfeitamente normal.

   Quando o almoço acabou Quíron obrigou Noah a nos apresentar o lugar.

— Qualé, vocês vão ficar aí? — Noah perguntou impaciente, em pé em frente à mesa de Hermes.

— Já vamos.

   Levantamo-nos e ele nos mostrou os estábulos, a arena, o anfiteatro e várias outras coisas.

   Até que o acampamento era legal, mas eu estava ficando irritado com os ‘qualé’ do Noah.

   Nós estávamos passando pelos chalés, e Noah estava explicando algo sobre novos chalés feitos por causa de Não-sei-quem Jackson quando uma coisa cinza passou correndo e pulou no colo dele.

— Qualé Tufo? — ele cumprimentou um gatinho cinzento, da cor de seus cabelos.

— Noah, quem é seu pai? — Ellen perguntou de repente.

   Ele encarou-a por um momento, seus olhos ardendo de raiva, mas sua expressão logo se suavizou, portanto achei que tinha imaginado aquilo. Que motivo ele teria para sentir raiva? Curiosidade era crime?

— Morfeu.

— O deus dos sonhos? Que maneiro! — exclamei.

—Não, não é maneiro. Pode crer que não.

— Você nunca deve ter insônia! —minha irmã falou. — Você pode entrar nos sonhos das pessoas?

— Não te interessa! — Noah exclamou vermelho.

— Precisa ser grosseiro? — perguntei, ainda que um pouco temeroso. — Ela não fez nada!

   Ele me olhou, e dessa vez não tive dúvidas que estava com raiva. Furiosos, virou as costas e sauí andando.

— O que foi garoto dos sonhos? — gritei. — Ficou chateado?

   Ele não se virou, mas começou a correr. Percebi que ele tinha um bracelete grosso de metal, e ficava tocando-o toda hora, como se fosse muito importante.

— Não liguem para ele — disse alguém.

   Virei e dei de cara com um homem que devia ter uns trinta anos, com cabelos pretos e olhos verdes. Senti Agatha arregalar os olhos assim como eu fazia, e Ellen nos olhar confusa.

   O cara parecia nosso pai. Não que conhecêssemos a pessoa que nos deu vida, mas nós éramos iguais a ele. Os mesmos cabelos, os mesmos olhos.

— Percy Jackson, filho de Poseidon — disse, e na mesma hora um tridente verde brilhou acima de nossas cabeças, excluindo Ellen.

   O mesmo pai.

— Vão para a aula de equitação — falou, e saiu correndo.

  Bela maneira de tratar os irmãozinhos!

POV Ellen

   Como descrever o primeiro dia no Acampamento Meio-Sangue?

   Tédio.

   Depois da aula com os pégasos, Percy chamou Agatha e James e eu fui para o chalé de Hermes, onde Percy disse que eu ficaria até ser determinada.

   Dormi a tarde inteira, até que um chato me acordou e disse que estava na hora do jantar e eu não podia faltar.

   Acenei para James, Agatha e Lilian quando passei por seus respectivos chalés, me sentindo completamente excluída.

   Eles acenaram e sorriram, e sorri amarelo também, embora o riso fosse falso e infeliz.

   Que ótimo! Todo mundo recebeu um aviso do papai e eu sobrando.

     Sentei-me na mesa de Hermes, solitária e tristonha – e emo. Ei, eu aposto que você também teria um “momento emo” se seus amigos fossem determinados pelo pai e você sobrasse! Então fica quietinho aí!.

   Queimamos parte da nossa comida, e voltamos para o chalé. Eu estava morta de cansaço, apesar de ter dormido o dia inteiro, ignorando minha hiperatividade.

   Caí no sono.

   Eu estava numa praia super maneira, aparentemente sozinha. Será que eu conseguia me bronzear num sonho?

  Fechei os olhos, mas senti um cheiro bom e me deparei com um prato repleto de camarões aparentemente maravilhosos.

   Eu amo camarão!

   Estava saboreando os camarões quando uma pessoa encapuzada estende uma canga do meu lado e senta.

   Fiquei observando a criatura-que-não-sentia-calor por um tempo, até que ela falou, com uma voz arrastada:

— Então você está sozinha. Todo mundo foi determinado, mas você está no chalé de Hermes.

— Ainda é o primeiro dia — eu disse, mas isso não me fazia melhor, eu só queria que ela achasse que era verdade.

— Mas você já tem quatorze anos... O certo seria te determinarem com treze.

— Seria?

— Os deuses são cruéis, só se preocupam com eles mesmos. Mas existem criaturas divinas melhores, que foram injustiçadas, amaldiçoadas e aprisionadas.

— Você está falando de... — comecei a falar, apavorada.

— Você pode ajudar, eu sinto.

— Eu não ajudarei a libertar Cronos! — ao dizer o nome do lorde titã, um buraco apareceu no chão, e eu comecei a cair.

— Boa viagem para o Tártaro! — o encapuzado gritou.

   Aquilo me deixou em pânico, e comecei a tremer, até que escutei uma voz diferente, maligna e fria. Aterrorizante.

— Não! Mas você está indo pra longe...

   Entendi o que significava, e sorri aliviada.

   De súbito acordei, ainda meio assustada, e me deparei com um garoto pegando meu relógio.

— Devolva! — gritei, irada.

   Ele sorriu sarcasticamente, então me levantei e agarrei sua camisa.

— Devolva meu relógio. Agora.

   Ele jogou o relógio na minha cama, e empurrei-o, fazendo com que caísse no chão.

   Ele estava um pouco impressionado, mas mesmo assim sorriu e disse:

— Bem vinda ao chalé de Hermes, o deus dos ladrões.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? =]



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