Terra, Água, Ar. escrita por Dreamy__Girl


Capítulo 2
Capítulo I – Viajando com Estranhos


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos reviews :D



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POV James

   Graças a Deus consegui convencer Agatha a ir para o parque. E eu esperava ter conseguido convencer Lilian também.

   Estava frustrado. Eu sabia que precisávamos sair dali, e sabia que Lilian tinha que ir junto. Não sabia como sabia, simplesmente sabia.

   Na hora combinada, estávamos no parque, sentados em um banco.

— Vamos fazer alguma coisa pra passar o tempo — minha irmã sugeriu.

— Deixe-me pensar... — eu estava justamente pensando quando minha Agatha sacudiu meu ombro.

— Vamos contar os sapatos!

— Contar o que? — se eu ainda tinha alguma duvida de que ala era doida, não precisava de mais provas.

— Eu conto quantas pessoas estão de sandália, você conta quantas estão de tênis.

   Eu não tinha mais nada pra fazer mesmo.  

   Meia hora depois, eu tinha contado três pessoas de tênis – o que não surpreendia; fazia um calor do inferno – enquanto Agatha tinha contado vinte e duas pessoas de sandália.

   Enquanto procurava mais tênis, vi uma garota de mochila nas costas, parecendo meio perdida. Imediatamente fui até ela.

— Lilian? — perguntei.

— Quem? — ela me fitou como se eu fosse louco.

— Ah, desculpe. Meu nome é James — falei, estendendo a mão.

— Ellen — disse, e simplesmente olhou para minha mão. Tirei-a de lá antes que todos me achassem um idiota.

— E eu sou Agatha — se intrometeu minha irmã, sorriso colgate no rosto.

— Prazer Agatha — sorriu Ellen, me levando a pensar que era um tremendo excluído. — Hm, James, por que você achou que logo eu fosse a tal Lilian? — perguntou confusa.

— Mochila nas costas, meio perdida.

— Acho que vocês a acharam — disse, e apontou para uma menina loira, parecendo estar perdida e carregando uma mochila.

   Bingo!

— Lilian? — gritei, com preguiça de ir até ela.

   Ela se virou, o que me deu a certeza de que era mesmo ela.

— James?

   Acenei que sim, e ela foi até nós.

— Lilian Looney — ela se apresentou.

— Tunes — completou minha irmã, mas ninguém riu. — Desculpe.

— Nada. Então, nós vamos fugir? — ela estava animada.

— Espera, vocês vão fugir? Posso ir com vocês? — se intrometeu Ellen, esperançosa.

— Claro! — respondeu Agatha na hora.

   Não senti a necessidade de contrariá-la. Simplesmente parecia a coisa certa.

— Então, para onde vamos?

— Não sei. Só sei que temos que sair de São Francisco.

— Por quê? — perguntou Lilian assustada.

— Não sei. Só sei que é isso que temos que fazer.

— Então vamos todos sair de São Francisco! — Agatha disse feliz.

   Elas até que estavam aceitando bem a situação. Ruim seria quando descobrissem que eu não fazia a mínima idéia de como faríamos isso.

POV Lilian

   Descobri quem era o tal James e o que ele queria. Íamos sair de São Francisco! Eu não sabia se estava assustada ou empolgada.

   O estranho foi ver as garotas do meu desenho na vida real. Quase tive um treco quando as vi, mas acho que consegui disfarçar.

   Ficamos conversando um pouco, quando percebi algo estranho: um homem numa cadeira de rodas, com um adolescente ao seu lado. A parte estranha é que o adolescente parecia estar cheirando alguma coisa, como os cachorros fazem... Como isso se chama mesmo?

   Farejando.

   O garoto parecia estar farejando alguma coisa, e andava de um jeito estranho, como se cada passo doesse. Fiquei olhando disfarçadamente, e percebi que eles vinham na nossa direção.

— Bom dia — o homem cumprimentou.

— Bom dia — respondemos.

— Eu sou Quíron, muito prazer.

— E nós somos Lauren, Louise, Alex e Andrea — respondi, apontando para mim mesma, Ellen, James e Agatha, respectivamente.

   Eles me olharam, e vi Agatha dizer silenciosamente “Andrea?” e fazer uma careta. Qual o problema dela com Andrea? Eu gostava desse nome.

— Não, criança — Quíron disse gentilmente. — Seus nomes verdadeiros.

   Aham, tá bom que vou dar meu nome verdadeiro para esse desconhecido. Meus pensamentos foram interrompidos por Agatha.

— Essa é a Lilian — começou, batendo no meu braço e me tirando do “transe”. — e eu sou Agatha. Esse é meu irmão James e essa é Ellen.

— Eu sou Tom — o garoto falou.

—Prazer — é melhor ser educado nessas situações.

—Bem, eu vou ser rápido e direto — Quíron falou. — Coisas estranhas acontecem com vocês. Vocês têm déficit de atenção, dislexia e hiperatividade. Já foram expulsos de várias escolas...

— Como o senhor sabe? — perguntei.

— Têm sonhos estranhos e estão aqui porque vão fugir — continuou. —Como eu sei disso? — olhou pra mim. — Já tive vários casos como esse.

   Quíron encarou cada um de nós. Ele aparentava cinquenta anos, mas seus olhos eram profundos, sábios... Como se tivessem mais de mil anos e visto de tudo.

— Vocês já estudaram mitologia grega.

   Concordamos.

— A mitologia existe.

— Epa! Como a mitologia pode existir? São mitos!

— Pois bem, não são mitos. São reais.

— Mas...

— Vocês são mitos?

— Não! — respondi indignada.

— Gostariam que um dia as pessoas te chamassem de mito?

— Pode me dizer o que nós temos a ver com a mitologia grega?

— Vocês são a mitologia. São meio-sangues.

— Vem cá, você fugiu do manicômio ou o quê? — Ellen perguntou.

— Eu saí do Acampamento Meio-Sangue, pois recebi relatos de que os monstros daqui estavam enlouquecidos com um cheiro muito forte.

— Desculpe, mas não acredito no senhor — James disse.

— Aposto que vocês só têm ou pai ou mãe. Talvez uma madrasta ou padrasto.

— Como... — comecei.

   Ele suspirou.

— Vocês são meio-sangues. E têm que ir para o Acampamento Meio-Sangue.

POV Ellen

   Eu estava... Como descrever?

   Abalada.

   Eu estava abalada com tudo aquilo. Era surreal.

   Mas...

   Eu não sei se já aconteceu com você. Quando alguém fala alguma coisa, e algo dentro de você sussurra: “Faz sentido.” E você percebe que por mais surreal que seja, é verdade. Só pode ser verdade. Acho que isso se chama intuição.

   E foi a minha intuição que me fez declarar:

— Eu vou para o Acampamento Meio-Sangue.

—Alguém mais vem? — Tom perguntou.

   Olhei para meus mais novos amigos, implorando silenciosamente. “Não me deixem sozinha”.

— Eu vou.

— Eu ­também.

— Idem.

   Aquilo me deixou realmente muito feliz. Não importava mais se eu ia pra um lugar provavelmente imaginário, com duas pessoas provavelmente malucas que eu nunca vira na vida.

   Que boa pessoa eu era! Ia viajar com pessoas que eu nunca vira na vida para Não Sei Aonde e ainda levaria meus recém-amigos junto!

   Eu tinha sérios problemas.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? :)



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