Capítulo Único

Quando levantou da cama, pude sentir pela primeira vez o cheiro impregnar meu quarto. Era diferente de qualquer perfume que um dia eu tive o prazer de sentir.

Era especialmente de Draco Malfoy, criado para ele. Era perfeito. Não era enjoativo ou qualquer coisa do gênero. Era simplesmente sexy e chamativo. Talvez por isso eu o tenha puxado de volta para a cama, beijando cada extensão do seu pescoço enquanto ele sorria com a diversão que estava tendo.

Respirei pesadamente enquanto sentia aquele odor penetrar em mim, passando para cada artéria e voltando por cada veia. Era melhor do que qualquer oxigênio que eu precisasse respirar. Era mais estável do que qualquer gás que pudesse me asfixiar. E quanto mais eu respirava aquilo, mais eu necessitava.

Seu beijo trazia a lembrança daquele cheiro. Era como se eu pudesse provar o mais bom gosto que eu tive o prazer de conhecer.

Suas mãos percorriam velozmente, e aquele tato trazia as emoções mais fortes da minha vida. Meu corpo não cansava de ter o dele, e em seus abraços eu era capaz de jurar que nenhum feitiço poderia me fazer mal, nem as maldições imperdoáveis. Eu estava envolvida por braços que já haviam passado por tudo na vida, e que por causa de todos os sofrimentos, estava preparado. Ele conseguira criar uma barreira em volta de si, resistente e chamativa. Era rígida e ao mesmo tempo maleável. Eu queria sentir o prazer de atravessar aquela barreira, e conseguir chegar aonde ninguém mais chegara.

O coração de Draco Malfoy.

Um lugar que nenhum ser humano conseguira explorar. Tão frio quanto seus olhos. Tão quente quanto sua boca. Tão desejado quanto seus braços.

Eu estava, irrevogavelmente, prisioneira de um Malfoy.

No dia seguinte, quando entrou de espreita em minha casa, seu cheiro penetrou novamente, fazendo todo o ambiente ter um aspecto mil vezes melhor.

Abraçou-me, enlaçando-me pela cintura e colocando-me em cima de uma mesa. Enquanto beijava meu pescoço, passando por outros lugares e jogando minha blusa no chão, perguntei-lhe suavemente:

- Que perfume é esse, Malfoy?

Pude sentir sua risada de escárnio. Suas mãos voaram para minha cintura, pegando-me e trazendo-me para mais perto de seu corpo. Colou a testa na minha, fazendo-me olhar para o mar de gelo que eu tanto amava.

- Isso não é perfume, Granger.

Franzi o cenho tentando entender o que ele quisera dizer com aquilo. Ele apenas sorriu de lado, beijando-me fugazmente. Por um momento esqueci-me completamente da pergunta, aproveitando o gosto de seus lábios.

- Esse é o meu cheiro – murmurou em meu ouvido. Minhas unhas cravaram em suas costas. Concordei com a cabeça, deliciada com tudo. Ele depositou um singelo selinho em meus lábios. Eram raras as ocasiões em que ele deixava transparecer o afeto que tinha por mim.

Mais tarde, enquanto observávamos um o rosto do outro, ele sorriu fracamente antes de sussurrar:

- Eu sou o seu mais doce veneno.

E ele estava certo.

E por mais que ele pudesse me matar, eu continuaria tomando-o.

Depois de um tempo minhas doses do veneno aumentaram.

Seu gosto já não saía mais da minha boca.

Seus braços já não me largavam mais.

E sua fragrância impregnava todo o meu ser...

Tornando-se parte da minha vida.