Além do Destino escrita por AnaBonagamba


Capítulo 26
Fitsburgs.


Notas iniciais do capítulo

Minhas sinceras desculpas pela demora. '-'



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- Ai, já estou machucado de mais pra aguentar suas indelicadezas! – berrou Malfoy, enquanto Rebeca tentava arrumá-lo sobre os travesseiros jogados na enorme cama.

- Oras, não sou eu a indelicada aqui. – fuzilou ela. – Somente lembrando a vossa majestade, está vivo porque eu colaborei com isso. Dois dias atrás você já estava decompondo, Malfoy.

- Já agradeci, não agradeci? – continuou ele, rude. – Agora me deixa em paz.

Rebeca sentiu o peito travar com as palavras maldosas do rapaz. Dois dias passados e nenhuma relação diferente. Hermione calada num canto, Felipe misterioso, Malfoy cada vez mais irritado. Não sabia como reagir.

- Algo errado? – perguntou Hermione, ao ver a amiga entrar cabisbaixa na biblioteca da estranha casa onde estavam.

- Não sei, mas sinto como se houvesse algo ruim para acontecer.

- Não me diga isso, - Hermione disse, levantando-se e indo em direção a Rebeca. – já aconteceram coisas ruins de mais.

- Posso te perguntar uma coisa? – arriscou.

- Já sei o que vai me perguntar, e a resposta é sim. – Hermione voltou a se sentar, sem emoção alguma.

- Não se importa nem um pouco que ele tenha tentado te matar, não é mesmo?

- Eu amo o Tom, Rebeca. Ele é tudo para mim.

- Você se contenta com muito pouco. – disse a amiga, incrédula. – Ouça, quando eu ouvi o que Tom disse para Abraxas, nem foi em Felipe que eu pensei. Mas foi ele quem veio atrás de você, defendeu você do maior bruxo das trevas de todos os tempos e ainda mantém você aqui, e a salvo. Sinceramente, Hermione, sejamos sinceras. O Tom não merece você.

- Eu sei. – disse ela, levantando novamente e saindo. – Vou conversar com Felipe.

- É o melhor a fazer. – sussurrou Rebeca, mesmo sabendo que Hermione seria incapaz de ouvi-la.

Seguiu por uma das várias escadas que circulavam pela casa. Jamais estivera em um lugar assim antes, tanto no mundo da magia quanto no trouxa. Os cômodos da residência pareciam nunca acabar. Não sabia exatamente o caminho que deveria seguir, até ouvir passos estranhamente cautelosos no corredor ao lado.

- Felipe? – chamou.

- Achei que jamais falaria comigo novamente. – disse ele, um pouco chateado, um pouco risonho, ao se aproximar dela. Pegou uma de suas mãos e entrelaçou nas suas, deixando Hermione um tanto encabulada.

- Onde está me levando? – questionou ela.

- Não quer saber onde você está? – perguntou ele como resposta, ainda sorrindo. – Sem questionar sua inimaginável inteligência, mas aposto que não faz ideia alguma.

- Não, eu não faço mesmo. – sorriu também, parando para olhar um quadro antigo que estava a sua frente.

- Esta pessoa te lembra alguém? – Felipe indicou o homem altivo, de cabelos dourados e olhos penetrantes. Estava vestido maravilhosamente com uma túnica de veludo azul, bordada em cravelhas prateadas. Era muito bonito.

- Seu avô? – arriscou.

- Meu pai. – respondeu simplesmente. – Chamava Henri. Morreu quando eu tinha cinco anos, e desde então fui criado aqui.

- Eu sinto muito. – sussurrou a menina.

- Isso foi há muito tempo, não se preocupe. – reverteu ele, sem vacilar o sorriso bondoso que desenhava seus lábios.

- Então... bem, esta casa não é sua?

- Não. Está casa é dele. – respondeu Felipe, apontando para um quadro maior, de uma moldura cravejada de diamantes, exibindo um homem negro, alto e forte, com os olhos de uma cor diferenciada para sua etnia: eram de um azul tão claro quanto os de Tom.  – Reconhece?

- Nunca o vi na minha vida. – afirmou sinceramente.

- Este é Vittorio Hudsen Fitsburg. Por que você não lê o que está escrito abaixo do quadro? – Felipe soltou sua mão.

Hermione agachou-se até o nível de pequenas letrinhas escritas em tinta dourada, sobre uma placa de metal brilhante, abaixo dos pés de Vittorio. Dessa forma, pôde ler:

Considerado um dos maiores feiticeiros de toda a dinastia mágica, vossa Magnitude, o grandioso senhor do tempo, Vittorio Marcus Titte Von Hudsen Fitsburg.

A garota levantou e olhou diretamente para Felipe, que permanecia calado. Sem entender, voltou a fitar o quadro, e os olhos ardentemente diferentes de seu dono.

- Ele me ensinou tudo o que sei, por isso Grindelwald disse que meus olhos eram olhos de morte. – explicou. – É o pai de Marcos, lembra-se?

Hermione não respondeu. Não compreendia nenhuma palavra.

- O senhor Fitsburg era considerado um dos mestres em magia negra. Não que a utilizasse para fins tenebrosos, mas ambos, Grindelwald e ele, adoravam fazer novas descobertas com relação a níveis mágicos jamais desenvolvidos. Grindelwald aprendeu a controlar mentes e auras, enquanto Vittorio movimentava tempo e espaço. Era um grupo perfeito.

- E Dumbledore? – questionou pela primeira vez.

- Dumbledore deixou esse grupo assim que aprendeu a utilizar todos de uma só vez, mas de uma maneira benéfica e suave.

- Suave?

- Sim, não tão evoluída. Dumbledore sabe fazer um pouco de tudo, porém não se aprofundou em nenhuma magia feiticeira específica. Ele era capaz de escolher, e de ser tão bom quanto Vittorio e Grindelwald juntos. Porém, é mais esperto.

- Por que está me contando essas coisas?

- Já tinha intensão de procurá-la assim que Rebeca me escreveu contando o que tinha ouvido de Riddle. No começo me neguei completamente, como se você tivesse me traído. – Felipe se virou, ficando de costas para Hermione. – Mas quando o anel brilhou, quando começou a queimar-me, sabia que era um pedido de socorro seu e, quando a luz se apagou, soube que tinha te achado.

- Que anel, Felipe? – alertou-se indiretamente, levando sua mão até as costas.

- Este. – mostrou ele, o mesmo anel que ela carregava em seu dedo, pousado em uma corrente no pescoço do outro. – Este anel era de Vittorio. O poder feiticeiro manifesta-se em objetos mágicos. – explicou. – Vittorio criou um anel, capaz de unir tempos em tempos, e um pincel, capaz de criar espaços. Antes de morrer, deu o anel para mim e o pincel para Marcos.

- Mas o que...? – começou ela.

- Grindelwald conhece este anel. Aliás, você também o conhece. – a interrompeu. – Há um anel legitimamente igual no seu dedo.

Hermione congelou. O que deveria dizer?

- É uma réplica. – manifestou-se.

- Não, não é. – Felipe virou e encarou os olhos castanhos da menina. – Marcos deixou a escola este tempo todo para explorar a relíquia que tinha herdado do pai, enquanto eu simplesmente guardei a minha, esperando ela me ensinar como manipulá-la. Grindelwald jamais se enganaria por uma réplica, uma vez que ele conhece mais o anel do que eu. Ele te julgou uma temporallium, coisa que saberia somente com uma prova sólida. Eis em seu poder, a prova mais sólida que existe. O anel do meu segundo pai.

A garota ergueu o braço delicadamente, mostrando à Felipe o que, segundo ela, era assinar a veracidade de não pertencer à aquele tempo. Deu um longo suspiro ao sentir os dedos finos do rapaz desfazê-la daquele bem, entregue a ela por Dumbledore como uma saída para seu tempo real.

- Há quanto tempo isso está acontecendo? – murmurou ele, sem demonstrar raiva ou outro sentimento maldoso.

- Desde que cheguei a Hogwarts. – informou no mesmo tom.

- É uma espécie de missão, suponho? – continuou impassível, com os olhos vidrados no anel.

- Vim salvar a vida de Tom Riddle, Felipe.

Felipe a olhou.

- Por quê? Será que ele merece que você salve a vida dele, quando ele quis acabar com a sua?

- Não sabia o que estava fazendo. – Hermione abaixou a cabeça, desviando o olhar.

- É claro que não. E é por isso que está aqui, agora.

- Não sei como te agradecer. – disse ela, pegando as duas mãos dele.

- Uma troca, talvez. – Felipe sorriu. – Eu jamais contarei nada a ninguém, Hermione, pois sei da magia que a envolve. Sei do que ela é feita, vi como foi feita. Em troca, você guardará meu segredo e o de Marcos, como se fosse o seu próprio. – entregou o anel a ela e voltou o seu para dentro da roupa.

- Sim, Felipe Hutter. – ela sorriu verdadeiramente tranquila.

                                       * * *

- Aquietou-se, Malfoy? – perguntou uma sorridente Rebeca, enquanto afagava carinhosamente os cabelos loiros do rapaz. – Está até parecendo gente.

- Não dormirei se continuar tagarelando. – disse ríspido, mas conseguindo arrancar um risinho dos lábios da menina.

A tarde caía, trazendo um início de frio consigo. Frio calmo e acolhedor. Rebeca, encarregada de cuidar do diagnóstico de Abraxas, tentava convencê-lo, todo o tempo, a passear nos jardins, andar pelos corredores, exercitar-se. Aceitou o passeio, um tanto desconfortável pela proximidade com a menina. Entretanto, não negou o calor que invadiu o peito quando os dedos dela brincaram com seus cabelos, nem a felicidade que tomou seu coração quando olhou para ela e a viu sorrir.

Estaria ele se apaixonando por uma Grifinória?

- Eu acho que estão apaixonados. – comentou Felipe, dentro da casa, apoiado na enorme janela do salão principal.

Hermione sorriu.

- Não seria novidade, mas imagino a reação de Tom se Abraxas aparecesse de mãos dadas com Rebeca.

Felipe franziu o nariz ao ouvir o nome de Riddle, fazendo o sorriso divertido da menina se ampliar.

- Seria um desastre ecológico-social internacional, suponho.

- Você anda supondo muitas coisas. O mais estranho é acertar todas elas.

- É que estou supondo coisas demasiadas óbvias, querida. – riu ele, sentando-se ao lado dela.

- O que são todas essas escadas? – questionou curiosa.

- Cada uma leva à algum lugar. – respondeu o outro.

- Isso não foi uma suposição e é relativamente óbvio. – murmurou Hermione, rindo da expressão incrédula do rapaz.

- Quando quis dizer “cada uma leva à algum lugar”, não disse com sentido figurativo, Hermione. Disse que cada uma leva à um lugar, seja ele país, outra casa, uma sala , outra pessoa. – explicou.

- Foi o senhor Fitsburg que “pintou” tais lugares? – questionou ela, desacreditada.

- Você deve ter achado o poder do anel bastante insignificante. – Felipe sorriu. – E é mesmo, perto do pincel. Fique tranquila, terá o privilégio de vê-lo antes de voltarmos para Hogwarts.

Hermione empalideceu. Havia esquecido completamente de Hogwarts, das aulas, de tudo.

Só não se esquecera de Tom.

- Quando voltaremos? – perguntou.

- Assim que Abraxas Malfoy estiver recuperado. Mais um dois dias, no máximo. – Felipe parou. – Falando em recuperações, lembro-me de ter dito que já havia sofrido de hipotermia antes.

- Sim. Eu desmaiei no gelo. – disse ela, simplesmente.

- E isso acontece com frequência? – brincou ele, sentindo uma leve tensão em sua resposta.

- Não! – respondeu de imediato, fazendo o outro gargalhar. – Antes que morra afogado por tantos risos, me diga onde Marcos esteve todo esse tempo.

- Ah, infelizmente estava na França, com o Sr. Fitsburg. – Felipe parou de rir abruptamente.

- Mas... eu achei que o Sr. Fitsburg estava...

- Morto. – completou Felipe. – Infelizmente.

- Mas porque você disse que Marcos estava com ele na França?

- Ele estava com o Sr. Fitsburg. Morreu exatamente no dia em que eu te beijei, e que Abraxas a defendeu de mim. – sorriu. – Me ausentei por alguns instantes, mas acho que ninguém percebeu. – balançou os dedos num ato desleixado. – É muito bom ser monitor, algumas vezes.

- Sei bem como é.

- Na realidade, Marcos me avisou. – disse, ignorando o comentário da menina. – Estava inconformado e disse que precisava de mim, pois o pai não iria partir sem antes me falar uma coisa.

- E o que ele te disse? – questionou Hermione.

- Pas encore de compte est faite de produits en béton. – respondeu Felipe, observando os olhos da menina faiscarem.

- E... o que isso significa? – perguntou quase desinteressada.

- Nenhuma virtude é feita de bens concretos, ou algo assim. Significa que nada que sentimos tem uma base sólida, podendo mudar de uma hora para outra. O estranho é que não consigo ver sentido nessa frase e no poder do anel. Você consegue? – perguntou intensamente.

Com um baque estrondoso da enorme porta, Rebeca adentrou o ambiente, como apoio de Abraxas.

- Vou dar comida e remédios para ele. – informou ela, sorrindo docemente. – Conversamos depois?

- Rebeca. – disse Felipe, acenando positivamente a cabeça enquanto ela subia a menor escada da casa. – E então, consegue?

- Acho que ele quis dizer que o tempo é uma virtude. Ter o tempo a seu favor é uma virtude, claro, mas como qualquer virtude, sua base é instável, por isso devemos ficar atentos à suas mudanças, seus desafios. – divagou ela.

- Alguma vez o tempo desafiou você?

- Várias vezes. – ela sorriu.

- Deve ter sido um tanto insuportável deixar o lugar que você considerava sua “casa”. Se teve uma coisa que Fitsburg ensinou a mim e a Marcos foi que nós moldamos o que somos, e onde estamos molda nossos sonhos. Se estamos em um lugar que gostamos e queremos bem, estamos positivamente afetados. Se o lugar não nos agrada, criamos uma barreira de sofrimento e aprendemos a maltratar quem compartilha o mesmo teto.

- Acha que essa situação pode ter se enquadrado na de Tom?

Felipe não respondeu de imediato, vendo Rebeca descer as escadas mais uma vez naquele dia.

- Somos o que somos, pelo que fazemos. – disse ele com um meio sorriso. – É uma equação razoável.

Hermione sorriu. Fazia sentido.

               * * *

Harry estava desesperado. Fazia dias que a amiga não dava um sinal sequer na antiga horcruxe de Voldemort.

Correu para o gabinete de Dumbledore, por hora vago. Adivinhando a senha, murmurando o nome do professor, adentrou a grandiosa sala.

A penseira, antes encolhida em um armário apropriado, estava pousada sobre a mesa do antigo diretor. Na mesma direção, com o olhar, Harry avistou o quadro de Dumbledore, que dormia confortavelmente sobre a poltrona azul escura.

Uma lágrima escorreu por seu rosto, deixando um rastro pela pele corada.

Sobre a mesma mesa que estava a penseira havia um retrato. Deveria ser uma raridade para sua época, ao menos 50 anos atrás.

De um lado, sua melhor amiga, Hermione Jane Granger, com um sorriso aberto nos lábios e, do outro, segurando a mão dela, insistentemente, seu pior inimigo, o jovem Voldemort, também sorrindo, mas quase delicado. Sua postura era altruísta, exatamente como seus olhos, mas Harry percebeu algo que antes lhe passara cego: como os dois combinavam.

A postura de Hermione era ereta, perfeita, e seu sorriso também era controlado. Não somente pela foto, mas pela personalidade. Hermione sempre tivera suas emoções bem controladas, fossem elas alegres ou tristes.

Assim como as de Riddle.

Abaixo da foto, Dumbledore deixara uma mensagem direcionada à Hermione, dizendo:

Sempre soube que poderia confiar em você, Sra. Riddle.

Harry não podia acreditar. Hermione, casada com Voldemort? Mas isso não fazia sentido algum! Se assim fosse, toda a história seria mudada. Todos os anos seriam perdidos, e suas memórias...

Apagadas.

Pegou a foto abruptamente e correu para o salão da Grifinória, esbarrando em diversos alunos. Não lhes deu nenhuma satisfação.

- Ron...Ron! – gritou pelo amigo, desesperado. – Olhe isso.

Ronald Weasley pegou o retrato nas mãos e olhou-o bem. Harry esperou, ansioso, por alguma reação do amigo, mas nada aconteceu.

- Eles vão se casar, Ron! – gritou incrédulo. – Vão se casar!

- Harry... – perguntou Rony, calmamente. – Quem são eles?

O queixo de Potter caiu antes que pudesse retrucar alguma coisa.


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Notas finais do capítulo

*desvia de um tomate e sai correndo*OMFG, Sim, eu postei! Depois de gazilhões de anos, bjs para LetsCastelo, voltei a postar Além do Destino, com muito sacrifício de uma futura maestrina da Sinfônica de SP *sonha alto e cai, poooof*Eu peço mil desculpas para todos vocês. Na realidade, esse capítulo deveria ter saído há 1 semana, mas o Nyah!, mais precisamente o Seiji, atrapalharam meus planos, fazendo toda aquela budega de manutenção. Pois é, gente, palmas pra ele! o/oOs reviews enviados (lindos, aliás) não puderam ser respondidos AINDA. Assim que arrumar um tempinho, EU PROMETO responder. Não é porquê eu não respondo que eu não leio, viu, gente?*parte que interessa de todo essa drama* Lá vai:Felipe descobriu o SEGREDO da Mione g-g , estamos fritos! Ou não?Olhem para a sua esquerda. Estão vendo aquela ilha deserta? É, aquela mesma. Agora, olhem para o coqueiro, no topo da ilha. Se um coco cair, rola ou não rola? :~ fail. Rebeca e Abraxas? Sim, deu a louca na Sissi. :3O pincel de Fitsburg, próximo cap., aliás, o que ser isso? Bom, veremos em breve.Um super beijo especial pra quem não desistiu de mim. Desculpas esfarrapadas não bastam, tem que postar né! oObrigada, gatinhos&gatinhas. Bom carnaval + chuva *para o sudeste em geral :*