“Cada pedra foi virada

─ Bem, eu não conheço mina mãe. ─ Disse pensando nas histórias de minha avó, Tom, que estava agitado, parecia estático demais depois de minha declaração. Desviei meus olhos dos deles, focando na barra do meu vestido que agora parecia mais curto do que antes.

─ Nicole, ─ Ele coçou a cabeça ─ Isso é verdade? Como, com quem você viveu todos esses anos? ─ E depois de alguns minutos de profundo silêncio ele havia disparado todas essas perguntas. Desencostei minha cabeça do sofá de couro vermelho, tentando disfarçar algumas lágrimas que ainda teimavam de cair desde a apresentação de nós dois.

─ Sim...infelizmente é verdade ─ Ri sem graça ─ Vivi em um orfanato desde quatro meses, se não me engano ─ Sua boca que antes estava fechada em linha reta, agora estava entreaberta. ─ Vivi muito bem, apesar de tudo. Amo aquele lugar. ─ Ele ainda em choque, tentava se recuperar suspirando algumas vezes.

─ Sua mãe te largou em um orfanato desde os quatro meses, e nunca me contou sobre sua existência? ─ Na versão rápida e direta do meu pai sobre minha vida, parecia mais dramática. Ele passou as mãos rapidamente por seu rosto, obviamente com raiva ─ Como ela pode? Mein Gott! ─ Fiquei observando Tom falar coisas que não entendia em sua língua nativa, foi ai que percebi que ele tinha a mesma mania de balançar as pernas quando nervoso. ─ Desculpe. ─ Ele disse agora um pouco mais aliviado.

─ Tudo bem ─ Sorri observando um pequeno sorriso se formar em Tom. ─ No começo causa uma certa revolta, mas depois você se acostuma com aquela eterna dor. ─ Franzi o cenho soltando o ar ao rir ironicamente. ─ O mais difícil é conviver com o descaso, o abandono. ─ Olhei para ele piedosamente ─ E sinceramente achei que você estava morto ─ Suspirei e senti uma lágrima rolar. Tom se aproximou e limpou minha lágrima, finalmente me dando algo que eu tanto queria. Um abraço verdadeiro.

─ Filha... ─ Ele sussurrou com a voz um pouco rouca, ele... estava chorando. ─ Minha filha.

─ Sim ─ Agora sim chorava descontroladamente finalmente junto de meu pai ─ Pai ─ Repetia parecendo não acreditar. Ele afrouxou o abraço e tentou disfarçar seu rosto molhado enquanto pegava na minha mão sorrindo.

─ Temos muitas coisas para conversar não? ─ Ele disse limpando sua garganta e recompondo sua pose ─ Digo, nos conhecer. ─ Sorriu de canto me deixando ainda com uma cara de boba.

─ Muita coisa! ─ Disse animada e sentindo como se a qualquer momento meu coração fosse explodir, tamanha felicidade guardada. A porta do camarim se abriu dando passagem novamente ao David Jost, agora acompanhado por Bill, Georg e Gustav que segurava uma garrafa de água. Percebi todos reagirem de forma estranha pela situação de Tom, segurei o riso.

─ É, ─ Ele limpou novamente sua garganta ─ Pessoal, essa é a Nicole ─ Tom me olhou, e ainda segurava minha mão direita. Bill acenou sorridente, me fazendo sorrir ─ E podem ter inveja de mim, como sempre, ela é minha filha. ─ Tom disse com nariz empinado.

─ Wow! Eu sou tio? ─ Bill correu na minha direção, me levantei largando por poucos minutos a mão do meu pai. ─ Seja bem vinda à família Nicole! ─ Ele disse e afrouxou o abraço, me analisando por alguns minutos ─ Oh, você é a cara de meu irmão ─ E riu ironicamente devido a semelhança dos dois. ─ E seu bom gosto para roupas, é você puxou seu titio. ─ Todos que estavam na sala riram do comentário de Bill.

─ Obrigada Bill, digo tio ─ Sorri, e senti minhas bochechas corarem. ─ Fiquei um tanto desapontada por viver 12hrs todos os dias publicando coisas sobre você, e só depois de muito tempo descobrir o parentesco. ─ Disse admirando suas botas lindas.

─ Publicando? ─ Tom perguntou confuso.

─ Bom, sou jornalista. ─ Sorri ─ Lembra, temos que nos conhecer...

─ Dá pra largar ela Bill? ─ Georg caminhou em nossa direção por fim me abraçando ─ Bem vinda a família Tokio Hotel ─ Ele riu ─ No começo você tem vontade de enforcar os gêmeos, mas depois só piora. ─ Ele brincou. Logo Gustav meio timido também se aproximou

─ Piora, e você começa a planejar mortes. ─ E me abraçou rapidamente. Os gêmeos riram e começaram a falar coisas em alemão, logo os G's também respondiam me esquecendo em um mar imenso. Cerrei meus olhos ainda sorrindo observando sem entender uma palavra da discussão.

─ Ok, rapazes já chega ─ Jost finalmente se pronunciou ─ Ia lembrar que Nicole não sabe falar alemão, mas com as coisas que falaram prefiro esquecer isso. ─ Todos riram, o que me deixou muito curiosa. ─ Vamos logo sair daqui. ─ Todos seguiram Jost que ia em direção de uma pequena saída.

─ Nicole, você tem óculos escuros? ─ Tom me perguntou enquanto andava agarrado em meu braço. Meu pai era tão cheiroso. ─ Hm, gostaria de esperar um pouco... Sabe como é esses jornalistas, ─ Olhei para ele ─ Digo, os jornalistas de fofocas ─ Ele riu sem graça me fazendo sorrir, abri minha bolsa e coloquei o óculos.

─ Melhor assim? ─ Peguntei rindo ─ Não vai adiantar de nada ─ Ele sorriu brevemente

─ É só prevenção, eu acho muito arriscado tudo isso, mas Jost sempre pensa em tudo. ─ Apesar do seu comentário, ele parecia mesmo assim desconfiar. ─ Abaixe sua cabeça, e fique colado em mim, ok? ─ Ele disse assim que avistou a multidão que estava na porta.

Os flashes eram constantes, Bill foi o primeiro a sair junto de quatro seguranças que o protegia das fãs que estavam juntas com os paparazzis. Me senti desconfortável quando percebi que agora era minha vez e de meu pai, me encolhi escondendo o rosto no ombro de Tom. O grito ensurdecedor das fãs gritando por meu pai era intenso, os seguranças pareciam ter muito trabalho para nos manter intactos.

─ Pode se preparar para isso loirinha ─ Georg disse enquanto me ajudava a subir na van preta

─ Ela tem direito de escolher ok Georg! ─ Bill disse. Sentei ao lado do meu tio fabuloso, era incrível como ele se vestia bem.

─ Aonde está hospedada? ─ Tom desviou o assunto, ele parecia realmente preocupado.

─ Bem, não sei explicar ─ Estiquei o cartão ─ E muito menos ler isso. ─ Todos riram e Tom estendeu o cartão para o motorista falando algumas coisas em alemão.

─ Vamos pegar suas coisas lá, depois vamos direto para a casa de sua avó. ─ Tom disse enquanto voltava a se acomodar no banco. ─ Ela vai adorar isso

─ Sofie vai gostar mais ─ Bill disse radiante ─ Ela é sua prima

─ Sofie? Acho que para a idade, mais a Barbara não acha? ─ Tom brincou ─ Barbara é sua tia, e oxigênio do viado do seu tio ─ Meu pai disse enquanto socava Bill, que disse algo em alemão deduzi ser um palavrão.

─ Todos vão gostar ─ Gustav disse enquanto se pendurava no encosto de Bill ─ Afinal, será que finalmente você toma jeito Tom?

"Vamos correr e não olhar para trás

Nós deixamos para trás um caminho queimado, venha"