A primavera chegou suavemente, levando a chuva comum de Washington embora. Renesmee despertou juntamente com os primeiros raios de sol que infiltraram-se pela janela do quarto, derramando fachos de luz no chão de madeira, nelas dançavam bolinhas de pó.

Ficou alguns minutos observando apenas aquilo, apreciando a quietude do lugar, o único barulho audível eram o dos pássaros despertando, dos insetos andando pelas folhas verdes das árvores, do mar quebrando nas pedras da costa, e da sua própria respiração em melodia com a dele.

O que mais a deixava feliz era estar ali, no lugar aonde ela sempre se sentiu melhor no mundo inteiro, La Push. Não estava em sua própria casa ainda, era justo lembrar isso, mas apenas o fato de estar ali, já era de uma comodidade e consolo sem igual.

Haviam se passado três meses, desde a fatídica tarde em que tirou a vida de seu pai e não havia um só dia em que Renesmee não acordasse com o rosto dele em sua mente, em seus pensamentos.

Junto com o rosto de Edward estava também o rosto de Bella, ela tinha inúmeras fotos da mãe, e isso, de uma maneira ou de outra a ajudava, ela sabia que aonde quer que seu pai estivesse ele estaria com ela, muito mais feliz do que jamais esteve aqui e estaria olhando para ela de onde quer que fosse. Isso a dava forças para levantar todas as manhãs, isso e Jacob. E ela não sairia do lado dele para mais nada, ela tinha agora mais um laço ligando-a a ele, como se fosse necessário, uma coisa a mais por qual lutar, por qual viver.

Continuou olhando pela janela entreaberta, sentindo o ar fresco e limpo que entrava por ela cheirava a mar, La Push inteira cherava a mar. Isso também a dava forças, ela não queria estar em qualquer outro lugar a não ser ali. Nem mesmo a famosa e formosa Paris, com todo o seu aconchego e glamour poderia ser comparada a sua terra de coração, nem mesmo com toda a sua família vivendo periodicamente lá, para a felicidade de Emmett.

Ela sentia saudades deles, só ela mesma sabia o tamanho dessa saudade, que a invadia principalmente no final da tarde, quando geralmente ficava sozinha, mas quando pegava-se nesses momentos ia para a praia, sentia o vento forte no cabelo, olhava as ondas que quebravam contra as pedras das costas e via que tudo estava perfeitamente bem e continuaria assim, além do mais tinha certeza de que todos voltariam a Forks em menos de seis meses.

Sentiu vontade de levantar, apesar de não fazê-lo, queria andar descalça alguns metros pela terra ainda molhada pelo mormaço da manhã apenas para ver alguns pedaços de madeira fincados ao chão. Pedaços de madeira esse que a pouco seriam sua nova casa, sua casa de verdade. Pela primeira vez teria um lugar para chamar de seu.

As más lembranças seriam impossíveis de serem apagadas, mas ela não havia se arrependido de nada, todo o erro, dor ou angústia haviam contribuído com a mulher que ela havia se tornado hoje. Passaria por tudo mais uma vez se fosse preciso.

A boneca intocada havia sido arrancada de sua caixa na marra pelo mundo, para aprender como era a vida real.

Mas estava feliz com isso, estava feliz se isso significasse que estaria onde estava agora e com quem estava agora.

Soltou um gemido baixo, não queria acordá-lo. Os braços de Jacob instintivamente enrolaram-se mais fortes em sua cintura, prendendo-a ali e aproximando ambos os corpos. Foi preenchida por todo o seu calor no mesmo instante em que suas fossas nasais captavam o seu cheiro de limpo, de ar fresco, o coração ainda martelava, alto demais para Jacob ainda estar dormindo, ou talvez fosse apenas para ela.

Sorriu para si mesma feliz, assim que sentiu as mãos de Jacob subirem e descerem pela pequena protuberância que havia agora em sua barriga, parecia querer certificar-se de que ela ainda estava ali, de que ele ainda estava ali.

A puxou para ainda mais perto e ela sentiu sua respiração suave e quente tocando-lhe o ombro, depositou um beijo ali.

- Eu te amo. - Ele disse com a voz rouca.

O coração deu outro salto e o estômago se revirou assim como os pelos ficaram eriçados com a promessa do extâse, e seria assim, para sempre.