Intocada escrita por Paanic


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Então, fiz umas contas e vi que a fic vai ter mais ou menos cinco capítulos a mais e sem querer me aproveitar da boa vontade vocês se alguém quiser deixar uma recomendação, eu ficaria muito feliz e a hora é essa.
Boa leitura.



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O corpo de Jacob descansava superficialmente na cama macia e enorme onde ele deitava, superficialmente, porque sua cabeça era bombardeada de pensamentos.

Em cima de seu peito estava Renesmee, ela havia acalmado-se um pouco. Agora no lugar do choro nervoso e incontrolável restavam apenas caminhos das lágrimas finas que ainda caíam de seus olhos.

Ela lembrava do avô e de todos os momentos que havia passado com ele. Por mais que não tivesse um longo tempo de convivência doía pensar que ela nunca mais o veria de novo e, de algum modo, Charlie era uma das coisas que restavam de Bella para ela, como uma lembrança da mãe.

O acontecimento anterior - a briga deles - não importava muito, nada importava muito naquele momento. E as brigas e discursões foram deixadas de lado.

Jacob afagava seus cabelos tentando consolá-la, de fato estava funcionando. Sua cabeça trabalhava em achar uma maneira de explicar tudo o que havia acontecido para ela mas ele sabia que Renesmee não iria entender, afinal quem iria entender? Ele não iria, disso ele tinha certeza.

O fato era que ele tinha que dizer tudo, não apenas pela ameaça de Edward, ou pela consciência pesada, mas também por tudo que lhe foi ensinado desde que era pequeno. Agora ele era um homem e sabia que todas as suas ações tinham consequências, estava pronto para arcar com as dele, ele só rezava doentilmente para que ela entendesse.

Renesmee estava alheia a todos os seus pensamentos e depois de um tempo acabou adormecendo.

O céu escuro lá fora anunciava que já era noite mas ele dormiria lá hoje.

Apesar de saber o quanto Edward estaria se roendo por dentro, apesar de sentir o nojo que ele sentia por si mesmo agora, ela havia pedido, pedido tanto, e ela estava tão fraca, que era o mínimo que ele poderia fazer por ela.

Fechou os olhos se ajeitando na cama, tentando dar um descanço para sua mente, tentando relaxar e dormir.

A mão de Renesmee que repousava em seu peito lhe mostrava todos os seus sonhos, eles sempre juntos, vivendo em uma casinha linda de madeira, um quintal lindo e amplo com capim de um verde vivo e muitas flores, ele reconhecia o lugar, era com certeza La Push. Um menininho de uns dois anos, com os cabelos negros, corria desajeitadamente pelo quintal. Como ele queria que aquilo um dia se realizasse.

Conseguiu dormir, mas tinha certeza de havia sido apenas por isso, por estar na cabeça de Renesmee e não na sua.

Quando acordou no outro dia Renesmee ainda repousava ao seu lado, o sono tranquilo e a respiração regular, não parecia a menina triste de ontem. No andar debaixo ele ouvia movimento, nada considerável, certamente para não acordá-la.

Ajeitadamente se desvencilhou dos braços de Renesmee, tomando cuidado para não acordá-la. Antes de sair inclinou o corpo e depositou-lhe um beijo na testa. Pulou a janela mesmo, não queria ter que ver a carranca de Edward e assim que chegou na floresta amarrou as roupas na perna para logo depois se transformar no lobo, ele preciava disso, um tempo só para ele, colocar a cabeça no lugar, pensar com clareza e decidir definitivamente o que iria fazer.

O esforço não compensou, assim que se transformou sentiu outra presença consigo, pelo menos era apenas um, apenas mais um se intrometendo em sua vida.

Seth riu em pensamento, não era uma coisa que se pudesse evitar, os pensamentos fluíam, sem precisar de autorização e nesse momento Jacob só conseguia pensar no que fazer, se deveria mesmo, se precisava mesmo contar tudo a Renesmee, ele procurava desesperadamente uma maneira para sair de tudo aquilo com ela.

Pensou seriamente em não contar, ele sabia que a culpa que o corruía agora não duraria para sempre e se ela estivesse ao lado dele seria muito mais facilmente esquecida. Ele tinha sua honra, suas virtudes e princípios mas do que valia tudo isso se ele não a tivesse em seus braços? Absolutamente nada. Ele preferiria morrer sem honra mas viver com ela.

O grande problema seria Edward, ele nunca toleraria que sua filhinha fosse ''enganada'', por mais que Jacob tivesse prometido pra ele mesmo que nunca mais uma coisa dessas aconteceria. Edward estava até que mais calmo desde sua volta, então talvez ele convencesse que contar para Renesmee não seria bom, pelo menos por agora, ela estava fragilizada, e depois ele enrrolaria, e enrrolaria o assunto como uma bola de neve.

Aquilo estava deixando Jacob louco, ele mal conseguia dormir, sua mente não parava um só segundo.

Talvez ele conseguisse convencê-la a fugir com ele, tinha que haver uma saída.
Em sua mente ele sentiu o protesto de Seth em tudo isso, em todos esses sentimentos e pensamentos que ele absorvia. Jacob gemeu em protesto, Seth até que aguentou algum tempo quieto.

Você sabe que não tem outro jeito, vai ter que contar a ela e esperar que ela entenda.

Tem que haver outro jeito Seth, ela não vai me perdoar.

Todos os pensamento de Jacob estavam contrariados e ele queria que Seth se calasse, era difícil ouvir a verdade.

É melhor você admitir logo isso. - Seth disse.

Talvez ela não fique sabendo.

Eu duvido muito, por mais que você consiga convercer Edward, ela saberia de qualquer forma.

O que você quer dizer com isso Seth?

Eu quero dizer que você conhece a Melissa melhor do que eu e ambos sabemos de que ela dará um jeito de esfregar isso na cara da Nessie.

Ela não vai fazer isso! Eu mato ela.

Você não é mais o alfa dela Jacob, você não manda mais nela.

Por mais ruim e irritante que fosse ter conversado com Seth ele tinha razão, não haveria outra alternativa a não ser contar e torcer para Renesmee entender.

Ele suspirou contrariado quando chegou perto de casa, se transformou, o enterro de Charlie seria naquela tarde.

Chovia e ventava muito, o cenário perfeito para um enterro. O tempo se misturava com os sentimentos de Jacob e Renesmee. 

Jacob desceu do carro e tirou o pai do mesmo, acomodando-o na cadeira de rodas. Billy estava triste também, não era preciso lágrimas para expressar isso, apenas o seu silêncio bastava.

O cemitério estava até que bem cheio, levando-se em conta que era Forks e que sua população era pequena, parecia que metade de La Push estava ali com quase toda Forks, afinal Charlie era o chefe de polícia, conhecia todo mundo.

Passando pelas pessoas Jacob notava algumas, umas ele conhecia, outras só de vista e outras nem isso. Até mesmo Rene estava ali, com seu atual marido, apesar dos grandes óculos escuros que usava Jacob conseguia notar como o tempo passava rápido para pessoas normais, as rugas de Rene aumentaram e ela estava visivelmente difirente, não só para ele, até um humano notaria. Ela não teria o colo da filha para chorar, e nem o da neta mas depois de passar por uma quantidade significativa de pessoas com guarda-chuvas pretos, abertos pela chuva, Jacob conseguiu achar Renesmee, perto de uma árvore, próxima do buraco que se colocava a frente deles, onde o caixão, com o corpo de Charlie, logo seria enterrado. Ela olhava a avó, o rosto abatido e as olheiras fortemente mais roxas embaixo de seus olhos.

Jacob havia deixado Billy com alguns amigos em comum de Charlie, um pessoal da reserva e se encaminhou até onde Renesmee estava, vestida com um vestido preto que constratava ainda mais com a cor pálida de sua pele. Ele sabia o quanto ela precisaria dele hoje, ninguém da sua família poderia estar no enterro. Chegar ao hospital sem serem notados já havia sido difícil, a mente brilhante de Alice precisou ser acionada para isso, mas ir ao enterro seria impossível, pelo menos sem todas as perguntas de como eles continuavam iguais e jovens, sem contar com a evidente pergunta de Rene para Edward que seria onde estaria Bella. Ela obviamente já estava muito desconfiada agora, Jacob daria o fígado dele nessa aposta, Bella não viria nem ao menos para o enterro do pai.

Jacob se aproximou de Renesmee, ela sorriu para ele, abatida.

- Eu tenho certeza de que ela adoraria te conhecer. - A voz rouca.

- Não. - Ela disse fazendo uma careta. - Já é difícil o suficiente perder Charlie, eu não aguentaria perder mais alguém.

Um aperto que se formou ao redor do peito de Jacob.

- Além do mais, acho que ela estará melhor sem me conhecer.

Passou a mão ao redor de sua cintura e a trouxe para mais perto de si, abrigando-se da chuva embaixo da árvore. O calor que emanava dele deixava as coisas mais fáceis e o grande número de pessoas se tornou conveniente, pois assim ninguém perguntaria quem era Renesmee e de onde ela conheceria Charlie.

Os dois notaram quando a família Ateara chegou ao enterro, parando em frente a eles, do outro lado do buraco. Quil, sua mãe e Melissa. Quil deu um sorriso pequeno e de lado, reconfortando Renesmee sem nem mesmo estar ao lado ela, ela se sentia bem e querida com todos os amigos de Jacob, mas Jacob foi o único a notar que o sorriso e olhar de Quil estava diferente, eles eram amigos desde pequenos, compartilhavam pensamentos - mesmo que não fosse por escolha - e conheciam um ao outro. Quil sabia de tudo que havia acontecido, Jacob teve a certeza disso, e se Quil sabia, para o resto inteiro da matilha e de todas as pessoas de seu laço em La Push saberem seria um pulo.

Seth tinha razão. Melissa não iria ficar quieta, não ela, que era orgulhosa e não tinha medo de ninguém, não restava outra opção a não ser contar a Renesmee.

O olhar que Melissa lançou a eles foi diferente, um sorriso, que não era muito apropriado para um enterro, ela não ficou surpresa por ver Jacob ainda com Renesmee.

O coração dele bateu mais forte, não por adrenalina, e sim por raiva, ele queria enforcar Melissa agora. Renesmee notou e estranhou isso e por mais que nunca fosse muito com a cara de Melissa e não se sentisse confortável perto dela, acenou, a educação mandava, ela não sabia porque mas nunca se sentiu bem com ela, coisa que acontecia com todos da reserva.

O enterro prosseguiu e enquanto o padre falava Renesmee não guardava uma só das palavras dele. As lágrimas desciam fortes por seu rosto enquanto o caixão de Charlie descia para estagnar ali para sempre.

Os braços de Jacob ao redor de si diziam que ele ficaria ali com ela, por ela, protegendo-a e apoiando-a da melhor forma que podia.

Renesmee não saiu do lugar até que a última pessoa jogasse flores no túmulo de Charlie e falasse algumas palavras bonitas, dessas que todo mundo fala em um enterro. Esperou pacientemente a sua vez, até que o cemitério não tivesse mais ninguém além dela e de Jacob, agora era a sua hora de se despedir dele.

- Eu posso esperar perto da entrada se você quiser. - Ele ofereceu, afim de dar-lhe um último momento de privacidade com o avô.

A mão estendida de Renesmee em resposta bastou para ele fincar no mesmo lugar. A chuva havia dado uma trégua, apesar das nuvens carregadas acima de sua cabeça.

Aproximou-se do túmulo e ajoelhou-se na terra e na grama rala que havia ali, as lágrimas vieram com ainda mais vigor, manchando seu rosto.

- Eu vou sentir a sua falta vovô. - Disse sinceramente.

Levantou-se e limpou algumas lágrimas com as mãos, olhou para o caixão de madeira onde seu avô descansaria para sempre, o coveiro ia depositando as primeiras pás com terra em cima dele.

- Eu te amo. - Ela disse, a voz falhada mal saía.

Andou meio tonta até onde Jacob estava, esperando-a e prometeu a si mesma que as lágrimas haviam acabado, ela iria seguir em frente. Entrelaçou a mão na quente e grande de Jacob, sentindo-se automaticamente protegida apenas com aquilo.

Eles vinham andando pelo cemitério, que para uma cidade como Forks era até que bem grande, passando pelas sepulturas. Jacob olhou para o rosto de Renesmee e viu que ela parecia bem melhor, mais sadía pelo menos, parecia que um peso havia saído de suas costas. Então lembrou-se de Melissa e de todo o problema, ele precisava contar a ela.

Parou no lugar, chamando a atenção de Renesmee que deu meia volta para olhá-lo, confusa.

- Eu tenho que te contar uma coisa.

Ela estranhou a postura tensa dele, franziu o cenho e o olhou.

- Eu e a Melissa.. - Ele começou. - Já tivemos um caso.

As primeiras peças começavam a se encaixar em sua cabeça.

- Isso foi antes de te conhecer. - Ele explicou. - Mas, na noite em que a gente brigou..

Não precisou continuar. Apesar da falta de ar em seus pulmões e o aparente desaparecimento do chão a primeira reação de Renesmee foi largar a mão de Jacob e dar um passo para trás tentando entender tudo, tentando acreditar que havia ouvido errado, que era um truque que seu cérebro cansado havia pregado nela. O semblante angustiado de Jacob provava que não.

- Por favor.. Não significou nada. - Sua voz saia embargada, ele estava quase chorado.

Deu um passo a frente, afim de pegá-la, de explicar-lhe tudo, ela deu um outro para trás. Seus olhos adquiriram um brilho maior, lágrimas que por mais que ela estivesse lutando, ganharam a batalha e transbordavam por seu olhos.

Apesar de tudo, de todas as histórias e avisos ela havia acreditado em Jacob e mesmo agora, quando o próprio a dizia que havia traído-a era difícil de acreditar.

- Me deixa explicar. - A voz como uma súplica.

- Não! - Apesar do choro a voz saiu firme. - Eu não quero ouvir mais nada que você tenha para me dizer Jacob, nunca mais.

Deu-lhe as costas e continuou o caminho para fora do cemitério sozinha, angustiada, deixou Jacob parado no mesmo lugar. Um buraco enorme no peito, que mal a deixava respirar.


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Notas finais do capítulo

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