Eu andava pelo campus universitário sem ter um rumo certo quando vi a cena mais triste que eu já havia presenciado: uma garota estava parada diante de uma janela, completamente alheia ao que acontecia ao seu redor e com os olhos refletindo toda a tristeza que a invadia impiedosamente.

Não me aproximei para perguntar o que a atormentava, pois não precisava de perguntas ou conversas para saber quais pensamentos torturavam aquela pessoa fragilizada diante de mim, nem precisava ser seu melhor amigo para conhecer todos os sentimentos daquela estudante de física, que tentava a todo custo se dedicar para manter notas boas o suficiente para não perder sua bolsa de estudos. O problema é que ela já tinha consumido suas forças em um esforço sobre-humano para chegar a um nível aceitável no curso e já não conseguia se manter forte o suficiente para continuar lutando, o que a fazia cair em contradição com aquilo que ela vivia repetindo para si e para os outros: " Vou me formar não importa quantos anos isso leve. Desistir nunca esteve nos meus planos".

O risco eminente de reprovar na maioria das matérias a assustava e até mesmo feria o orgulho dela, que sempre fora inteligente e determinada. Eu a conheço há vários anos para saber quais as consequências de sua falha: a humilhação de ouvir seu avô tentando convencê-la a mudar de curso e o resto de sua família (exceto por sua mãe) menosprezando sua capacidade. Logo a Dafne, que lutou desde o dia em que havia nascido sem fraquejar diante dos obstáculos que apareciam à sua frente, tentando destruir seus sonhos e planos. Infelizmente não era assim que se sentia agora, pois queria ser tragada pela terra ou simplesmente chorar até que se sentisse aliviada e tivesse forças para tentar tudo mais uma vez. Mas chorar para ela era perda de tempo e Dafne sempre foi forte o suficiente para suportar tudo em silêncio.

Não acredito em meus próprios olhos e lamento muito por não poder ajudar, pois não há nada que eu possa fazer em minha fragilidade quase infantil. Não posso nem ao menos tentar consolá-la porque eu sou o que ela já foi um dia e ainda que eu me orgulhe desse meu futuro eu, não deixo de me entristecer por ainda ter de carregar fardos tão grandes que chegam a ser insuportáveis.

Torço para que consiga ressurgir das cinzas nas quais estás envolta e mostre sua força e caráter mais uma vez, minha brava guerreira, minha pequena fênix.