“Quem matou os pais de quem?” Alaric, que acabara de entrar com Bonnie, quebrou o silêncio. A tensão pairava no ar e todos só conseguiam olhar para Damon e Elisabeth, que ainda estavam parados junto à lareira. Ele havia recuado um passo e estava de boca aberta. Ela encarava o chão. “Acho que não chegamos numa boa hora” Bonnie completou.

“Não, pelo contrário, é a hora perfeita” disse Elizabeth erguendo os olhos corajosamente. Damon viu que estavam marejados e, em silêncio, se amaldiçoou. Odiava fazer mulheres chorarem. “Já que todos já estão aqui, eu vou começar a minha explicação. Talvez seja um pouco longa, então acho melhor todos sentarem e ficarem confortáveis”.

Todos assim o fizeram, inclusive Damon. Era a primeira vez, ela notou, que ele fazia algo que ela pedia sem questionar. “Melhor assim” pensou.

Elisabeth sentou-se em uma poltrona, de frente pra todos. Respirou fundo e disse “Eu tinha planejado contar primeiro como conheci Klaus, mas como até os humanos da sala conseguiram ouvir a última parte da minha conversa com o poço de meiguice aqui”, e apontou para Damon, “vou ter que começar um pouco antes.”

“Como a maioria já sabe, eu sou de uma das famílias fundadoras. Meus pais, Thomas e Honoria Fell, foram quem praticamente construíram toda Mystic Falls. Quando o problema com os vampiros começou, meu pai decidiu tomar a frente da situação, e pediu ajuda a quem ele confiava indiscutivelmente, seus dois melhores amigos: Johnathan Gilbert e Giuseppe Salvatore.”

“Então era por isso que você ia casar com o Damon?” Elena quis saber. “Pra unir as famílias?”.

“De uma certa forma, sim. Mas o que meu pai me disse é que quando nasci, Giuseppe já tinha o Damon, e eles fizeram o acordo por amizade mesmo. O mas irônico é que logo depois nasceu Stefan, e eles ficaram esperando uma garotinha Gilbert pra casar com ele.” Ela sorriu “Acho que nunca imaginaram que ia demorar quase 150 anos pra ela aparecer.”

Todos na sala riram com o comentário. Até Damon pareceu mais tranqüilo. Elisabeth decidiu voltar a história.

“Enfim, casamentos arranjados a parte, o fato é que os três fizeram o que podiam. Meu pai começou a convocar todos os moradores da cidade e dar-lhes verbena como se fosse algum novo remédio pra qualquer coisa. Gilbert construiu uma engenhoca que era capaz de fazer os vampiros pirarem. E o Giuseppe ficou com a parte mais difícil, encontrar o líder dos vampiros. Acho que ele não desconfiava que era A líder, e que ela estava bem debaixo do nariz dele o tempo todo.”

Elisabeth suspirou e continuou “Naquele dia, eu não sei o que aconteceu, nem porque. Acho que o fato de terem descoberto que Katherine era o vampiro que eles tanto procuravam fez com que eles adiantassem as coisas.  Eu não estava por perto quando tudo começou mas...”

“E onde você estava?” Jeremy quis saber.

“Fora” ela não queria dar detalhes daquela parte da história. “O que importa é que sei que o caos se instalou na cidade e eu corri pra casa. E quando cheguei lá eu... bem...” ela gaguejou.

“Você viu a Katherine matando os seus pais” Damon completou. Agora entendia o porquê da raiva de Elisabeth. Ela estava magoada com ele e tinha fugido, indo sabe-se lá pra onde, em vez de passar com a família os últimos momentos de suas vidas.

“É” Elisabeth confirmou. “Bom, na verdade, ela já tinha morto minha mãe e meu irmão, que era só uma criança! Não sei quem primeiro, porque os dois estavam juntos num canto da sala” Ela fechou os olhos e suspirou. Parecia vê-los novamente naquele momento de dor. “Mas ela ainda estava com o meu pai. Depois que ela o matou, disse que estava me esperando pra que eu visse o que ela tinha feito com eles.”

“Ela disse que essa era a vingança dela contra os Fell. E que depois ia atrás de Johnathan, pois já tinha se vingado de Giuseppe. Só depois entendi o que ela quis dizer. Para Giuseppe, o castigo maior não era a morte, mas saber que os filhos tinham se tornado o alvo de sua caçada.” Elisabeth olhou pra Damon e Stefan. “Me desculpem”.

“Tudo bem, continua” Stefan lhe tocou o braço, num gesto de conforto.

“Naquela hora, eu não tinha porque lutar. Ela tinha destruído tudo que eu tinha, tudo que eu amava. Eu simplesmente fiquei parada e deixei ela me atacar. Aos poucos, eu ia me sentindo cada vez mais fraca. Mas, de repente, ela parou e saiu correndo. Eu estava sangrando muito e só queria morrer de uma vez. Mas não foi a morte que chegou, e sim Klaus.”

“Ele foi atraído não sei se pelo cheiro do sangue ou pelo cheiro da Katherine. Quando viu que eu ainda estava viva, ele me tirou de lá. Eu pedi pra ele me matar, eu queria morrer. Mas ele disse que tinha outros planos pra mim.”

“Como assim?” Rose perguntou. Elisabeth se lembrou que nem mesmo ela sabia essa parte da história.

“Klaus cuidou de mim, fez meu corpo sarar.”

“Claro, ele te transformou em vampira” Caroline concluiu.

“Não, ainda não. Eu ainda passei cinco anos humanos com Klaus antes de ele me transformar.”

“Por quê?” Damon quis saber.

“Por que ela é uma bruxa” disse Bonnie calmamente.