Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 42
Mentiras




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Fui logo calada novamente e levada para um canto escuro onde finalmente pude ver meu sequestrador. Era Rabastan.

Ele parecia mais velho do que eu lembrava e sua aparência estava completamente decadente, consegui ver em seus olhos cansados que ele já tinha aguentado muito mais do que deveria e podia. Ele ainda segurava o meu braço com força.

Mesmo assim, sua presença era familiar de uma forma estranha, eu me lembrava dele, mas era como se eu visse um filme da minha vida, não que tivesse acontecido de fato comigo. Era completamente bizarro.

Então, percebi que Rabastan era o mais próximo que eu tive de um pai na minha infância e meus olhos lacrimejaram sem eu perceber. Olhei para os olhos escuros do homem e reconheci minha infância na Borgin & Burkes e como ele cuidou de mim e me protegeu.

– Riddle, o que raios você está fazendo? Tem pessoas da Ordem da Fênix aqui, os Comensais estão aqui, se alguém te reconhecer ou souber quem você é... – ele falou e sua voz me lembrou do rústico da loja.

– Oi pra você também, Rab. – falei, percebendo que minha voz estava engasgada.

– Você me reconhece? – ele perguntou, agora com uma expressão surpresa, mas um pouco feliz ao mesmo tempo.

– Dã. – foi tudo o que eu conseguir responder, ainda estava um pouco exaltada. – Eu lembrei de algumas coisas. – completei.

– Do que exatamente?

– Bom, de quem você é e um pouco da minha infância, mas seria bom se você me disesse tudo.

Ele olhou para os lados, preocupado, Rabastan estava mais inquieto que eu e parecia que alguém iria nos pegar a qualquer momento. Ele estava me deixando mais nervosa ainda. Eu tentava em vão ignorar os berros que ouvia da batalha.

– Não temos tempo, você tem que sair daqui. – ele insistiu.

Então, me lembrei exatamente o motivo de eu não estar indo embora para casa e protegendo meus amigos naquele momento. Draco. Ele estava falando com Dumbledore, ele estava hesitando, eu precisava ver o que estava acontecendo.

– Eu preciso ir. – percebi na hora. - Ninguém sabe quem eu sou, Rabastan, não se preocupe. – afirmei, mesmo sabendo ser mentira. Voldemort sabia quem eu era.

– Ir onde? Lizzie, você tem noção do que está acontecendo? – ele perguntou urgente e eu acenei. Ele não fazia ideia do quanto eu sabia. Percebi em seu olhar, que ele não me deixaria ir pra nenhum lugar, que não soltaria meu braço por nada.

– Eu sei. – respondi. – E se você não me deixar ir, Dumbledore vai morrer.

Rabastan desviou o olhar e afrochou seu aperto, mas eu sabia que ele apertaria a qualquer momento se precisasse. Ele deu um longo suspiro e me fitou novamente.

– Dumbledore tem que morrer. – disse por fim e eu engoli um seco. Porque acreditava nele. Eu sentia isso também, sabia que se Draco não o matasse, alguém o faria, eu simplesmente sabia que o plano sempre fora maior do que eu e Malfoy.

– Podemos impedir, a gente pode... – comecei, mesmo sabendo ser em vão. Estava em estado de negação, tentando me convencer de alguma coisa que eu sabia que nunca iria acontecer.

O ano passou como um flash na frente dos meus olhos, me lembrei de Dumbledore me falando que me contaria a verdade no sétimo ano, mas por imprevistos teve que me falar nesse, lembrei-me de suas mãos machucadas e seus olhares cansados e conformados. Ele sabia. Ele sempre soube.

– Não há nada que podemos fazer, os Comensais estão em Hogwarts agora. Isso tem que acontecer, Lizzie. – ele falou de um modo calmo, como se já tivesse pensando em todas as possibilidades possíveis para se livrar daquele fato. Ele, assim como o diretor, já estava conformado e tinha aceitado o fato.

Eu estava a beira de lágrimas, sim, tinha xingado Dumbledore e o odiado por alguns.... Ok, por vários momentos, mas eu não queria sua morte. Eu sabia o quão importante ele era para o mundo bruxo.

– Mas Rab, nós temos que tentar. – minha voz estava falha e agora eu estava apertando a manga da jaqueta dele com força.

Rabastan deu um meio sorriso melancólico e apenas disse:

– Você cresceu tanto, Riddle...

Franzi o cenho, aquela não era hora para sentimentalismo e nostalgia.

– E você está velho. Vamos, temos que fazer alguma coisa! – exclamei, inquieta.

Ele abriu a boca para dizer alguma coisa, mas foi interrompido por um feitiço estuporante que chegou por trás. Não consegui conter um berro. Rabastan levantou-se lentamente e me fitou como se dissesse “corre” e eu obedeci. Não hesitei em ir porque ele sabia se virar sozinho, então corri o mais rápido que pude para a Torre de Astronomia.

Me posicionei no mesmo lugar em que estava, me perguntando o que eu tinha perdido da conversa.

– Então a pobre Rosmerta foi forçada a se esconder no próprio banheiro e passar o colar para a primeira estudante de Hogwarts que entrou lá desacompanhada? – Dumbledore perguntou e eu suspirei aliviada, Draco ainda estava hesitando, não seria por suas mãos que o diretor morreria aquela noite. Eu parei de ouvir por uns instantes para raciocionar o que estava acontecendo.

Rosmerta? Por que Dumbledore achava que foi Rosmerta que enfeitiçou Kate? Então, me toquei. Era óbvio, Draco estava me protegendo, ele estava mentindo para que o bruxo não desconfiasse de mim. Meus olhos lacrimejaram de novo e eu reforcei meu feitiço.

– Moedas encantandas – Malfoy disse. – Fiquei com uma e ela com a outra e, assim, pude lhe mandar mensagens...

Percebi o tom de Draco, ele estava mentindo descaradamente mas mesmo assim continuava falando como se não pudesse parar. Ele queria atrasar o seu próprio destino.

– Não foi esse o método secreto de comunicação que o grupo que se intitulava Armada de Dumbledore usou no ano passado? – Dumbledore questionou.

– É, copiei a ideia deles. Tirei também a ideia de envenenar o hidromel da sangue ruim da Granger, ouvi quando ela disse na biblioteca que o Filch não era capaz de reconhecer poções.

– Por favor, não use essa palavra ofensiva na minha presença. – o diretor pediu calmamente e eu engoli um seco, enquanto Draco apenas ria.

– O senhor ainda se incomoda que eu esteja usando “sangue ruim” quando estou prestes a matá-lo? – perguntou de forma patética.

– Incomodo-me. Quanto a estar prestes a me matar, Draco, você já teve longos minutos. Estamos sozinhos. Estou mais indefeso do que você poderia ter sonhado em me encontrar e, ainda assim, você não me matou. Agora, quanto a esta noite, estou um pouco intrigado como tudo aconteceu...

Suspirei e imaginei a expressão que Draco estaria fazendo, ele provavelmente estava confuso e queria apenas desaparecer. Quis entrar e salvá-lo de si mesmo, mas os meus pés estavam presos ao chão.

– Você sabia que eu tinha saído da escola? Mas, é claro, Rosmerta me viu saindo, avisou-o usando suas engenhosas moedas, com certeza...

Houve uma pausa.

– Isto mesmo. – ele mentiu. Ele estava mentindo por mim. – Ela me disse que o senhor ia beber alguma coisa, que voltaria...

– Bem, sem dúvida eu bebi alguma coisa... e de certa maneira... voltei. – murmurou o diretor e eu percebi que ele estava pior do que soava. – Então, você decidiu montar uma armadilha para mim?

– Decidimos colocar a Marca Negra sobre a Torre e fazer o senhor voltar correndo para cá, para ver quem tinha sido morto. E deu certo! – Draco respondeu, orgulhoso de si mesmo.

– Bem, sim e não. Mas eu devo entender, então, que ninguém foi morto? – Dumbledore perguntou e eu notei o ressentimento em sua voz falha.

– Alguém morreu. Um dos seus... Não sei quem, estava escuro. Passei por cima do corpo, eu devia estar esperando aqui em cima quando o senhor voltasse, só que aquela sua Fênix se meteu no caminho.

Mentira, ele se atrasou por minha culpa. E não tínhamos passado por nenhum corpo, tínhamos? Claro que tínhamos, eu só estava muito surtada para perceber... Bufei e tentei conter minhas lágrimas involuntárias de vergonha. Quantos corpos eu tinha ignorado?

– Elas fazem isso. – o diretor afirmou.

Então, comecei a ouvir berros e estrondos mais atentamente, eles estavam mais perto. Olhei para baixo e vi que a batalha tinha seguido para as escadas e estava se aproximando. Draco tinha que se apressar, ele tinha que sair antes que os Comensais chegassem e colocassem pressão para que ele cometesse o crime.

– De qualquer maneira, temos pouco tempo. – Dumbledore tirou as palavras da minha boca. – Então vamos discutir as suas opções, Draco.

– Minhas opções! Estou aqui com uma varinha... Prestes a matar o senhor. – ele disse em um tom debochado.

– Meu caro rapaz, vamos parar de fingir. Se você fosse me matar, teria feito isso quando me desarmou, não teria parado para conversarmos amenamente sobre meios e modos. – argumentou o diretor sabiamente e eu suspirei, talvez provocar Malfoy não fosse a melhor ideia, mas eu sabia que ele tinha razão. Draco não ia fazer aquilo.

– Não tenho opções! – Draco exclamou de repente e eu notei o tom armagurado em sua voz, aquele que esteve presente o ano inteiro. – Tenho de fazer isto. Ele me matará! Ele matará minha família toda!

Percebi, então, que ele já tinha desistido. Ele estava se abrindo porque sabia que não ia conseguir cometer o assassinato, ele realmente já não tinha opções, nem escolhas.

– Eu avalio a dificuldade de sua posição. Por que pensa que não o confrontei antes? Porque eu sabia que você seria morto se Lord Voldemort percebesse que eu suspeitava de você. Não me atrevi a falar antes sobre a missão que lhe fora confiada, prevendo que ele talvez usasse a Legiminência contra você. – Dumbledore explicou e eu percebi que era exatamente isso que Voldemort tinha feito comigo aquela hora em que entrara na minha mente.

– Agora, finalmente, podemos falar às claras... Não houve mal algum, você não feriu ninguém, - ah claro, apenas Ron Weasley, Kate Bell e Merlin sabe mais quem.... – embora tenha tido muita sorte que suas vítimas impremeditadas sobrevivessem. Posso ajudá-lo, Draco.

– Não, não pode. – ele respondeu imediatamente. – Ninguém pode. Ele me mandou fazer isso ou me matará. Não tenho escolha.

Percebi que seu tom já não estava tão mais desesperado como antes, ele parecia mais conformado com o fato, como se tentasse se convencer.

– Venha para o lado certo, Draco, e podemos escondê-lo mais completamente do que pode imaginar. – quis entrar e aceitar aquela proposta por ele e perguntar se cabia mais uma pessoa, mas me manti paralisada. – E, mais, posso mandar membros da Ordem à sua mãe hoje à noite, e escondê-la também. Seu pai no momento está seguro em Azkaban... Quando chegar a hora posso protegê-lo também... Venha para o lado certo, Draco. Você não é assassino.

O que raios ele estava esperando para dizer sim, largar a varinha e se salvar?

– Mas cheguei até aqui, não? – ele começou, lentamente. – Acharam que eu morreria na tentaiva, mas estou aqui... E o senhor está em meu poder... Sou eu que empunho a varinha. Sua vida depende da minha piedade.

Ele era orgulhoso, ele tinha aquele orgulho venenoso da Sonserina que o impedia de admitir que Dumbledore estava certo e que ele podia simplesmente abraçar sua incapacidade de matá-lo e fazer o bem para variar.

Bufei, por que éramos assim?

– O que temos aqui? – alguém perguntou por trás e me virei com urgência, me deparando com quatro Comensais da Morte me encarando com descaso.

Eu estava com varinha em mãos, mas sabia que absolutamente nada que eu pudesse fazer iria me proteger de quatro bruxos das trevas. Me condenei por nunca ter prestado muita atenção na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas e suspirei, suando frio.

– Eu estou do seu lado! – exclamei antes de qualquer coisa. Um deles parecia rosnar para mim, com uma aparência absurdamente parecida com a de um lobo. Talvez ele fosse um lobisomen, o que não me deixou nem um pouco mais aliviada.

– Acabem logo com ela! – um deles disse, antes de esbarrar em mim e passar pela porta, juntando-se ao Draco. Pensei “estou morta” e fechei os olhos.


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Notas finais do capítulo

Lindões, finalmente o Nyah! Abriu pra nós ♥

Então, tenho uma coisa a dizer. Não estarei mais aqui no Brasil pelos próximos 3 meses, PORÉM como o Nyah! lindo acabou de habilitar esse negócio de programar caps, vocês não vão ficar sem fic ♥
Mãas, não responderei reviews e não estarei aqui para chorar com o fim D:
Deixarei com carinho minhas considerações aqui nas notas.

Mas enfim, ta ai um cap novo pra vocês, gostaram? ♥

Beijão :*



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