Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 32
Especulações


Notas iniciais do capítulo

Recapitulando a hist porque fiquei umas décadas sem postar: Voldemort ameaçou Liz para que ela parasse de tentar sabotar o plano de Draco. Pra isso ele usou suas amigas e falou na mente dela. Ela está suspeitando de que ele esteja usando alguém de dentro da escola, acha que é o Peter.



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Apesar de tudo, eu ainda queria visitar Dumbledore e dizer o que Voldemort tinha feito, talvez isso o ajudasse com alguma coisa. Isso é, se ele realmente estava querendo matar Voldemort ou algo assim, eu não sabia de nada.

Mas isso teria que esperar, eu precisava encontrar Peter e perguntar se ele tinha sequestrado minhas amigas e enfeitiçado o meu primo, sem realmente falar essas coisas.
 
- Liz, você está bem? – Cece perguntou, me olhando de lado. Ela já estava acordada faz um tempo, apenas enrolando para ir para as aulas. Su já tinha ido faz tempo e não entendeu porque estava tão cansada. Aparentemente, o feitiço de Draco tinha sido um sucesso.

- Estou. – menti.

Eu tinha me tornado uma mentirosa de primeira e obviamente isso não era uma coisa pela qual eu devia me sentir orgulhosa, mas de algum modo, eu me sentia. Eu tinha adquirido a habilidade de manipular e mentir, sem machucar ninguém, nem me sentir completamente patética.

 - Bom, você não vem? Temos Poções. – ela perguntou, ao se levantar e se vestir.

- Já vou. – falei. Não podia faltar em nenhuma aula de Poção mais do que eu já estava faltando. Eu provavelmente não podia faltar mais em nada, para ser sincera.

Ela deu de ombros e saiu às pressas do dormitório. Fiquei algum tempo ainda pensando em como encararia Peter e levantei-me roboticamente.

Talvez não tivesse sido ele, talvez fosse qualquer outra pessoa. Peter não parecia um Comensal da Morte, ele era muito novo e muito.... Deixa pra lá.

Andei pelos corredores esperando não encontrá-lo, mas vocês sabem como o universo gosta de conspirar contra mim.

- Liz? – Peter perguntou, assim que me viu andando rapidamente.

- Oi, Peter. – consegui dizer, sem parecer que eu estava vendo uma assombração.

- E ai, tá bem? – simpático como sempre. Eu não sabia o que dizer, nem como agir. Aquilo nunca tinha acontecido antes. Eu tinha confiado em Peter, mas bastou um pensamento para eu duvidar dele. O que era verdade, afinal?

- Sim. – respondi, de um modo robótico completamente patético.

Ele provavelmente notou o meu comportamento estranho, porque franziu a testa e se aproximou.

- Tem certeza?

Dessa vez, acenei e me apressei em dizer:

- Desculpa, tenho que ir pra aula. Estou atrasada.

A face dele tornou-se ainda mais incrédula. Ele já me conhecia o sufiente para saber que eu não ligava muito se chegasse atrasada ou faltava na aula.

- Ok. – falou, não querendo insistir.

Então, por causa da simplicidade de sua resposta e por sua desistência rápida demais, um ímpeto de coragem tomou conta de mim. Aquele mesmo que tinha me feito fazer várias besteiras ao longo do ano. Mas saber disso não me impediu de prosseguir...

- Sabe, eu tive um sonho muito estranho essa noite. – comecei, virando-me novamente para fitá-lo. Ele fez o mesmo e abriu um sorriso.

- Sério? – seu interesse pareceu crescer de uma hora para a outra e eu simplesmente não podia mais parar.

- Sério. – forcei uma risada e fiz parecer que tudo era uma história engraçada. – Sabe, eu sonhei que você era... Você sabe.

- Gay? – ele perguntou, de repente achando graça.

- Não! – exclamei, rápido demais. Não porque eu tinha algo contra gays, mas eu não queria que ele achasse que eu achava que ele era gay. Isso faz algum sentido? Enfim. – Não. Eu sonhei que você era um Comensal da Morte. Loucura, não?

Peter piscou algumas vezes e começou a rir. Continuei fitando-o, afim de esperar alguma reação que me disesse se eu tinha acertado ou não.

- Não sei ao certo, mas acho que mestiços não podem ser Comensais da Morte. – ele falou, depois de parar de rir.

- Você é mestiço? – perguntei, sem conseguir conter a minha excitação. Era óbvio que ele podia estar mentindo e ser de fato um servidor de Voldemort, mas a verdade era que eu não ligava. Eu queria Peter como meu amigo. E desde que ele não machucasse ninguém, tudo estava bem.

- Sim. Você vai me odiar agora? – brincou, claramente se referindo a má fama dos sonserinos de serem um tanto intolerantes com sangue-ruins e mestiços.

- Meus pais são trouxas. – informei. Não era uma completa mentira. Eu ainda considerava Peter –meu pai, não o meu amigo, óbvio- e Helen Miller como meus pais verdadeiros, apesar de não serem os biológicos.

- Não são não, isso é impossível. – ele retrucou, ficando sério de repente.

- É sério. – falei. – Vem, anda comigo até a aula de Poções. Eu te conto tudo sobre como foi crescer na Sonserina sendo uma sangue-ruim.

Guiado pela lógica, Peter não acreditou em nenhuma palavra do que eu disse sobre meus pais e como eu era da sonserina, apesar de ser nascida trouxa. Eu não podia culpá-lo por não acreditar em mim, realmente não fazia sentido. E era mentira.

Mas eu não podia contar que eu era sobrinha de Voldemort, não para ele. Apenas Cece, Su e Draco sabiam e eu já achava isso um número extremamente grande, considerando a gravidade do meu segredo.

- Você devia ver o Dumbledore. – ele falou, quando já estávamos chegando na sala. – Você pode ser o primeiro caso em que o Chapéu Seletor errou. Isso seria extraordinário.

Franzi a testa.

- Às vezes esqueço o quão Corvinal você é...  – murmurei.

- Eu estou falando sério.

- Eu também. – retruquei e ele deu um meio sorriso.

Então, pensei em quão improvável seria aquela pessoa ser um Comensal da Morte. Quer dizer, ele tinha comentado sobre o Chapéu Seletor e ficado realmente interessado em minha história como sangue-ruim.

Era genuíno, eu sabia. Não tinha como fingir esse interesse. Essa sede por conhecimento. Não, Peter não podia ser mal.

- Te vejo mais tarde. – eu disse, entrando atrasada na sala de aula. Ele deu um aceno com a mão e deu as costas.

Resolvi acreditar que ele não estava contra mim. Mas mesmo assim, teria cuidado com as coisas que eu falaria.

Depois de levar um sermão enorme de Slughorn sobre como eu não estar levando o estudo de Poções a sério, as outras aulas pareceram bem mais calmas. Não pude deixar de notar que Draco não estava em nenhuma delas.

Ele provavelmente estava na Sala Precisa com aquele armário idiota.

Pensei em ir vê-lo, mas lembrei que tinha detenção com Snape naquela noite e bufei. Eu também tinha que falar com Dumbledore. Por que de repente minha vida tinha ficado tão agitada? Ah, é, eu era sobrinha de Voldemort.

Super legal. Só que não.

- Professor? – perguntei, antes de entrar na sala entre-aberta de Snape.

- Entre, Srta. Miller. – ele respondeu, com sua voz absurdamente nada sedutora.

Eu entrei e sentei-me na cadeira de frente com a dele e fiquei fitando os seus olhos negros até que me falasse o que eu deveria fazer. Então me ocorreu uma coisa. Eu podia confiar em Snape. Sabia que ele estava tentando ajudar Draco e talvez quisesse matar Dumbledore também, o que não fazia nenhum sentido, mas de qualquer jeito eu podia confiar nele, porque também estava dos dois lados.

- Professor, antes de começarmos, posso perguntar uma coisa? – comecei, cautelosa.

Seus olhos encontraram o meu e ele apenas acenou com a cabeça para que eu prosseguisse. 

- Voldemort falou na minha mente. – soltei, sem delongas. – Ele sabe quem eu sou. Mas sem entrar na minha mente. Eu sei que isso não aconteceu, porque eu não senti nada.

Se Snape se surpreendeu, sua expressão não mostrava. Ele apenas levantou-se e disse, em uma voz fria:

- Venha comigo.

Eu o segui até o escritório de Dumbledore, que continuava no mesmo lugar de sempre. Por algum motivo, eu achava que iria trocar de lugar eventualmente, mas nunca aconteceu. Talvez eu fizesse isso quando fosse diretora de Hogwarts. Não que eu quisesse algum dia ser...

Snape bateu na porta e foi logo atendido por uma voz cansada do outro lado que pediu para ele entrar.

Dumbledore parecia exausto, mas assim que me viu, forçou-se a levantar-se e mostrar um sorriso. Eu apreciei todo o seu esforço, mas francamente, o homem tinha mentido para mim a vida toda, não tinha como admirá-lo como antes.

- Diretor, desculpa incomodá-lo. – me apressei em falar, já que Snape não parecia dizer nada para explicar o que estávamos fazendo ali.

- Tudo bem, Elizabeth. – ele disse, calmo. – No que posso ajudá-la?

Suspirei. Contar toda a história seria exaustivo demais, então resumi:

- Voldemort falou na minha mente. Ele sabe quem eu sou. E me ameaçou dizendo que eu tinha que parar de ajudar Draco.

Vi Dumbledore respirar fundo e fitar Snape. Os dois conversaram mentalmente e eu me perguntei de que lado Snape realmente estava. Ele claramente tinha dito que estava ajudando Draco, mas o velho já tinha dito que confiava em Snape de um modo cheio de duplo sentidos, então não sabia mais o que pensar.

- Isso já tinha acontecido antes? – ele perguntou.

- Não que eu me lembre. – respondi, amargurada. Claro que se eu não lembrasse era culpa dele, por isso fiz questão de ser expressivamente rancorosa na minha frase.

Não mencionei que alguém já tinha entrado na minha mente antes e descoberto o plano de Draco, porque sabia qeu se eu dissesse isso eles me dariam mais aulas de Oclumência e eu simplesmente não aguentava mais.

Mas eu sabia que não tinha sido Voldemort daquela fez. Não fazia sentido Você-Sabe-Quem entrar na minha mente apenas para pegar essa informação e de algum jeito que eu não sei explicar, eu simplesmente sabia que o ladrão só tinha pegado ela.

- Ele mencionou alguma intenção em te matar? – Snape perguntou por trás.

Neguei com a cabeça, as palavras maliciosas de Voldemort estavam gravadas na minha mente para eu alcançá-las a qualquer momento, era assustador.

- Ele só disse que eu sou “apenas o que sobrou da escória que eram os Riddle”. – recitei, tentando ao máximo afastar aquela voz assombrosa da minha mente, mesmo sabendo ser impossível.

- Não faria sentido ele matar Elizabeth agora. – Dumbledore disse, olhando para o professor. Odiava quando se referiam a mim em terceira pessoa quando eu estava presente. – Ele está preocupado com outras coisas.

De novo com os duplos sentidos que eu nunca entenderia. Para deixar a morte de um bruxo como Dumbledore nas mãos de Draco, Voldemort devia mesmo estar ocupado com outras coisas. Talvez tivesse formando um plano para matar Harry Potter que realmente funcionasse dessa vez, já que as outras quatro vezes falharam. Para o maior bruxo das trevas, ele meio que não fazia jus à sua fama.

- Como assim “agora”? – perguntei. – Ele vai querer me matar depois?

- Provavelmente. – o diretor falou calmamente e eu quis bater nele. Era da minha vida que estávamos falando, como ele podia agir com tanta indiferença? – Mas só depois de conseguir o que quer.

Pisquei. O que ele queria?

- Alvo... – Snape o alertou. O velho provavelmente tinha dito coisas que não devia. Quem mandou ser caduco?

- Eu não ligo. – falei, sinceramente. – Só quero sobreviver. – informei, como se isso não fosse a coisa mais óbvia de todas. A verdade era que eu só queria que Dumbledore me garantisse que eu estaria salva de Voldemort.

Dumbledore fitou-me profundamente e respirou fundo, apoiando as mãos na sua grande mesa. Sua presença soava tão importante, mas era fácil ver a vulnerabilidade daquele olhar.

- Não se preocupe, Elizabeth. Enquanto estiver em Hogwarts, vai estar salva. – tentou me confortar, mas aquilo soou ainda mais desesperador. O que raios em Hogwarts podia me salvar? Voldemort tinha entrado na minha mente na escola. Tinha controlado minhas amigas e meu primo. Ele tinha feito um menino de dezesseis anos arranjar um jeito de trazer Comensais da Morte para dentro.

- Não deixe de vir pra cá no ano que vem. Hogwarts é o lugar mais seguro do mundo bruxo. – ele completou e eu estremeci.

Mas eu não me sentia salva em Hogwarts. Nem um pouco.


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Notas finais do capítulo

Okok, sei que mereço todos os xingamentos e pedras possíveis, então nem vou tentar me desculpar e falar os meus motivos por ter sumido por tanto tempo, haha. O importante é que a fic saiu de hiatus e agora vou atualizá-la uma vez por semana, no máximo de 15 em 15 dias, então tentem não me matar tão cedo, hahaha.
Enfim, ta aí um cap depois de tanto tempo. Esse é dedicado à Suellen, que tão lindamente me pediu pra voltar a escrever por mp (:
Xingamentos? Pedras?

Beijão :*



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