Changing Lifes escrita por Maty


Capítulo 26
Feliz Natal




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    Eu analisava cada pequeno traço de Beatrice, tentando entender o porquê daquela pergunta, e por que ela parecia tão desesperada pela resposta. Seria possível que todo esse tempo ela vinha se perguntando a mesma coisa que eu?

-Ele está batendo forte por que você está aqui comigo. – respondi sem pensar, mas seguro de que era a resposta certa.

-O que diabos isso quer dizer? – questionou-me, como se minha resposta não fosse o bastante. Ela precisava de mais do que isso. – Sentir sua falta, ver você e sentir como se meu peito fosse explodir... O que isso significa afinal de contas?!

   Por alguma razão eu estava sorrindo ao final de sua fala. Eu podia não ter certeza quanto ao que eu sentia pela Beatrice, mas pelo menos agora sabia que, seja lá o que fosse, ela sentia o mesmo. Aproximei-me dela e a aconcheguei novamente em meus braços, ficamos daquela maneira por alguns segundos cada um preso em seus próprios pensamentos e conclusões.

-Eu acho que te amo... – sussurrei, surpreso com a conclusão a que chegara. Beatrice não moveu um músculo, não disse uma palavra, apenas continuou abraçada á mim. – Eu estive em uns lugares extraordinários, sabe? E mesmo assim não consegui ver beleza em nenhum deles... Eu vi e conheci pessoas maravilhosas, mas em nenhum momento você deixou meus pensamentos. Eu achei que estava bem sem você e por isso estava tão confuso quanto ao que eu sentia, mas estar aqui novamente ao seu lado me fez perceber que a vida é, na verdade, uma merda quando você não está nela.

     Beatrice esperou alguns segundos após meu discurso para se certificar de que eu não tinha mais nada para falar, e então ela vagarosamente se desvencilhou do meu abraço e encostou seus lábios nos meus. Aquilo não era um beijo, era apenas um selinho, mas era o selinho mais demorado e significativo que eu já experimentara em toda a minha vida. De uma hora para outra eu senti toda a atmosfera mudar. Levei minhas mãos até sua cintura e carinhosamente a puxei para mais perto, como se qualquer milímetro de distância entre nós já fosse mais do que eu podia suportar. Aos poucos fui me inclinando para trás no sofá e Beatrice deitou-se sobre mim, acariciando minha nuca enquanto lentamente ia abrindo sua boca dando espaço para um beijo. Suas mãos foram descendo aos poucos e entrando por baixo da minha camiseta, senti um arrepio quando sua mão fria tocou meu peito.

     Tirei minha camiseta e ela sorriu ao observar meu tronco nu.

-Quase havia me esquecido de como você era sarado... – sussurrou.

-Por mais incrível que pareça, eu não me esqueci de nada. – levantei-me do sofá e a puxei junto comigo, ficamos os dois frente á frente, e então eu sorri. – Não me esqueci da mancha de nascença que você tem no ombro... – tirei sua blusa, e beijei-lhe no lugar onde a pequena mancha se destacava. Logo após tirei seu sutiã. – Não me esqueci da forma dos seus seios e como eles parecem se encaixar perfeitamente nas minhas mãos. – ela riu de leve com o comentário. – Não me esqueci das pintas que você tem nas costas... – tirei seus shorts e agachei-me no chão. – E eu definitivamente não me esqueci de como suas pernas são macias, e perfeitas, e se encaixam maravilhosamente em volta do meu corpo. – rimos os dois.

     Beatrice empurrou-me de leve fazendo com que eu caísse sentado no sofá, tirou minha calça e sentou-se de frente para mim, entrelaçando suas pernas nas minhas costas. Beijou-me com um pouco mais de urgência dessa vez, sem que deixasse de ser carinhosa. Acariciei suas costas e beijei seu pescoço. Lembrei-me de como fora com Katharine, lembrei de como havia toda aquela urgência de certa forma animalesca entre nós, como se fôssemos apenas 2 animais no cio. Revivi em minha mente como o jeito que transamos era automático, cada beijo, cada movimento, cada carícia... Tão diferente do que acontecia agora! Dessa maneira parecia tão mais certo...

-Feliz Natal... – ela sorriu, acariciando meu rosto.

    Estávamos deitados na cama, semi-nus, nos encarando como dois idiotas há alguns minutos agora. Já havia amanhecido e a luz que passava pela cortina iluminava o quarto de uma maneira quase mágica, permitindo-me ver através da luz alaranjada os pequenos fragmentos de poeira que vagavam pelo quarto.

-Feliz Natal.

-Se há alguns meses atrás me dissessem que eu realmente me apaixonaria pelo pai da minha filha, eu nunca acreditaria... – rimos os dois com a falta de lógica que aquela frase fazia, e como mesmo assim ela parecia tão certa. – Eu tenho um presente para você.

-Um presente?

-Bem, é óbvio que eu paguei por ele com o cartão que você me deu, mas mesmo assim... Espero que conte.

-Me sinto culpado agora... Eu não comprei nada. – suspirei. – Eu juro que pretendia comprar, mas acabou não dando tempo. – não era toda a verdade, mas também não era mentira.

-Não tem problema... O meu presente não é nada de excepcional de qualquer maneira. – levantou-se correndo até a sala. Voltou segurando um embrulho médio e perfeitamente quadrado.

      Sentei-me na cama e desfiz o laço, tirando uma caixa branca de dentro dele. Abri-a devagar e sorri ao me deparar com um porta-retrato de vidro. A foto que ele guardava havia sido tirada pela Beatrice, e era digna de um profissional. Ela havia sido tirada de lado. Eu estava sentado no sofá usando somente uma calça jeans. Tocava o violão e olhava sorrindo para Tessie que estava de frente para mim no carrinho, ela ria também estendendo seus braços em minha direção. Eu me lembrava desse dia, foi a primeira vez que toquei para minha filha, um pouco antes da viajem... Acabei por tocar uma melodia bobinha, uma música infantil alemã que aprendera nos meus primeiros anos de aula de violão. Apesar de não me lembrar da maior parte da música e ficar repetindo sempre o mesmo trecho, Teresa parecia ter gostado, sorrindo e balançando os braços e pernas.

-Obrigado... Eu gostei muito.

-Que bom.

-Quando ela for um pouco maior, vou ensiná-la a tocar violão também. – disse, Beatrice sorriu e aproximou-se, deitando sua cabeça em meu ombro.

-Então ela será música como o pai?

-Não seria nada mal... Mas não sei, esse ramo é muito perigoso e você acaba se sacrificando muito. Sem contar a falta de privacidade, as drogas, as pessoas mesquinhas que você conhece... – refleti por alguns segundos. – Talvez o mundo da música não seja o melhor para ela.

-Então o que ela vai fazer? Bailarina? Como no seu sonho?

-Uma filha bailarina... – sussurrei para mim mesmo. – Quem sabe!

-Ela podia ser advogada, médica, atriz, veterinária, publicitária, empresária... Sei que ela pode fazer qualquer coisa.

-O sobrenome dela é Kaulitz, é óbvio que ela pode fazer qualquer coisa. – ri enquanto Beatrice rolava os olhos.

-Falando nela... – Beatrice sussurrou, rolando para o lado para que eu pudesse pular da cama e correr em direção ao choro de Tessie. Era incrível como eu quase não me agüentava para pegá-la no colo novamente.

    Tirei-a do berço e a abracei o mais forte que consegui sem que houvesse algum risco de machucá-la. Troquei sua fralda rapidamente então eu só fiquei ali no meio do quarto balançando-a em meus braços, observando cada pequeno traço, olhando bem no fundo dos seus olhos azuis como as da mãe, até que ela parasse de chorar.

-Senti tanto sua falta! – dei-lhe um demorado beijo no rosto. – Está com fome? – perguntei ao observar que Beatrice se aproximava trazendo uma mamadeira.

    Sentei-me na poltrona e dei-lhe a mamadeira sentindo-me em completo êxtase por estar fazendo aquilo novamente. Eu estava feliz... Eu estava muito feliz. Parecia que meu peito ia explodir de alguma forma. Beatrice apoiou-se na porta e ficou lá sorrindo enquanto observava eu dar a mamadeira á Teresa. E foi então que me ocorreu, assim de uma hora para outra eu percebi que aquele natal, apesar de não ter nada de tão extraordinário ou diferente nele, era um dos melhores que eu já havia tido. Talvez tudo que eu precisasse fosse aquelas duas pessoas ao meu lado.


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