Doce Sonho escrita por Choko


Capítulo 9
Capítulo 9 : Caminho até a mansão


Notas iniciais do capítulo

É...demorei...mas o que importa é que tá aí... ù.u
Passei o dia todo trabalhando nele...espero que tenha ficado bom! ô.o



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Capítulo 9 : Caminho até a mansão.


Foram minutos de silêncio que se seguiram após eu aceitar a proposta. Começamos então a caminhar. Passei a seguir Kazama-san, cabisbaixa, sem coragem de perguntar para onde ele me levava.  

Agora, o caminho, um tanto menos escuro por ser término de noite, continuava o mesmo, silêncioso e deserto. Mas, o medo que eu sentia era muito menor do que quando estava sozinha. Com o trato firmado, tentava convencer-me de que aquele oni não me faria mais mal. E que talvez agora eu estivesse...segura.

Não que tal sensação de segurança chegasse a me tranquilizar. Pelo contrário, me deixava mesmo atormentada. Somado a aquele silencio gritante, propício para que eu começasse a rever todas as coisas que aconteceram nestes últimos dias.

Nem eu mesma acreditava no quanto minha vida mudou em apenas poucas horas. Não fazia muito tempo desde que encontrei Osen-chan e recebi a notícia que mudaria tudo. Não deviam fazer nem tantas horas que eu havia saído da base. Foi mesmo de noite e agora já estava amanhecendo. 

Mas, todas aquelas  memórias deixadas para trás pareciam de um passado distante, não parecia que era eu tinha vivido todo aquele sonho. Custava a acreditar nos últimos pesadelos. E agora, eu estava aqui...

Depois de tudo eu seria a mesma Chizuru? A mesma que deixou o lar em busca do pai? A mesma que conheceu o Shinsengumi e viveu feliz ao lado deles? A mesma que agora estava aqui seguindo Kazama? Se não...qual destas era a verdadeira?

Ainda, do que se tratava a minha "verdadeira natureza"? Se eu era oni ou se era humana, isso mudaria alguma coisa para mim?

E Kazama-san? Entre milhares de onis de sangue nobre que deviam existir, por que escolher justo eu para gerar seu herdeiro? Justo eu que agora esperava um filho daquele homem.

Eram diversas perguntas e eu não tinha respostas para elas. Restava-me esperar tê-las em alguma hora e seguir em silêncio.

Parei de andar somente quando o céu começou a apresentar outra coloração. Nuvens mudaram para os mais diversos tons, de rosado a arroxeado e depois para um alaranjado. Tudo realmente bonito.

O sol logo se fez presente no céu, me deixando totalmente absorta naquele espetáculo, esquecendo um pouco os tomentos. Eu não senti falta das estrelas, da lua, da noite e suas incertezas e dúvidas. Apenas me entreguei a aquela sensação estranha que me dava o amanhecer que raríssimas vezes presenciara. Aquela sensação de que o sol podia levar todas as coisas ruins embora, e que nada mais importava além disso.

Quando me dei conta, já havia ficado um bom tempo parada ali a admirar o céu e Kazama-san já estava metros a frente, distante, quase sumindo de minha vista.Voltei a andar, o mais rápido que pude para alcançá-lo. 

E cheguei até ele exausta. Ainda assim, parecia que ele nem tinha notado pela minha falta. Então, continuei seguindo, como se nada tivesse acontecido.

Pelo caminho passei a reparar que o centro começava a ficar menos deserto, menos quieto. Não estávamos mais somente eu e Kazama-san ali.

Alguns estabelecimentos foram abrindo e pela saída da cidade chegavam mais outras pessoas, possivelmente para a jornada de trabalho. Edo assim voltava a sorrir, e em poucas horas estaria como ontem à tarde.

Depois de certo tempo de caminhada  o centro e suas casas foram sumindo, dando lugar a mais árvores. Começava assim um novo caminho rodeado por elas, que por serem um tanto altas, reduziam um pouco a claridade e a minha vista para o céu azul. 

Não consegui evitar ficar assustada. Que lugar era esse? As árvores não me sorriam, o percurso  parecia inacabável e vazio, raras vezes  eu via alguém passar ao lado, indo na direção oposta.

Foi quando o silêncio começou mesmo a me incomodar. Precisava arrumar um assunto, urgente, antes que fosse absorvida por esse medo que começava a tomar conta de mim.

Talvez...algumas daquelas perguntas que me atormentaram à noite pudessem ser respondidas agora. Sim, era a oportunidade perfeita para serem respondidas e me distraírem das sombras que estavam nos rodeavam. 

- Ei...Kazama-san... - comecei, chamando-o com cautela. A pergunta que faria a seguir seria a que me atormentava há um bom tempo - ...qual a importância do sangue para vocês onis?

Talvez me atormentasse mesmo, não só quando ele fez aquela proposta, mas desde quando tomei consciência de que não tinha um sangue tão...comum.

- Chizuru... você ainda não se considera uma oni? 

- Isso não vem ao caso agora... - disse, tentando desconversar - ... me responda só isso, por favor.

apenas o que define a vida que você levará. - disse-me, parecendo simplificar um assunto que tinha tudo para ser extenso. E ainda dando ênfase no “apenas” em tom irônico.

Era obvio que eu  não tinha ficado satisfeita com aquela simples resposta. Eu queria mais detalhes. Se o sangue define a vida que alguém levará ou não, pouco me importava. Queria mesmo saber o porque dele ter me escolhido, se era mesmo por meu sangue nobre. Se em toda aquela sociedade dos onis, era mais importante o sangue do que o amor...talvez, no final das contas...

- Não existe amor então... - disse, baixinho, para mim mesma. Acabei deixando escapar esse simples pensamento.

- E para humanos, existe o amor? - retrucou Kazama-san. Arregalei os olhos, ele tinha ouvido!

Até tentei pensar em algo para lhe responder à altura.E por fim suspirei derrotada, sem qualquer argumento. Sua pergunta atravessou-me como uma faca. Eu não poderia bradar com todas as minhas forças que o amor existia sim! Nem sabia mais se no quadro de humanos eu me encaixava. E também, era a última pessoa que podia defender o amor, já que no meu caso, o amor acabou vindo apenas do meu lado.

Depois daquela indireta, decidi então encerrar as perguntas e me calar. E fui assim até o restante do caminho longo e exaustivo, hora ou outra tomando algum susto por ver algum vulto passando por entre as árvores ou algum barulho de animal assustador.Kazama-san, porém, permanecia imponente, nada parecia abalá-lo ou assustá-lo naquele percurso tenebroso. 

Mas, no momento, o que me torturava não era apenas o meio que me cercava. Até pisar no chão começou a ser uma tortura. O contato feito entre meus pés e o par de chinelos gastos era realmente doloroso, fazendo parecer-me mais confortável andar descalça ou parar de andar.

Agradeci aos céus, quando ele finalmente parou, em frente à um portão grande com grades de ferro. Há um tempo tinha reparado no surgimento de um muro alto de pedras, entre as frestas das árvores e agora esta devia ser a entrada daquele terreno. 

Meus olhos quase fechado por tamanha dor e cansaço, logo se abriram em susto quando vi  a gigantesca construção que estava além daquela entrada. Era rica em detalhes e quase totalmente branca,rodeada por um lindo jardim, com a grama mais verde que havia visto na vida. Não era em estilo oriental, mesmo assim, muito bonita.

De onde tinha surgido um lugar desses? Mal acreditava que pudesse existir.

Por pouco tempo esqueci da dor física , só para observá-lo.

- É só a mansão... -disse Kazama-san, se divertindo. Quase rindo da minha cara de espanto.

O portão não demorou a ser aberto e logo veio nos recepcionar uma oni, com sua respectiva forma original. 

- Seja Bem-vindo de volta, Kazama-sama. -disse ela, lhe fazendo reverência. Fiquei mais que boquiaberta com a cena. Ainda mais com o sufixo que ela usava para se referir a ele.Afinal, o que mais eu não sabia de Kazama-san? E qual era sua importancia para os que habitavam este lugar?

- Tomoko, cuide de Chizuru... ela precisa descansar. E também vista-a apropriadamente. -ordenou sem demora e ela concordou quase automaticamente.

Dito isso, Kazama-san seguiu sozinho até a entrada daquele casarão. Eu fiquei ali, estática, observando-o se afastar. Agora, tinha sido deixada sob os cuidados daquela serva que só conhecia de nome.


Continua...


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Notas finais do capítulo

Estava com saudades de vocês , queridos leitores!!!
Vocês estavam com saudades dessa fic ? (espero que sim)
Como já devem saber, faz certo tempo que já voltaram minhas detestáveis aulas! Pois é, pois é...último ano...devo me esforçar! ù.u
Por conta disso, não poderia garantir posts muito ordenados. Mas, por mais que eu demore, não abandonei a fic e espero que não tenham a abandonado também!
Nada de nota final muito longa hoje! Nos vemos nos...reviews?