Doce Sonho escrita por Choko


Capítulo 17
Capítulo 17: Pátio de Sakura.


Notas iniciais do capítulo

Viva!! Mais um capítulo! O terceiro do dia!! *comemorando apesar de estar cansada*



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Acordei, realmente assustada. Eu não conseguia ver nada, estava bem escuro. Abri um pouco a janela, para deixar a luz entrar. Ainda era noite.

Não era a primeira vez que tinha pesadelos. Aliás, isso estava se tornando cada vez mais frequente.

No pesadelo, novamente aqueles olhos frios de cor violeta, me encaravam. O homem apontava para mim, eu nunca entendia o que ele falava, mas tinha certeza que estava me criticando. Eu segurava uma criança e chorava. A sensação era sempre de rejeição.

Era como se estivesse revivendo aqueles sentimentos quase todos os dias, através de sonhos.

Em pouco tempo Hijikata-san viria. E eu não poderia fazer nada para evitar nosso encontro.

Capítulo 17: Pátio de Sakura.

- Já consegue andar?

- Sim, claro! -respondia a oni, ainda que andasse lentamente e com um pouco de dificuldade – Desculpa, não posso ir mais rápido, disseram para eu fazer o mínimo de esforço.

- Entendo. Estou feliz que esteja se recuperando, Tomoko-san! - e sorri. Tomoko a cada dia parecia melhor. Agora que ela podia sair da cama, todas as manhãs caminhávamos um pouco por aquele jardim.

-É diferente da casa de Kazama-sama, mas mesmo assim o ambiente é agradável.

-Concordo.

Silêncio. Eu não estava falando muito naquela manhã. Apenas olhava para a paisagem, mas diferente de todas as vezes que estive lá, ela não me acalmava.

- O que foi, Chizuru-sama? Parece preocupada...

-É que hoje...vou receber uma visita.

-Isso não é bom? Você ficou bastante feliz aquele dia, quando aqueles homens vieram visitá-la.

-Não, agora é diferente. Não posso dar todos os detalhes no momento, mas diria que não é uma pessoa que eu gostaria de receber...

-Hm...não tem como simplesmente não recebê-lo?

-Eu preciso resolver isso antes de voltar para a mansão de Kazama-san. É inevitável. Mas já adiei esse nosso encontro por muito tempo.

-Bem, eu não posso falar muito, mas acho que deve tentar resolver esse problema para poder seguir adiante, caso contrário chegará uma hora que nem conseguirá mais resolver. Pode até acabar se arrependendo.

Fiquei refletindo aquilo que ouvi de Tomoko naquela hora. Me arrepender? Eu não acho que isso aconteceria, mas...

E se um dia meu filho crescesse e começasse a perguntar sobre seu pai? O que eu diria? Que briguei com ele, que ele me abandonou e eu segui sozinha? Que não tive coragem de voltar e conversar apropriadamente com ele?

Certo, eu havia tentado conversar uma vez com Hijikata-san e o resultado não foi bom. Mesmo assim, nem esperei ele dar uma clara resposta e já decidi partir.

Mas ele também! Ele não foi atrás de mim. Parecia nem ter se esforçado para impedir que eu fosse embora. Significava que ele não gostava tanto assim de mim, não é mesmo?

Depois de passear pelo jardim, resolvi voltar para o quarto. Esperaria aquele homem chegar para que tudo fosse finalmente esclarecido!

Porém...as horas foram passando. De forma lenta e torturante o dia terminou. Somente depois de jantar é que conclui:

-Ele não vem, não é mesmo?

Covarde...

Agora que estava disposta a conversar calmamente, ele simplesmente não aparece.

Voltei novamente para o quarto, iria dormir. Não queria mais pensar nisso. Hijikata-san havia conseguido, não tentaria mais conversar com ele. Voltaria para a mansão de Kazama-san, cumpriria aquele trato.

E não falaria mais aquele nome, fingiria que ele nunca existiu.

Voltei minha atenção para a porta quando ouvi alguém batendo. Osen-chan apareceu.

- Osen-chan...e aquele homem? Ele não vem mais?

- Na verdade vim aqui justamente por isso... recebi um recado. Vou pedir para Kimigiku levá-la ao local, para que você fique em segurança.

- Como assim? Que local? Ele não vem aqui?

- Não. Ele me pediu para que a levasse para uma certa região que fica próxima a base dele. Ele disse que não tem muito tempo e por isso não pode vir aqui.

- Então não o verei! Me recuso a fazer isso!

- Vamos, Chizuru-chan...acho que tanto você quanto ele tem que resolver essa história alguma hora. E é bom que seja antes que algo aconteça com ele.

- Mesmo assim...não acredito que depois de tudo ele ainda de prioridade ao trabalho!!

- Mas foi justamente por esse homem que um dia você se apaixonou, não é?

É mesmo...

De repente me vieram algumas memórias daquela época...

-Hijikata-san! Aqui está o chá!

Eu costumava trazer o chá para ele. Sempre o via concentrado, trabalhando. Aquelas pilhas de papéis nunca pareciam diminuir. As vezes ele murmurava um “obrigado” automaticamente, em outras olhava para mim ternamente.

- Hm? Hijikata-san não está muito cansado?

Sim, ele vivia cansado, e não gostava muito quando dizia que deveria descansar.

- Ele anda trabalhando bastante depois da morte de Kondou-san, não tem folga.

Era isso que todos comentavam.

Mesmo assim, todos tinham orgulho de seu comandante, ainda que nada estivesse favorável. Estava cada vez mais difícil vencer as batalhas, parecia que tudo desmoronaria a qualquer momento.

Apesar de tudo eu tinha esperanças de que todos sairíamos bem no final. Eu sempre acreditava nisso.

Sim, aquele era o Hijikata-san que eu conhecia. Ele inspirava seus homens a continuar lutando, justamente por nunca desistir de seus ideais, mesmo que tivesse que sacrificar tudo, sua vida, sua felicidade, qualquer coisa.!

Porém, foi difícil amar um homem que não dava importância para mim e que talvez nunca desse...

- Eu...Eu vou vê-lo.

- Muito bem, chamarei Kimigiku. Enquanto isso se arrume, vai ser uma viagem breve. Vocês partirão amanhã cedo e até a noite já devem estar de volta. - disse ela, já saindo do quarto - Bom, vou indo agora. Boa noite, Chizuru-chan!

-Boa noite!

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- Nossa!!Este lugar é...!

-Realmente muito bonito... -comentou Kimigiku-san.

Eu olhava em volta, um pouco distraída com a beleza da paisagem. Devia admitir que era um lugar incrível e parecia isolado do restante do mundo. A medida que nos aproximávamos, de longe já era possível avistar as primeiras árvores.

O chão de terra pouco a pouco ia sendo coberto por pequenas pétalas de sakura e até o final do percurso o chão todo estaria coberto por elas.

As pequenas pétalas também dançavam ao vento e eu logo reconheci aquele perfume tão familiar.

Ah, ele estava ali, nos esperando...parecia não ter mudado nada.

Quando o vi , parei repentinamente e dei alguns passos para trás. Não tinha coragem de seguir em frente.

Ele deu alguns passos, começou a se aproximar. Eu permanecia parada, olhando para o chão.

Abri a boca, mas as palavras simplesmente não conseguiam sair. Eu tinha imaginado aquele encontro inúmeras vezes, desde que Osen-chan me informou que Hijikata chegaria em alguns dias. Pensava que assim que o visse, sentiria tamanha raiva que bateria em seu rosto ou mesmo que proferiria as palavras mais ofensivas que conhecia. Imaginei que talvez eu apenas o ignorasse, dizendo que não tínhamos mais nada a dizer um para o outro, que era perda de tempo. No último momento,quando já ouvia seus passos cheguei a pensar que fosse fugir ou mesmo me esconder atrás de alguma árvore.

Mas naquele momento eu não fiz nada...nada daquilo que eu imaginava. Eu permanecia imóvel e incapaz de dizer algo, sem conseguir expressar minha raiva, meu descontentamento, ou qualquer outra coisa que eu sentisse naquele momento.

Na verdade, não sabia descrever o que sentia. Surpresa? Angústia? Meu coração apenas batia de forma muito acelerada, como se fosse sair pela boca. Por mais que ele tivesse me feito sofrer, naqueles poucos segundos em que nos olhávamos sem falar nada, tudo aquilo não importava.

E aquilo era muito pior para mim do que qualquer uma das opções anteriores.

Agora que estava de frente para aquele que havia causado a maioria de minhas frustrações...eu...

Hijikata-san então deu um passo a frente, abriu os braços e envolveu meu corpo num confortável abraço. Fechei os olhos. Isso bastava...isso bastava para mim.

Então eu percebi que naquele momento as palavras não eram necessárias. Todos esclarecimentos poderiam ficar para depois. Apenas naquele minuto em que nos abraçávamos, ficou claro para mim uma coisa...

...que apesar de tudo eu ainda o amava.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram do capítulo? *--*
(Eu gostei)
Acredito que muitos esperavam esse momento, esclarecimento nos próximos, talvez...
Lembrando, errinhos...favor avisar se encontrar alguns!
Então, já indo escrever o próximo, quem sabe não consigo postar ainda hoje?