Doce Sonho escrita por Choko


Capítulo 1
Capítulo 1 : O sonho acaba quando amanhece.


Notas iniciais do capítulo

Postei uma parte extra no inicio do capítulo, para quem quiser ler...
E para os leitores novos, isso não altera nada!
Boa leitura!



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Capítulo 1: O sonho acaba quando amanhece.

As cerejeiras do pátio floresceram fora de época, no final do inverno e não na primavera como de costume. De forma imprevisível, isso acabou surpreendendo a todos ao abrirem suas janelas em certa manhã.

E também, inesperadamente, surgiu um novo sentimento em mim. Ou não? Ele talvez estivesse dentro de meu coração o tempo todo, desde o primeiro dia que o vi, então só agora estava dando seus primeiros sinais. Quando percebi, já era tarde: havia me apaixonado por Hijikata-san...

Foi algo que escondi o máximo que pude, mas quanto mais tempo passava e mais próximos ficávamos, mais difícil ficava para mim.

– Diga, Chizuru... - chamou-me ele enquanto terminava de servir o chá - o que ainda a mantém aqui? Poderia ter retornado para sua casa já que resolveu desistir de encontrar seu pai...

– Por que ainda fico aqui? - terminei de servi-lo e observei-o beber. Era uma pergunta que não esperava no momento e que não sabia bem como responder - As estradas para Kyoto andam perigosas, não?

– Sabe que posso enviar uma escolta, isso não é desculpa.

– Er...mesmo assim...isso daria mais trabalho, não? Com o número de soldados diminuindo a cada batalha, não é bom perder alguns só para me acompanhar e...

– Ainda não respondeu minha pergunta. - interrompeu-me ele, já parecendo impaciente. E minha tentativa de enrolá-lo não havia dado certo. Essa era a expressão mais comum de Hijikata-san nas últimas semanas, ele perdia a calma muito facilmente e era melhor deixá-lo isolado trabalhando. Ele não descansaria enquanto não terminasse aquilo.

– Eu...não sei... -admiti. Era de certa forma verdade, apesar de desconfiar que não queria partir para não me afastar dele.

Se eu voltasse para casa naquele momento, certamente não o veria mais. E mesmo com a distância, o sentimento continuaria comigo.

– Se dá alguma importância para sua vida, devia ir embora logo. -respondeu, já voltando sua atenção para os papéis e mergulhando o pincel na tinta escura - Todos aqui estão preparados para morrer por um ideal, mas você não. Por isso é livre para sair do quartel quando desejar.

Ei...Hijikata-san, se eu fosse embora...sentiria minha falta? Eu gostaria de lhe perguntar isso, mas estou como sempre me segurando. Seu olhar continua frio e muitas vezes penso que nem mesmo consideração tem por mim. É como se ainda fosse uma completa desconhecida.

Levantei-me e fui recolher a bandeja com o chá que ele havia tomado. Sua concentração continuava nos papéis e era provável que nem notasse mais minha presença.

– Eu...não quero ir... - disse quando estava ao seu lado, mais para mim mesma, pois ele certamente não iria ouvir – Não quero deixar todos...e não quero deixá-lo, Hijikata-san...

As peças foram colocadas na cozinha e ao terminar as tarefas fui direto para meu quarto, sem qualquer desvio. Não estava com vontade de conversar com ninguém, pois ninguém entenderia o que eu estava sentindo...

Nem poderiam entender, não posso contar.

Acabei deitando um pouco e em algum momento adormeci. Apenas acordei quando ouvi um chamado pela porta.

– Chizuru-chan? Posso entrar?

Era Okita-san do lado de fora. Ainda sonolenta, dei permissão para que entrasse. Ele parecia animado ao me contar:

– Hoje poderei sair daquele quarto! É tão chato ficar lá o dia todo...

– Doutor Matsumoto permitiu que saísse?

– Não. Mas eu não me importo com o que ele aquele velho fala. E estou cansado também de ficar sempre entediado.

– Okita-san!! - foi quando percebi que ele estava com um simples quimono, sem nenhuma manta ou capa por cima - Veio até aqui sem se agasalhar?! Ainda estamos no inverno e com o vento frio do corredor sua saúde pode piorar, e...!

– Acredite, ela não pode piorar do jeito que está Chizuru-chan. -respondeu ele, parecendo por alguns instantes perder o ar brincalhão. Eu não entendia ainda porque o resfriado de Okita-san nunca passava. Talvez ele ainda estivesse escondendo alguma coisa sobre sua doença.

Ele voltou a sorrir rapidamente.

– Se for para não preocupá-la, posso me agasalhar da próxima vez ou...melhor ainda, posso continuar doente para que possa vir cuidar de mim todos os dias!

– Claro que não!! Se voltar a me preocupar, paro de visitá-lo de vez!! Deixo-o somente aos cuidados do Doutor Matsumoto e dos outros para aprender a não brincar mais com isso!

– Isso foi cruel, Chizuru-chan... tão cruel...

Continuei a manter minha pose irritada por um tempo, mas logo sorri também. De alguma forma, aquela conversa me fez esquecer um pouco daqueles problemas e com isso pude compartilhar aquela animação.

– Agora, já é hora de voltar para seu quarto, não?

– Eu já disse...não voltarei tão cedo. Vim justamente para avisá-la que vamos sair para beber hoje à noite.

– Não concordei com isso.

– Mesmo? Eu ficaria bem triste se não fosse...e aposto que os outros ficariam decepcionados também...

– Hijikata-san também vai? - foi a primeira pergunta que me veio a mente. E ao perceber que estava parecendo interessada demais nessa resposta, tentei consertar - Digo...e Harada-san, Nagakura-san, Sannan-san, Saitou-san, Kodou-san e Heisuke-kun também vão?

– Sim. Aliás, faz muito tempo que não saímos juntos. Desde quando nos mudamos para cá.

– É mesmo! Ainda que prefira que fique aqui na base descasando...

– Não, não... - respondeu ele, já se levantando- Não importa o que diga, não me convencerá a ficar aqui. E trate de se arrumar, sim? Estamos esperando...

Okita-san saiu. E eu fiquei a pensar sobre a roupa que poderia usar. Depois, lembrei-me de que não tinha outro traje feminino além daquele que ganhei na última saída e também que teria que parecer um garoto. Não poderia me arrumar tanto. Apenas ajeitei o quimono, que estava um tanto amassado por eu ter dormido, fiz novamente meu penteado comum e estava pronta para ir.

Todos me esperavam no portão principal.

– Desculpem-me pela demora!! - respondi, abaixando a cabeça.

– Achei que não viria mais, Chizuru. - Harada-san foi o primeiro a me abordar - Não vai usar aquele quimono? - ele pareceu um pouco desapontado.

– Eu...achei melhor vir assim mesmo. Assim também não iria atrasá-los mais...

– Se você diz...

– Vamos beber bastante hoje, Chizuru! - Nagakura-san também se juntou a nós.

– Sim! Vamos!! - e Heisuke-kun veio logo atrás.

– Crianças como você não podem beber... - provocou Harada-san, o deixando irritado. Comecei a rir, afinal.

E enquanto ria, percebi o olhar dele. Um olhar frio, de cor violeta e penetrante. Ele desviou assim que passei a encará-lo.

Ele também estava indo...comecei a sentir uma estranha agitação no peito, que me acompanhou por todo o caminho.

– Faz mesmo muito tempo que não reunimos os amigos. Mas agora que estamos aqui fiquem a vontade! Hoje será por minha conta! - Kondou-san disse assim que chegamos ao local. Estava mais perto de Okita-san e Saitou-san e pude ouvir a conversa deles, ainda que fosse baixa propositalmente.

– Até Kondou-san está animado hoje... - observou Saitou-san.

– Mas não ficará mais animado que o comandante depois de alguma dose de saque! Será divertido embebedá-lo hoje!

– Ei, vocês dois... o que estão querendo dizer com isso? - a única que tomou um susto fui eu ao notar que Hijikata-san se aproximava.

– Escutando bem como sempre... - resmungou Okita-san, mas voltou a ficar sorridente- Nada, nada... Hijikata-san.

– Não tente nenhuma gracinha hoje, Souji.

– Eu? Por que faria isso?

Não conseguia ficar perto de Hijikata-san sem começar a ficar com aqueles sintomas. Nervosa, fui me afastando dos três e voltei a andar mais próxima à Heisuke-kun e Harada-san. Acabei me sentando perto dos dois.

Foi oferecido saque para mim, mas recusei. Quando saia com todos, não bebia. Nem eu, nem Okita-san por recomendação médica. Kondou-san também não havia tocado na bebida, parecia querer ficar mais sóbrio para ajudar alguém quando voltasse.

Seria uma saída bem comum, com todos se divertindo e bebendo como sempre se Hijikata-san não estivesse bebendo mais do que o costume. Não apenas uma garrafa, mas duas foram esvaziadas rapidamente. Ou será que aquela era a terceira garrafa?

Nunca havia visto Hijikata-san beber tanto e fiquei espantada. No final, quem teve que carregá-lo foi Kondou-san, Do jeito que estava, ele não conseguiria ir para casa sozinho e sem apoio.

– Ele está trabalhando como nunca. Com tantas responsabilidades, não me surpreende que queira beber bastante para esquecer pelo menos por uma noite de todas aquelas coisas.

– Você sabia que ele beberia tanto assim?

– Ha há! Nem tanto! Mas eu conheço o Toshi! E sei que tende a exagerar na bebida quando é pressionado demais! Por isso pensei que ele talvez pudesse relaxar um pouco!

– Kondou-san...você é mesmo muito gentil...sempre está pensando em todos...

– Eu apenas faço o que posso, afinal, também os envolvi nisso...

Acabei notando que ele parecia de certa forma se culpar por tudo o que seus antigos alunos passavam hoje.

– É o mínimo que posso fazer por eles...

– Sabe...acho que já é o suficiente. Muitos aqui o admiram, o respeitam e encontram forças para seguir em frente por ter um comandante como o senhor.

Ele então sorriu. Foi quando chegamos ao quarto.

– Acho que ele vai acordar com uma bela ressaca amanhã! Há há!

– Pode descansar Kondou-san, já ajudou o trazendo até aqui. Posso preparar a cama dele ainda.

– Não se esforce tanto também, Chizuru-kun. Sei que teve um longo dia de trabalho.

– Acredite, estou bem. Ainda posso fazer isso antes de retornar ao meu quarto.

– Muito bem, deixo Toshi aos seus cuidados! Ele não deve acordar até amanhã. Então, tenha uma boa noite!

– Boa noite para você também, Kondou-san!

Ele saiu. E ficamos a sós no quarto.

Estava silencioso lá fora. Não ouvia mais vozes nos corredores ou até mesmo passos. Todos pareciam ter ido dormir.

A lua majestosa continuava no céu, ajudando a iluminar o cômodo. Mesmo sem uma luminária, conseguia enxergar e pude buscar o futon.

Depois disso permaneci quieta, sem conseguir me mover. Passei a observar aquele que estava ao meu lado, dormindo.

Sua respiração era tranquila. Ele parecia tão calmo, como se nenhum problema pudesse atingi-lo, estava tendo um bom sono. Talvez até sonhasse com alguma coisa boa esta noite?

A parte de cima do quimono estava um pouco aberta...e tentei não reparar tanto nisso. Passei a olhar seu rosto, que era iluminado pela luz que vinha de fora. Minha atenção foi para a boca, entreaberta, e quanto percebi tinha me aproximado a ponto de sentir sua respiração misturando-se com a minha.

Parei antes que fizesse alguma coisa imprópria. Onde estava com a cabeça?!

– Chizuru, Chizuru...volte para o quarto! Antes que alguma coisa aconteça! - comecei a falar comigo mesma. Isso nem sempre acontecia, mas no momento tentava voltar à razão - E se acontecer, mesmo que ele não saiba, você sabe que não vai conseguir conversar com ele ou mesmo olhá-lo diretamente no dia seguinte...

Foi quando ele se moveu. Pouco, mas se moveu. Eu congelei com isso. Teria ele ouvido o que falei ou percebido minhas intenções até mesmo em sonho?

Isso estava ficando perigoso. Precisava sair! E rápido!!

Levantei-me bruscamente, tão desesperada que acabei tropeçando sozinha e caí. O barulho foi alto e até mesmo fez Hijikata se mover mais.

Kondou-san...você disse que ele não acordaria até amanhã, não é? Então por que agora estou vendo ele abrir os olhos?!

Tenho que sair!! Agora! Antes que ele perceba que...!

– Chizuru...? É você?

– N-Não!! Q-Quer dizer...sim...é que eu...no seu quarto...ah! Estava preparando seu futon, Hijikata-san! Foi quando acabei...er...caindo...

A explicação não teve muito sentido, mas ele parece concordar. Ainda estava sonolento. Ou bêbado a ponto de não querer discutir mais nada.

A última opção era a mais provável.

– Agora, volte a se deitar e durma, está bem? - disse já me levantando e indicando o cobertor ao lado – Sei que ficará muito bem! E agora vou indo!

– Não quero que saia. - foi o que ele disse quando eu já estava na porta. O que me fez parar imediatamente, ainda que soubesse que era melhor ignorá-lo e correr até o quarto. Ele não parecia mesmo sóbrio, não sabia se podia levar a sério – Quero que fique.

– O que é isso, Hijikata-san? Nem parece a mesma pessoa...que hoje perguntou porque ainda não fui embora e que era melhor fosse...

– Você realmente não entende, Chizuru... o que eu quis dizer...

Mas ele não continuou a falar. Talvez procurasse as palavras, mas a mente parecia confusa. Eu sabia, não devia escutá-lo no momento. Mas esse outro Hijikata parecia tão mais sincero...se ele fosse assim quando estivesse sóbrio...

– Eu não garanto que possa ficar. Mas se quiser, ainda posso ouvi-lo um pouco, mais um pouco, enquanto não pega no sono...

Ele apenas balançou a cabeça, parecendo satisfeito. Sentei-me perto dele e passei a encará-lo com atenção.

– Então...pode começ-

Mas parei de falar quando percebi que ele tombaria a qualquer momento. Segurei seu ombro, tentando dar apoio. E ele acabou com a cabeça encostada no meu.

Meu coração voltou a bater rápido por conta da proximidade. E quando tentei afastá-lo, empurrando-o um pouco, pude sentir a mesma agitação incomum no dele. Poderia ser...? Ele talvez sentisse a mesma coisa que eu?

Não tive tempo para fazer a pergunta ou mesmo dizer mais qualquer coisa. Em um minuto, as mãos que tentavam afastá-lo foram tomadas. Ele segurou meu pulso e me deixou sem defesas. Eu não reclamei quando senti seus lábios nos meus.

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Naquela noite podiam ser vistas as pétalas de sakura dançando ao vento, mas agora pela porta só conseguia ver suas sombras, feitas pela luz refletida da majestosa lua no céu. Exalavam um cheiro doce que se espalhava por todo o quarto.

Mas pouco me importava aquele belo cenário, enquanto nos amávamos naquela noite incerta.

Quando ele já estava a dormir, sereno, me embalando em seus braços, tive que com muito custo deixá-lo ali. Agora que o sol dava seu primeiro sinal no horizonte era o anuncio de havia acabado e que teria que voltar para o meu quarto e fingir que nada havia acontecido.

Tudo, que foi sido como um sonho. Doce sonho. E doces sonhos logo acabam quando amanhece.

Só não sabia que o que havia ocorrido naquela noite nos traria consequências mais tarde.

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Acordei, um tanto confusa, e não me lembrava de quando tinha adormecido. Depois de ter chegado ao quarto naquela manhã , apenas me recordava de que estava muito cansada.

Não demorei a levantar e logo fui abrindo as portas, dando-me a visão de um céu de tom alaranjado .

–Já vai anoitecer?!! -exclamei, olhado incrédula enquanto o Sol se despedia. Afinal, quanto exatamente eu tinha dormido!? A tarde toda? E ninguém para me acordar?

–Bom dia, Chizuru-chan.

Olhei, e mais ao lado à porta, recostado na parede estava Okita-san, segurando uma bandeja com chá e com alguns dangos.

–Okita-san? Por que não me acordou...? -choraminguei, enquanto ele observava minha expressão, divertido.

–Parecia tão concentrada...não quis acordá-la...

–Aliás, o que faz fora da cama? Okita-san...não pode sair de...

–Já estou melhor. -suspirou - ...vamos, deixe eu sair um pouco daquele lugar.

–Está bem...- disse, não iria discutir nada agora- só não abuse muito. - alertei - ...mas, de onde vieram esses dangos?

–Sano-san trouxe do centro, já que tinha passado lá. Estava guardando esses para você... mas se demorasse mais eu comeria todos!

Ri um pouco e me sentei ao seu lado para comer o dango. Agora que lembrava, estávamos num novo lugar. Em Edo. Não sabia se os dangos das lojas daqui seriam tão bons quanto os de Kyoto.

–Então...?

–Muito bom...! -disse espantada. Eram até melhores que os de lá.

–Viu? Por isso foi um sacrifício não comê-los.

–Obrigada...Okita-san... -disse-lhe e ele sorriu de volta.

Enquanto apreciávamos a brisa leve do fim da tarde e os dangos , o alaranjado do céu sumia e dava lugar gradativamente a um arrouxeado, de inicio de noite, ele não pôde deixar de perguntar algo que eu tentava não discutir:

–Chizuru-chan...por que você dormiu a tarde toda? Estava tão cansada assim?

–Uh...bem... -tentava encontrar as palavras já que não poderia dizer o que estive fazendo.

–É estranho que esteja. Já que voltamos cedo ontem e você nem bebeu...

Ele estreitava os olhos desconfiado enquanto esperava eu responder. Se eu desse o menos deslize, estaria acabada.

–Ontem...eu...

Onde estariam as palavras quando eu mais precisava!? , pensei.

–Seria porque deixamos Hijikata-san sob seus cuidados? Ele lhe deu tanto trabalho assim?

–Isso! Sim!

Concordei animada. A situação era contornada por enquanto. Porém, não sabia até quando conseguiria enrolá-lo sobre o ocorrido daquela noite.

Era verdade que tinhamos saído para beber. Eu, Okita-san, todos os comandantes do Shinsengumi. Até Kondou-san tinha nos acompanhado daquela vez.

Foi depois de aportarmos em Edo. Logo depois de nos instalarmos no novo quartel, saímos para nos divertir.

Hijikata-san daquela vez tinha bebido demais. Até não conseguir se manter em pé. Me perguntava se ele havia exagerado tanto para esquecer da guerra, tratados e acordos ou até a morte de companheiro queridos.

Mas, fiquei realmente aflita quando todos concordaram em deixá-lo como minha responsabilidade naquela noite.

– Era mesmo raro vê-lo beber daquela forma. Deve ter ficado acordado à noite inteira.

–S-s-sim...

A noite inteira...agora apenas corava. Não era hora de me lembra disso agora ou Okita-san poderia desconfiar!

–Okita-san...não está na hora do jantar? Tenho que prepará-lo agora! - tentei desconversar.

Ele levantou, deixando a bandeja de dangos comigo e sorriu.

–Hoje descanse. Eu já descansei demais até, e você nem deve ter dormido à noite por causa dele.

–Ah...obrigada...então... - pude sentir meu rosto corar um pouco. Okita-san estava sendo até gentil demais comigo.

–Hoje eles vão reclamar por eu colocar tanto tempero! -e saiu rindo.

Fiquei a observar a lua depois dele sair. Estava tão iluminada quanto à de ontem. Até o vento trazia o cheiro das sakuras florescidas do pátio.

Depois de um tempo ali, a tranquilidade foi quebrada quando vi Hijikata-san vindo em minha direção no corredor, com uma expressão nada amigável, de irritação e cansaço.

–Precisamos conversar.

–Sim. - respondi, levantando. Fitava o chão e mantinha a cabeça baixa, submissa.

–Vamos...não abaixe a cabeça.

Olhei um pouco para cima. Quando nossos olhares se encontraram pela primeira vez depois do ocorrido senti meu coração palpitar novamente e até já sentia que meu rosto estava a corar. Tudo o que eu mais queria evitá-lo naquele momento.

Eram aqueles mesmos olhos que me encararam tão intensamente ontem, pensei. Teria que me esforçar para não me perder em devaneios.

–...será que te dei tanto trabalho à noite para você até me evitar agora? - disse, colocando as mãos em meu rosto para ergue-lo.

Agora teria mesmo que encará-lo e procurar não me perder mais naqueles olhos.

Mas minha atenção agora ia para aquelas mãos ternas. As mesmas que usava para segurar a espada e matar pessoas, as mesmas que me tocaram, que percorreram todo meu corpo naquela noite. Pensando nisso, extremeci. Algo que ele não deixou de notar:

–Está mesmo tão assustada?

–Hijikata-san... realmente não se lembra de nada que aconteceu ontem a noite? -perguntei, com um pouco de esperança.

–Uh, não... minha cabeça ainda pesa muito.

Era a forte ressaca, mas ainda assim insisti, já com lágrimas nos olhos.

–Nada...nada mesmo?!

–...nada...

Engoli o choro. Então nada daquilo importaria para ele já que não se lembrava de nada. Tudo continuaria a ser a mesma coisa. Por que eu ainda alimentava esperanças?

–Seja lá o que eu tenha te feito ontem à noite, peço que me desculpe.

Era esse o golpe final que poderia receber meu coração. Um pedido de desculpas por tudo o que tinhamos compartilhado.

Forcei para abaixar a cabeça, me desvencilhando daquelas mãos. Não ficaria nem mais um minuto ali.

–Hijikata-san, não precisa se preocupar. Realmente... não aconteceu nada! -murmurei e virei-lhe as costas, para seguir meu caminho.

Ele talvez estivesse confuso com essa minha repentina reação, mas pouco importava.

Naquela hora, enquanto caminhava prometia a mim mesma que não comentaria mais nada, como se aquilo nunca tivesse acontecido.

–É...Chizuru...doces sonhos... acabam! -falei a mim mesma baixinho. Já estava de certa conformada.

Agora que chegava em meu quarto, poderia desabar e ninguém poderia me interromper.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!Este é apenas o primeiro capítulo desta...hmmm...fanfic meio longa... ô.ô
Justamente por ser o primeiro que não tenho muito o que comentar! Ainda nem sei como criei coragem para postar isso aqui!
Fazia tempo que eu não escrevia uma fic assim...com a personagem sendo narrador.Ainda estou meio enferrujada! E como sou meio tagarela em notas finais...não durmam lendo isso...OK?
Não reparem tanto nos erros de português...pois, por mais que eu revise...sempre passa um...dois..três...assim vai! ù.u
Para finalizar...quero reviews!Não deixem de comentar e alegrar este meu dia!! ^0^
Então, até a próxima!! xD