- Ok, estão dispensados - Disse meu professor de Educação Física, depois de ter ajudado-o com o treino da equipe de ginástica - que era composta só por meninas.

- Então,  até a próxima semana - Disse ao meu professor.

Estava muito cansado, e a única coisa que eu queria naquele momento era poder deitar na minha cama.

- Bom fim de semana - Falou o meu colega, que ajudara, comigo, o nosso professor.

Virei em direção aos balneários; estava mesmo cansado, ainda não sei por que eu fui chamado para ajudá-lo com os treinos da equipe, aliás, eu sou péssimo em quase todos os desportos, tirando Vôlei que eu até sou bom, mas nada que outro menino não seja melhor.

- Então, vais para casa agora? - Perguntou-me Kyle, tirando-me dos meus devaneios.

Olhei para cima para poder vê-lo melhor, pois tinha o costume de sempre falar com as pessoas  olhando-as nos olhos. Percebi que seu olhar era de carinho e curiosidade; ele olhava-me de uma forma diferente da de um amigo normal, o que me fazia pensar em coisas que normalmente não penso. Corei ao notar que o meu curso de pensamentos estava a ir para o caminho errado.

- Não vais responder-me? - Insistiu ele. Com aqueles pensamentos tinha esquecido de responde-lo.

- Ah... Vou sim, por quê? - Que mania que eu tinha, sempre perguntava "por quê?" depois de qualquer pergunta que me faziam, naturalmente era só curiosidade dele, nada que eu não sentisse.

Voltei a encará-lo, mas dessa vez quem corou não fui eu, foi ele, mesmo sem perceber o porquê, eu insisti na pergunta anteriormente feita: Por quê?

- Ah... Curiosidade mesmo - Já sabia que era curiosidade, mas então porque ele havia corado, não há nada de mal em ter curiosidade... Ou há?

Já tinha chegado ao balneário, nem iria trocar-me, iria direto para casa, que não era longe da escola e lá tomaria meu banho.

- Não vai tomar banho, Leo? - Perguntou-me olhando-me e vendo que já estava a arrumar as coisas para ir embora.

- Não, por que iria de tomar banho se moro aqui ao lado? - Respondi-lhe com toda a sinceridade do mundo, mas havia algo que me impedia de tomar banho na escola: a vergonha.

- Vais voltar para casa, assim, sujo sendo que podes tomar um belo e relaxante banho na escola? Ah não vais, não! Tomarás banho aqui, nem que seja obrigado - Disse-me, fazendo um arrepio correr pelo meu corpo. Eu estava sem reação perante aquela afirmação.

- Não - Foi a única coisa que consegui dizer.

- Vais sim - Ele correu até onde eu estava. Só consegui correr em direção a porta, mas ele era mais rápido, por isso foi inútil o meu movimento.

Corri para a direção oposta da saída, para os cacifos, mas também foi em vão, mal consegui chegar até onde desejava – o que era desnecessário, pois não havia uma saída por ali -, ele segurou-me pelos braços, levantou-me do chão e levou-me para os chuveiros. Eu tentava espernear, mas era inútil, o chuveiro já estava ligado e eu conseguia ver o vapor a sair da água que escorria, como é que eu poderia sair dali? Pelo menos seco. Mas, de certa forma eu não queria sair dali, estar sendo segurado por ele era de uma estranha forma, confortante.
Então, como num pestanejar, eu estava de baixo da água sendo prensado por ele na parede. Virei-me para ficar de frente para ele, que mesmo agora estando a sua frente ainda agarrava-me os braços. Comecei a bater-lhe no peito, com as minhas mãos, mas de nada serviria eu estar a bater-lhe, pois, eu já estava de baixo de água.
Reparei que ele estava quieto, então olhei para cima. Ele me olhava como a pouco tempo, de uma forma carinhosa mas agora com uma pitada de safadeza, corei e olhei para baixo.
Ele soltou-me os braços e com uma mão levantou a meu rosto para poder olhar-lhe nos olhos. E com um movimento ele juntou nossos lábios num beijo tão quente quanto a água que caia sobre nossos corpos.

The End.