“Aqui é o seu pai. Tudo bem?”

- Não pai. – frisei o pai com nojo.

“O.k. Eu queria saber se posso me encontrar com vocês.”

- Não. – disse Luke curto e grosso ouvindo a conversa.

“Quem está ai com você?” perguntou.

- O namorado dela. – respondeu Luke nada amigável.

   Meu coração quase pulou do peito quando ele disse que era meu namorado! Ai que felicidade. Não. Rachel você está brava com ele por dar mole pra aquela tonta daquela enfermeira.

“Hmm... Rachel, quem disse que você pode namorar?” perguntou.

- E quem você pensa que é para exigir algo? – rebati. - Você não tem direito nenhum sobre mim. Você fugiu de casa, me deixou largada. Se não fosse pela mamãe, estaria morta agora. Sério, porque você não fica fora da minha vida? – perguntei grossa.

“Eu sou o seu pai! E tenho direitos sobre você sim! Eu fugi de casa porque me apaixonei!” disse ele aumentando o tom de voz.

   Permaneci calma por fora, mas querendo matá-lo por dentro.

- É mesmo? Não te considero como meu pai. Deixe-me em paz! Não quero mais saber coisas sobre você. Não quero mais ouvir sua voz! – disse calma.

“Um dia você vai me procurar.”

- E você vai dizer o que? Que não quer que eu interfira na sua vida? – perguntei controlada.

“Não. Eu sempre estarei aqui. Só estou dizendo, que um dia você vai procurar pelo seu pai, eu abrirei os braços, e vou dizer que sou eu!” disse do outro lado da linha.

   Nossa! Você quase convenceu a mim. Pena que não é tão bom ator como Luke!

- Hmm... Então, enquanto isso não acontece, deixe-me em paz! – avisei desligando.

   Luke me olhou.

- Porque você disse que era meu namorado? – perguntei querendo pular em seu colo e enchê-lo de beijos.

- Porque você disse que EU era seu namorado? – rebateu.

   Boa pergunta, mas eu tinha uma resposta.

- Pra você poder entrar no quarto. – dei de ombros.

   Ficamos em um silêncio perturbador.

- O que você tem com seu pai? – perguntou Luke.

- Intrometido. Na verdade, ele quer voltar a fazer parte da minha vida. E eu, bom, eu não quero fazer parte da vida dele!

- Hmm... Mas ele é o seu pai.

   É mesmo? Nem tinha percebido.

- E daí? Ele não se lembrou que eu era sua filha quando fugiu de casa! – acusei.

   Ele balançou a cabeça.

- Isso é feio! Muito ruim! – disse Luke afagando meus braços.

   Olhei para o lado e percebi que Luke olhava para além de mim. Segui seus olhos e fui parar na abestalhada e nojenta enfermeira.

- Porque você não vai lá e dá o SEU número pra ela? – perguntei irritada.

   Cruzei os braços.

- O que? Rachel eu estou olhando para o lanche. – respondeu cínico.

   Olhei para o enfermeiro que havia falado comigo.

- É. Eu também estou olhando aquele lanche. Parece bem gostoso! – disse acenando para ele que acenou de volta.

   Luke bateu na minha mão para eu abaixá-la.

- Ai! Pára! Você olha aquele lanche, que eu olho esse! – disse.

- Pára Rachel! – exigiu.

- Posso saber o por quê?

- Porque é ridículo. – disse ficando bravo e cruzando os braços no peito.

- Foi você quem começou. Olhando para ela com uma cara de tonto! – rebati levantando e ficando emburrada.

   Senti braços fortes me enlaçando e abraçando-me por trás me levantando alguns centímetros do chão.

- Eu só tenho olhos para você! Deixa de ser ciumenta. – sussurrou beijando meu pescoço carinhosamente.

   Comecei a rir até que lembrei. Estamos em um hospital e minha mãe está dando a luz!

- Acho melhor nós irmos logo. Minha mãe vai ficar uma fera! – disse eu.

   Luke começou a andar ainda segurando-me firme e eu apertei o andar no elevador. A enfermeira que paquerou Luke nos viu juntos e fez cara feia. Tive que reprimir a vontade de mostrar a língua.

   Quando chegamos ao quarto, a porta estava fechada e gritos ecoavam lá de dentro. Abri a porta devagar e tive a visão do inferno. Minha mãe estava fazendo uma força do cão, Victor ao seu lado quase desmaiando e o médico segurando uma coisa vermelha.

   A sala girou e eu tive que me apoiar na primeira coisa que vi pela frente. Luke segurou-me firme no peito e me arrastou para o outro lado da sala e fechou a cortina. Sentei-me na cadeira e respirei fundo. Um choro veio do outro lado da cortina.

   Nasceu? Já? Nossa!

- Acho que eu vou vomitar. – disse Luke encenando.

   Bati em seu braço e quase quebrei a mão.

- Pára. – ralhei. – Pode ser nojento, mas ainda é o meu...

- Meu...? – incentivou Luke divertido.

- Meu... Irmão. – sussurrei.

   Fiquei em silêncio por algum tempo, até que Luke abraçou meus braços.

- Relaxa. Isso não significa o fim do mundo. – ele disse tentando acalmar-me.

   Se ele estiver tentando me relaxar, não está adiantando muito.

- Uhum... É que... É estranho sabe?

- Não. Foi mal. Não tenho irmãos mais novos. – desculpou-se.

   Levantei da cadeira, e abri a cortina. Minha mãe segurava algo que chorava no colo, Victor parecia querer chorar e o enfermeiro bonitão me encarava sorrindo.

- Luke. O enfermeiro tá aqui. Quer falar com ele? – perguntei rindo.

- Não. – respondeu curto e grosso.

- Nossa! Tá afiado hoje. Que bicho te picou? – perguntei sentando ao seu lado.

- O bicho da irritação. – disse rude.

   Cansei dessa irritação toda.

- Vou para casa. – avisei saindo do quarto. – Tchau todo mundo que eu amo. Tchau... Chase. – disse lendo o nome no crachá.

- É Chase, tchau! – Luke resmungou tentando imitar minha voz, aparecendo no meio do quarto.

   Caminhei cabisbaixa pelo hospital, e quando fui ver, já estava saindo do hospital quando alguém familiar grita meu nome. Virei emburrada.

- O que? – perguntei de mau humor.

- Vim te levar para casa. – disse rodando a chave na mão.

- Não precisa. Eu vou sozinha. – disse analisando a rua. Dariam uns minutos bem longos a pé, mas com a Ferrari, dariam segundos.

- O.k.

- Não! – grite vendo Luke entrar no carro. – Eu vou. – disse pulando para o banco da frente.

   Ele riu dando partida no carro.

- Onde vamos? – perguntei vendo-o passar da entrada de minha casa.

- Você verá. – sussurrou descansando uma mão em meu colo.