Ela não respondeu. Só continuou rindo de mim. Peguei meu moletom de emergências no porta-malas e lhe dei. Ela vestiu e saiu andando de volta para o carro. Desta vez sentando-se no banco.

- Vão se ferrar! – ela gritou apontando o dedo mau criado para os carros de trás que não paravam de buzinar.

- Nikky! – mamãe chamou sua atenção. – Chega!

   Ficamos em silêncio até que Nikky o quebrou.

- Hoje vou levar sua filha a uma festa em minha casa. – Nikky deixou bem claro que não foi uma pergunta.

- Tudo bem. Ela precisa sair mesmo. Beijar alguém.

- MÃE! – gritei vermelha.

- Qual é. Vai dizer que é mentira minha? – perguntou colocando a mão em meus ombros.

- Não. Não é. Mas também não precisa anunciar pra Deus e o mundo que eu preciso beijar alguém! – sussurrei fazendo mamãe e Nikky que ainda gargalhava, darem ainda mais risada. – Não tem graça, O.k?

   Parei na garagem de casa e fiz com que as duas saíssem do carro. Se eu te disser que elas ainda não tinham parado de rir, você acredita em mim? Não? Foi o que pensei.

- Pára! – disse irritada. – A graça acabou na segunda vez da piada!

   Elas se entreolharam e pararam. Bom, a Nikky, eu até entendo dando uma de drogada, mas minha mãe? Isso é estranho.

   Entrei em casa acompanhada de Nikky e mamãe. Sentei-me na mesa da cozinha e fiquei encarando a geladeira.

- Tá com fome? – perguntou Nikky ao meu lado.

- Não sei. Acho que só estou pensando na vida. – respondi.

   Como alguém não sabe se está com fome? Isso é um absurdo! Ainda mais se você não sabe se está ou não pensando na vida! É, eu realmente preciso daquela festa.

- O.k. Tudo bem. Eu me rendo. Nikky, eu vou a sua festa. Mas... Eu não vou ficar ali só para beijar os caras. Afinal, só vou divertir-me mesmo.

- Tanto faz. Você não vai resistir as belezuras de lá! – disse ela imitando uma caipira.

   Ri sem humor. Não queria mesmo ir a essa festa, mas preciso sair!

   Estava com uma saia de cintura alta, azul claro, um salto bem alto, um top preto e um casaquinho preto sem mangas. A maquiagem era bem forte nos olhos, os lábios da cor de pêssego, o blush bem clarinho e o cabelo castanho bagunçado de um jeito descolado.

- Perfeita! – sussurrou Nikky para mim.

-Valeu mesmo. – disse desanimada.

- Vamos! Não quero chegar atrasada na minha própria festa.

   Peguei o carro na garagem, que, de trapo velho, passou a ser descolado, e entrei pulando. Quase rasguei a saia e ainda levei um tapa no braço de Nikky.

- Nikkoly Housber Star! – gritei sentindo o braço arder.

- Eu odeio que me chamem assim! E, bom, você precisava de uma corzinha básica! – rebateu.

- Muito engraçadinha para o meu gosto senhorita Star! – disse rindo.

   O caminho para a casa de Nikky foi bem tranqüilo. As paredes pareciam ceder a cada batida da música, a imprensa tentando tirar o máximo de fotos de nós... No rádio começou a tocar uma música conhecida. “Let’s be Friends” da Emily Osment.

- Hey. What’s your name. I think I like you. Come a little closer now – cantou Nikky levantando os óculos.

- Wait. What you say? That’s your girlfriend? – completei passando pelos fotógrafos com o rosto levantado.

   Entramos em sua casa, e olhei de relance um casal se amassando em um canto. Homens de vários tamanhos e jeitos... Isso não vai ser bom. Varri os olhos por ali, e constatei que tinha um bar vazio. Bom, eu pensei que estivesse vazio. Na hora que fui sentar, levantei novamente, pois ao meu lado, Luke se embebedava como se a cerveja fosse acabar amanhã. Panaca!

- Uau! – exclamei sem som.

- Rachel? – perguntou.