Nina passou um feliz ano novo, não cresceu nem mais um pouco, mas completou quatro anos, em uma tarde de outono. Festa comum: balões, crianças, brigadeiros, beijinhos, cajuzinhos, bolo salgado e outro doce. Seu nome estava escrito na mesa, as letras eram formadas pelos docinhos, faltavam alguns pedaços nas letras, como em toda festa de criança teve alguém que pegou um docinho ou outro.
A pequena garota estava com os cabelos castanhos na altura dos ombros, uma faixa branca com flores cor-de-rosa no cabelo, seu vestido era igualmente rosa, sua meia-calça branca contrastava com seus sapatinhos pretos. Não porque era a aniversariante, mas realmente era a criança mais linda de toda festa e obviamente o centro das atenções.

Cada presente que recebia Nina colocava no quarto em cima da cama de sua mãe. Até que a chamaram:
- Nina, Nina, Venha aqui! – disse seu irmão mais velho, Pedro.

- Papai mandou um telegrama pra você. - Avisou seu outro irmão, Eduardo.

A menina pegou o telegrama, rasgou o envelope com ajuda da mãe, entregou a Pedro que o leu:

Nina minha filha.

Que deus te abençoe em mais um de seus aniversários, peço desculpas por não estar presente.
Te amo muito.

Seu pai,

Luiz Henrique

Nina ficou feliz pelo telegrama, porém igualmente triste pela ausência de seu pai. Logo a chamaram pra brincar e esquecer de toda a tristeza para aproveitar a sua festa.

Vieram as férias de inverno, o dia das Crianças e a notícia:

-No começo do ano que vem, vamos voltar para Guarulhos. – Disse a mãe de Nina.

Ela não entendia bem, porque as poucas vezes que fora a região de Guarulhos, mais precisamente em São Paulo, foi para visitar sua tia e madrinha. A sua primeira reação foi ficar amedrontada, iria perder seus amiguinhos, a escola onde adorava ir, ia perder a sua casa e todo o seu espaço único pra ir a um lugar completamente desconhecido.

A família esperou o ano novo passar. E logo ele veio e passou. Arrumaram malas, caixas, bolsas. Guardaram louças, desmontaram camas, retiraram quadros, colocaram no grande caminhão e Nina deu a última olhada na casa. Era uma casa pequena, mas ela amava. Não sabia pra onde estava indo, só que a sua casa deixaria muita saudade, assim como os vizinhos.

O caminhão partiu.

Nina estava fantasiada de bruxa durante a viagem e quando chegaram à rua em que iam morar os vizinhos todos vieram dar as boas vindas a Mãe e aos irmãos de Nina que já moraram ali antes. Várias pessoas queriam conhecê-la, saíra de lá ainda um bebê para morar com a família no interior, como já havia dito.
Chegaram à casa nova. Mas a maior surpresa, essa sim, veio à noite.