Prólogo

Sim, era uma tarde de outono, como qualquer outra. Não era um dia especial, ou uma data comemorativa, ou algo importante, muito menos feriado nacional. Era um começo de tarde de outono. Precisamente treze horas e um minuto. Depois de um corte, Nina veio ao mundo. Pequena, frágil, a pele ainda em tom arroxeado. Ela não chorou. Fora levada às pressas para os cuidados importantes a um bebê que quase morreu sem oxigênio. Era apenas uma tarde de outono e que mais uma criança veio ao mundo.

Capitulo I~~~A festa de natal

Nina passou meses no hospital, depois a família se mudou para o interior, na região do Vale do Paraíba. A pequena cidade em que foram morar se chamava Pindamonhangaba, um nome um tanto grande para o contrastante tamanho do município. Nina cresceu, seu pai foi embora após ela completar onze meses de vida. Sua mãe permaneceu no interior por mais quatro anos, cuidando de Nina e seus irmãos.

Nina cresceu e ficou uma linda garotinha, uma criança incrivelmente radiante e tagarela.  Seus cabelos castanhos escuros destacavam a pele morena e os olhos igualmente castanhos. Tinha um sorriso doce e adorava ver desenhos e balançar na rede, havia uma alegria em seu olhar.

A pequena garota estudava em uma escolinha pequena, o Clube do Mickey, havia vários amiguinhos para brincar por lá e no final do ano, Nina ficou sabendo que participaria do teatro de natal do colégio que sempre simbolizava o nascimento dos animais. O papel dela não era algo para se orgulhar, devia apenas segurar o burrinho que presenciou o nascimento do Menino Deus, mas para Nina, era a melhor coisa do mundo.

Chegaram a festa sua mãe, seus três irmãos, seu pai e ela. Seu sorriso nunca foi tão grande, seu pai estava por perto, mas logo teve de sair da festa, sem que a filha percebesse. Nina foi fazer seu papel no teatrinho do colégio, mas no meio da multidão notou um papai Noel, era um papai Noel que não parecia muito estranho, era incrivelmente familiar a pequena garota. Papai Noel era bondoso como todo papai Noel deveria ser, mas algo se destacava no conjunto da obra: tinha os olhos incrivelmente verdes, como os de seu pai.

A mãe insistiu em dizer que aquele não era seu pai, mas Nina ficou incrivelmente desesperada a procura de seu pai e do papai Noel. Era óbvio seu pai não estava lá, pois se era o papai Noel ele não podia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Nina não conseguiu chegar perto do papai Noel, muito menos de seu pai durante um bom tempo. A solução seria esperar o tempo passar para poder ver seu pai de novo.