Dangerous Feelings escrita por Razi


Capítulo 11
Explicações


Notas iniciais do capítulo

Algumas coisas bem interessantes ocorrem nesse cap.



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-Não obrigada – dispenso serena vendo que Janet e Lisa cochicham sobre algo – Lisa provavelmente seria uma melhor opção.

Aiden rola seus olhos cruzando os braços.

-Por qual motivo não quer dançar? – ele pergunta não passando de um sussurro – Você está em um clube de dança, não vai me dizer que tem vergonha.

-Talvez ela não queira dançar com você – justifica Seth colocando a mão na boca disfarçando um bocejo.

-Se é assim – ele ergue seu olhar para além de mim – Leon poderia fazer a honra de mostrar alguns passos de dança para nós acompanhado dela?

-Acho melhor não provocar quem está quieto – comenta Wade trocando seu olhar de mim para Aiden – Poderia passar a vez dela, não?

-Galera – chama Steffany voltando-se para nós, certamente alheia a embromação feita – Vamos começar o ensaio, assim sendo deixem de tagarelar e assumam suas posições, aos novatos sugiro que fiquem ao fundo examinando todos os passos e de preferência tentem pegar tudo na primeira ou segunda tentativa, nosso tempo é curto.

Reviro meus olhos ao segundo que a segunda música toma conta do salão.

Frisky – Tinie Tempah

Presto atenção em boa parte dos movimentos, ficando meio aliviada por ver Seth meio atrapalhado com alguns passos, mostrando que nem todos os deuses são pés de valsa.

Fiquei acho que no salão por mais de três horas, até que pegasse cada um dos movimentos.

Jogo minha mochila no sofá e desarrumo meu cabelo sentindo o cansaço ficar mais freqüente. Caminho para a cozinha onde encontro sob o fogão meu almoço que dessa vez era menos apetitoso.

Carne ao molho madeira, macarrão, arroz e batata frita.

Provavelmente algum amigo de Jordan deve ter ido comprar para ele, já que se fosse o próprio nunca me traria algo tão sem gosto como aquilo.

Meu estomago ronca discutindo a pauta em questão.

Trinco meus dentes e subo para o meu quarto tirando minha roupa pelo caminho. Quando entro no meu quarto, percebo que havia algo diferente no ar, um novo cheiro, uma nova sensação.

Sinto meu corpo enrijecer na mesma hora.

O que pode ser?

-Selena – chama-me Sean entrando em foco com seu corpo enfaixado com sangue manchado as faixas – Descanse um pouco.

Não tive tempo de perguntar ou protestar, apenas o escuro ficará como amigo.

Abro meus olhos deparando-me com o mesmo campo que virá na primeira vez que vi Sean, mas havia muitas coisas diferentes ali.

O céu transparecia um azul límpido, o cheiro de jasmim prevalecia acompanhado de mata molhada, o vento estava um pouco mais gélido, nada preocupante.

Era nesse espaço que Sean passava seu tempo?

Que lugar na minha mente era isso?

Ou eu que tinha imaginado?

Não, não perderia meu tempo pensando em algo do tipo.

Caminho por algum tempo, passando por arvores de médio porte que tinham seus galhos balançando suavemente.

Avisto uma espécie de cabana alguns metros à frente onde a porta estava aberta e a varanda repleta de flores.

-Olá – digo quando estou já no pé da escada – Alguém em casa?

Tá, fala serio.

Isso foi esquisito.

O silêncio que se segue me deixa um tanto temerosa.

Uma mão é posta em meu ombro, o que me assusta fazendo-me sobressaltar.

-Calma – pedi a voz tranqüila de Sean me envolvendo em seus braços – Não quis assustá-la.

-Uhum – murmuro me afastando dele.

Nada de contatos entre nós dois.

Se ele prestou atenção no meu pensamento resolveu não comentar.

-Não quer entrar? – convida ele indicando com seu braço a porta.

-Gentileza sua – digo sutil encaminhando-me para a entrada e logo depois atravessando a porta me deparando com a decoração campesina que esperava – Ótima decoração.

Ele dá um meio sorriso ao passar por mim deixando que eu inalasse seu mais delicioso perfume.

-Está com fome? – indaga ele me olhando por cima de seu ombro.

-Não – nego o seguindo vendo que me levava para a cozinha – Que lugar é esse?

Ele olha para o teto e depois dá de ombros.

-Possivelmente meu canto particular em sua mente e corpo – responde ele mexendo na panela sob o forno a lenha – Geralmente não consigo escutar seus pensamentos aqui ou qualquer coisa parecida. Na verdade, aqui somos apenas dois humanos comuns.

-O que bem passa longe de ser verdade – ironizo puxando a cadeira da mesa para me sentar – Suas faixas precisam ser trocadas.

Ele me olha por um segundo confuso, mas depois entendi ao que me referia.

-Trocarei um segundo – disse ele – Gosta de pimenta?

-Claro – confirmo me levantando – Onde posso encontrar outras bandagens?

-Em meu quarto – responde ele apontando para a direita.

Assento com a cabeça e logo depois tomo a direção de onde seria o seu quarto, acabando por me deparar com um aposento parcialmente iluminado pelos feixes alaranjados que entravam por uma janelinha. A cama feita de cedro estava desfeita e algumas bandagens estavam no chão enquanto num canto encontrei um baú bastante velho com um rolo em cima.

Peguei-o e depois sai rumando novamente para a cozinha de onde vinha um cheiro delicioso.

Sean sabia cozinhar pelo visto, diferente de mim.

O encontro de costas para mim jogando algo dentro da panela de barro, mas que depois se vira dando um largo sorriso.

-Não acredito que almoçaremos juntos – disse ele alegre – Sente-se, terminarei em um segundo.

-Irei trocar suas faixas – me prontifico jogando para cima o rolo que segurava.

-Eu posso fazer isso depois – desvia-se ele voltando-se para panela.

-Não será nenhum problema – digo seria enquanto me sento – Além do que, uma perguntinha, por que os anjos não se mostram?

-Porque não agüentariam ver a forma original deles – responde ele serio – Acabariam mortos se isso acontecesse.

-Daí vocês tomam a dianteira fazendo se passar por anjos – concluo encostando-me na cadeira.

-Na verdade emprestamos nossos corpos para eles – ele me corrige voltando-se para mim – Somos uma espécie de casca provisória, entende?

-Claro – concordo fazendo círculos na mesa – Então os humanos não contam com isso não é?

-O que quer dizer? – ele me pergunta fazendo uma expressão confusa.

-Tipo assim – respondo o encarando – Os humanos não deveriam ser a casca?

-Não – ele balança a cabeça negativamente – Morreriam se fossem as cascas, apesar de serem usados uma vez ou outra para isso, mas na verdade os humanos servem os anjos de uma maneira diferente.

-Como? – pressiono, a conversa estava bastante interessante.

-Guardiões – ele responde solene tirando a panela do forno – São isso que os humanos selecionados fazem pelos anjos.

-Guardam o que? – indago com meus dedos tamborilando na mesa.

-Na verdade o que eles fazem – novamente ele me corrige ao segundo que fica entretido em fazer meu prato – Diria mais que eles são os advogados dos anjos, basicamente, quando alguém sai da linha deles quem toma as rédeas são os Guardiões.

-Uma corregedoria – concluo cruzando meus braços – Bem interessante.

-Nem tanto – discorda ele com um sorriso triste – Guardiões sofrem mais do que muitos pensam, tem que lidar com ordens por cima de ordens, nada de sentimentos no meio e o dever acima de tudo.

-Como se fossem soldadinhos – reflito com ele colocando o prato na minha frente – Obrigada.

-Não precisa – disse ele indo se sentar na outra ponta da mesa – E pode se pensar dessa maneira deles.

-Podem morrer? – indago curiosa enquanto levo a colher a boca, delicioso.

-Não – disse ele me encarando – São imortais, só que podem ser mortos pelos arcanjos, nunca soube o porque disso, mas é assim que as coisas funcionam.

-Isso parece assustador – comento levianamente – E os deuses? Vivem onde? Como podem tomar o corpo de alguém?

-Calma – pedi ele erguendo sua mão para mim – Não temos um teto fixo, como você estar imaginando. Percorremos o mundo inteiro em nossas formas humanas, não gostamos de nos acomodar. E é complicado o processo de possessão de um corpo.

-Não foi comigo assim foi? – indago num tom calmo, vai que ele se assusta?

Queria saber tudo que fosse possível.

-Na verdade foi pior e mais arriscado – conta ele voltando seu olhar para o teto – Tive que descer ao mundo inferior e implorar para Cassiel que me desse sua vida de volta.

Pisco por um segundo atordoada.

Ele fizera isso tudo por mim?

Levanto-me indo pegar o rolo que deixei sobre o armário.

-Preciso trocar suas bandagens - informo indo ao seu encontro.

-Pode deixar que faço isso – disse ele levantando-se, mas ponho minha mão em seu ombro forçando-o a ficar sentado – Está bem.

Sinto meio desbocada por estar fazendo isso, mas é melhor do que não fazer nada.

Começo retirando as faixas que cobrem seus braços deparando-me com vários arranhões e cortes uns tanto profundos.

-O que fizeram com você? – pergunto percebendo que minha voz saira trêmula.

-Não é nada de mais – responde ele pegando das minhas mãos o rolo – Mais não queria que visse isso agora, não ainda.

-Como conseguiu esses cortes? – pergunto não dando a mínima pelo que dissera.

-São suas dores – ele responde pausadamente – Todos os cortes.

Recuo para trás levando minha mão a boca.

-Do que você está falando? – pergunto me estabilizando, não adiantava nada dar um ataque agora.

Ele deixa um suspiro sair de seus lábios antes de continuar a retirar as bandagens que cobriam seu tórax escultural, me aproximo dele retirando de suas mãos as faixas fazendo-o me olhar nos olhos.

-Sou o deus da Dor, Selena – responde enfim ele solene – Todas as suas dores de todos esses anos são direcionadas para mim.

-Quer dizer então que você é a personificação da dor – concluo retirando enfim todas as faixas, vendo cicatrizes, arranhões, cortes superficiais e outros profundos – Desculpe por tudo.

-Não – nega-se ele pegando minhas mãos – Prefiro receber essas dores, a você morta e sendo capacho de algum deus de primeira linha.

-Como assim? – pergunto estreitando minhas sobrancelhas – Primeira linha?

Ele aperta minhas mãos.

-Não devia saber disso agora – lamenta-se ele desviando seu olhar para o lado.

-Tarde demais – disse dura – Que papo é esse de primeira linha?

-Somos divididos em linhas, de acordo com o regimento que seguimos – responde ele categórico – Os mais essenciais são de primeira linha.

-Quem são eles? – pergunto o encarando mais séria.

-Leon, Cassiel, Aiden, Wade – responde ele não passando de um sussurro.

-De que regimento você é? – pergunto sentindo o bolo na garganta.

-Sou de segunda linha – responde ele desviando seu olhar novamente – Desculpe, você deveria receber alguém melhor.

Faço-o me olhar com minha mão em seu queixo.

-Não me interessa nada disso – minto da melhor maneira possível – Aliás, é bom que saiba que não permitirei que continue a tomar minhas dores.

-Isso não posso fazer – nega-se ele retirando minha mão de seu queixo – Não quero que sofra, e não irá discutir sobre isso comigo.

Ergo minha sobrancelha o encarando.

Certamente não havia como desligá-lo disso.

Dou um suspiro enquanto bato de leve no seu ombro.

-Uma cena tocante – comenta uma voz ressoante por minhas costas.

Viro-me deparando com uma figura que não esperava ver ali dentro da minha mente.

O cabelo era de um loiro dourado que deslizava calmamente por seus ombros largos, era lisinho que até me fazia inveja, os olhos eram de um tom chocolate que chamava atenção na pele rosada e de porcelana, era mais alta que eu e possuía muito mais curvas também sobre o vestido vermelho flamejante com aberturas nas laterais e um amplo decote.

Uma oferecida.

-Eva – Sean disse o nome dela com reverência junto a um aceno de cabeça.

Ela redireciona seu olhar para ele.

-Olá, Dor – ela o cumprimenta sem um sorriso – Vejo que anda muito masoquista.

-Prefiro isso a Selena nas mãos de algum deus – replica ele meio severo.

-Pensa mesmo que ela seria uma empregada? – indaga ela retórica, sua boca repuxada de descrença – Ah, querido, você está ensandecido de amor por ela que nunca para pensar.

-O que está querendo insinuar? – ele pergunta meio ríspido.

-Vai descobrir por si próprio – ela responde voltando seu olhar para mim – Angelique, você certamente chama atenção em nosso grupo.

-Queria pelo menos saber com quem estou falando – digo pesando cada palavra.

Não admitiria que estava meio receosa pela sua presença dentro de minha mente, na verdade não gostava nem um pouco disso.

-Me chamo Eva, sou eu quem cuida de seus sonhos, querida – ela conta dando um estalo com a língua. – Mais agora preciso que acorde enquanto mantenho minha conversa com Sean.

-Poderia simplificar as coisas num “Saia agora” – satirizo deixando as faixas sobre a mesa, mas me lembrei de Leon – O que Leon rege?

-Como assim? – pergunta Sean me olhando confuso.

-Ele é o Deus da Guerra – responde Eva jogando seu cabelo para o lado – A personificação do Caos.

Assento com a cabeça mordendo meu lábio inferior.

Despeço-me deles acordando um segundo depois.

Leon é o deus da Guerra.

Isso quer dizer que é ele que está por trás de todas as tragédias que ocorrem no mundo, o caos imperativo em tudo.

Foi ele que...

Levo minhas mãos a boca, abafando um grito.

Ele matou os meus pais.


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Notas finais do capítulo

Novamente como devem ter percebido, a conversa sai de foco, além do que ainda é cedo demais para Selena saber o que Eva queria conversar com Sean.
No próximo cap. a primeira briga feia entre Selena e Leon.
Até lá.
o/