Eu automaticamente me ofereci para gravar o vídeo dos garotos. Sim, eles estavam falando sobre ter que gravar um vídeo bem curtinho e mandarem para a SM Entertainment (a produtora deles) postar no YouTube para que as fãs soubessem por meio dos próprios garotos que eles estavam de “férias” aqui em Nova York.

Digamos que eu tenha mais intimidade com as câmeras e filmadoras, então ninguém me impediu de gravar o vídeo deles. Eles tinham uma filmadora bem legal, falando nisso. Os cinco se sentaram em semicírculo na sala de dança e “ensaiaram” o que iriam falar sem demorar muito na frente da câmera. Ah, sim, sobre a sala de dança, você acredita nisso? Nós temos uma sala de dança com um daqueles espelhos que vão do chão até teto, micro system e tudo! E só descobrimos isso AGORA quando eles falaram que o vídeo poderia ser feito lá. Eu morria e não saberia disso, juro. A sala fica no andar de cima, no final do corredor, depois do banheiro. E, vamos confessar, quem nunca quis uma sala dessas em casa? Eu poderia morar para sempre fácil nessa casa... E com o SHINee de companhia melhor ainda.

- Prontos? – perguntei na minha posição de costas para a parede de espelho. E, tudo bem, foi um pouco humilhante ter que subir num banquinho (não tão alto!) para poder filmar o rosto deles, e não o peito deles.

- Sim! – responderam todos.

Eu me calei e comecei a gravar, fiz um sinal de “ok” com o dedo para eles assim que a luzinha de “gravando” ligou.

Tudo bem, eu deveria ter me lembrado que eles falariam em Coreano e não em Inglês no vídeo, por isso não posso dizer o que foi que eles falaram, mas se eles falaram o mesmo que ensaiaram em Inglês, foi basicamente isso:

- Olá! Somos o SHINee! – disseram todos juntos sorrindo e dando “tchauzinho” para a câmera. Eu sorria do lado de cá.

- Nós estamos longe de casa, na América do Norte, Nova York! – Jong disse para a filmadora.

- Sim, e só voltaremos para a Coréia no final desse mês para trabalharmos bastante para o próximo álbum! – foi a vez de Onew.

- Veremos se a América vai nos dar inspiração para nosso próximo trabalho, certo? – Key perguntou para os outros.

- Acho que as novas músicas vão ser baladas românticas, mas, claro, com o toque SHINee. – Onew sorriu. E foi mais do que só um sorriso simpático, tenho certeza. – Essa cidade é encantadora!

- Sintam saudades de nós! – Taemin sorriu fofamente.

- E continuem nos amando! – Minho disse.

- SHINee lutando! – fecharam as mãos em punho e levantaram sorrindo.

Eu apertei o botão da filmadora para parar e sorri mais um pouco.

- Ahw, ficou ótimo, meninos!

- Obrigado por gravar para nós, Sunie! – Jonghyun agradeceu.

- Que nada. – eu sorri e minhas bochechas quase fecharam meus olhos. Acho que foi uma cara fofa. Acho.

- Estou mesmo é ansioso para a seção de fotos que você vai organizar Sunie! – Taemin conseguiu ganhar de mim no sorriso-fofura, fácil.

- Hum, eu estou com medo de não dar certo. Eu nunca fiz isso antes! – mordi o lábio inferior. Estava mesmo nervosa para a seção de fotos.

- A gente pode ver as suas fotos, Sunie? – Minho perguntou.

- Hum? Eh... acho que sim. – voltei a sorrir mais timidamente agora.

- Minho também gosta de fotos, Sun. – Onew sorriu.

Sorri debilmente e abaixei os olhos.

- Tudo bem, eu mostro algumas mais legais para vocês. Vou pedir o notebook emprestado para a Maggy. E... eu estava pensando, acho que vou precisar ir no shopping comprar algumas coisas para a iluminação e objetos aleatórios para deixar as fotos mais legais. E eu não queria ir sozinha, já que as meninas se recusaram me acompanhar...

- Por que elas recusaram? – Taemin perguntou.

- Porque... – apertei os lábios. – Eu sempre demoro para escolher o que eu quero levar quando estou numa loja dessas de fotografia...

- Hum, o Minho te acompanha então. – Jong sorriu.

- Eu? – ele pareceu ser pego de surpresa e olhou para os meninos.

- É. – Jong tinha o mesmo sorrisinho conheço-seus-segredos de Onew. – Aproveita e pede algumas dicas de fotografia para a Sunie, sei lá. Qual é cara, vai lá.

Minho olhou de mim para os garotos, depois voltou-se para mim de novo. Eu mordia o lábio inferior devagar.

- Ok. Eu vou com a Sunie.

Nós dois fomos no carro da produtora deles. Sim, Onew ligou para o motorista e um tempinho depois estava buzinando na porta da casa. Eu ia dizer “é só pegarmos um táxi”, mas me esqueci que ele não era só o Minho. Ele era o Minho, rapper de uma boy band coreana!

- Acho que as fãs loucas não vão à lojas de fotografia profissional, – disse eu quando estávamos indo em direção à loja – então acho que não precisamos nos preocupar. Espero que esteja cedo o bastante para elas não estarem passeando por aqui.

Ele virou a cabeça para mim com um sorriso tímido depois voltou a olhar para frente.

- Não gostaria de ver as fãs pedindo autógrafos? – ele perguntou.

- Não. É que... sabe, se elas fossem educadas. Tipo, elas ficam malucas. Total.

- E você não fica?

Eu me virei para ele também com uma sobrancelha arqueada.

- Não é bem assim...

Ele riu um pouquinho.

Entramos na loja de fotografia que eu tanto conhecia. Normalmente sou eu quem faço editoriais para a revista e sempre venho aqui procurar novos equipamentos e acessórios – e, confesso, aproveito que compro na conta da revista e pego bastaante coisa – então os atendentes me conhecem super.

Eu estava olhando algumas novidades com o Minho – ele estava mesmo interessado enquanto eu dizia para quê cada coisa servia – quando uma das atendentes/vendedoras veio sorrindo simpaticamente para mim.

- Olá Sunie!

Não disse? Toda a loja me conhece.

- Oi Becca. – sorri para a moça ruiva. – Vim pegar mais algumas coisas para um ensaio fotográfico que vou fazer para a revista.

- Hum, legal. – ela continuou com seu sorrisinho. – E quem é esse daqui? – ela se virou para Minho e enrolou um cacho de cabelo no dedo. Ele abaixou a cabeça de leve. – Você é japonês?

- Coreano. – respondi antes de Minho. Minha voz soou áspera.

- Hum. – ela colocou uma mão na cintura e se apoiou na bancada que eu estava olhando algumas coisas. – E você é o que da Sunie?

Minho abriu a boca e depois a fechou e se virou para mim me olhando com aquela cara de “qual é a resposta?” com seus olhos grandes. Ele estava meio encolhido e tentava não ficar muito perto de Becca.

- Um amigo, Becca. – deixei de prestar atenção nos materiais e fiquei entre os dois com os braços cruzados.

- Não sabia que você tinha amigos orientais, Sunie. – ela passou a língua nos lábios de propósito para parecer sexy. Na verdade, achei ridículo.

- Nem eu. – continuei sendo rude.

- De repente, - Becca continuou fazendo charminho. – comecei a achar coreanos bem bonitos...

- Rebecca, - chamei perdendo minha paciência. – acho que você não está fazendo muito bem o seu trabalho de atendente. – ela se virou para mim e eu continuei. – Eu já sei o que vou comprar e vamos ser rápidos, estamos com pressa, portanto, se nos der licença... – eu levantei meu olhar para a mesa no fundo da loja onde o gerente costumava a ficar.

Ela olhou para mim com uma careta, rodou nos calcanhares e saiu rebolando para o outro lado da loja indo atender outra pessoa. Revirei os olhos.

Minho parecia meio assustado com a minha reação com a Becca quando olhei para ele. Bem, ele nunca tinha visto esse meu lado raivoso... Voltei a olhar os equipamentos e tentei ser mais rápida para irmos embora logo.

- Certo. – disse por fim. – Já sei. A maioria dos materiais tem na editora, então é só levá-los para onde vou fotografar vocês. – eu falava mais para mim do que para Minho ouvir. – Vou levar só duas lentes novas e um filtro... ou dois... Certo, vou levar três.

Me virei para Minho de novo depois de escolher o que levar. Ele sorria como quem quer dizer alguma coisa.

- Que foi? – perguntei.

- Por que você falou daquele jeito com a atendente? – ele estava relaxado agora ao meu lado apoiando seu braço no balcão olhando para os materiais que eu tinha escolhido e estava em cima do balcão.

- Você quer dizer “porque eu fui grossa”?

Ele ficou calado me olhando. Eu dei uma risadinha.

- Minho, ela estava dando em cima de você! Odeio gente que flerta no trabalho.

Eu vi ele comprimir os lábios para não rir. Minha cara deveria estar hilária porque é meio difícil fazer o Minho rir assim. Só se sua piada for mesmo boa, e eu não estava contando piada.

- Era só ignorá-la, Sunie.

- Eu conheço ela mais do que você. – falei.

Ele continuou me encarando e eu o olhei com o canto do olho.

- Que foi? – arqueei as sobrancelhas gesticulando com as mãos.

- Porque você foi... grossa? – ele falou baixo tentando podar as palavras. – Você ficou... er. – ele se cortou.

- Pode falar Minho. – eu queria ouvir aquilo sair dos seus lábios. – Eu fiquei...?

- Com ciúmes. – soou como uma pergunta.

Mordi o lábio e me virei para minhas lentes no balcão. Tentei ignorá-lo e fingir que não ouvi, mas ele continuava me olhando apoiado no balcão bem perto de mim...

- Por que ficou com ciúmes, Sun? – agora ele não estava com medo de perguntar.

- Eu NÃO fiquei com ciúmes! – falei um pouco alto de mais e olhei ao redor para ver se mais alguém tinha ouvido. Por sorte a loja estava quase vazia.

Ele me olhou com incredulidade sem se mexer. Seus olhos mal piscavam! Fiquei ereta puxando as lentes e os filtros para ir levá-los até o caixa para pagar. Eu ia virando e andando quando ele segurou meu cotovelo. Quase deixei as coisas caírem das minhas mãos e ele colocou sua mão – que dava duas da minha – por baixo das minhas para as coisas não caírem. Me equilibrei e levantei a cabeça para olhá-lo.

- Sunie? – ele chamou.

- Hum?

- Você não gostou daquilo?

Poxa, é difícil você ficar com seu pescoço esticado olhando para os olhos escuros do Minho e responder a uma pergunta dessas. Eu mandei meu corpo deixar de ser covarde e ruborizei quando respondi.

- Não.

Ele me soltou, e eu abaixei a cabeça para ir ao caixa.

Nós já estávamos no carro e não tínhamos falado desde que saímos do shopping. Eu carregava uma sacolinha no colo e minha bolsa de ombro no banco de trás da mini-van do lado da janela e Minho estava com o rosto para fora da janela do outro lado. Eu comecei a abrir minha bolsa e tirei minha câmera de lá. Ninguém do SHINee tinha visto minha câmera Canon queridinha ainda então Minho estava olhando para ela com curiosidade enquanto eu testava os novos filtros e lentes nela.

Coloquei a câmera em modo para fotografar e apontei para Minho. Ele se virou rápido e consegui capturar uma foto dele de perfil, sorrindo tímido. Eu não deletaria essa foto nunca.

Ergui meu braço para ele e cheguei mais perto para mostrar a foto na telinha.

- Você é boa. – ele sorriu para mim.

- Hum, quando o modelo é fotogênico ajuda bastante. – mordi minhas bochechas fazendo biquinho.

É claro que eu queria mesmo dizer “lindo” no lugar de “fotogênico”, mas normalmente eu não tenho coragem de chamar um homem de lindo na cara dele. Só se for para fazerem minhas bochechas pegarem fogo, o que não é tão legal assim.

- Posso ver as outras fotos?

- Claro. – eu lhe entreguei a câmera.

Pela primeira vez eu não fiquei com medo da câmera cair ou algo assim. Quase ninguém pega na minha câmera porque eu tenho muito medo de a deixarem cair, quebrar ou soltar alguma coisa. Se você tivesse pagado os dólares suados que paguei nela você também teria muito zelo por sua câmera Canon, então não reclame.

Ele passou cada foto dando um espaço de dois ou três segundos para olhar cada uma. A maioria era de paisagens, fotos em conjunto com as amigas e coisas aleatórias. Quando ele achou um auto-retrato meu demorou uns cinco segundos para passar para a próxima – que também era minha. Comecei a ficar com vergonha das minhas fotos.

- Bem, acho que já acabou. – eu fiz puxei a câmera da mão dele com cuidado e a desliguei quando ele me entregou. – Eu troquei o cartão de memória há pouco tempo, essas fotos são novas.

- São lindas. – eu ruborizei quando ele disse isso e virei o rosto para que ele não visse. – Você ainda vai me mostrar as outras, né?

- Aham. – fiz eu fechando a bolsa.

Aham, quem diz não para um rosto lindo como o seu, Minho? Faça-me o favor, ele deveria ser proibido de pedir alguma coisa porque ninguém – ou pelo menos eu – consegue negar algo para aquela carinha bonita.