Mudanças escrita por Lunna_moon


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo =D



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Não tinha certeza de que já havia acordado quando fui para a escola na manhã de segunda feira, bocejando de trinta em trinta segundos. Eu estava bastante desleixada, em comparação a todas as outras garotas. Tinha os cabelos presos em um rabo-de-cavalo no alto da cabeça, usava uma camiseta branca grande demais, estampada com alguns dizeres, os meus jeans rasgados e o Converse.

Sempre me perguntei por que a maioria se arrumava para ir para a escola. Porque você estava indo ali para aprender, não para um desfile de moda, estava? Acordar mais cedo todo dia só para passar a chapinha no cabelo, maquiagem no rosto, sendo que ninguém estava ligando para a sua aparência e sim para o conteúdo de biologia no quadro, era algo que eu nunca, NUNCA faria.

Joguei-me na carteira que eu ocupara em todos os outros dias, bocejando novamente enquanto Todd passava e me cumprimentava. Mariana veio logo depois, parando em frente à minha carteira e contando que havia viajado para o Paraná com seu pai e sua mãe naquele fim de semana. Sorri, dizendo que levara Lucy ao parque de diversões e assistira toda a trilogia de Senhor dos Aneis no domingo. Ela riu e dirigiu-se para a sua carteira, deixando-me sozinha com os meus materiais e com os meus pensamentos.

Por mais que estivesse sonolenta, fiz o que pude para prestar atenção na aula de história, já que o conteúdo já estava na metade quando eu cheguei durante a semana passada, procurando anotar tudo o que pudesse sobre o que o professor falava.

Nada de estranho naquele dia. Estava feliz, convencida de que não devia estar assim tão maluca. Recreio normal, as duas últimas aulas normais também. Quando o sinal bateu, todos correram para fora como se estivessem dando cheeseburgers de graça na frente da escola.

Estava pronta para acompanhá-los, mas alguém me parou.

– Oi Luna! – Falou Luís, parando à minha frente.

Hesitei. – Hã... Oi. – Respondi.

Ele sorriu, seus os olhos verde-musgo brilhando levemente.

Enrolei uma mecha castanho-clara no indicador, perguntando-me se devia me despedir e ir embora ou esperar que ele falasse.

– Então... Como está Lucy, a sua irmã? – Ele perguntou.

Parecia nervoso, e olhava a todo o momento para a porta, como se esperasse ver alguém entrando por ela. E de fato alguém entrou, quando eu acabara de responder que Lucy estava bem.

A sala estava vazia, a não ser por Luís, Júlio – o garoto mais velho, que chegara agora – e eu.

Levantei as sobrancelhas. – Hã... Ok então, eu vejo você amanhã. – Falei, andando na direção da porta.

Mas Júlio segurou o meu pulso. Era incrível como era forte. Porque eu era bem forte também, sabe, e sabia como me soltar de alguém que me segurava. Meu pai havia me ensinado. Mas não houve escapatória. Ele era uns sessenta centímetros mais alto que eu.

- Fique calma, menina. – Ele falou. Como é que eu podia ficar calma?!

Estava prestes a gritar quando ele tapou a minha boca com a mão. Arrastou-me até Luís, que se aproximou. Olhei-o, assustada. Ele encostou a mão na minha nuca, e o verde musgo agora faiscava, enquanto aquela sensação chegou milhares de vezes mais forte do que a que eu sentira no sábado. Agora eu sentia-o se conectando aos meus neurônios, e o mesmo a cada célula. Ele parecia manipulá-las, parecia falar com elas.

Perdi o equilíbrio, mas Júlio segurou-me, seus braços sendo o único motivo para eu ainda não ter desabado no chão. Minhas pálpebras fecharam, mas eu ainda estava acordada. Uma dor lancinante percorreu toda a minha espinha, e eu comecei e tremer.

Luís tirou a mão de minha nuca, e apoiou-a em minha testa, e dessa vez eu desabei de joelhos. Não conseguia gritar; mal conseguia sentir Júlio colocando as mãos em meus ombros, tentando me fazer levantar novamente.

Eu tremia. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, e a minha pele ardia, dos pés à cabeça. E de repente eu não senti mais nada. Apaguei.

Meus olhos se abriram, de súbito. Por um instante não consegui ver nada, absolutamente nada. E então a visão das carteiras da sala de aula apareceu diante de mim.

Percebi que fazia apenas alguns minutos que eu desmaiara. Uns três ou quatro. Sentei-me vagarosamente. Não havia ninguém ali. Ouvia o eco de saltos vindo do fim do corredor, mas a coordenadora não me viu e passou diretamente pela sala.Respirei fundo. Apoiando-me em uma cadeira, consegui ficar em pé, enquanto uma dor de cabeça muito forte cegava-me parcialmente.

Andei pesadamente, e vi o carro de tio Clinton parado lá na frente. Encaminhei-me para lá, entrando no carro. Ele parecia preocupado, olhando-me de pouco em pouco. Quando perguntou, disse apenas que estava com uma dor de cabeça insuportável. Não podia contar aquilo para ele.

Eu sei que eu o adorava, e ele era meu tio, mas como eu ia dizer que dois caras quase me mataram no fim da aula, se eu não tinha prova alguma, a não ser a dor de cabeça lancinante?

Dormi a tarde inteira. Caí na cama e desmaiei como disse tia Jessica.

Acordei às oito da noite, descendo para jantar. Meus tios haviam encontrado uma escola de dança onde matricularam Lucy. Ela estava extremamente entusiasmada com a ideia, e deixava aquilo muito claro. Fiquei encarregada de levá-la para a sua primeira aula no dia seguinte, às quatro da tarde.

Subi para o meu quarto, e de repente senti-me abalada. Eu estava com medo. Eu não tinha certeza se deveria ir para a escola no dia seguinte, porque eles estariam lá, eu sabia disso. E se tentassem me machucar novamente, como fizeram hoje ao fim da aula?Percebi que lágrimas escorriam pelos meus olhos, como nunca. Parte da camisola, onde os pingos caíam, estava encharcada.

Fiquei pelo que pareciam ser horas encolhida na cama, chorando, esperando o sono vir. Todas as lágrimas que eu não chorara em frente ao caixão de meu pai há um mês, resolveram vir à tona agora. Eu estava com medo. Estava cansada, triste, desolada. E acima de tudo, eu queria o meu pai. Ali comigo, naquele momento, porque ele saberia o que fazer, saberia me consolar e não deixaria que eu me machucasse de novo.

Segurei fortemente o porta-retratos que descansava sobre a mesinha de cabeceira. Abracei-o, mesmo sendo muito grande para o seu tamanho, e aquilo fez com que uma onde de calmaria me invadisse. Respirei fundo com as pálpebras já pesando. Eu sabia o que tinha que fazer.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? :3



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