O facho varara o lado esquerdo do peito. Perséfone finalmente vira tudo retornar a si...

Uma esfera escarlate era enxergada lá no fundo do palco da luta. Era Gibson, ainda contaminado pela dor e revolta que paralisara seu corpo. As lagrimas, que com a luz da Lua, tornaram-se fios prateados, escorria pelo rosto de Escorpião.

-Não... – dizia em voz trêmula a deusa das trevas. – Ele não tinha como me atacar...!

Enquanto suava frio, Gibson disparava mais três agulhas contra sua irmã, desviando seus olhos, retomando o choro.

-NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!!!!!

Gritara a Perséfone, desesperada. Ela curtia a dor e caminhava desnorteadamente para perto da fenda.

Mais onze agulhas se voltaram contra o corpo da jovem Andréa. Ela tombara no chão, suando frio, não crendo na coragem daquele rapaz ao ataca-la tão friamente... Rompendo até o laço de sangue. Ela se erguera tentando recobrar forças para ataca-lo.

-Andréa... ANDRÉA, ME PERDOE!!!!!!

Gibson retornara a falar, gritava desesperado, sem a menor saída.

-ANTAAAAAREEEEES!!!!!!

A última agulha, disparada a curta distancia. Gibson saltara por cima da fenda e atingira sua irmã ainda mais perto. Desmaiada, ela tombara para dentro de sua própria fenda.

No último segundo, nosso amigo a salva. O vento sombrio fazia as vestes negras e a longa cabeleira vermelha da caçula dançar conforme a música.

-Andréa... Andréa...

Escorpião murmurava, tentando acordar a irmã. Os outros atores ali viam a cena com nó na garganta. O cavaleiro da 8ª casa quer abraçar a irmã, mas só conseguia segura-la.

-Andréa, acorde, por favor... Não me deixe agora... Não me deixe mais uma vez!!!! Pelo amor de Deus!!!!

Ela abrira os olhos. O cosmo agressivo da divindade sumira por completo. Sim, a doce e meiga Andréa dos sonhos e das lembranças de Gibson voltara. Ela estava triste.

-Me deixe ir... Maninho...

Os olhos de Gibson se arregalaram. Como assim?

-Se eu viver, Perséfone voltará mais forte ainda...

-Eu não posso! Eu te perdi uma vez, Andréa... Não posso de novo...

Ele estava desesperado. Chorava convulsivamente.

-Eu ainda pude ouvir seus choros naquele dia... Eu pude sentir as suas lágrimas quentes sobre meu inerte corpo que esfriava...

Gibson olhava a irmã com uma doçura inimaginável. Os dois irmãos se encaravam carinhosamente.

-Eu irei me recordar daquela época com saudades... Vou sempre me lembrar de você maninho... Você sempre foi tão carinhoso... Para os outros, sempre fora durão, mas comigo, era um anjo protetor...

-VAMOS TE LIVRAR DA PERSEFONE, IRMÃZINHA! – bradou Escorpião.

-Não pode, maninho... Ninguém pode... Você é um bom irmão... Merece achar a sua felicidade... Vai ser um ótimo pai... Eu tive muita sorte de te encontrar...

Um golpe certeiro no pulso de Gibson fez com que seu reflexo soltasse o braço da sua irmã. Ela caia sob ação da gravidade.

-ANDRÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!

As lágrimas de Gibson e Andréa se fundiram ao ar... Eram luzes lindas e tristes no templo... Formavam uma sinfonia, que somente aqueles que puderam conhecer os corações de Gibson e Andréa White poderia ouvir...

Aquela fora a última sinfonia que os dois ressoaram. Aquela melodia seria eternamente tocada no coração daqueles que ali sofreram, junto de Gibson. No último instante, os dois se encontraram... A fenda sumira e Gibson chorava deitado em cima dela. A canção continuava a tocar, sendo agora audível a todos ali presentes no templo, no reino da deusa Perséfone.

Ninguém se movia. Não era possível se mover com aquela dor. O resquício do cosmo da Andréa e o cosmo angustiado de Escorpião corriam aquele lugar...

O terço de Andréa estava jogado num canto próximo.

-Não... Não... Andréa não...

Ricky se levantou e juntamente com Atena. Os dois foram até o cavaleiro, prestar apoio a amigo.

Evanescence – My Immortal Meu Imortal

Estou tão cansada de estar aqui

Reprimida por todos os meus medos infantis

E se você tiver que ir embora

Eu desejo que você vá

Por que sua presença ainda hesita aqui

e isso não vai me deixar sozinha

Essas feridas parecem não sarar

Esta dor é muito real

Há apenas muita coisa que o tempo não é capaz de apagar

Quando você chorava

Eu enxugava todas as suas lágrimas

Quando você gritava

Eu lutava fora todos os seus temores

Eu segurei a sua mão por todos esses anos

Mas você ainda tem tudo de mim

Você me acostumou a cativar com a sua luz ressoante

Agora eu estou confinada à vida que deixou para trás

O seu rosto assombra os meus antigos sonhos agradáveis

A sua voz segue toda a sanidade em mim

Essas feridas parecem não sarar

Esta dor é muito real

Há apenas muita coisa que o tempo não é capaz de apagar

Quando você chorava

Eu enxugava todas as suas lágrimas

Quando você gritava

Eu lutava fora todos os seus temores

Eu segurei a sua mão por todos esses anos

Mas você ainda tem tudo de mim

Eu tentei duramente dizer a mim mesma que você se foi

Mas penso que você ainda está aqui comigo

Eu sempre estive sozinha

Quando você chorava

Eu enxugava todas as suas lágrimas

Quando você gritava

Eu lutava fora todos os seus temores

Eu segurei a sua mão por todos esses anos

Mas você ainda tem tudo de mim

Passara-se muito tempo no Santuário. A oitava casa vivia na eterna noite sem estrelas. Gibson só saía para fazer as compras necessárias e se enfiava em sua casa. Quem passava por ali, não o via. Quando ouvia passos se aproximarem, se recolhia ao quarto. Nem mesmo Ricky, seu melhor amigo, conseguia trocar uma palavra. Escorpião fugia de tudo e todos.

Já o cavaleiro de Libra, estava numa boa, a não ser pela preocupação com Gibson. Após muitos receios, timidez e afins, ele e Estrela se acertaram, com aprovação de todos. Vendiam amor e sorrisos. Era apenas felicidade.

Outros que se acertaram foram Haku e Carol. Agora que compreendia o destino de todos aqueles que a rodeavam, Carol amansara seu coração. O cavaleiro de Câncer estava (e está) apaixonadíssimo pela jovem. Finalmente a garota cedera ao nipônico.

Lira decidira finalmente não usa mais a máscara. E está mais maluca que nunca.

Alguns dos dourados resolveram formar uma banda, para se distrair enquanto não havia o que eu se preocupar. Os pequenos shows que fazia era de grande repercussão. E Lira pensara numa festa surpresa para o aniversário de Gibson.

Até poder juntar dinheiro para faculdade, Eric permanecia no Santuário, estudando. Apesar de ter jurado lealdade a Atena, ele não tinha interesse de se aprofundar da arte das batalhas, preferindo ensinar os estudos para as pobres crianças do Santuário. Isso fazia Andrey estufar o peito de orgulho do seu irmão.

Aliás, com relação a Eric, Penélope que estava de férias no Santuário, vivia perseguindo o pobre coitado. O trauma sofrido por conta de Misa o deixava incomodado. Ela estava interessada nele?

Para variar, César e Amajones estavam brigando por conta da rivalidade de seus países na Copa. O primeiro jogo das oitavas seria Brasil contra Argentina. E as casas de Aquário e Touro estavam coloridas de verde-amarelo e azul-branco respectivamente. E as doze casas estava com os nervos à flor da pele.

Claude cultivava rosas de vários gêneros. Dava para todos os seus amigos.

Felícia e Salete faziam novas coreografias. Nami perdera a cabeça com os reparos das armaduras destruídas no Baralho da Lua e na recriação das armaduras de bronze. Mushu e Li viviam em lembranças, indo e vindo da China, mas sempre sorridentes. Quase ficaram cegos na batalha contra Delia.

Nabir recebera a visita de sua noiva. (sim, sim, aquela citada há alguns capitulo). Não era preciso dizer que Capricórnio ficara feliz e pedira que ela ficasse para a "festa surpresa".

Mais uma nova noite fria na casa de Escorpião. Gibson estava submerso em pensamentos e nem sentira a presença de Ricky em seu salão.

-A Lira ta fazendo uma festa na casa dela... Você não vai?

Ricky vestia-se com uma roupa bem moderna. Usava seu eterno companheiro computador portátil. Escutava uma música dos tempos do ano 2005, 2006.

-O que ta fazendo aqui? – indagou Gibson, encostado na pilastra, sentado no chão.

-Eu que te fiz uma pergunta, cara...

Ricky se sentara no lado oposto da pilastra.

-Eu não quero. Não tenho nada o que fazer... Ric... – respondeu desanimado o cavaleiro de Escorpião

-A Lira vai ficar magoada se não for... Ela fez a festa com todo carinho. – disse Ricky.

Gibson não respondeu. Quando ia responder algo, Ricky já não estava mais lá. Escorpião se levantou e quando ia se dirigir para o quarto, ele sentiu outra presença. Essa presença o rodeou. Era um pequeno brilho, um facho, um pequeno raio de cosmo.

-A... Andréa...?

O raiozinho pousou na mão do jovem cavaleiro. Novas lágrimas brotaram dos olhos de Gibson, mas a força daquele cosmozinho era maior que seu tamanho. Ele interrompeu as lágrimas:

-Não... Eu não devo mais chorar... Já faz muito tempo... Mais de um ano, não? Devo mudar de atitude. – falou Gibson, de forma mais firme.

O raio foi se apagando e entrou dentro do peito do cavaleiro. Então, enxugou as lágrimas e se dirigiu para o quarto. Quando saiu de lá, vestia sua roupa de couro e usava o visor do seu computador. A noite voltou a ser estrelada e Gibson saiu de sua casa, em direção a casa de Virgem.

-Oi.

Penélope estava vestida com seu melhor vestido. O cor-de-rosa de seu cabelo começava a sair, reaparecendo o negro dos seus cabelos. Ela estava na frente da saída de Gêmeos. Andrey tinha saído e passado por ela agora. Faltava seu alvo: Eric. Ele saiu em seguida, com uma camisa social branca e uma calça preta.

-Você não usa uma roupa mais descolada como seu irmão?

Eric levou um susto. E lá estava novamente aquela garota.

-Er... Não gosto dessas roupas... – respondeu sem jeito.

-Melhor assim! – sorriu Penélope. – Fica mais a sua cara. Combina com seu estilo e te engrandece.

Eric ficou vermelho feito pimentão. Tentou apressar o passo, mas foi parado pela delicada mão da americana. Ele olhou assustado para ela.

-Não sei o que você quer comigo, um nerd! – disse Eric, ficando irritado.

-O Ricky também é...

-Ele é mais "descolado"! – retrucou o geminiano.

Os dois começaram a se encarar. Penélope sorridente e Eric começando a fechar a cara.

-E eu... Sempre tive uma queda por nerds... – riu novamente a garota, com seu jeitinho petulante.

Ela se aproximou de Eric rapidamente, deixando seu rosto mais perto dele. Eric tinha uns quase 1,80. Ele ficou ainda mais vermelho e suava frio.

-Eu não vou sossegar. Não saio daqui até me dizer que me fará companhia na festa.

-Isso está me cheirando a outra coisa... Que você está gostando de mim...!

-E estou.

Eric sempre se sentira atraído pela garota, mas sempre teve receio. Mas, ela assim tão próxima... Ele a abraçou pela cintura e deixou que ela o alcançasse. E um beijo selou um novo amor surgido em meio as doze casas.

Todos já estavam lá na festa. Mas o astro maior não tinha chegado. Haku se aproximou de Ricky, que estava abraçado a Estrela:

-Você falou com o cara?

-Falei... Mas acho que ele vem, afinal...

-Afinal? – indagou César, ali perto.

-Ele recebeu uma visitinha a mais. – sorriu Libra.

Lira apagou as luzes, deixando apenas uma luz néon fraca, para fingir agitação. Gibson entrou e logo foi recepcionado carinhosamente.

-PARABÉNS PARA VOCÊ...

Gibson se espantou mas por fim, sorriu e abraçou a Ricky primeiro. Afinal, ele sempre o ajudou, era o melhor amigo. Depois de cortar o bolo e começarem uma nova balada, Ricky sentiu alguém toca-lo de leve. Era uma garota de cabelos ruivo-alaranjado.

-Ah, me desculpe Ariel... – disse Ricky gentilmente.

Ricky deu um pratinho para a menina. Gibson a olhava sem entender, mas um tanto corado.

-É minha nova prima... Ariel Johnson, o pai dela casou com uma tia minha. – sorriu Ricky. – Tem 15 anos.

-Não parece. – disse Gibson, apertando a mão livre da jovem. – Diria que tinha uns 13 anos.

-O Ricky me achou mais nova ainda... – comentou Ariel. – Mas acho melhor o resultado de 13 anos.

Ela riu gostoso. Gibson parecia se encantar ainda mais com Ariel. Ele nem comia o bolo, se contentando em ver a menina saborear o seu pedaço. Ricky percebendo a situação, saiu dali, indo para junto de Estrela, Amajones e Nami.

-Você é inglês? – perguntou Ariel para Gibson.

-Sou. Mas gosto mais da Grécia. – respondeu Escorpião.

Os dois começaram a andar pelo redor do salão, até perto da saída onde se retiraram. Estavam tão entretidos com a conversa que nem reparam que já estavam sob o céu estrelado.

-Aqui é muito bonito. – comentou Ariel.

-Pode se ver as estrelas com mais clareza. – falou Gibson sonhador. – Aquela é minha constelação.

Ariel pousou sua mão no pulso de Gibson, fazendo abaixar a mão que apontava exatamente a Antares.

-Não se pode apontar para uma estrela!

-Você acredita nisso? – riu Gibson. – Ah, tudo bem, demorei muito até perder esse medo...

Os dois riram do último acontecimento. E a partir daquele dia se tornaram grandes amigos. Toda vez que ela vinha para a Grécia os dois saiam, iam para teatro, centro histórico ou até mesmo pelo território do Santuário. Quando ela ia embora, ele se fechava (mas nem tanto), esperando a volta de sua grande amiga. Quando Ricky ia até a casa de Escorpião, a primeira coisa que ele perguntava era quando Ariel vinha para o Santuário.

-Você está gostando dela?

Gibson corava e disfarçava em seguida. Comendo alguma coisa, ou pegando um livro.

-Ta sim... – brincava Ricky.

Assim foi por muito mais tempo. Até que os dois assumiram seus sentimentos. E o Santuário voltou a viver como antes. Novos cavaleiros de bronze foram escolhidos e a vida corre naquele lugar sagrado. O Santuário de Atena... na Grécia...

/-\\ Final de cada personagem /-\\

Nami de Áries- Nami ia e vinha de Jamiel. Assim como seus descendentes, ele decidira concertar armaduras também. Continuou sendo amigo de Haku para sempre. Não encontrou ninguém, porém, não se sentia só por não ter tido um grande amor.

Amajones de Touro- Se decepcionou com a copa citada. Regressa a sua terra natal e conhece uma doce menina e os dois se casam. Teve que aturar César cantar no casamento. Não teve filhos, mas ele e sua esposa adotaram uma criancinha.

Andrey de Gêmeos- Seguindo os passos de seu irmão, Andrey fez uma faculdade de robótica. Depois de muito tempo, aceitou seus sentimentos por Felícia e os dois se casaram. Tiveram uma linda menininha, chamada Elise.

Eric Ivanovich- se tornou o intelectual mais importante no ramo da Historia. Continuou lecionando e ganhou vários prêmios, até o Nobel. Casou-se com Penélope, após cinco anos de separação e tiveram um casal de filhos: Mary e Alexei.

Haku de Câncer- Retornou ao seu país, mas sempre atento ao que acontecia no Santuário. Tornou-se veterinário e o sacerdote de seu templo, e após esperar Carol retornar do Brasil, casou-se com ela. Estão esperando uma criança.

Mushu de Leão- junto de seu irmão, voltava a sua terra natal a cada ano. Atualmente, estuda para engenharia. É um aluno muito aplicado.

Lira de Virgem- Lira permaneceu em sua mansão, cuidando das casas dos ausentes. Infelizmente, não encontrou ninguém (culpa do seu orgulho), e graças a isso, subiu ao posto de Grande Mestra.

Ricky de Libra- Conseguiu trazer sua família para a Grécia, como sempre desejou. Visita todos os dias o cemitério do Santuário, para "conversar" com seu mestre. Mas não pode se casar oficialmente no Santuário com Estrela, devido suas posições, mas no civil realizaram a cerimônia. Apesar da saudade, ele passou a aceitar melhor a idéia da morte do seu mestre.

Gibson de Escorpião- Casou com Ariel. E estão vivendo no Santuário. Está mais aberto e quando não está no posto de cavaleiro de ouro, trabalha como motoboy na moderna Atenas. Ariel também está esperando um bebê, uma menininha. Seu nome? Andréa...

Li de Sagitário- Trabalha como "chefe" num restaurante chinês em Atenas. E num dos jantares importantes, conheceu sua noiva. Estão de casamento marcado.

Nabir de Capricórnio- quando deu a época certa e tiveram permissão das famílias, Nabir casou-se com sua noiva de infância. Os dois vivem na casa de Capricórnio.

César de Aquário- Resolveu ensinar as crianças do Santuário coisas da sua terra, como capoeira e o futebol. É muito amado por todos e continua tocando na banda dos cavaleiros de ouro como baixista.

Claude de Peixes- Montou seu próprio negócio de flores. E num belo dia, viu a sua amada passeando e comprando uma belíssima rosa vermelha. Os dois voltaram a ser ver e começaram a se falar e agora estão juntos.

Estrela (Atena)- Mesmo sem poder se casar por imposição do Santuário está junto de Ricky. Ele a acompanhou num regresso à sua cidade, para explicação de tudo o que aconteceu. Agora, a família de Estrela também vive no Santuário. E nenhum perigo se aproxima...

Elza (Ártemis)- Ensina dança numa escola em Atenas. Sob forma de Ártemis, ela percorre o Santuário, ajudando-o a manter a sua estabilidade. Não está com ninguém e completa seus estudos do colegial.