As Estrelas do Amanhã escrita por Casty Maat


Capítulo 13
Laços




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-Tive pensando numa coisa... – murmurou Li, para todos nós.

-No que, mano?

Li diminuiu as passadas da corrida, e segurando seu queixo, pensativo, proferiu seus dizeres:

-Alguém sabia que o Andrey tem um irmão?

-Sim... Diz ele que é um grande gênio, e sabe muitas coisas e ensina as crianças pobres... – respondeu Gibson.

-Ah, e ele se chama Eric. Os dois são gêmeos... – completou Ricky.

Li sentiu um tremor correr sua espinha. Ele ergueu a cabeça e olhou-nos preocupado:

-Então, existe mais um de nós por perto... Isto é, se Eric possuir uma certa alma encerrada dentro de si.

Eu então tomei a palavra.

-Não é possível! Andrey disse-me outra vez que o irmão dele nunca fazia Educação Física... E sabem por que?

Meus amigos recomeçaram a andar, mas ainda sim, me olhavam curiosos.

-Ele tem um sopro no coração... Não pode se esforçar, jamais poderia lutar.

Voltamos a correr de novo e ainda sim falávamos sobre o assunto. Parecia que a escada rumo ao Baralho do Sol ficava longínquo a cada passo.

-Entendo... Mas ainda sim, há uma grande chance, afinal, a constelação de Gêmeos tem como lenda dois irmãos gêmeos da antiga Grécia, Pollux e Castor. E em homenagem a estes, duas estrelas suas receberam esses nomes. Se "Pollux" está com a gente, o "Castor" está escondido em algum canto, unidos por laços de sangue... – terminou Li.

-Seja como for, só um milagre faria Eric poder lutar...

Ricky fez esse último comentário, com uma voz apagada, como se sentisse uma dor com aquelas palavras.

-Me diga, Aquário.

Aqueles que conheciam a César não o reconheceriam agora. O mais sorridente, feliz "tonto" e descontraído dos cavaleiros parecia possuído por um espírito tão congelado quanto as geleiras eternas da Sibéria.

O alegre rosto dele ficara um rosto raivoso, dentes cerrados e olhar frio e sem qualquer piedade.

-Minha vida não é tua, mulher...

César rosnara aquelas palavras. Ligara-se aos amigos como seu eles fossem parte de sua alma, partes de seu corpo.

-Minha vida é dedicada a Atena e aos meus amigos...

Misa não se importava com as palavras de César. A voz baixa, e rouca pelo sentimento de luta de Aquário não a assustava, mas fazia crescer o cosmo do cavaleiro como as montanhas mais altas que existem.

-Minha vida jamais será tua... A moça aí não acabará comigo, falou?

Uma explosão do cosmo de Aquário revelava o lado impulsivo dele, algo jamais visto. O salão todo fora contaminado pelo ar frio insuportável. Claude tinha apenas o seu ouvido atento, o corpo não se movia, não podia falar e menos ainda mover-se.

Um vento gélido começou a circular pelo templo e mais e mais cristais de gelo se concentrava. César ergueu a palma de suas mãos aos céus e uma esfera de energia no tom azul-gelo se formou.

-PÓ DE DIAMANTE!

O golpe lançado contra Misa foi contido pelo espelho que a amazona carregava como um medalhão. E o golpe voltou-se na direção de César. E com um salto para a esquerda escapara. Claro que ela não se conformaria e estava disposto a arriscar seu pescoço.

-EXECUÇÃO AURORA!

O frio de César faltava a pouquíssimos graus de se aproximar do zero absoluto. Pouco mesmos, no máximo uns 5 graus. O espelho por pouco não repelia o ataque de Aquário. Mas, mesmo assim, o espelho não resistiu e tornou meros cacos ao chão.

Sim, agora, sim Misa se convertera num inicio de terror. Aquário arfava cruelmente, já que tivera poucas oportunidades de treinar sua Execução. Seu cosmo abalado com a extinção vagarosa das estrelas aquarianas mal sustentava o seu corpo, cuja armadura pesava mais e mais, o corpo dolorido ante a fúria de Misa e a alma contorcida pelo efeito alucinógeno da Exclamação de Atena.

-Maldito...!

Misa se levantava devagar e erguia o punho esquerdo. O emblema de uma estrela invertida reluzia dourada no local. E dali, uma espécie de escudo holográfico surgiu.

-O meu escudo estrelar não irá perder para sua Execução Aurora... Ele me obedece feito cãozinho adestrado. – murmurou Misa, enquanto gotas de suor, repicadas com sangue, escorria do seu rosto.

César a encarava, ainda que mui cansado. Ele ergueu as mãos e se posicionou novamente. Iria desta vez acabar com Misa.

-EXECUÇÃO AURORA!

-ESCUDO ESTRELAR, AUMENTE!

A estrela holográfica se expandiu e deteve o golpe de César, que cansado, faltava pouco para tombar. Misa o ajudou, desferindo um golpe contra ele:

-SONETO DAS ESTRELAS!

A armadura de Aquário estava agora parcialmente destruída e mais morta ainda. E Andrey nada fazia...

No templo o único som que ressoava era a gargalhadas perversas de Misa...

Eu seguia Elza, que caminha a uma certa direção, cheia de rochedos. Sentia eu, um cansaço enorme, era minha doença.

-Onde você quer me levar? – indaguei.

-Preciso levar você perto de um lugar. – respondeu ela.

Eu acabei parando, era uma ladeira. Encostei numa parede de pedra e recomecei a respirar.

-É a sua pena...

Achei que não havia escutado. Eu olhei Elza, e creio eu, que a olhei como se perguntasse o que ela tinha dito.

-Eu tenho uma verdadeira pena de você, Eric, por que você está pagando pelos erros do Kanon... – disse Elza.

Tremi. Lembrei-me de uma certa vez, quando criança...

(flashback)

Eu estava sentado, encostado numa árvore, lendo um dicionário russo-grego; grego-russo. Andrey estava fazendo um boneco de neve. Foi então que ele viu o que eu fazia e gritou irritado:

-AH, não! Eric, você está lendo dicionário de novo?

-Mano... Vem cá ver isso... – disse eu pacientemente.

Ele veio, emburrado. Sentou ao meu lado de braços cruzados. O sonho dele era ter cabelos compridos, mas mamãe não deixava. Assim, só era possível saber quem era quem por eu usar óculos e ele ser bem mais irritado.

-Quê? – reclamou Andrey.

-Eu vi que no dicionário, "Saga" em grego quer dizer face... – eu escrevia a palavra numa folha de papel e Andrey fazia ar de indiferença e resmungou um certo "hum..." quando comecei a falar. – e vi que "Kanon" quer dizer lei em grego.

-Tá... E daí?

-Sinto uma tristeza enorme ante essas palavras, mano... – respondi. Senti meu coração desfalecer por um momento. – Sinto, mano, que nós estamos ligados a essas palavras...

(fim do flashback)

-Mas Kanon não é uma palavra grega que quer dizer "lei"? – indaguei, assustado.

-Mas também é nome de um grande cara que foi cavaleiro... A geração que antecedeu a seu irmão... De 200 anos... – ela começou a me explicar. Ela me olhava daquele jeito sério, não condizendo com a sua idade aparente.

E ao ouvir "200 anos" eu senti uma facada no peito. Sim, uma dor pontiaguda e fria, cheia de dor, angústia e saudade...

-Existiram ao total dois cavaleiros de Gêmeos... Seus nomes eram...

De repente, era como se minha alma e meu corpo congelassem... e, mais uma vez tremi.

-Saga de Gêmeos... E seu irmão gêmeo, Kanon. – terminou ela a sentença.

A pontada se intensificou e senti o céu azul-marinho perder o brilho das estrelas... E suave tom da Via-Láctea...

-HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!!! – gargalhava Misa.

Todos estavam caídos... os grandes guerreiros da justiça. De repente, Andrey se levanta cambaleante. Misa leva um susto, porém logo percebe que o cavaleiro está inconsciente...

"Humpf... Não tenho com que me preocupar... Esse idiota está frito mesmo..." – pensou Misa, confiante.

Mas a alma de Andrey estava viajando, noutro lugar...

"Onde estou?" – pensou Andrey.

Era um lugar que lembrava uma galáxia, ou algo parecido. Ele olhava a sua volta e via mais e mais estrelas, planetas e o negro do espaço. Mas ao longe via uma pessoa, estirada no vazio.

-EEEI! – gritou Andrey, enquanto corria. Sentia-se leve...

Ao chegar perto da pessoa e a levantar, colocando-a em seu colo, Andrey teve a impressão de ver ele mesmo... Mas, não era. A figura usava óculos, tinha cabelos curtos, mas do mesmo prata que o dele.

Eric se mexia e acordava lentamente. E ao abrir os profundos olhos azuis, fitou a seu irmão, assustado.

-ANDREY?!

Eric "saltou" e ficando agachado a altura do irmão, perguntou:

-É você?

-Eric? – indagou Andrey... – Você cresceu, meu irmão! Mas onde estamos?

-Eu não sei... – murmurou Eric.

Os dois se levantaram e ao mesmo tempo. Foi então que Andrey pensou alto:

-Tenho que voltar! Estou no meio de uma luta!

-Mano...?

Andrey volta seu olhar para seu irmãozinho. Ele o olhava indagoso, e meio triste... Por fim, Eric falou:

-Eu desmaiei... A Elza, irmã de Libra me puxava para um lugar e exagerei.

Andrey quase voara no pescoço do irmão gêmeo.

-Seu louco, você quer morrer? E a sua doença?

-Nas cartas, você me dizia o que é cosmo... – murmurou Eric, desconversando. – Elza me disse de um tal Kanon, que eu pago pelos crimes dele... Se eu usar o meu cosmo para te ajudar nessa batalha?

-Você não sabe c-... – disse Andrey.

-Sigo minha intuição... Mano...

Andrey se espantou com a frase de Eric. Fora sempre mais fraco e simples... Agora parecia mais decidido. Queria voltar e ver o irmão pessoalmente. O laço deles dois crescia e o salvava. E Gêmeos sentiu o cosmo de Eric.

-Mano... Lute, que nos veremos em breve!

A imagem de Eric se desfez...

A armadura de Gêmeos se soltou do corpo de Andrey. A eterna roupa moderna colada, coberta por um guarda-pó de Andrey surgiu. Misa sentia suar frio e via-se perdida...

-Mas... o que...?

Andrey permanecia numa expressão fria incomum dele. Ele ergueu a cabeça e bradou:

-Meu irmão me salvou!

Misa o olhou sem entender. E gritou:

-Impossível! Aquele fraco!

-Meu irmão também é um cavaleiro de Atena! Ele sabia indiretamente e me ajudou... E o cosmo adormecido dele está aqui, flutuando por este salão!

Ao dizer isso, Misa sentiu mais um cosmo ali... E o corpo arrepiou!

-É mentira... Não... aquele fraco nerd! – murmurava desconcertada a amazona.

-VOU LHE MOSTRAR TODA A VERDADE! – gritou Andrey fazendo seu cosmo crescer, junto do de Eric.

-PARE, VOU TE DETER: SOPRO ESTRELAR!

-EXPLOSÃO GALACTICA!!!!!!!!

Houve um grande choque dos poderes dos dois guerreiros. A armadura de Misa se quebrou por completo e por fim vários ferimentos surgiram.

-Seu... Idiota...

Misa caiu inerte e sem vida. Andrey a olhava com desprezo, enquanto arfava. Por fim, também tombou, exausto.

-Cosmo...

Eu me ouvia murmurar aquelas palavras... Vi meu irmão, eu tinha visto! Estava feliz, mas enxerguei a luz do sol poente e o rosto angelical de Elza.

-Vamos! – disse ela firmemente.

-Onde, você não me disse... – murmurei.

Ela fez uma pausa enquanto me erguia novamente e sem me olhar disse:

-Para os domínios de Perséfone... Temos que ajudar os cavaleiros... E só você pode.

Eu estava sem entender. Muita coisa girava em minha cabeça. Kanon... Saga... Cosmo... Crimes... As palavras dançavam ante meu devaneio sonoro. Mal compreendia tudo. Eram palavras meio que doloridas... Eu não sabia se meu irmão agora estava vivo.

-Andrey está vivo? – indaguei, mas foi mais um pensamento.

-Está, eu sinto o cosmo dele... – respondeu Elza. – Você ainda não sabe... em poucos minutos saberá...

Avistamos um portal enorme. E seguindo Elza, corri o Maximo que podia até lá.

-É o último Baralho... – murmurou Mushu. – O Sol...

-Deve ser a mais poderosa amazona de todas... – comentou Li.

Gibson nada falava. Só angustia o dominava. Ricky falou:

-Não...

Silêncio geral. Ricky era dono de uma percepção incrível do mundo a sua volta. Sentimos a brisa roças nos cabelos. E os de Ricky, ouro-amarelado, parecia um capacete natural de sua armadura. E a esmeraldas em seus olhos um mar de força.

-A mais poderosa é a Andréa... Afinal, não seria a sacerdotisa da Perséfone à toa...

Voltamos a correr, rumo ao nosso destino.

Continua...


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