1 - A garota da espada (少女の剣)

Fazia longos anos que eu não pisava em solo francês. Vivi longos anos na Rússia, mas com pai francês, posso voltar quando quisesse para a França. Fui selecionada para estudar no Colégio Saint, bancado por uma tal Fundação Kido. Mamãe insistiu para que eu fosse e ela, separada de papai, deixou que eu vivesse com ele.

Me chamo Anastasia Bardot, tenho 15 anos. Gosto de desenhos, dentre os quais, me inspirei na força de Utena Tenjou. Em minha antiga escola, treinei esgrima e eu adoro esgrima!

–É a senhorita Bardot...

–Pois é, me parece que ela quer desafiar o líder Gèmmènè.

–O quê? O Líder do clube de esgrima?

Múrmurios assim ficaram comuns desde que Gèmmènè esmurrou o rosto de uma filha de empregados do Colégio, a Kaname Reiou. Aquilo me enfureceu deveras, eu tinha de desafiá-lo e honrar a jovem menina.

A desculpa daquele infeliz foi que ela não passava de uma bolsista ordinária. Aquilo me irritou mais ainda. E hoje é o combate.

Mas os murmúrios dos alunos no refeitório me deixavam com vontade de sacar minha espada e começar a luta contra aqueles mesquinhos e medrosos corruptos. Turma de puxa-saco de Gèmmènè...

Eu estou apenas esperando dar hora, mas é bom ocupar a cabeça. Abri o caderno e comecei a fazer a lição. Então vi algo no fundo da minha mochila cintilar brevemente. Não sei o que seria, por mais que eu seja esgrimista, não tem como eu andar com espada dentro da mochila (mas eu andava sempre que podia com uma embainhada na cintura). Também nada tenho de metálico que poderia cintilar dentro da bolsa.

Foi uma surpresa eu ver que aquilo que brilhava era um anel dourado com um estranho símbolo gravado ali. Pareciam ondinhas retas. Fiquei emburrada, afinal, odeio aneis, brinquinhos. Certamente algum seguidor de Gèmmènè enfiou ali para me irritar. Peguei o anel e taquei na parede, furiosa.

Abri o caderno, olhando para a parede e quando olhei para o caderno, lá estava o anel de novo. O encarei, sem nada entender até enfurescer de novo e joga-lo mais uma vez. Então guardei o caderno. Iria para a biblioteca e quando me dei conta o anel estava.... no meu dedo!

Eu simplesmente fui ao meu armário, joguei a mochila lá dentro e peguei minha espada de estimação. E já que o maldito aro dourado fincou no meu dedo, só me restava fazer uns cortes em Gèmmènè para descontar minha raiva.

Eu virei a parede do prédio escolar do lado de fora, rumo a quadra aberta, quando me deparei com um jovem ruivo de olhos azuis. Ele parecia trajar um uniforme digno de principe... Ou de militar da época da Revolução. Sua pele alva contrastando com aquele cabelo em chamas me chamou a atenção. Ele me olhou, seus olhos pareciam ter algum interesse, mas me sugeriam frieza. Ele fechou os olhos e saiu andando. E eu apenas o segui com meu olhos.

–Está pronta para ser derrotada, pirralha russa?

O altivo e arrogante líder do clube de esgrima me olhava com desdém, portando sua espada. Eu não me deixei levar pelo que ele queria me passar.

–Proponho algo para este duelo, já que chutar sua bunda não seria o suficiente. - disse, tão altiva quanto ele.

Ele sorriu e até lambeuos beiços.

–Claro, russa, vamos ver que tempero dará esse duelo sem sal.

–Se perder, dará tua liderança para mim...

–Certo, se você perder, russinha, será minha boneca por uma semana.

Vi seus olhos faíscarem de um prazer nojento e me coloquei em pose.

–EM GUARDA!

Mal disse as palavras e ele investiu contra mim,o qual revidei com facilidade. Percebi que tinhamos nível igual, talvez o fato de eu ser mulher me punha numa ligeira desvantagem sobre a força masculina. Esquivei-me e me pus em ataque pela primeira vez, com minha espada na altura da cintura e um pouco atrás de meu corpo. Ele me bloqueou e girou o corpo, me desequilibrando e cai por chão.

Certamente ele me poria em xeque, se eu não me defendesse a tempo. E alí ficamos medindo força, enquanto ele ria e me saboreava com os olhos.

Eu não queria perder... Não podia perder...

E sentia uma leve brisa refrescante, meu corpo quente... Eu não vou perder!

Durante a inspeção, Shun e Hyoga estavam passando próximos a quadra quando sentiram um cosmo que pareciam-lhe conhecido. Mas misturado a um desconhecido. Se aproximaram e perguntaram pela confusão que estava instalada ali.

–Ah, é um duelo da novata russa com o líder do clube de esgrima.

–Hyoga, olhe na mão dela!

–É um anel dourado. Ela foi uma das escolhidas?

Eu vi uma mão segurar a minha, um toque gélido e carinhoso. Aquele Ouji que só eu via,estava ali. Seu semblante sereno de alguma forma me deu forças. Me ergui de súbito e o empurrei, investindo contra ele. Nossas espadas se chocaram mais uma vez e como se tudo fosse um flash, um das espadas voou e a vencedora se pos ameaçadoramente em frente ao pescoço do duelista derrotado.

Gèmmènè tremia, assustado, buscando pela espada imaginária, sentindo o arranhão que minha espada fizera em seu pescoço.

–Agora, eu sou a líder do clube de esgrima. Retira tuas coisas, medroso. Acha mesmo que vou te matar? - e ri debochadamente, vendo que aquele arrogante de meia tigela urinava-se de medo. O riso foi seguido dos demais membros, que sussurravam entre si o “fim da era de humilhações”.

–Viva Anastasia Bardot!!!

Dei minhas costas e sai, triunfante e meu olhar cruzou com Kaname Reiou, um olhar tímido de cordeiro. Ela saiu correndo em direção a outros dois estrangeiros: umloiro e outro japonês com cabelos chocolate. E senti que seus olhares eram levemente direcionados a mim. Apenas os ignorei e segui meu rumo: os armários e casa.