Borboletas escrita por Catriona


Capítulo 1
OneShot


Notas iniciais do capítulo

Olá, está é minha primeira postagem no Nyah, embora eu não seja nova por aqui, sempre li bastante das fics, agora finalmente escrevi algo que talvez mereça ser postado aqui.
Eu espero que gostem.
Boa leitura.



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A mão já estava cheia de calor de tanto segurar o cabo daquela rede. Deveras eu a empunhava firme, como se me fosse a arrancar. Não iriam, porque não havia ninguém mais ali. Apenas eu, no meio de um imenso campo de trigo, eu acho que era trigo. No horizonte o amarelo da plantação se unia numa perfeita linha ao céu, que era tão claro que me doía os olhos.
Corria de um lado para o outro atrás daquelas borboletas ariscas. A esta altura já devia ter apanhado algumas, ainda tinha poucas. Não estava satisfeito nem de longe, porque as que eu desejava com toda a minha ambição de infante guloso, eram aquelas enormes e multicoloridas borboletas. As que estavam no pode, batendo as asas sem parar, em meio a tantas outras iguais num minúsculo espaço, eram todas opacas e pequeninas.
Não importava o quando eu corresse, pulasse e armasse planos e arapucas, eu não conseguia pegá-las. Me via indignado com tal situação. Como criaturas tão pequenas e frágeis conseguiam me passar para trás daquele jeito? Quando dava mais fôlego, envolvia alguma naquela redinha, eram daquelas miúdas e sem graça, que só serviam para me cansar mais ainda.
O sol estava a pico, eu sentia a boca seca, mas eu me obrigava a permanecer ali, observando e buscando meu objetivo exaustivamente. Não importava o quanto suado e dolorido estivesse. Ir até em casa, mesmo que para tomar um gole d’água e depois voltar, não era uma opção. Tinhas em mente que elas fugiriam, quando voltasse estariam tão distantes que eu nunca mais as veria.
Mas as pernas falharam e eu caí deitado, ofegando tão forte que o pulmão chegava a doer. O coração eu conseguia escutar batendo, ia desacelerando pouco a pouco. Me deixei ficar ali, espichado num montinho de trigo amassado. Eu só via o céu, sem nuvens vez pó outra alguma daquelas borboletas perfeitas me sobrevoando, era um alivio vê-las ainda ali. Pensamento que foi acompanhado por um profundo suspiro.
Quando me pus de pé o céu estava nublado, e fortes ventos gélidos esvoaçavam-me. O pote com as borboletas não estava mais ali, então eu poderia ter soltado fogo pelas ventas aquela hora. Corri para todo canto procurando o pode de vidro com as borboletas. Não achei nem pode nem borboleta alguma, solta ou presa.
Tinha sido um vacilo imperdoável da minha parte, eu sabia que elas fugiriam, mas não que levariam as colegas prisioneiras consigo. Não havia mais o que ser feito. Talvez voltando outro dia, poderia ter mais sorte para pegar aquelas borboletas grandes e bonitas.
Respirei fundo novamente, dando uma ultima vista para o campo, agora escura, estava quase chovendo. Foi então que vi vindo lá do começo dos trigos uma meninazinha que devia ser da minha idade, e ela estava com o meu pode na mão! Ladrazinha! Pensei afoito, meti a correr atrás dela. E como corria, eu já estava ficando sem fôlego e ela corria a toda forma, desisti. Parei e me inclinei apoiando as mãos nos joelhos. Ela então parou e virou-se para mim.
Logo pude ver seu rosto, era linda, mas de algum jeito eu já sabia disso, permanecia ali, olhando-a, como que preso. Ela ria como nunca mais fosse parar, um riso estranho e esgoelado que me fez rir junto.
Quando paramos, ao mesmo tempo, ela me olhou ainda sorrindo e me estendeu o pote de vidro, eu tentei pegá-lo mas ela voltou a puxá-lo, rindo ainda mais e eu já ficava afobado.
-Pegou muitas! –disse ela observando as borboletas pelo vidro.
-Peguei mesmo, mas essas aí não são as que eu quero pegar...
-Não? E quais são as que quer?
-Aquelas grandes, cheias de cores extravagantes, não consegui pegar nenhuma.
-Como não? Essas aqui são enormes e coloridas!
Me pus a olhar novamente as borboletas no pote, elas pareciam idênticas, pequenas e sem enfeite.
-Está louca! –vociferei confuso.
-Tu que está! Olhe só... –e abriu a tampa do vidro, as borboletas saíram uma por uma lentamente, e iam surgindo magníficas borboletas de todos os tipos, como uma bela pintura antiga.
-Não sei se entendi... –cocei a nuca, as borboletas me rodeavam.
-Entendeu sim! Veja quantas! São lindas!
-É, elas são, mas agora não tenho nenhuma!
-Tem sim... –ela segurou minha mão delicadamente, meus olhos brilharam ao olhar novamente aquela face, a mais bela de todas, se iluminando tão perto de mim.
Toquei aquela borboleta e sorri.


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Notas finais do capítulo

E então? Mereço reviews? Desde já obrigado.
Planejo postar mais coisinhas em breve... õ/



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