Homens Al Dente escrita por PAMS


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura...



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Heidi estava na cozinha quando ela entrou naquela casa.

- Olá – gritou Heidi e acenou-lhe. – Estou a cozinhar um banquete para nós. Um prato muito especial! – e, com a mão enfarinhada, ergue no ar um livro de cozinha desconjuntado.

-É da minha mãezinha alemã! Vais gostar!

Bella não tinha tanta certeza, mas acenou alegremente.

-Óptimo! Então o que vai ser?

- «Dämpfnaddeln»1*, aqui está! – Voltou o olhar com atenção para o livro e repetiu: - Dämpfnaddeln! – De seguida olhou-a e piscou-lhe um olho. – Uma antiga especialidade tradicional da Baviera! Tu já sabes, a minha mãe era da Alta Baviera!

Bella despiu o casaco e aproximou-se.

- E o que é isso? – perguntou e olhou para o livro, para a passagem onde Heidi pousara o dedo indicador.

- Dämpfnaddeln! – leu e riu-se. A forma como Heidi pronunciara a palavra já era por si só. Mas Dämpfnaddeln um banquete? – Great! – comentou com paixão. – Posso dar uma ajuda?

Heidi metera as mãos na massa e trabalhava-a, massa e trabalhava-a, mas esta parecia demasiado grumosa. Bella puxou para si o livro de culinária. «Ao amassar, vá acrescentando leite morno até que a massa com fermento de padeiro se solta facilmente das bordas da tigela, leu alto e traduziu de imediato. Olhou à volta.

- Milk? – perguntou e Heidi apontou com o queixo na direcção do frigorifico.

- Okay, let’s do this together, that will be much more fun.2*

Afinal, cozinhar em conjunto também era uma forma de divertimento. E de facto, gradualmente deixou Bella entregue aos cozinhados e foi buscar duas taças de champanhe. Depois contou-lhe que receava que a filha, Louisa, se apaixonasse na Europa e não voltasse mais. Ficaria ali completamente só. E ainda por cima Itália, famosa pelos seus homens sedutores.

Bella sorriu. Achava que Edward era mais um amor do que um sedutor. Sedutor soava-lhe mais a carro desportivo e a conquistador, viril, de cabelo penteado para trás. Nada mais ocorria a Bella.

- E o que é isso, face ao amor? – questionou Heidi das profundezas da alma e Bella teve que engolir em seco. Então o seu pressentimento estava certo: Heidi não era feliz. A mãe de Bella fora abandonada pelo pai e depois refizera a vida…, mas seria feliz agora?

O que era fundamental para ser feliz? O cérebro de Bella disparou a alta velocidade. De que se devia proteger? O que era importante?

Não sabia, mas os trinta minutos necessários para a massa levedar já tinham terminado. Foi buscar a tigela posta de parte e verificaram que a massa crescera a olhos vistos.

- Fantástico! – animou-se. E, enquanto alinhava as bolas de massa umas ao lado das outras sobre o pírex coberto untado, Bella reflectia sobre o seu próprio futuro.

Louisa é que tinha sorte. Estava no lugar para onde Bella queira ir. Mas seria mesmo isso? Queria realmente ir para Itália? Para junto de Edward? Não era um bocadinho cedo para pensar nisso? E afinal tinham um sexo arrebatador, riam-se juntos, o tempo com ele passara a voar. Mas isso levava-os a algum lado? E, em caso afirmativo, aonde?

- What are you thinking about? 3*

- Pensava que em breve termina a minha estadia aqui – disse e brindou com Heidi – e que isso me entristece!

Heidi abraçou-a. Nunca o fizera.

- Vamos lá ver como estão as nossas «Dämpfnaddeln» - disse e Heidi alegrou-se.

- Vai ser uma grande festa hoje à noite! – riu.

Bella não tinha tanta certeza. Tão cedo Eric não chegaria a casa e não sabia se Edward se sentiria bem ali. Alem disso, queria festejar com ele, mas a sós. Mas afinal o que havia para festejar? Nada, na verdade. 

Edward chegou quando em toda a casa pairava um perfume sedutor. Achou sublime que Bella tivesse cozinhado e instalou-se logo na cozinha. Edward sentia-se como um peixe na água. Foi buscar um prato à mesa que já estava posta, serviu-se de uma bola a vapor bem dourada e regou-a generosamente com molho de baunilha.

Bella observava-o estupefacta. E Heidi também estava manifestamente rejuvenescida. Bella sentiu-se como num filme. Duas almas gémeas. Assim que Heidi mencionou que pintava, Edward explodiu numa manifestação de vivo entusiasmo. Falava de obras de arte de Itália, dos antigos mestres, das galerias e, acima de tudo, da cozinha. Já alguma vez estivera em Itália e saboreara a verdadeira cozinha italiana?

- Eu também não – respondeu Bella e Marco sorriu-lhe.

- Mas ainda vais ter a oportunidade de ver tudo – disse ele, o que tranquilizou Bela, já temia que ele convidasse Heidi em vez dela. Nunca se sabe – embora Heidi já tivesse cinquenta anos, continuava uma mulher atraente.  

Bella mostrou-se amável, mas, na verdade, a situação não lhe agradava, por isso, passada uma hora, sugeriu irem por fim ate ao centro da cidade. Edward não ficou muito entusiasmado com a ideia, para mais Heidi acabava de propor que abrissem um bom vinho tinto.

Edward concordou e beliscou a nádega de Bella.

- Yeah! – disse. – E que tipo de vinho tem?

- Todos do Canada – anunciou e levantou uma garrafa atrás da outra e a voz exprimia orgulho. – E todos de Ontário. Um Cabernet Sauvignon, um Merlot e um Pinot Noir! – sorriu para Bella com alegria. – Agora decidam-se!

- O Cabernet Sauvignon – ouviu Edward responder. – Não é, Bella?

Ela contemplou o rótulo da garrafa. Então está bem, um Cabernet Sauvignon será.

- Já alguma vez provou um Sassicaia da Toscânia? – perguntou Edward a Heidi, enquanto tirava a garrafa da mão de Bella.

Bella disse que não com a cabeça e Edward deu um estalo com a língua.

- O Sassicaia de 85 chega a alcançar preços na ordem dos quatro dígitos. – riu com ar de troça. – Euros. Não dólares!

Bella também riu e entregou o saca-rolhas.

- Com uma verba de quatro dígitos eu iria viajar, não comprava vinho!

- Ate Itália e aí beberia um delicioso vinho regional!

- Exactamente!

- Tiveste mesmo muita sorte em ficar aqui! – disse-lhe Edward inesperadamente – Invejável! Se soubesse, já tinha cá vindo!

- Sim, que pena! – apoiou Heidi.

- É mesmo uma pena! – disse Bella, mas ninguém pareceu notar o seu tom de ironia.


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Notas finais do capítulo

1-Dampfnudeln- Bolas a vapor, pastelaria típica da Alta Baviera e Áustria, confeccionada com fermento de padeiro, farinha, margarina, ovos, cozidas a vapor num recipiente tapado. pode ser servido com molho de baunilha ou com chucrute.
2-Em inglês no original: -Está bem, vamos cozinhar juntas, será muito mais divertido!
3-Em inglês no original: -Em que estás a pensar?
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BjOs
Patrícia