Era noite, a escuridão caia pelos vidros do meu carro, eu dirigia numa estrada escorregadia das chuvas que ali passaram, estava indo pra casa.

    Hoje era meu aniversário, mas nem ligava muito pra isso, gostava mesmo de observar as coisas: era bom ouvir ruídos daquela cidade pequena. Conhecia praticamente todas as pessoas que freqüentavam a praça no meio da vila, era bom fazer isso. Eu gostava.

    Morava com meu namorado havia três anos, sempre partilhando as novidades e as alegrias. Apesar de ser companheiro em tudo, ele era observador como eu. Às vezes ficávamos nos encarando por um longo tempo, sem dizer absolutamente nada, só sorríamos.

    Chegando em casa, percebi o silêncio que rodeava aquela sala, ouvi um coro de “surpresa” e de trás dos esconderijos, saíram meus amigos e familiares comentando sobre a festa. Avistei River conversando com minha mãe sobre algo que não pude ouvir. E fiquei feliz ao encontrar meu pai, desde pequeno ele nunca gostou de festas, mas disse que essa era especial e depois, ficamos conversando sobre trabalho.

    Depois de cortar o bolo, River me puxou para um canto, dizendo que precisávamos conversar, depois ficou me observando por um tempo e pediu que eu olhasse para a estante atrás de mim, não sei por que, mas obedeci insatisfeita por não entender o que queria. E quando me virei para encará-lo pedindo explicações, um anel se encontrava em suas mãos.

    -Quer se casar comigo? – disse.

    E eu só me lembro de sorrir.