A Lovely Bitch escrita por leiiia


Capítulo 1
a lovely bitch




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Naquele jeito único eu o via passar uma imagem de bom moço, exagerado, mas eficiente. Como uma boa farsa era difícil de distinguir onde era o começo da sua verdade. No olhar transmitia uma segurança digna de um soberano. Controlador. Ele aprendeu a controlar-se antes que o fizessem. Serenidade era apenas a sua máscara mais usada, todos os dias havia uma nova para utilizar, entre tantas a de indiferença sempre lhe caia tão bem...

Ele não se importava com as pessoas ao seu redor ou credos. Era apenas alguém sem grandes feitos sociais, com uma reputação exemplar e beleza invejável, era errado demais com pensamentos hostis que não combinavam com o rosto angelical que tinha.

Se perguntassem para ele qual a cor do céu ele diria uma cor qualquer e que não seria a certa. O seu papel era confundir, enganar e fazer qualquer um que encontrasse perder a linha e a noção da realidade em seus olhos indecifráveis.

Itachi era o tipo de pessoa que pensamos jamais encontrar na vida, um molde tão confuso que fica entre a comédia e a tragédia, um pouco de cada para atiçar qualquer desejo de quem o conhecer... Ele manobra os outros por puro prazer... Era mesmo uma cadela!

Não gostei dele a primeira vista, e ainda não gosto. É arrogante e trata todos com uma superioridade infernal, o que custa ser mais humilde garoto?  Tua língua vai cair fora se for um pouco mais manso quando falar? Muitas questões sobre ele... E nenhuma resposta.

Tinha pensamentos fortes e idéias que defendia, era inconstante e a todo momento mudava... Pra pior. A sexualidade era um de seus trunfos, usava muito bem, era bonito e esbanjava como podia ser intimidador e provocante.

Era natural como ele sorria de forma má, um conjunto de maldade por assim dizer... Que nunca se importou com nada além de sua cabeça louca, dizia coisas e as fazia. Tinha personalidade e também uma força que nunca antes tinha visto. Ele é mesmo  um grande desafio ambulante destinado a acabar com a mente dos outros.

Um furacão em forma humana que acabou com tudo o que eu pensava quando o encontrei. Então eu pensei... Bem... Dane-se! Aquela marra não dura para sempre! É... Fui idiota! Toda aquela reviravolta masculina era mesmo parte dele.

Ele era meio infiel com pessoas, para não dizer logo completamente, ele honrava somente os próprios princípios e regras. Era um garoto sem medo e com a coragem que por Deus! Ele nunca iria fraquejar?!

Aquele olhar feroz era típico dele. Toda a seriedade e os muros de concreto que definiam seu humor pesado. Sempre na medida do possível ele procurava alguma desgraça para provocar... Eu via, eu sentia.

Alguém que era tão rebelde chegava a ser sujo.

Todos os dias eu o via atravessar a rua, se sentar em um banco da praça e ficar por ali mesmo. Sozinho. Observando crianças, adultos e todos os sentimentos que pudesse captar ao redor para depois poder usar em sua própria vida. Ele não sabia que eu já tinha decifrado seu maior golpe.

Funcionava assim mesmo, sem maiores complicações, sentava flertava com o ar e cuspia desentendimento vendo ao seu redor todas as relações que pudesse conferir. Itachi via através dos outros, sentia e amava também. Também amava, não adiantava negar.

Depois abaixava os olhos para o próprio tênis, tentando ver no all star negro a resposta por ter nascido tão “estranho”. Assim era a sua rotina todas as manhãs de sábado, ele sempre passava despercebido... Mentira! Ele nunca passava por despercebido. Alguns se negavam a ver como era e outros não conseguiam sequer tentar.

Por muito tempo me perguntei o que ele pensava, se é que pensava em algo quando estava ali, sendo movido à alegria e tristeza algo devia sempre surgir na mente. Confesso que em minhas observações jamais o vi chorar... Também jamais o vi sorrir abertamente.

Parecia uma sinfonia calada e séria que nunca estava disposta a ser desvendada, eu tentei e não consegui. Então segui num mar de tentativas cujos resultados não foram dos melhores... Sequer houve resultados.

Passei a chegar mais perto ao longo dos dias, passei diante dele diversas vezes e fingiu sequer me notar. E eu pensei que porra era aquela de estar tentado falar com um menino que nunca havia dirigido a palavra a mim...

Por provocação sentei ao seu lado em um sábado qualquer, olhou em meus olhos negros e tentou me intimidar como sempre fazia. Aquele moreno sempre queria arrancar algo de alguém, abaixo da pele de cordeiro existia um lobo feroz... Eu não confiava nele. Não confio em vadias.

Ficamos calados, eu comecei a emanar uma áurea pesada que combinava com a dele. Levou a mão ao colar no pescoço, balando o adereço uma vez, estava irritado. Itachi não acreditou que o observador inútil dele era admirador nato que o conhecia bem mais do que aparentava.

Perguntei o que estava fazendo ali, ele não respondeu, pra ser sincero acho que ele jamais soube o que fazia naquele lugar. Eu só queria que ele ficasse mudo, para eu poder pensar em algo melhor. Uma abordagem mais decente.

Itachi era um ator que nunca concordava com o roteiro da vida, quebrava o que achava certo e quem achasse correto. Destemido, não tinha medo ou receio, depois de tanto tempo convencendo-se de que era um monstro acabou se tornando um. Uma besta infantil que não sabia com quem estava brincando agora.

Eu sabia que ele era uma vagabunda atípica. Dava o prazer que desejavam por meio de gestos, palavras ou olhares em troca de preciosos sentimentos para se manter vivo. Era tudo um negócio comum, normal demais ser tão automático, pensar e depois agir. Primeiro racionalizar e depois sentir.

- Bela moto Madara... – Comentou ao virar para ver a minha Harley Davidson nova. E aquela simples frase inocente era na verdade um pedido para levá-lo para casa, ou uma feroz tentativa de fazer eu me afastar e ir embora o achando interesseiro.

Para ele as duas alternativas caiam bem. Pra mim nenhuma delas iria resultar algo bom. Abri um sorriso encarando o rapaz ao meu lado, não ia cair nas artimanhas dele. Não. Itachi era a obra mais cobiçosa que eu admirava e já o havia estudado o suficiente.

- Belo traseiro. – Disse vendo ele ficar um pouco surpreso, ser direto não funcionava com uma pessoa tão indireta como ele. Falsamente direto, segundo sua própria definição.

- Não tem nada melhor para dizer? – Questionou incisivo.

- Se os mortos falassem contariam mentiras no Halloween. – Ele me olhou constatando que eu havia mexido em sua mente, lendo seus sentimentos mais profundos e vendo que existiam concerteza.

Joguei a chave da moto em sua direção e ele a agarrou com força. Levantou e eu o segui. Autoritário como era gostava de se sentir no comando... Era obcecado com isso.

Ser uma vadia como ele sempre foi mais além do que ser simplesmente vulgar. Sua mente era suja por pensar em coisas perigosas e perturbadoras e ser alguém cuja coragem era maior do que a maioria assim como os princípios de lealdade que mantinha consigo mesmo.

Imoral demais para os outros e puro em minhas mãos. Ele se convertia em algo bom comigo... Nunca fomos totalmente ruins. Meu primo estava longe de ser algo definível, sendo tão bizarro e sedutor me fazia querer experimentar como ele seria na cama... Novamente.

Vadias sempre são vadias e Itachi... Era a minha cadela.


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