Ações e Reações escrita por Seto Scorpyos


Capítulo 2
Reações




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-YYYUUUU!!!! SOCORRO!!!

O grito de Uruha fez Aoi cair da cama. Acordou assustado, tropeçando nos lençóis caídos, derrubando travesseiros. Depois de alguma confusão, o moreno conseguiu se desvencilhar daquilo tudo e correr desesperado pela porta.

Atravessou o corredor, gritando pelo namorado.

- URUHA CADÊ VOCÊ? ONDE ESTÁ? – olhou em volta, procurando.

- Yuuu... – Aoi virou-se. Cozinha.

Em dois passos estava na entrada da cozinha. Arregalou os olhos. Uruha estava em cima do balcão, com os olhos arregalados e quase chorando.

- Uruha, amor, o que houve? – perguntou, aproximando-se.

Uruha levantou os olhos para o moreno, com uma expressão de medo.

- Um monstro... – sussurrou, abraçando os joelhos.

- O quê? – Aoi não conseguiu ouvir o namorado – O que disse?

- CUIDADO! AÍ NO CHÃO! – Uruha gritou, tapando o rosto e encolhendo-se todo.

Aoi olhou para o chão, procurando a ameaça imediata. Franziu a testa imediatamente ao identificar porque o loiro estava gritando.

- Uruha, é só uma barata! – disse, incrédulo.

- NÃO É SÓ UMA BARATA! É UM MONSTRO! OLHA SÓ O TAMANHO DISSO! - o loiro gritou, de cima do balcão. – ESTÁ ME AMEAÇANDO! TENTOU ME PEGAR DESPREVENIDO!

Aoi olhou o inseto insignificante e o homem em cima do balcão, avaliando a diferença de tamanho. Abaixou a cabeça, escondendo o sorriso com a mão. Atravessou a cozinha e pegou uma vassoura.

- Pronto, amor! Livrei você da ameaça! – disse, divertido, após assassinar o pobre inseto.

Mordeu o lábio assim que olhou para o namorado. Uruha tinha fechado a cara, fazendo aquele biquinho adorável, mas perigosíssimo de enfrentar.

- Amor... – disse o moreno, aproximando-se.

- Você riu de mim! – o loiro disse, sério. Aoi pôde ver que ele estava com os olhos cheios de água.

- Não é isso, amor! É só que foi um pouco ridículo...

- Ridículo? – Uruha olhou para ele, chocado. Os bonitos olhos castanhos arregalados – Agora o meu medo é ridículo? Tudo bem, nunca mais te incomodo com meus medos.

Com um salto gracioso, desceu do balcão e correu para o quarto, trancando-se, antes que Aoi pudesse fazer qualquer coisa para impedir. O moreno ficou parado no meio da cozinha, tentando entender a reação do loiro.

- Amor, espera! – correu atrás do loiro. Surpreendeu-se ao ver que a porta estava trancada. – Uru, amor, me deixa explicar... Eu não quis dizer isso... Abre a porta, vai?

- VOCÊ ME CHAMOU DE RIDÍCULO! – Uruha gritou de dentro do quarto – E RIU DE MIM...

- Amor, se acalme e vamos conversar... – Aoi suspirou – Não é para tanto...

- Porque você sempre acha que estou exagerando? – a voz de Uruha era chorosa.

“Droga! Agora ele vai chorar!”Aoi pensou, desanimado.

Nos últimos dias, Uruha estava muito sensível. Chorava por qualquer coisa. Até Reita já o tinha feito chorar, e levado uma bronca fenomenal do vocalista. Aoi não sabia mais o que fazer. Tinha até medo de chegar perto ou de falar alguma coisa, provocando as lágrimas do loiro. Isso sem falar que não tinham se tocado. O loiro não estava muito disposto. Dores de cabeça, crises de choro... Tinham sido dias difíceis e o moreno não fazia a menor idéia do motivo.

- Uru... Por favor, vamos conversar. Eu te levo para tomar sorvete! – ofereceu, tentando fazer o namorado sair.

 

Do outro lado da porta, sentado no chão, Uruha tentava abafar as risadas com a toalha de rosto. Levantou-se e correu para o banheiro, molhou o rosto e bagunçou o cabelo. Respirou fundo diante da porta. Abriu a porta e, enquanto Aoi entrava, virou-se e jogou-se sobre a cama, escondendo o rosto na curva do braço. Sentiu o colchão a seu lado afundar.

- Uru... Eu não queria rir de você. Sério. Me perdoa! – Aoi disse, acariciando o cabelo do loiro. Delicadamente, fez o loiro sentar-se e ergueu o rosto dele, segurando o queixo. Limpou as lágrimas, colocando o cabelo atrás da orelha – Por favor, amor... Eu te amo!

Segurou o rosto de Uruha, beijando delicadamente os lábios macios.

- Eu ia te fazer um café da manhã... – disse o loiro, baixinho, a voz falhando – Aí ela chegou por trás e me assustou...

- Tudo bem, Uru. Podemos fazer outro dia... – o moreno disse, abraçando o guitarrista mais jovem - Quer tomar banho comigo? – perguntou, baixinho.

Uruha sorriu.

- Quero. – respondeu, erguendo o rosto e encarando o moreno.

Aoi inclinou-se, tomando os lábios de Uruha num beijo carinhoso. Explorou a boca do outro delicadamente. Encerrou o beijo e sorriu.

- Vem. – disse, puxando o loiro para seus braços.

Uruha seguiu-o, deixando-se abraçar e guiar para o banheiro. Aoi o abraçou por trás, beijando o pescoço alvo e roçando o corpo no dele.

- Estou com tanta saudade... – sussurrou, malicioso.

- Pensei que quisesse tomar banho. – a voz de Uruha tinha uma ponta de decepção.

O moreno rolou os olhos e se estapeou mentalmente. Mais problemas.

 

****

 

Reita se mexeu, tentando abrir os olhos. Tateou em volta, procurando o corpo quente que deveria estar ali. Sentou-se na cama, espantando o resto do sono, espreguiçou-se, esticando o corpo. Levantou-se, saindo do quarto, abraçando o próprio corpo. Usava apenas uma calça de moletom leve.

- Chibi? – chamou, olhando em volta.

- Aqui, amor! – a voz profunda do vocalista veio da sala.

Reita entrou na sala, estranhando ao ver o vocalista de roupão.

- Ruki?

O vocalista ergueu o rosto e Reita arregalou os olhos.

- O QUE É ISSO? – o baixista recuou, assustado com a aparência do namorado.

- Amor, o que está fazendo? – Ruki perguntou, erguendo-se.

- O-O que é isso em você?

- Ah, isso! É só um creme para pele! – disse, calmamente.

Reita estava abismado. Ruki estava com um roupão xadrez e os cabelos, seguro por grampinhos estranhos. E todo o seu rosto estava coberto por uma pasta verde brilhante, com aspecto pegajoso e repugnante. Além dessa “coisa” no rosto dele, Ruki estava pintando as unhas. Esmalte, algodão e mais um monte de coisas não identificáveis estavam espalhadas pela mesa.

Reita olhava assustado da mesa para Ruki, que tinha voltado ao que estava fazendo antes. O baixista notou que o pequeno estava usando uma cor vermelho berrante nas unhas.

- Porque está usando isso? – perguntou o baixista, num fio de voz – Você nunca usou...

Ruki, com a cabeça baixa, evitava rir. Era melhor Reita surtar logo, aquela coisa em seu rosto estava começando a coçar.

- Minha pele está seca. Estou hidratando. – respondeu, erguendo o rosto com um sorriso. – E meu beijo?

Reita deu um passo para trás sem notar.

- Beijo?

- É, amor, beijo. – inclinou a cabeça, encarando o outro – O que foi? Porque essa cara?

O baixista não sabia o que responder. Ficou simplesmente parado olhando aquela cena surreal. Não era seu chibi. Ruki nunca tinha feito aquilo antes. Alarmou-se ao ver que ele havia se levantado e caminhava em sua direção. Ele não ia fazer o que achava que ia, ia?

Ruki aproximou-se e ficou na ponta dos pés. O baixista não conseguiu desviar os olhos daquela coisa medonha no rosto do vocalista. Notou que o outro queria um beijo, mas era impossível.

Segurou Ruki pelos braços, impedindo-o.

- Dá para tirar essa meleca do rosto, primeiro? – perguntou, afastando-se.

Arrependeu-se no segundo seguinte. A expressão do vocalista se fechou.

- Está com nojo de mim? – perguntou, afastando-se totalmente.

- Não é isso... – o baixista começou, desviando os olhos.

- Eu aqui tentando ficar mais bonito para você e é isso o que eu recebo em troca... – resmungou, virando-se. Juntou todas as coisas espalhadas pela mesa, com raiva – Não dá realmente para tentar agradar. Sempre tem uma reclamação.

- Eu só disse que... – começou Reita, tentando se defender.

- Não precisa dizer mais nada. Entendi. – disse Ruki, passando por ele e dirigindo-se ao quarto.

Reita suspirou. O vocalista estava meio estressado ultimamente. Tinha crises homéricas de mau humor e nada fazia com que ele parasse aquelas reclamações. Qualquer coisa era o estopim para que começasse a falar. E aquilo era muito cansativo e irritante. Extremamente irritante. Sinceramente, se ele fosse uma garota, diria que estava com TPM.

Olhou a porta do quarto fechada, desanimado. Ainda podia ouvir o vocalista reclamando baixo, resmungando.

Sentou-se no sofá e apoiou a cabeça nas mãos. Seria um longo dia.

 

***

- Mas Kai, meu amor, está tudo bem... – o cantor tentava acalmar seu namorado, que chorava descontrolado.

- Mas tá queimado! – ele disse, inconsolável.

- Podemos tentar de novo! Não fica assim! É só um peixe idiota! – disse, tentando aliviar a situação.

Kai ergueu a cabeça, encarando o cantor ajoelhado à sua frente.

- Está dizendo que o peixe que eu ia fazer para você é idiota? Está dizendo que não sei mais cozinhar? Que sou incapaz? – mais lágrimas.

Miyavi arregalou os olhos.

- Não! Eu não disse isso!

- Disse sim! Você disse!

O baterista tentou se levantar, mas o cantor foi mais rápido e puxou-o para seu colo.

- Eu não disse isso, você está muito sensível, amor.

Kai cruzou os braços, virando o rosto de modo infantil. Miyavi respirou fundo.

- Kami, dá-me paciência! – pediu, baixinho.

- Eu ouvi isso! Quer dizer que eu faço você ficar irritado? Só porque eu quero que nossa casa fique bem arrumada? Só porque quero você sempre lindo?

Miyavi fechou os olhos por alguns segundos.

- Amor, você não precisa lavar, passar e cozinhar para mim. Eu quero ficar com você, namorar e te curtir. – disse, carinhoso, estreitando o baterista nos braços – Mas você sempre tem alguma coisa para fazer... Me entenda, por favor... Eu quero que cozinhe para mim, mas não tem tanta importância quanto você estar a meu lado.

O baterista ficou em silêncio. Miyavi já estava ficando louco com o comportamento de Kai. Assim que chegava, era um tal de lavar louça, fazer o jantar, lavar roupa que deixava o cantor estressado. Quase não tinham tempo para namorar, e o baterista parecia se importar mais com a casa do que com ele.

- Kai... – chamou, baixinho.

- Achei que gostava que eu cuidasse de você. – sua voz tinha um tom magoado.

“Pronto! Agora você magoou ele, seu imbecil!” pensou o cantor.

- E eu gosto, mas quero você ao meu lado, não me servindo.

- Não sou sua empregada! Faço por que gosto. E se você não quer mais que eu faça, era só pedir.

Ficou imóvel no colo do cantor. Miyavi não sabia mais o que dizer. Já tinha considerado que talvez o comportamento dele tivesse algo a ver com aquela noite. Mas Kai não era assim. E gostava de cuidar de todo mundo. A última coisa que queria era vê-lo magoado, mas estava difícil.

 


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