Segredos do Passado escrita por liligi


Capítulo 15
Capítulo 15




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Capítulo XV

Rosaly esperou. Mais do que ela achou que esperaria. Dois meses. Dois meses ela esperava que ele a viesse confrontar, mas ele não apareceu. Claro, as atrocidades continuavam a ser cometidas, apenas ameaças para ela, indiretas.

Ro continuava a treinar, agora não mais sozinha, McGonagall havia se oferecido para ensiná-la melhor. Rosaly, num primeiro momento, declinou a oferta, mas McGonagall não aceitou a negativa.

Flashback

- Escute, Rosaly. – McGonagall disse pacientemente – Você pode ter um bom controle sobre suas habilidades, você precisa de um treinamento adequado. Eu falei com sua avó e ela concorda.

- O que a minha avó pode saber sobre mim? Eu só a vi uma vez na minha vida. – Rosaly disse revirando os olhos.

- Ela não pode lhe forçar a nada, nem eu posso. – Minerva concordou – Mas eu espero que você saiba que não é apenas a sua vida que está em jogo nessa batalha, Rosaly. Se você por acaso não estiver suficientemente preparada muitos inocentes perderão a vida injustamente. E pode ter certeza que alguns desses inocentes serão seus amigos.

Rosaly arregalou os olhos.

- Tanatos irá procurar seu ponto fraco, ele tentará chegar a você de qualquer maneira e o mais provável é que ele use seus amigos como um atalho.

Rosaly bufou. Ela detestava quando ela não tinha razão.

- Tudo bem, McGonagall. Só me diga quando e onde.

Ela suspirou. Ela detestava ter que fazer algo a contragosto, mas ela não queria ser fraca, não queria que seus amigos sofressem por sua culpa. Ela não queria que ninguém mais sofresse por sua culpa.

“Tanatos não matará ninguém mais que eu ame.” – Ela disse segurando o medalhão que ganhara de sua mãe.

Pegou os livros que estava lendo colocando eles dentro de sua mochila e depois subiu para o Salão Comunal. Encontrou Al e Tiago sentados no sofá conversando sobre algo, mas não parou para falar com eles.

- Oi, Rosaly... – Al disse, mas a garota não parou, nem sequer olhou para ele. Ela subiu diretamente para o dormitório feminino.

Ele suspirou pesadamente. Ela estava distante. Não só dele, mas de todos. Isso o estava preocupando extremamente, ela mal falava com eles, e quando falava estava sempre fria, estava sempre lendo algum livro que ela nunca deixava que vissem sobre o que era, e duas vezes durante a semana e no sábado ela saia com McGonagall para alguma coisa que ela também não havia contado a ninguém e nem pretendia. Ele gostaria de entender o que acontecia com ela.

- Nossa, o que a sua namorada tem? – Tiago perguntou.

Alvo jogou uma almofada na cara do irmão e pôs-se de pé.

- Ela não é minha namorada. – Al disse antes de subir para seu próprio dormitório.

XxX

Rosaly certificou-se que não havia ninguém no quarto antes de jogar a mochila no chão e tirar um dos livros que McGonagall havia lhe dado. Através daqueles livros ela poderia conhecer melhor sobre as ninfas, e principalmente sobre a lenda em que Tanatos usou como desculpa para matar sua mãe.

Deitou na cama para ler o penúltimo capítulo de um dos livros, aquele falava mais sobre a história das ninfas: do primeiro soberano ao último. O próximo de sua lista era sobre as lendas, o que mais lhe interessava no momento, embora McGonagall insistisse que ela lesse aqueles sobre as habilidades das ninfas.

Estava tão entretida no livro que não percebeu a porta do quarto fora aberta e uma garota de cabelos cor de fogo havia entrado, Rosaly apenas notou a presença da estranha quando esta pigarreou.

- Rose? – Rosaly disse fechando o livro imediatamente. – O que faz aqui?

- Este também é o meu quarto. – Rose disse, sentando-se em sua cama que ficava do lado direito da cama de Rosaly.

A menina suspirou antes de dizer.

- Alvo está preocupado com você. E pra falar a verdade, todos nós estamos. – Rose disse, mas notou que Rosaly encarava o chão. – Você está estranha de uns tempos pra cá, todos nós gostaríamos saber o que está acontecendo com você.

- O Al que mandou você vir aqui? – Ro perguntou asperamente.

- Não. Eu vim porque eu sou sua amiga, e estou preocupada. Você realmente não quer nos contar o que está acontecendo? Talvez a gente possa ajudar, Ro...

- Desculpe, Rosie, mas vocês não podem me ajudar. Não tem como. E para falar a verdade... – Ela disse se levantando. – Eu não quero contar.

Rosaly não deu espaço para que Rose pudesse retrucar e deixou o quarto, batendo a porta ao passar. Encostou-se na porta e suspirou pesadamente.

“Desculpe, Rosie, mas eu não quero envolver vocês nessa guerra. Eu nunca poderia me perdoar se algo acontecesse a vocês por minha culpa, por eu ser fraca. É melhor assim.” – Ela pensou enquanto deixava algumas lágrimas verterem de seus olhos.

XxX

Elizabeth serviu as taças de cristais com o vinho tinto que havia comprado a pedido de Joseph. Ele parecia muito satisfeito consigo mesmo. Em dois meses já havia assassinado vários trouxas e com isso estava deixando o Ministério da Magia de pernas pro ar. Ele sempre conseguia escapar. Ele conseguiu fazer isso por onze anos, e continuaria a fazer até que exterminasse o Ministério completamente.

Ela não poderia dizer que estava insatisfeita com os feitos de Tanatos, mas ela se preocupava com o fato de que ele talvez estivesse arriscando muito, entretanto, não poderia discutir isso com ele, sabia que ele provavelmente a puniria por falar algo tão ‘bobo’.

Segurou as taças e seguiu para a sala onde Joseph se encontrava, entregando-lhe a taça com o vinho. Joseph tomou a taça e bebericou um pouco da bebida, satisfeito com o sabor. Sob a luz da lareira ele tinha uma aparência ainda mais cadavérica.

- Então, Joseph – Elizabeth disse quebrando o silêncio no cômodo. – Já se passaram dois meses, quando pretende encontrar a garota?

- Muita calma, minha querida. – Joseph disse. – A garota ainda não está pronta.

- Mas eu pensei...

- Os poderes dela ainda não atingiram o auge. – Ele a cortou. Ela sabia que pelo tom que ele havia usado, o assunto morria ali mesmo.

- Okay... – Ela murmurou e tomou um gole do vinho.

- Eu não acho que irá demorar muito. – Ele disse encarando as chamas que trepidavam na lareira.

XxX

Aislyn observava a amiga de longe. Ela não era a mesma de alguns meses atrás, ela podia notar. Talvez ainda fosse, mas estava se esforçando muito para mudar. Isso a preocupava, ela podia sentir algo sombrio nas atitudes da amiga, e não era algo normal. Não para Rosaly, a garota com quem Aislyn sempre se sentiu à vontade quando estava perto.

Deu suspiro pesado e deitou a cabeça na mesa. Eles tinham muito dever de casa antes do Natal, e isso requeria que pesquisassem na biblioteca da escola, mas Aislyn notou que Ro estava passando mais tempo ali do que o necessário.

Ela já havia perguntado por que, mas Ro sempre se esquivava do assunto e ela nunca conseguiu uma resposta concreta, o que era extremamente frustrante, não só para ela, mas como para seus outros amigos também.

- Eu quase não a reconheço mais. – Aislyn murmurou tristemente para o amigo que sentava ao seu lado na mesa.

- Ela anda estranha e eu queria entender isso. – Alvo disse, sua voz tão triste e baixa quanto a de Aislyn. – Eu queria saber qual é o problema para que pudéssemos ajudar.

- Eu também, acredite. – Al disse.

Rosaly estava parada diante de uma enorme estante de livros, ela podia sentir a tristeza que envolvia seus amigos — Seus poderes estavam ficando cada vez mais potentes, ela podia sentir como uma pessoa estava só pelo ar ao redor dela. —, ela sabia que era o motivo de tal tristeza, mas ela não podia a segurança deles, o melhor era se afastar. Ela só esperava que eles a perdoassem quando tudo tivesse acabado.

Encostou a cabeça na madeira da estante e sentiu uma lágrima verter de seus olhos e descer por sua bochecha.

XxX

Não fora difícil sair de fininho da biblioteca. Aislyn e Al estavam tão absorvidos em transcrever o trabalho de Jackson que não notaram quando ela saiu. Claro, ela já havia finalizado o trabalho há dias, mas estar na biblioteca estava se tornando um hábito comum.

Ela passou pelos corredores praticamente vazio e subiu as escadas móveis, indo parar no segundo andar, seu destino final era o banheiro da Murta, queria ficar um pouco sozinha... Ou pelo menos em um lugar em que ninguém a julgaria.

Certificou-se de que ninguém a vira e então adentrou o banheiro. Não demorou para que Murta viesse se certificar de quem estava invadindo seu domínio, sorriu quando viu que era Rosaly.

- Finalmente você resolveu me dar a graça de sua presença. – Murta disse, Ro apenas sorriu amarelado.

- Oi... – Ela disse, em um tom baixo, diferente de seu habitual que era um pouco mais alto.

Ela sentou-se no chão, apoiando as costas na pia.

- O que houve? – Murta perguntou sentindo que havia algo de errado com a garota.

Ro apenas balançou a cabeça negativamente. Não queria falar, e ao mesmo tempo, queria colocar tudo para fora. Era difícil para ela carregar o mundo em suas costas, afinal, ela só tinha onze anos.

- Ro? – Murta se aproximou da menina. – Ro, o que foi?

- Não é nada... – Ela disse encarando o chão.

- Como não é nada? Você tá parecendo alguém que perdeu um parente ou sei lá o que...

- Não é isso.

- Então o que é?

Silêncio.

- Ro? – Murta pressionou.

- É só que ... – Ela disse repentinamente – Eu tenho treinado com a McGonagall quase diariamente minhas habilidades porque meu tio louco voltou e quer me matar e ele pode envolver meus amigos nessa história toda e se eu não for forte o bastante ele vai matá-los e eu não poderia carregar a culpa da morte dos meus amigos, porque seria sim minha culpa, e por causa disso eu estou os afastando e eu posso sentir que eles estão tristes com isso, mas eu não posso contar a eles, eu não quero que eles se envolvam de jeito nenhum com isso. – Ela disse tão depressa que Murta teve que esperar algum tempo para que todas as palavras fizessem sentido.

- Então, eles não sabem que o Tanatos está atrás de você.

Ro negou com a cabeça.

- Você não os contou sobre isso. – Ela negou novamente – Olha, Ro, eu acho que você deveria contar a eles, Principalmente ao Al, eles se preocupam com você, se eles estão tristes é simplesmente porque você está triste.

- Eu não posso contar. – Ela disse, sua expressão era de pura agonia.

- Mas...

- Chega! Não adianta bater na mesma tecla. Eu não posso e não vou contar a eles.

- O que você não vai nos contar?

Ro levantou-se e se virou surpresa na direção da porta apenas para encontrar Al em pé, a encarando com um olhar que ela não pôde definir exatamente o que eles demonstrava — uma mistura de raiva, preocupação e curiosidade, talvez? — e ela não pôde deixar se sentir um arrepio percorrer sua espinha, ele estivera bem perto de saber a verdade que deveria ficar escondida.

- Responda-me, Ro. – Al exigiu.

- Como me achou? – Ela perguntou, desviando o olhar.

- Não é difícil de imaginar onde você foi quando não está em nenhum outro lugar dentro do Castelo. Mas não mude de assunto. – Ele disse enquanto se aproximava dela. – O que você não vai nos contar?

Ela não disse nada. Alvo deu mais alguns passos na direção dela até que restavam poucos centímetros entre eles.

- Rosaly, eu falo sério. O que você não quer nos contar? Por favor, nós precisamos saber. Nós queremos te ajudar, mas você tem que deixar que nós a ajudemos, e vai ser mais fácil se você simplesmente contar o que há de errado.

Ela novamente balançou a cabeça negativamente. Al já estava vendo que provavelmente não conseguiria nada mesmo dela, então resolveu tentar outra forma.

- Murta, o que ela te falou que ela não quer nos falar? – Al perguntou à menina fantasma com um olhar intenso.

- Er... Hum... Eu... Er... – Murta gaguejou nervosa. Ela não podia dizer, isso é uma tarefa de Rosaly dependendo da vontade da garota. E a vontade dela era não contar, então ela não se atreveria a contar – Bom, eu tenho que... Err.... Ver o que eu tinha que fazer com o... Er... Filch... – Ela disse e atravessou o chão indo para o andar de baixo.

Al bufou inconformado. Ele iria conseguir a informação, não importa o quanto tivesse que pressionar Rosaly. Ele se voltou novamente para a amiga, ela observava algum ponto invisível no chão enquanto seus braços estavam ao redor de seu corpo.

- Ro...

- Não, Al... – Ela disse, sua voz era quase um murmuro.

- Diga, por favor.

- Eu não posso. – ela balançou a cabeça efusivamente, e Al logo notou que lágrimas escorriam por suas bochechas rosadas.

Ele se aproximou ainda mais, sentindo um peso em seu coração por aquelas lágrimas, e a abraçou. Não disse nada, apenas deixou que ela chorasse em seu ombro por alguns momentos.

- Eu não posso, eu sinto muito. – Ela murmurou com a voz abafada.

- Por que não?

- Eu não posso... – Ela continuou a repetir.

- Ro...

- Eu não quero que vocês se machuquem. Não insistam, por favor.

- Mas, Ro...

Ela se afastou de Al e secou as lágrimas — tanto de seus olhos quanto de suas bochechas — e encarou Al nos olhos intensamente.

- Por favor, Al. Se eu pudesse eu realmente contaria, mas eu não posso. Não agora. Entenda. Eu não posso contar o que realmente está acontecendo, e isso é para seu próprio bem. Seu e dos outros. Acredite em mim. Confie em mim.

- Eu confio. Nós confiamos. Mas também queremos que você confie em nós. – Ele disse retribuindo o olhar dela igualmente intenso.

Ela se aproximou dele novamente e depositou um beijo em sua bochecha, Al corou com gesto, e depois se afastou.

- Eu confio em vocês mais que tudo. Vocês são meus melhores amigos. E sei que são verdadeiros amigos. Mas isso é algo que eu não posso compartilhar com vocês no momento. – Ela fechou os olhos por dois segundos e depois os abriu novamente. – Eu preciso me afastar um pouco agora, mas não significa que eu os esqueci, ok?

- Ainda sim isso nos preocupa.

Ela sorriu melancolicamente.

- Só lembre de que tudo vai ficar bem.

Ela disse, depois passou por Al e deixou o lugar, não demorou para que o garoto a seguisse. Estavam voltando ao dormitório lado a lado, mas ele podia sentir que havia uma distância enorme entre os dois.

“Por que me parece que tudo não vai ficar bem? Pelo menos não tão bem quanto estava antes. Eu queria saber o que se passa na sua cabeça, Ro, eu realmente queria.” – Al pensou.


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