Hermione continuava sentada no para- peito da janela agora que Gina foi embora ela continuava a pensar como sua amiga tinha razão. Mesmo depois de tanto tempo, da distância que os separavam e de um casamento bem resolvido, de nada mudou seu sentimento para com Draco, ela continuava a amá-lo do mesmo modo, com a mesma intensidade e desejo de oito anos atrás.

“Porque este sentimento não sai de dentro dela?” Era este seu pensamento todas as vezes que olhava para Ron, como ela poderia traí-lo desta maneira, o beijava e dormia com ele todas as noites e não o amava, pelo menos não do jeito que deveria, tinha um carinho imenso por ele, afinal de contas sempre foi seu amigo, seu companheiro e principalmente pai dos seus filhos. Ron era gentil, carinhoso, amava Adara e Noah como se fosse dele e não fazia nenhuma diferença entre eles e Erick, Ron era tudo que qualquer mulher queria, excelente marido, pai amoroso e um excepcional amante, mais não para Hermione para ela só existia um homem que lhe fazia se sentir completa e esse homem era nada menos que: Draco Malfoy, o único em toda a sua vida.

“Estou tão cansada de estar aqui
Reprimida por todos os meus medos infantis
E se você tiver que ir
Eu desejo que você vá logo
Porque sua presença ainda permanece aqui
E isso não vai me deixar em paz”

“Eu preciso esquecê-lo, preciso pensar em tentar amar o Ron”, Hermione repetia isto como se fosse um mantra, sabia que os medos que sentia, a fragilidade na qual se entregava não era bom, desejava do fundo da alma que a lembrança de Draco a deixasse mais era difícil, via em seus filhos uma parte dele, e isto ela sabia não a deixaria em paz.

“Essas feridas parecem não querer cicatrizar
Essa dor é muito real
Isso é simplesmente muito mais do que o tempo não
pode apagar”

Ela sabia que a dor de ser abandonada por seu único e verdadeiro amor não cicatrizaria, não importaria o tempo que passasse, continuaria real e incurável, se ao menos ele ainda a quisesse, ainda a amasse, tudo seria mais fácil, ela balançava a cabeça tentando tirar aqueles pensamentos, pois Ron não merecia aquilo, não merecia a traição, não depois de tudo.

“Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos
Eu segurei a sua mão por todos esses anos
Mas você ainda tem tudo de mim”

Agora grossas lágrimas escorriam pela sua face ao se lembrar de como um dia esteve tão junto a ele o apoiando, mesmo depois de tantos anos ainda em pensamentos queria segurar suas mãos para continuar dando-lhe forças.

Flash Back

Hermione entrou no salão comunal, e não viu Draco o procurou no banheiro mais estava vazio, foi quando chegou perto da porta do quarto do loiro e ouviu um gemido, como se alguém estivesse sofrendo chorando, bateu na porta e o chamou mais ninguém respondeu, resolveu entrar.

-Draco? – chamou com a voz baixa, viu alguém se movimentar em baixo das cobertas e sussurrando palavras inaudíveis, foi andando lentamente até ver Draco se contorcendo, ele estava pálido mais que o normal e tremia compulsivamente, Hermione ficou chocada com a imagem que viu, não parecia em nada àquele jovem bonito e arrogante, estava igual há uma criança que precisava de carinho e atenção. Hermione se aproximou dele e colocando sua mão em sua testa, percebeu que ele ardia em febre, conjurou uma bacia com água e panos e começou a passar o pano molhado na testa do rapaz, fez isso durante aproximadamente uma hora. Não gostava de velo daquele jeito tão vulnerável e indefeso, queria o Malfoy arrogante que a irritava depois a pegava ferozmente e a fazia esquecer porque brigavam, era assim que o queria, ele continuava a delirar palavras incertas, e tremia Hermione estava começando a ficar desesperada, queria ir chamar a enfermeira, na verdade não soube por que o não fez antes. Decidiu que seria melhor chamá-la porque aqueles delírios não eram de uma febre normal, parecia que Draco estava lutando com alguém que só ele via e percebeu que sua marca estava queimando a pele, não pela febre era algo assustado de se ver. Quando ia se levantar sentiu uma mão segurando com força, Draco ainda de olhos fechados disse com um fio de voz que pareceu a castanha quer era com grande dificuldade que ele falava.

-Fique... Eu preciso de você  -  sussurrou o loiro entre gemidos de dor.

Hermione se assustou, tinha certeza que algo sério estava acontecendo, resolveu ficar ali, sentou-se na cama e colocou a cabeça de Draco em seu colo e começou acaricia seus cabelos, enquanto continuava a colocar o pano em sua testa e outro em seu braço onde a marca ardia.

Fim de Flash Back

“Você costumava me cativar
Pela sua luz ressonante
Agora eu estou limitada pela vida que você deixou para trás
Seu rosto assombra
Todos os meus sonhos, que já foram agradáveis
Sua voz expulsou
Toda a sanidade em mim”

Hermione lembrava-se dos momentos por eles vividos, a dança no baile, as noites que passaram juntos somente conversando e trocando delicadas carícias, o riso no qual ela era cativada, a profundidade de seus olhos cinza que pareciam frios, mas para ela transmitiam calor, desejo e amor. Agora ela que era fria, em seus olhos não tinha mais o mesmo brilho, muitos pessoas ali achavam que a guerra que acabara com o brilho de seus belíssimos olhos castanho cor de avelã, muitas vezes ela mesma se enganava com isto, mais não, ela sabia que seu olhar esfriara no dia que ele se foi, no dia que levou junto a ele seus sonhos agradáveis deixando para trás somente a sombra de uma menina que realmente foi feliz um dia.

“Eu tentei com todas as forças dizer a mim mesma que
você se foi
Mas embora você ainda esteja comigo
Eu tenho estado sozinha todo esse tempo”

A garota continuava a chorar agora o que era somente leve lágrimas, se tornaram pesadas como se cada uma fosse um ato desesperado de tirar o peso da culpa, a dor da saudade e o sofrimento de um amor que jamais se tornará real. Hermione soluçava e falava para seu coração como se assim pudesse colocar as palavras que tinha em sua mente nele gravando-as,

“ele não vai mais voltar”, embora mesmo tendo um pedaço dele com ela. Mesmo tendo amigos, marido e filhos ela estava sozinha, com sua dor, com sua mágoa e tristeza, uma máscara ela colocava todos os dias para representar a mãe, a esposa e a mulher perfeita, mais só ela sabia o que seu coração sentia e o que sua mente desejava. E mesmo ela não querendo, se tornou o que mais temia uma cópia perfeita do seu grande amor, uma pessoa sem vida, uma atriz e tudo por causa da solidão.

“Quando você chorou, eu enxuguei todas as suas lágrimas
Quando você gritou, eu lutei contra todos os seus medos
Eu segurei a sua mão por todos esses anos
Mas você ainda tem tudo de mim”