Friendship And Love escrita por GabanaF


Capítulo 8
Capítulo 8




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No quarto havia uma varanda de onde se via toda Las Vegas. Eu e Selena passamos a tarde inteira lá, conversando e comendo pizza, encomendada com o dinheiro que Mary tinha ganhado no cassino.

Miley levantara duas horas depois de mim, animada e pedindo vodka. Como ela e Taylor haviam tomado duas garrafas e eu e Selena uma, só tinha vinho. Decidi por não dar nada para ela, a não ser um bom gole de refrigerante, para ver se ela acalmava os ânimos.

Taylor dormiu até as quatro da tarde, num sono que nem o hard rock de Miley a fazia acordar. Mary chegou uma hora depois, com um sorriso enorme, contando o quanto ela tinha ganhado nos cassinos.

— Mais quatro mil dólares! — exclamou ela.

— Quatro mil dólares?! — gritou Miley, baixando o som. — É muita grana!

— Sete mil? — perguntei, pois Miley não sabia quanto Mary tinha ganhado na noite anterior.

Mary confirmou, dando pulinhos.

— Sete mil pratas?! — Miley gritou mais alto. — Três mil a mais!

— Miles, fale baixo! — sibilou Selena da varanda.

Miley deu de ombros.

— O que estamos esperando? Vamos embora!

— Ela está certa — eu disse.

— Tay ainda está passando mal. — Mary apontou para a porta do banheiro, onde Taylor entrara e não saíra.

— Vamos deixá-la aqui! — exclamou Miley.

— Ficou louca? Somos amigas e amigas não abandonam uma só por que ela está passando mal — falou Selena.

— E ela é a única que sabe dirigir — acrescentei. Sim, apesar de nós termos idade para dirigir, Taylor era a única que passara no teste. Nem quero comentar o que a mulher do departamento de trânsito disse quando apareci lá pela terceira vez.

Taylor saiu do banheiro. Prendemos a respiração.

— Vou ficar bem. Só preciso descansar. — Ela deitou em minha cama. — Só mais um dia... — E começou a roncar.

— Ganhei a aposta — disse Selena.

Fui até a varanda para saber do que ela falava.

— Apostamos quando chegamos aqui, não se lembra? Eu disse três dias, você, dois. Eu ganhei.

— O que você quer como prêmio? — perguntei sentando numa cadeira na frente de Selena.

— Venha comigo para Nova York — pediu ela abertamente.

Encarei seus olhos por um longo minuto. Não estavam mentindo. Talvez Selena estivesse pensando na proposta desde o dia em que seu pai a colocou na faculdade, que iria começar no próximo ano. Eu tinha um ano inteiro para pensar naquilo. Um ano para viajar por todo o mundo.

Um ano sem minha Selly.

Eu não queria ficar sem ela. Nunca. Mas eu também não queria ir para a faculdade. Sim, estudar é necessário, contudo minha carreira não precisa de uma universidade. Ou pelo menos eu acho que não precisa. Eu podia passar o resto da minha vida escrevendo canções ou simplesmente ser mais alguém na Universidade de Nova York, com sua melhor amiga do lado para sempre.

É isso que eu mais odeio no futuro. Escolhas. Escolhas que podem ter fazer a pessoa mais feliz do mundo e escolhas que podem te deixar rico, porém sem ninguém para compartilhar tal riqueza.

Eu não sabia o que dizer. O olhar de Selena era claro sobre mim. O crepúsculo e as luzes de Las Vegas o deixavam vivo. Castanho demais. Entretanto, só ficava nesse tom quando ela chorava. Ou se magoava com alguém que amava.

Demi a magoara. Eu, em outras palavras.

Sem pensar no que fazer, abracei-a.

— Porque você não diz que não quer ir logo? Acaba com meu sofrimento de uma vez só — disse Selena no meu ombro.

— Eu quero... — comecei, mas Selena me interrompeu.

— Não, não quer. Eu conheço você, Demi. Nunca quis realmente ir para a faculdade, você só quer viver.

Levantei do colo dela, as mãos fechadas em punhos.

— Achei que viéssemos à vida para isso — retruquei com frieza.

— Temos obrigações, também.

— Que podemos muito bem burlar. Você mesmo diz que regras são feitas para serem quebradas.

— Nem todas. — Selena evitou meu olhar.

— As da vida real, não é? As que você pode ser presa por não respeitar.

— Não estamos mais no colegial, Demi! — exclamou Selena, levantando. — Aqui também não é a vida de verdade...

— E o que você quer que seja a vida de verdade, Selena?! — gritei para ela, com os braços no ar, exasperada. Taylor e Mary desligaram a TV para escutar. — Ficar sentada dentro de um cubículo, fazer nada e ganhar cinco mil por isso?! Essa é a vida que você quer? Sair do escritório e chegar a casa e ver seu marido gordo e sem emprego e seus filhos com fome porque o cara não sabe cozinhar? Sério, é uma ótima vida.

— É necessidade, Demi! Todos querem que você faça isso!

— Questione o sistema, Selena! — gritei, borbulhando de raiva. — Somos adolescentes, é o que fazemos!

Miley e Mary ficaram no portal da varanda, boquiabertas com a briga. Até eu estava impressionada; a maior briga que tivera com Selena fora por causa do controle de videogame dela que eu quebrara.

Selena engoliu em seco, ofegando como se tivesse corrido uma maratona. Mordi o lábio, sustentando o olhar dela sobre mim.

— Terminou? — perguntou ela.

— Acho que sim — respondi.

Selena piscou para mim. Duas horas atrás, significaria que tudo estava bem. Contudo, àquela altura, significava que tudo estava perdido.

— Talvez não fosse para ter dado certo. — Ela andou até mim e sussurrou em meu ouvido: — Nos vemos por aí.

Em sua voz havia dor, uma dor que não reconheci. Talvez tenha sido eu, causando um jorro de pensamentos horríveis em Selena.

Ela abriu espaço pelas meninas, atravessou o quarto pisando forte e hesitou na hora de abrir a porta. Não, não vá, pensei desesperada.


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Notas finais do capítulo

Lamento informar, mas esse é o penúltimo capítulo, gente :(
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