Friendship And Love escrita por GabanaF


Capítulo 3
Capítulo 3




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David, o cara que Selena dera um fora em silêncio, veio nos acordar. Ele estava usando um macacão jeans e uma camiseta do Metallica. Em seu cabelo havia tanto gel que parecia a couraça de um porco-espinho. Mesmo com o fora, ele não desistira.

— Como passaram a noite? — perguntou ele a uma revoltada Mary.

Ela tinha acabado de acordar e, como todas sabiam, não deveria se falar com ela num tempo mínimo de uma hora, pelo menos. O mal-humor dela matava o mais desavisado e, por isso, não avisei a David que ele não deveria fazer perguntas.

Mary o encarou com ódio antes de entrar no banheiro.

— Não fale com ela, por favor — pediu Miley.

— Passamos bem à noite. — Taylor respondeu a pergunta de David. — O colchão é meio duro.

— Ah, bom, não temos tanta grana para trocar de colchão todo ano — desculpou-se ele. — Vão tomar café?

— Vamos — confirmou Selena.

— Temos dinheiro? — perguntei.

— Ah, é cortesia da casa. — David sorriu inclinando a cabeça.

Taylor deu de ombros.

— Mary, estamos no refeitório! — gritou para a porta do banheiro.

Um grunhindo saiu de lá, então presumimos que ela entendera o recado.

Selena passou por mim e sorriu. Não consegui olhá-la nos olhos, porém ela não pareceu se importar. Eu também não ligaria, não depois de passar a noite abraçada a sua melhor amiga com quem, penso eu, queria algo mais.

Taylor piscou para mim animada. Miley começou a fazer perguntas sobre caminhoneiros a David, que respondia tudo com um sorriso no rosto. Selena começou a cochichar com Taylor assim que saíram para o corredor. Fiquei um pouco atrás com uma expressão desinteressada, ouvindo fragmentos da conversa.

— Você dormiu abraçada nela? — espantou-se Taylor. — E eu pensando que era apenas uma paixonite.

— Ela nem se importou, mas eu sim.

— Eu duvido que não tenha — disse a outra. — Demi tem um carinho enorme por você. É só ela que te chama de Selly, apelido que você odeia.

David deu uma risada escandalosa de uma piada de Taylor.

— Eu não odeio Selly... Quando os outros falam. — Eu sabia que ela havia ficado vermelha.

Mary apenas nos alcançou quando estávamos à porta do refeitório.

O cheiro estava ótimo. Tinha frutas, leite, suco, ovos, bacon e salsicha. Tudo caseiro, de acordo com David. Não esperei a reação daqueles caminhoneiros para cinco adolescentes em seu território e fui logo para a fila, onde fiquei entre um cara com o dobro do meu tamanho e outro todo tatuado.

Selena assoviava enquanto sua vez não chegava. David se despediu de Taylor falando que tinha de trabalhar na cozinha. Mary sorriu — um acordo de muito antes para confirmar que já era seguro conversar com ela. Taylor continuou seus cochichos com Selena, que não parecia se importar.

Mal me sentei à mesa e já devorava meus ovos com bacon. Quando você viaja com adolescentes sem dinheiro, seu café da manhã acaba sendo bolacha, o almoço um sanduíche e a janta o que tiver sobrado no carro.

Falando nisso, estávamos viajando há duas semanas e o dinheiro estava no fim já. Precisávamos fazer algo para ganhar dinheiro. Infelizmente, eu só conseguia pensar em prostituição, coisa que as garotas não fariam.

Mary sentou na minha frente e fitou meu prato.

— O que foi? — perguntei com a boca cheia de ovos.

— Você está comendo mais que os caminhoneiros — sibilou ela olhando para os lados.

— Só como bolachas têm dois dias — justifiquei.

Ela me encarou fixamente. Enfiei um pedaço de salsicha na boca com uma expressão desafiadora e divertida. As três que faltavam sentaram. Selena do meu lado, claro.

— Desse jeito, só vai comer amanhã — comentou Miley.

— Sinto muito pela vergonha, mas eu realmente preciso de algo além de bolachas.

— Burguesa — tossiu Selena.

Olhei para ela com raiva. Selena amava me chamar daquilo, como se minha família fosse mais rica que a dela, o que com certeza não era. Se fosse, eu viajaria com um motorista e teria dinheiro.

— Não mesmo, Selly — respondi.

Achei que ela jogaria seu prato em cima de mim, no entanto ela apenas abaixou a cabeça e riu com seu prato.

— Eu te amo, sabia? — disse.

— Sempre suspeitei.

Mary e Taylor se entreolharam sorrindo.


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