As coisas nunca são o que parecem ser, somos fúteis em pensar termos conhecimento de tudo, agora sei o quanto era idiota.

A pessoa que fui está enterrada, agora sou uma pessoas mais madura, esperta, inteligente e acima de tudo um homem, o que não era a três anos atrás, quando só pensava em farras e ser popular.

O que sou hoje devo aquela pequena criatura, que me ensinou a viver enquanto estava morrendo.

Lembro-me perfeitamente do dia que ela entrou em minha vida.

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Era o primeiro dia de aula do segundo semestre, estávamos no ultimo ano do ensino médio.

Alguns amigos e eu estávamos na entrada da escola criticando as pessoas que passavam. Sempre achamos que éramos os melhores, e por isso os outros não eram nada pra gente. Meus melhores amigos Paulo e Felipe estavam me contando sobre suas férias, quando Michelle nos chamou a atenção.

- Olha ali – disse apontando para uma garota. – aquela não é a Karolline? Aquela garota que estudou conosco até a sétima serie?

Todos os nossos olhares se voltaram para vê-la melhor, estava muito diferente do que me lembrava, estava mais bonita, ela usava uma calça jeans escura, uma blusa branca, que era a blusa do nosso uniforme, havia cortado o cabelo, ele estava bem curto, com pontas irregulares e bem arrepiado, um corte bastante moderno.

Ela não parecia nada com a garota que havia ido embora a uns 3 anos antes, ela não estava se sentindo retraída,não estava abraçada a um livro e nem olhava para baixo. E o que mais a destacava era que não se parecia nada com as meninas daqui ela tinha todo o seu estilo, sua maquiagem era simples, quase nem aparecia, muito diferente das meninas ao meu redor. Sua beleza era toda natural.

- Acho que é ela mesma. – falei.

Ela devia ter me ouvido, pois no momento em que falei seus olhos encontraram os meus. Seus olhos eram de um castanho aconchegante e intenso, seus lábios cheios se arquearam em um sorriso, que me tirou o fôlego.

Por sorte o sinal bateu e entramos, senão meus amigos iriam perceber que aquela garota que sempre fora considerada estranha havia acabado de me tirar o fôlego.

Nossa primeira aula era biologia, Karolline se sentou na última carteira.

Nos primeiros minutos o professor nem havia percebido que karolline estava ali, devido ao seu silêncio. Mas assim que a percebeu começou a enchê-la de perguntas.

A antiga Karolline teria ficado vermelha e gaguejado, mas essa nova pessoa, agiu normalmente dando de ombros em certas perguntas.

Uma pergunta que o professor fez parecia ter saído de minha própria boca.

- Mas Karolline, você disse que já havia morado aqui, então, o que a fez voltar? – Estava curioso pra saber o motivo de seu retorno.

- Minha avó ficou viúva recentemente, então minha mãe e eu viemos morar com ela. – Respondeu dando de ombros.

O nosso professor satisfeito com as respostas virou-se para o quadro e começou a passar anotações de um trabalho que teríamos que fazer em duplas.

Karolline olhava para frente atentamente, estava copiando o que o professor passava.

Virei-me lentamente e comecei a copiar também. O professor começou a sortear as duplas. Ele fazia isso para garantir união entre a turma. O ruim era que as duplas sorteadas ficavam juntas até o final do semestre sem poder trocar.

- Carlos e Karolline, vocês serão o grupo 7 e falarão sobre Encyclia oliveiranaCampacci. Levei um susto ao ouvir meu nome junto ao dela, éramos uma dupla, juntos até o fim do ano.

Não pude evitar olhar pra ela, nossos olhares se cruzaram pela segunda vez naquele dia e como da primeira vez ela sorriu, não pude evitar sorrir em resposta.

As aulas seguintes passaram rapidamente e logo estávamos indo para casa. Meus amigos se despediram de mim em frente ao portão.

Eu morava bem longe de todos, no lugar mais afastado da cidade, perto da trilha para a cachoeira. Sempre ia embora sozinho.

Estava virando a esquina quando ouvi chamarem meu nome, me virei e vi Karolline correndo até mim.

- Olá. – ela disse sorrindo.

- Olá. O que...

- Aqui. – disse me cortando. – podíamos começar o trabalho hoje.

- Tudo bem. – respondi.

- Então ta. Vou esperar você em frente ao inicio da trilha às 3 horas.

Fiquei confuso por um instante.

- Mas nós não íamos fazer trabalho? – perguntei.

- E vamos. Sabe é uma sorte termos pego essa planta.

Eu já não estava entendendo, então dei de ombros.

Ela sorriu e continuou o caminho. Havia me esquecido que ela morava perto da minha casa.

- Ei me espera. – chamei. – você mora na casa da sua avó?

- Você não prestou atenção ao que eu disse na sala?

- Eh... sim

- Então pronto. – me cortou.

Continuamos o caminho em silêncio.

Despedimos-nos na esquina de minha casa. Ela andaria mais um pouco até sua casa.