Secret Longing escrita por MayonakaTV


Capítulo 6
Seis.




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Seis.

- Está tudo errado... tudo errado...

- Eu lhe digo o que está errado, monsieur - os dedos do bandido deslizavam lentamente pelo corpo do lolita. Àquela altura, eu já não conseguia pensar direito, só prestava atenção na mão de Közi se apoderando da cintura do meu pequeno. - Errado foi você pensar que Mana se apaixonaria por você. O que um policial que mal sabe fazer o seu trabalho pode oferecer a uma Meretriz da Meia-Noite?

Ao lado dele, Mana permanecia impassível, firme (ou talvez nem tanto) no revólver que a qualquer segundo ia soltar uma bala na minha cara. Seus olhos azuis me encaravam com tanta frieza, tanta indiferença...

- Prostitutas gostam de luxo. Precisam disso. Roupas caras, jóias, jantares luxuosos. Eu posso dar tudo isso a uma prostituta! Eu posso dar tudo isso e mais um pouco a Mana! Porque ele é só mais uma vadiazinha... cara, mas que também se vende facilmente se o contratante for capaz de oferecer um valor mais alto...!

Mana virou o rosto para ele, sorrindo. Logo, estavam se atracando na minha frente, um beijo tão violento e carente que não pude manter os olhos abertos. Imaginar aquelas duas línguas se tocando e batalhando por espaço era como sentir a dor de inúmeras chibatadas, uma atrás da outra, sem que eu tivesse tempo para gritar de dor. Eu tinha sido levado a uma bela emboscada. Era impossível demais de acreditar, ele havia mentido pra mim. Meu Mana, aquele a quem eu tinha dedicado minhas noites de insônia, havia mesmo mentido pra mim.

- Mas por quê...? Por que fez o favor de dar as caras naquela merda de Ordem Policial se estava aliado a ele? - levantei a voz, já lavado em lágrimas. É, eu estava tendo um ataque. - Por que raios fez esse teatro todo? Por que resolveu brincar dessa forma, sabendo que eu estava louco por você? Me responde, Mana! Porra, olha pra mim e responde!

Pararam de se beijar como o casal mais comum do mundo. O lolita voltou a me encarar; o sorriso que antes me dava tanta alegria agora me enchia de ódio. Közi deu uma risada macabra, também apontando a arma para mim. Era só o que faltava. Eu ia sair dali com dois buracos a mais no corpo. Aquilo devia ser o laboratório do Dr. Jekyll, porque não era possível!

- Você não ouve, policial? - por que Közi não calava a boca, hn? - Por que eu mandei. Além do mais, se der uma revisada em sua própria pergunta, vai estar se respondendo.

- Eu falei para o Mana me responder! - gritei, cerrando os punhos.

- Ora ora, até mesmo na hora da morte quer dar uma de corajoso? É mais diversão do que eu pensei que teria!

Ele engatilhou a arma, seguido por Mana, que fez o mesmo. O que eu ia fazer? Só existiam duas opções. A primeira: receber os tiros, cair de joelhos olhando para o alto e dizer alguma coisa épica, tipo "Deus salve a Rainha"; ou segunda: avançar em Közi e tentar recuperar meu revólver, mesmo correndo o risco de ser atingido por Mana.

- Era só isso que você queria, huh...? Subir na vida, igual a todas as outras vadias dessa porcaria de cidade!

Eu ali bufando, me descabelando, perdendo toda minha pose de macho e Mana não dizia nada. Aquilo estava me tirando do sério.

- Não fala nada porque sabe que é verdade, não é? Eu tentei acreditar em você, mas agora vi o quão idiota eu fui esse tempo todo! Eu te odeio! Te odeio, Mana! Mas você não dá a mínima, não é?

Lembra-se das duas opções que eu mencionei? Depois de toda essa cena digna de algum prêmio cinematográfico... é óbvio que eu escolheria a opção mais estúpida. Fui para cima de Közi, cego pela raiva. Já não me importava o tiro, já não me importava Mana, já não me importava mais nada. Eu só queria quebrar os dentes daquele filho da puta com crista de galo. Ser policial nunca tinha sido meu sonho, era verdade, mas naquele momento meu coração me pediu para fazer uma única coisa certa - e era lutar. Se eu tivesse de morrer, seria em combate e eu estaria com a minha arma na mão.

Caímos os dois no chão como dois leões se enfrentando por um pedaço de carne. Ele tentou atirar em mim, no calor do combate consegui segurar-lhe o pulso e o tiro atingiu um cano saliente na parede, gerando uma grande inflitração. Mana gritou. Para alguém que minutos antes estava querendo me matar, ele parecia apavorado, era o cúmulo da tremedeira enquanto Közi e eu rolávamos de um lado para o outro aos socos e pontapés no chão frio. Uma hora eu estava por cima, outra hora por baixo, e... droga, tire agora esse sorriso besta da cara, seu leitor pervertido de uma figa! Faça-me o favor!

Bom, achei esquisito que Mana ainda não tivesse atirado, mas não precisei ficar esperando muito. Sabe como é, sempre que eu penso nessas tragédias elas acontecem. Közi me acertou com um soco, tentei devolver com um de esquerda enquanto ainda segurava o pulso do maldito que não parava de se debater. Parecíamos a mulher e a amante brigando pelo marido traíra, só faltava ter unhada e puxão de cabelo. Nessa brincadeira boba de dois pra lá, dois pra cá, o revólver foi parar longe. Közi, meio sufocado pelas minhas mãos em volta do pescoço dele, gritou:

- Mana! Atire!

Resolvi inovar. Em vez de pensar "puta merda", mudei para "eu tô ferrado".

Continuei ali, atracado com Közi e tentando destroçar o nariz dele enquanto esperava pelo tiro.

E ele veio.


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Notas finais do capítulo

Na sincera? Odiei esse capítulo. '-'