Como Uma Núvem escrita por Brasi Blue


Capítulo 1
Capítulo Único




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No princípio, eu vivia apenas com uma vida normal. Antes mesmo de me tornar a Guardiã da Água. Quando eu lutei, eu não pensei que fosse ver aquela image de novo... Tudo foi muito rápido. Aquele par de sais não me engana, e nunca vai me enganar. A primeira vez que as vi foi a muito tempo atrás, em uma pequena ilha.

Eu estava me divertindo, pelas águas cristalinas e verdes, mais verdes que o brilho da mais verde das esmeraldas e mais pura que o brilho do jade chinês. Eu parei para dar uma volta e encontrei uma caverna, no meio do mar. Minha curiosidade é terrível, então era de se esperar que eu fosse. Ao entrar, não imaginava no que eu via: milhares e milhares de pequenas rochas brilhando e refeltindo sobre a água, dando um efeito de céu estrelado. Eu continuei a entrar na caverna e descobri um tesouro lá escondido. Um par de sais estava encravado em uma pedra de água marinha, bastante grande. Eu tentei retirar, mas não adiantou. Aquele par detalhado, com desenhos de ondas e duas safiras cravadas em cada uma não saía, nem que eu utilizasse toda a minha força.

- Precisa de ajuda?

- Quem é você?

Quando eu escutei essa voz, vi um rapaz mais ou menos mais alto que eu, de pele morena e cabelos e olhos escuros.

- Qual é o seu nome?

- Nasci sem um nome... Vivo nessa caverna escondido de todos.

- Então... Eu lhe darei um novo nome.

Olhei para tudo em minha volta, para ter alguma idéia. Olhava para as pedras na caverna, pro brilho dos cristais mas nada se comparou com o céu que eu observei. Na caverna havia um grande buraco, mostrando um céu tão azul e parecia ser totalmente inatingível.As nuvens mostravam a pureza e seus formatos mostravam a delicadeza dada pela natureza. Tão distante... Tão perfeito... Inatingível e ao mesmo tempo muito perto. Este seria seu novo nome: Cloud.

Ficamos por um longo tempo muito amigos. Parecia que nunca mais iríamos nos separar. Eramos como irmãos. Quando ele precisava de ajuda, eu ajudava sempre que eu podia, dando o meu melhor. Durante um dia de chuva, fiquei preocupada,pois o mar estava agitado. Cloud por viver naquela caverna, jamais saíra de lá, pelo menos o que eu sabia dele era isso. Fui checar e procurei por todos os cantos. Não o encontrei.

- CLOUD! CLOUD! ONDE VOCÊ ESTÁ!? POR FAVOR ME RESPONDA!!

Nada me respondeu... Nada escutei... Nenhum sinal. Saí da caverna e voltei para o hotel. Chorei muito, acreditando que ele estaria morto... Minhas lágrimas se tornaram como gelo. ERa como perder um irmão mais velho. Eu o amava muito. No dia seguinte, voltei para a caverna. Peguei seu par de sais, acreditando que eu ainda as podia tirar de lá. Não tive forças, estava muito fraca para tirá-las de lá. A minha perda foi tão grande, que alcançou a minha força física. O céu, mesmo estando alegre e com o mesmo azul, parecia vazio. Faltava a delicadeza das núvens. Ao mesmo tempo, pude ver a lua, quase invisível, como um fantasma. Para mim, era o espírito de Cloud vagando.

- Porque choras?

- Perdi um amigo... Ou melhor... Meu outro irmão.

- Acaso, ele... Sou eu?

Olhei para trás e não pude acreditar! Era ele! Cloud estava vivo e sem nenhuma ferida!

- Onde você estava!? Aquela tempestade estava muito forte!

- Se eu lhe contar, promete não ficar aborrecida comigo?

- Err... Eu... Eu prometo!

- Eu causei a tempestade. Você pode achar que é maluquice mas...Eu não sou aquilo que todos pensam. Eu sou na verdade um "portal". Sou aquele que cria o movimento das ondas e também sou aquele que cria as brisas da manhã que tocam as palmeiras. Eu... Briguei com o "portal" dos oceanos. Provocamos isso tudo mas... Eu... Eu não suportei as provocações e acabei fazendo isso...

Fiquei pasma, e também sem palavras. Todas as letras fugiram da minha boca. Não tive saídas. Ele pegou o par de sais e de lá, sugir uma luz azulada das rochas. Sua aparência não mudou, apenas as suas vestes. De negras e azuis, elas se tornaram totalmente brancas, com detalhes azul-céu e azul-gelo, em formas espirais, como o vento se movimentando. Era divino e ele tinha asas mais azuis que o próprio céu. Acho que estava diante de um ser como o céu: Distante, perfeito e inatingível.

- Infelizmente... Você deve ir e nunca mais me ver...

- Por... Por que!? Somos amigos! Eu te ajudei em várias coisas! Não posso deixá-lo!

- Vá! Se os outros portais descobrirem a minha relação com uma mortal, eu irei desaparecer como poeira cósmica.

- Então... Pegue seu par de sais e me perfure! Porque eu não quero deixá-lo! - isso foi uma loucura minha.

- Não quero que perca sua vida. Mas eu posso fazer uma coisa por nós.

Ele tirou seu manto e pós sobre meus ombros. Os ventos ficaram mais fortes e em seguida senti o seu abraço. Ele disse palavras estranhas sobre os meus ouvidos, que pareciam ser em latim ou em dalmático. Ele estava se dissipando. Antes de ir embora, meus lábios foram tocados por seus dedos. Sua pele era macia como as núvens. Sua última frase: ... Eu te amo, jovem menina das ondas cristalinas.

Acordei na praia e percebi algo diferente. As ondas não estavam mais agitadas e o vento estava mais suave. O céu mais coberto, mas o azul ainda estava lá. Olhei para o meu braço e nele tinha uma marca semelhante a um "7". Tirei do meu bolso a nossa última foto. Mas para mim, ele não era um "portal", e sim meu melhor amigo. O vento soprou e fez um som parecido com um apito, todos correram da praia, mas eu fiquei escutando. Era ele me dizendo que sentia a minha falta e esperando pelo nosso reencontro.

~ Fim.


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