POV ANNE ON

Assim que saí de perto de Justin, um milhão de coisas invadiram minha mente. Era inútil tentar não pensar em tudo que estava acontecendo, eu tentava decifrar aquele garoto enquanto corria de volta ao lugar onde estávamos instalados. Eu estava tão absorta em meus pensamentos que nem reparei no carro que vinha pela rua no momento em que eu atravessava a mesma. Não sei exatamente o que aconteceu depois disso, só lembro de acordar deitada no chão, olhando para um garoto que parecia extremamente preocupado, ele me ajudou a levantar e então eu pude vê-lo com clareza, ele tinha cabelos ruivos, levemente ondulados, que caíam com suavidade até a altura do queixo, seus olhos eram castanhos e ele era cheio de sardinhas pelo rosto. Assim que ele viu que eu não havia sofrido nenhum ferimento grave, aparente, ele sorriu aliviado. O sorriso dele era lindo, ele tinha os dentes de cima um pouco separados e quando ele sorria duas covinhas formavam-se em suas bochechas. Precisei de 20 minutos para convencê-lo de que eu não precisava ir para o hospital, mas ele insistiu em me levar até a minha “casa”.

-Vamos, é o mínimo que eu posso fazer depois de quase ter passado por cima de você com um carro – ele disse sorrindo, e eu finalmente aceitei.

Eu sei que isso foi algo muito irresponsável da minha parte, mas eu acho que eu não estava raciocinando direito por causa da minha conversa com o Justin minutos antes, ou foi porque eu havia batido a cabeça, ou talvez, fosse pelas duas coisas.

-Eu sou Charlie, e você? – Ele falou assim que entramos no carro

-Eu sou Anne – falei, tentando ser simpática

Não estávamos muito longe, então levou apenas alguns minutos para chegarmos.

-Anne, fique pelo menos com o meu telefone, caso você precise de alguma coisa – ele disse me entregando um pedaço de papel com o seu número

Eu agradeci e desci do carro. Corri para o camarim e Justin, hoje seria o último show dele naquela cidade, nós iríamos embora logo após o mesmo, e tudo deveria estar arrumado para a viagem. Por mais incrível que pareça, o camarim não estava tão bagunçado como eu esperava, as roupas estavam quase todas guardadas, não havia tênis espalhados pelo chão e até o banheiro parecia mais ajeitado. Comecei pelo banheiro dessa vez, e depois fui varrer o quarto, enquanto varria encontrei uma pequena caixinha vermelha jogada em baixo da cama, a mesma caixinha que eu havia dado para ele com uma corrente no seu aniversário. Uma mistura de raiva e mágoa tomou conta de mim, eu xingava-o de todas as piores coisas possíveis enquanto terminava a faxina.

Assim que terminei e saí de lá encontrei Ryan

-Anne, eu preciso da sua ajuda! – ele exclamou assim que me avistou

-Pra quê?

Ryan saiu andando ignorando completamente a minha pergunta, eu o segui

-Por que você me trouxe pro show dele? – perguntei brava quando percebi onde estávamos

-Porque eu preciso que você entre no palco e dê isso para o Justin – ele disse me entregando uma folha de papel dobrada

-E por que você não vai? – perguntei tentando me livrar da tarefa

-Porque eu não posso – ele disse e me empurrou para o palco.

Por um momento eu não conseguia ver nada, devido às luzes que estavam direcionadas para o meu rosto, fui recuperando a visão aos poucos, então consegui ver Justin, tentei dar-lhe o papel, mas ele não pegou, ele apenas moveu a boca dizendo “abra”. Eu abri, nele estava escrito

“Boa sorte OLLG”

Olhei novamente para Justin, sem entender o que estava acontecendo, e percebi que ele sorria e piscava para Ryan, que se divertia da situação.

“Uma armadilha” pensei.

Justin veio em minha direção e me abraçou, assim que ele passou os braços em meu pescoço eu senti que ele usava a corrente que eu havia dado para ele, sorri involuntariamente

-Você sempre será a minha One Less Lonely Girl – ele sussurrou no meu ouvido e eu me senti corar.

Ele me levou até um banquinho no meio do palco e mandou-me sentar, a música começou e um dos seguranças entrou me entregando um buquê de flores.

Todos olhavam pra mim, algumas das garotas diziam coisas como “vadia”, outras me olhavam com um ar de inveja e murmuravam umas com as outras o quanto eu tinha sorte, mas eu não estava me importando com nenhuma delas naquele momento, a única pessoa que tinha a minha atenção era aquele garoto que cantava pra mim.

A música acabou, mas eu não queria sair dali, eu queria que aquele momento durasse para sempre, eu queria poder parar o tempo e ficar ali com ele por toda a eternidade. Ele me deu a mão e eu levantei, nos abraçamos novamente e ele disse para que eu esperasse por ele ali fora, que o show estava quase no fim.

Saí no palco, um tanto confusa, tentando processar tudo que acabara de acontecer. Assim que encontrei Ryan dei-lhe um soco no braço

-Ai! Pra quê toda essa agressividade menina? – ele disse passando a mão sobre o local.

-Por que você não me contou?

-Porque você não viria – ele disse ainda olhando o braço, acho que eu bati com muita força – Mas, admita que você gostou

-Eu não – respondi

-Ah, me poupe! Você ficou sorrindo que nem boba o tempo todo – ele disse rindo

-Idiota – falei ameaçando bater nele novamente, o que fez com que ele fosse para trás

-Justin, controle a sua mulher – Ryan falou assim que percebeu que Justin saíra do palco

-O que aconteceu? – Justin perguntou

-Nada, apenas dei ao Ryan o que ele merecia - respondi simples

Ryan começou a falar alguma coisa sobre como eu era má enquanto andávamos de volta ao camarim de Justin.