Capitulo 05

Isabella cavalgava a toda velocidade atrás do corcel. Chutou suas botas ficando apenas de meias, era mais fácil para se apoiar em um cavalo sem sela.

Enquanto Isabella perseguia o cavalo selvagem Edward montava em outro e se punha a seguir a maluca.

- Yah! Vamos Havena, vamos mostrar para esse garanhão quem é melhor!

As cordas que ainda estavam no pescoço do animal tinham as pontas se arrastando pelo chão. Isabella se esticou para pegar uma, mas por causa da velocidade acabou ferindo a mão.

Olhou para ela toda esfolada e reprimiu um palavrão.

- Ah agora eu faço questão de tê-lo como meu! Seu espertinho!

Tentou novamente e desta vez com sucesso. Amarrou firmemente no pescoço de Havena, o garanhão não tinha escapatória.

Agora o problema era outro: Como descer da égua em movimento sem se ferir.

- Isabella!- ela olhou de relance avistando Edward ao seu lado. O socorro havia chegado.

- Me ajuda a descer!

- O que? – Edward a encarou aturdido.

Isabella estendeu a mão ferida fazendo com que Edward entendesse seu plano maluco.

- Tá louca ou tentando se matar? Não tem como te pegar assim!

- Droga Edward! É lógico que tem!

- Voce é pesada! – Isabella lançou um olhar assassino ao Cullen que logo entendeu.

- Não estou te chamando de gorda! Isso voce não é! Mas em movimento voce fica pesada!

- Ok! Então eu pulo!

Isabella era impaciente e para piorar ainda estava com raiva dele. Pulou sem pensar duas vezes.

Edward bem que poderia deixá-la cair. Ela merecia pela estupidez, mas não conseguiu assistir a cena, num ato heróico e com uma força sobre humana pegou a no ar e puxou a contra si fazendo com que ficasse sã e salva em seus braços. Isabella por sua vez havia aguardado a dolorosa queda, no entanto percebeu que em vez do chão duro e da grama espinhenta, sentiu o corpo quente e suado do jumento por quem era perdidamente apaixonada.

A imagem parecia de filmes antigos de faroeste. O mocinho e a mocinha abraçados em cima de um cavalo com os olhos ardendo em chamas cravados um no outro e para a completar; a respiração entre cortada e os lábios  próximos demais causando a sensação de que se beijariam a qualquer momento.

Edward sentiu que beijaria Isabella.

Isabella sentiu que seria beijada por Edward.

No entanto nada aconteceu.

Graças ao vilão que existe em todo filme, novela, romance... Absolutamente nada aconteceu!

Alguém limpou a garganta estourando a bolha que os envolvia.

- Ora, ora! Isabella e Edward Cullen! Quem diria!

Os dois se viraram para a voz já conhecida. Jacob Black tinha um sorriso ácido no rosto.

- Jake?

Ouvir Isabella chamar seu maior inimigo pelo apelido foi uma faca cravada nas costas. Edward trancou o maxilar e apertou Isabella mais contra si de forma possessiva.

- Bella o que foi isso? – Jacob tinha um tom zombeteiro – Amarrar á um cavalo selvagem uma égua de raça como aquela?

- Ah... Eu – Isabella limpou a garganta e se aconchegou inconscientemente nos braços do Cullen – Sim, Havena é uma égua treinada, sabe muito bem o que tem que fazer.

Jacob gargalhou.

- Pelo visto não mudou nadinha! Continua sonhadora! Por acaso já encontrou seu príncipe encantado? – sorriu e Isabella engoliu seco – Foi o que eu pensei! Só um alerta princesinha; o Cullen não passa de um asno.

Edward sorriu.

- Quanto ódio no coração Black! – usou a mesma entonação de Alice - Pensei que tinha superado o fato de um pobre asno como eu ser melhor do que voce! Pelo visto me enganei!

Edward puxou as rédeas fazendo com que o cavalo se afastasse da cerca que separava as fazendas e dando as costas para Jacob.

- Cullen eu voltei! – Edward expandiu o sorriso e Isabella o encarou desconfiada – É melhor voce tomar cuidado!

Edward sem se virar respondeu os berros de ameaça do Black.

- Tenho coisas relevantes a me preocupar Black! Por exemplo a cerca que o cavalo quebrou!

Jacob bufou de ódio. Sempre teve inveja do Cullen porque ele mesmo sendo o animal que era as pessoas o respeitava e o admirava. E isso era algo que ele custava a adquirir: o respeito e a admiração das pessoas.

Isabella ficou em silencio e pela primeira vez examinou sua mão machucada.

- Se fizer algo parecido de novo eu juro que deixo voce se ferrar! Não venho mais te salvar Bella! – ela o olhou de canto – Estou falando sério!

- Não te pedi nada! – escondeu a mão.

- Eita pirralha ingrata! – Edward resmungou.

- Estou sendo realista! – ele a fitou bravo – Porque o stress com o Jake?

Ele riu sem humor.

- Não é da sua conta!

- Grosso!

- Ingrata! – ele rebateu segurando o riso. Isabella se aconchegou ainda mais em seu peito e fechou os olhos emburrada.

- Perdi minhas botas!

Edward a admirou por um instante.

- E eu tenho a sensação que eu perdi a minha égua!

O resto do caminho foi em silencio. Isabella desceu do cavalo sem responder as perguntas desesperadas de sua mãe e de sua excelentíssima prima e claro que ignorou as broncas de seu pai.

Renée entrou em crise ao ver a mão ferida de Isabella fazendo com que entrasse no casarão a força.

- Oh Eddie vou sonhar com voce esta noite! –Alice esboçava um sorriso bobo e Edward a encarou curioso.

- E por quê? – ele começou a vestir a camisa.

- Porque voce é maravilhoso, só isso! – Edward encarou Alice sério – Larga de ser besta Cullen tenho voce como irmão! – Alice ralhou com Edward que voltou a abotoar a camisa segurando o riso.

- Do jeito que voce fala não parece que me tem como irmão!

Alice rolou os olhos e desceu da cerca que estava sentada.

- Seu besta! Eu falo assim porque sou emotiva e hoje voce salvou a Bella como nos filmes antigos, a mocinha em perigo e o mocinho ao seu socorro! – Alice colocou as mãos no coração e suspirou.

- Mulheres é um bicho que eu vou morrer sem entender!

Alice mostrou a língua ao Cullen que colocou o chapéu na cabeça e saiu em direção à choupana deixando para traz uma baixinha se afogando em suspiros. Entrou na velha casa de palha e madeira arrancando do corpo as roupas e indo se lavar debaixo do chuveiro de agua fria.

O que estava lhe perturbando a paciência era o Black. Como um homem tão bom como o fazendeiro Billy Black poderia ter um filho tão cretino como o Jacob Black? Logo que Renée e Isabella vieram de vez para a fazenda algumas coisas mudaram. Charles havia ficado responsável pela administração financeira da fazenda e ele continuou a andar pelo mato a fora sem destino até que Renée se invocou que ele teria que estudar. Edward já havia estudado por um tempo, mas nunca na escola. Sue a mulher que havia o criado o ensinou o básico. No entanto Renée disse que deveria aprender mais. Foi uma luta até que pela primeira vez Renée gritou e se impôs. Edward se lembrava perfeitamente das palavras dela.

- Não me importo se voce não quer! Importa que a sua custódia está no meu nome e voce vai sim! Vai ou eu não me chamo mais Renée Catherine Swan!

Ele fugiu. Ficou um tempo escondido pela imensidão que era a fazenda e imaginou Renée trocando de nome, mas quando pensou que ela havia se esquecido da idéia de levá-lo a escola voltou, voltou e levou uns desagradáveis puxões na orelha. Naquele instante Edward viu Renée como mãe. E com a cara mais que emburrada foi à escola. Lá conheceu Emmett e também Jacob. Ele e Emmett se entenderam de primeira e tornaram-se amigos, mas Edward e seu problema de relacionamento mantiveram Emmett meio afastado, tinha medo de se relacionar com as pessoas, um medo de se ferir, um medo de perder, um medo que nem ele mesmo entendia. Já o caso com o Black foi diferente, os dois não se gostaram no primeiro instante que se viram e o filho do Billy fez do primeiro e último ano escolar do Cullen um inferno. Edward não compreendia porque se odiavam, não havia um motivo aparente, mas sabia que odiava o Black e não tinha nada no mundo que mudaria essa situação.

Edward saiu do banho ainda pensativo. A vida dele era vazia. Não tinha um motivo, não tinha um alguém, era apenas ele. Vestiu uma roupa limpa calça jeans surrada, camiseta branca as botinas secou o cabelo rapidamente na toalha e saiu dali. Não gostava de quando esses pensamentos vinham lhe atormentar, foi para o casarão almoçar.

Chegando lá Renée e Charles discutiam.

- Voce tem que impor limites a Isabella!

- Renée porque voce não faz isso?

- Porque voce é o pai!

- Oras e voce é a mãe!

- Charles não bata de frente comigo!

- Renée até parece que Isabella vai escutar um de nós dois nessa altura! E para de tratar ela como um bebe! A criatura vai fazer 20 anos amanha! Ela criança só nas fotografias!

Renée fez bico.

- Querida! Desculpa! Mas voce tem que aceitar que o nosso bebe cresceu!

Edward assistiu a cena divertido, Renée tinha Charles nas mãos quando queria.

- Quem deveria estar tentado convencer alguém de que Isabella cresceu era eu e esse alguém a ser convencido seria voce! – Charles caminhou até a esposa e depositou um beijo delicado em seus lábios. Edward limpou a garganta.

- Sabe a cena é nojenta! – Renée e Charles riram.

- Acho que nisso eu concordo com ele! – Isabella se sentou à mesa com a mão enfaixada. Os dois trocaram olhares comprometedores, agora ambos sabiam perfeitamente da atração que existia entre si.

- Eu discordo dos dois! É lindo ver um casal que está um tempão juntos e ainda tem todo esse amor! – Alice se sentou a mesa olhando desconfiada para Edward e Isabella.

Durante o almoço todos conversaram tranquilamente exceto Alice que era um poço de curiosidade e não se agüentava mais esperar o almoço terminar para conversar com Isabella. Ela queria os detalhes!Mas para a tortura de Alice ainda tinha a sobremesa.

- Bella vamos terminar o nosso delicioso sorvete na cachoeira? – Isabella encarou a prima desconfiada.

- Por quê?

- Porque eu quero colocar meus pesinhos lindos naquela água refrescante! Ah Bells voce sabe que eu sou apaixonada por aquela cachoeira e meu sonho é nadar pelada lá!

Todo mundo riu e Isabella ficou mais vermelha que pimenta.

- Garota não sei como voce ainda não me matou de vergonha! Vamos logo!

Ela se levantou da mesa sendo seguida por Alice. Edward sabia que Alice estava desconfiada de alguma coisa e que agora perturbaria Isabella até ela não agüentar mais.

- O que quer Alice? – disse Isabella de forma grossa enquanto subiam a colina para entrar na trilha da mata assim alcançando a cachoeira.

- Nossa a convivência com o Eddie te afetou ou é proposital o mau humor?

A coisa que Alice mais amava depois de ser tirar fotografias era atormentar as pessoas.

- Não Alice! Só que eu sei que voce está com alguma coceirinha para saber alguma coisa que eu mesma não faço mínima idéia!

- Que calúnia! – disse Alice se fingindo de ofendida. Isabella riu da dissimulação mal feita da prima.

- Te conheço! Acho que te conheço mais do que eu me mesma!

Alice sorriu e enfiou uma colher enorme de sorvete na boca e suspirou aliviada por terem entrado debaixo da sombra das arvores de rodeavam a beira da trilha.

- Eu já disse que queria apenas mergulhar meus pesinhos na água deliciosa da cachoeira.

- Ok, o que quer saber não vou ficar brava se perguntar! – disse Isabella se virando para a prima que expandiu seu sorriso.

- Me conta o que aconteceu quando ele foi te salvar! Detalhes Bella, detalhes! – Alice mal cabia dentro de si tamanha era felicidade. Isabella riu da reação da prima e rolou os olhos voltando a andar.

- Ele me salvou... Só! – Alice gritou.

- BELLA! – Isabella voltou a olhar a olha para prima com um sorriso nos lábios – Qual parte dos detalhes voce não entendeu? –Alice pôs uma das mãos na cintura. Isabella encheu a boca de sorvete.

- Hum... voce é muito curiosa!

- Meu maior defeito! – Alice estava brava porque Isabella não contava. Saiu marchando em direção à cachoeira.

- Alice me espera! – Alice se virou.

- Vai me contar? – Isabella suspirou.

- Quase nos beijamos! – Alice abriu a boca sem palavras – Alice foi tão, sei lá! As vezes eu não sei o que eu quero dele entende, se é um Edward carinhoso ou um grosseirão que me arranca suspiros e me deixa completamente louca. Porque um Edward educado nunca vai ser o Edward por quem eu...

Isabella parou de falar e olhou para a prima apreensiva.

- Se apaixonou? Bella voce é apaixonada pelo Edward? – Alice começou a gargalhar – Ah eu sabia! Eu sempre soube!

Ela pulava mais que pulga quando ganha uma doação de sangue. Alice começou a fazer a dancinha da vitória e rodopiar e gritar e dar cambalhota no meio das folhas e então pulou em cima de Isabella derrubando sorvete nas duas e se misturando com terra e folha seca até que Isabella sentiu algo agudo perfurando sua perna e gritou de dor. Alice imediatamente se levantou preocupada, Isabella esticou a mão tocando e sentindo a região úmida. Era sangue.

- Uma cobra! – Alice gritou desesperada ao ver a serpente peçonhenta se afastando cautelosamente de Isabella. Ela era vermelha, branca e preta e deslizava sobre o chão como se buscasse mais uma vítima.

- Alice! – Isabella sussurrou - Edward! Busque o Edward!