Imperfeição escrita por GabrielleBriant


Capítulo 3
Fazer como Romanos para Agradar Gregos e Troianos




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III

FAZER COMO OS ROMANOS PARA AGRADAR GREGOS E TROIANOS

ROSALIE

Sexta-feira, 23 de agosto de 1935.

Não pudemos fazer muitas coisas nos dois dias que sucederam a nossa mudança à Riverside – a chuva de verão do dia 21 acabou por ocasionar dois dias consecutivos do mais limpo e ensolarado céu. E, apesar das expectativas de grandes mudanças nutridas por Carlisle e Esme, a nossa vida pareceu imediatamente voltar ao marasmo rotineiro que experimentávamos em Syracuse: Carlisle gastava o seu tempo na clínica, Esme arrumava a casa e os jardins e Edward dividia o seu dia entre o piano e o conserto de carros – sinceramente, o segundo hobby me irritava menos. Era menos barulhento.

E eu... Bem, eu continuava trancada em meu quarto, evitando os outros três, provavelmente dando a entender que ainda estava infeliz com a minha existência. Era uma pena; eu sabia muito bem que a minha atitude entristecia Esme, mas não podia fingir que não sentia falta do cheiro das ruas pavimentadas de Nova York. Não que Riverside fosse particularmente ruim, mas ter uma floresta em meu quintal, por algum motivo, me incomodava.

Talvez o meu humor melhorasse um pouco quando pudesse conhecer melhor a cidade e os seus habitantes. Depois de dois anos trancada, sendo obrigada a evitar qualquer contato social, os meus pais adotivos finalmente decidiram que eu tinha autocontrole suficiente para fazer amizades com humanos. E eu mal podia esperar para conversar com os vivos! Vida social era uma das coisas que eu mais sentia falta e, apesar da cidade ser pequena, ela me parecia promissora: se todos fossem como Emmett McCarty, eu certamente faria muitos amigos em Riverside.

- Por que esse garoto chamou tanto a sua atenção? – a voz de Edward soou baixa, abafada pelas notas musicais do seu piano.

Suspirei, levantando-me da minha cama e rapidamente me encaminhando para a sala. Toda a minha atual família discordava com aquilo, mas eu ainda achava duas pessoas apenas poderiam manter uma conversa se pudessem se olhar nos olhos – o que era impossível, quando as ambas estavam em cômodos diferentes.

- Não sei – respondi assim que cheguei ao meu destino. – As feições dele me trazem lembranças felizes.

- De quando você era viva, eu suponho?

Dei de ombros, sabendo que um ar de condescendência se apoderava da minha face.

- Eu tenho lembranças felizes como vampira, Edward?

- Desculpe-me, irmãzinha. Eu esqueci o quanto você se esforça para se sentir miserável.

- Eu não sou a única! Eu sei o que se passa pela sua cabeça quando você compõe essas melodias depressivas, Edward!

Ele se calou por um tempo, dedilhando o piano com tanta força que eu pensei que ele o quebraria. Finalmente, sarcástico, ele comentou:

- Você também consegue ler mentes, Rosalie?

- Não. Mas eu sei ler as pessoas.

- Touché.

Sorri, sabendo que aquela discussão tinha sido vencida por mim. Não era sempre que eu conseguia abalar Edward.

- Mas, Edward, você não acha que essa pode ser uma boa mudança? Eu estou disposta a ser mais feliz; a seguir com a minha... vida, como se nada tivesse mudado. Você pode ler a minha mente; você sabe o que eu sinto! Então...

Mordi nervosamente o meu lábio inferior.

Você acha que eu estou pronta?Que eu conseguirei ficar perto das pessoas sem querer... matá-las?

Edward parou de tocar e me olhou de um jeito... diferente. Numa fração de segundo ele estava ao meu lado, sua mão tocando o meu ombro e me passando força. Era como se ele me amasse; como se ele realmente se importasse comigo. Era como se ele fosse um irmão de verdade.

- Você nunca teve vontade de matar ninguém, Rose. Não para se alimentar, pelo menos. Você é teimosa demais para se deixar ser controlada pela sede de sangue. – Ri baixinho. – E eu acho que essa mudança pode ser boa, sim. Para nós dois. Talvez eu também fique um pouco mais feliz quando fizer amigos.

Obrigada, Edward.

Ele sorriu.

- É... Agora eu devo voltar ao piano: Esme vai entrar logo, e se ela nos vir tão próximos, vai voltar a fazer planos de casamento!

Logo Edward estava ao piano novamente, rabiscando a sua partitura. Eu perambulei pela sala até chegar à porta de vidro que levava ao lago. Olhei a paisagem – naquele dia, nublada... eu poderia ser feliz, apesar da floresta no quintal.

Pelo canto do meu olho, vi o meu irmão sorrir.

Quase naquele exato momento, a porta da frente se abriu. O cheiro suave de Esme quase sumira na mistura de rosas e terra molhada; mas a sua presença ainda era inconfundível.

- Rosalie, querida! – Esme se aproximou de mim. – Você... apareceu!

- Acho que eu estava precisando de um pouco de ar puro, Esme.

- Eu fico feliz! Eu fico muito feliz! Por que você e o Edward não vão até a cidade, então?

- Nós estávamos conversando sobre isso antes de você entrar – Edward comentou, ainda sem tirar os olhos da nova partitura. – Está na hora de irmos fazer amigos... Mas, sinceramente, eu quero trabalhar na minha nova composição.

- Oh. Que tal irmos nós duas, Rosalie? Carlisle esqueceu-se da maleta dele, então eu teria que ir à cidade de qualquer forma!

Eu sorri, animada.

- Eu apenas tenho que trocar as minhas roupas.

XxXxXxX

Apenas trocar de roupas, apesar de parecer uma coisa rápida, para mim era uma ciência que requeria cuidado e atenção. Desta forma, eu demorei mais de uma hora para trocar o vestido azul e sem graça que estava usando por um belíssimo vestido de seda verde-esmeralda sem mangas de corte reto que me descia até a metade da canela. Coloquei um sobretudo branco cujo cinto marcava bem a minha cintura e calcei meus saltos negros. Preferi não usar chapéu – o meu cabelo já estava bem-penteado.

Olhei-me no espelho, finalmente me dando por satisfeita e saí do closet. Esme já me esperava – naquele meio tempo, conseguira até se banhar.

- Está bom?

Esme sorriu.

- Você está linda, Rosalie.

Logo nós duas nos encaminhávamos para a cidade. Esme era uma ótima motorista, apesar de ser mulher, e não demoramos muito para chegar à frente da clínica de Carlisle.

- Bem – Esme disse, olhando pela sua janela. – A garotada da cidade está aqui. – Eu apenas olhei de relance; mas já tinha notado a presença de Emmett McCarty no pequeno grupo que se amontoava na praça. – Você finalmente poderá conhecê-los!

- Eu irei. Você pretende demorar muito no consultório?

- Não, não! – Esme disse, abrindo a porta. – Eu não vou atrapalhar o trabalho de Carlisle! Quero apen-

De início, eu não entendi porque ela tinha paralisado em choque e cravado as suas unhas tão fortemente no volante do carro de chegou a quebrá-lo. Até que, sorrateiro, eu o senti. O cheiro doce entrou pelas minhas narinas, e arranhou os meus pulmões, e causou uma queimação impossivelmente forte em minha garganta.

Olhei cautelosamente para Esme. Os olhos dela estavam escurecidos.

Foi naquele momento que eu percebi que, apesar de ser muito mais nova, eu tinha mais controle que a minha mãe adotiva.

- Está tudo bem, Esme. Você não tem que entrar lá. Eu vou.

Ela não me olhou. Apenas soltou a maleta e fechou novamente a porta. Trêmula, eu prendi a minha respiração e saí do carro. Encaminhei-me para o consultório.

A atendente simplória e mal-vestida me olhou de cima a baixo, com um ar de inveja e admiração. Eu sequer pude sentir-me lisonjeada, tamanha era minha tensão.

- Eu preciso ver o Dr. Cullen!

A maldita humanidade que ainda estava dentro de mim escolheu aquele momento para se manifestar. Assim que eu acabei de falar aquela frase, involuntariamente inspirei.

Foi breve, mas...

O forte, irresistível, cheiro de sangue humano imediatamente me atingiu, confundindo os meus sentidos e trazendo à tona a besta em mim. Eu tenho certeza que os meus olhos devem ter escurecido um pouco, apesar de eu ter caçado naquela manhã. A dor em minha garganta se tornou alucinante e, por menos de um segundo, eu perdi o controle.

- Rosalie! – A voz de Carlisle soou autoritária; tão autoritária que me despertou do meu transe animalesco. A recepcionista me olhava de uma maneira assustada; então eu posso apenas imaginar a expressão de fúria assassina que o meu olhar deveria ter exprimido durante o meu... lapso. – Rosalie! – Carlisle repetiu, ainda mais autoritário. O meu olhar lentamente se voltou para ele. – Obrigado por trazer a minha maleta.

Engoli a quantidade absurda de veneno que tinha se amontoado em minha boca, mas aquilo não ajudou – ao contrário, a queimação apenas se intensificou.

- Por nada.

- Esme está lá fora? – Limitei-me a assentir. – Diga a ela para me esperar... se puder. Eu já estou terminando aqui.

Assenti.

Sem olhar para a atendente, eu deixei a clínica de Carlisle. Mesmo sentindo o vento bater em meu rosto, do lado de fora, não ousei respirar novamente. Apoiei-me no carro, sentindo-me acalmar lentamente; a queimação em minha garganta voltar ao normal, minhas mãos pararem de tremer...

Olhei o meu reflexo no vidro do carro – eu parecia transtornada. Mas não estava pior que Esme.

- Você está bem? – Perguntei baixo, sabendo que ela podia muito bem me ouvir através do vidro.

- Está tudo sob controle.

- Carlisle pediu para que você o esperasse... Mas ele vai entender se voltarmos agora.

- Não, Rose... Eu tenho que me acostumar. Entre no carro.

- Entrarei em um minuto.

Experimentalmente, inspirei uma pequena quantidade de ar. O cheiro do sangue continuava evidente, mas agora estava misturado com os odores da cidadezinha. Inspirei mais uma vez, e percebi que não me senti tentada.

Dei um meio sorriso – há um ano, eu provavelmente não teria tanto controle.

Respirei fundo algumas vezes, agora realmente me acalmando. Eu ainda não tinha prestado atenção no que ocorria ao meu redor; ouvia vozes, o barulho do vento, dos animais, das pessoas trabalhando... mas, apenas quando perdi o medo de sair atacando todas as pessoas da cidade, pude ouvir a voz masculina que há dois dias conhecera – se o meu coração ainda batesse, ele certamente teria acelerado.

- É, eu a conheci.

Tive de me controlar para não olhar para a praça, de onde a voz vinha. Eu sabia que Emmett McCarty estava falando de mim... De quem mais ele poderia estar falando?

Outra voz masculina dizer:

- Ela é linda!

Sim, eles com certeza estavam falando de mim.

- Apenas temos que descobrir se hoje ela é a bela ou a fera – McCarty disse, dando logo depois uma risada zombeteira. Franzi o cenho, imediatamente me interessando mais pela conversa. – Sabe, eu tenho uma teoria: garotas tão bonitas simplesmente não podem ser legais. Rosalie até pareceu ser um ser humano decente, quando a conheci. Mas, assim que o irmão chegou perto... Jesus!

Mordi o meu lábio inferior e teria corado, caso ainda tivesse a habilidade. Pelo canto do meu olho, vi que Esme estava se divertindo com a situação.

- Foi mal assim? – Uma voz feminina perguntou.

Emmett riu novamente.

- Querida, você se lembra do filme que assistimos em Nashville? Nosferatu? Bem, Rosalie fez Nosferatu parecer o Papai Noel!

Senti-me afrontada, humilhada e ofendida. Normalmente eu não me importava que as pessoas pensassem mal de mim, mas... Mas aquele garoto tinha, de alguma forma inexplicável, chamado a minha atenção e se destacado entre os demais. Então, quem era ele, para ousar não ter sentido o mesmo por mim? Com que direito aquele caipira me comparara com Nosferatu?

- Ela não pode ser tão má, Emmett! – A voz feminina replicou.

- Eu não disse que ela era má – Emmett disse. – Rosalie parece ser legal... contanto que fique longe de Edward! ROSALIE!

Mordi e o meu lábio, genuinamente intrigada. Olhei finalmente para o grupo. Emmett era o maior deles – e o mais bonito –, claramente se destacando. Ao seu lado estava uma garota de cabelos ruivos, ligeiramente ondulados, e olhos verdes. Ela usava um vestido amarelo pouco decotado e pouco acinturado, do tipo que parecia ter vindo diretamente de um bazar de caridade. Perguntei-me como uma mulher podia ser tão negligente com a própria aparência? Ao lado dela estava um garoto meio raquítico cujo rosto parecia com o da garota e, sentado no chão da praça, um terceiro garoto – este loiro e com lindos olhos azuis.

Sorri, tentando parecer simpática para o grupo, numa óbvia tentativa de contrariar o comentário de Emmett sobre Nosferatu-Papai-Noel. Aproximei-me.

- Oi – Disse. Estranhamente, exatamente como ocorrera na quarta-feira, os meus olhos se trancaram aos de Emmett.

Ele abriu mais um de seus sorrisos calorosos e as covinhas nas bochechas dele ficaram maravilhosamente evidentes. Senti-me aquecer por dentro.

- Rosalie, essa é a turma da qual eu te falei na quarta. Esse é Andrew Turner – ele disse, apontando para o loiro. Apenas então eu tirei os meus olhos dele. Andrew sorria daquela maneira abobalhada que os homens costumavam me olhar desde que eu tinha uns quatorze anos de idade. Sorri educadamente. Emmett, então apontou para o outro garoto. – William Pace, mas nós o chamamos de Bill – o garoto franzino me cumprimentou. – E essa aqui... – Emmett passou o seu braço pelo ombro da garota e a abraçou, trazendo-a para perto dele e dando um beijo carinhoso em seus cabelos. Apesar de saber que ele era filho único, vi-me rezando para que ele a apresentasse como sua irmã. – Essa é a garota mais linda, inteligente, interessante, carinhosa e gentil do mundo! Louise Pace, irmã do Bill e a mulher da minha vida.

Sorri para a garota, prestando mais atenção nela e me perguntando o que, exatamente, poderia ter chamado a atenção de Emmett. Ela não era feia; mas também não era bonita. O rosto dela era comum demais, e o corpo era muito magro, sem curvas. Talvez fossem os olhos – aquele tom de azul era bem bonito. Lembrava os meus, quando eu era viva.

Ainda assim, Emmett era um homem... muito vistoso. Com certeza conquistaria facilmente uma garota mais bonita. Uma garota como eu.

Tentava expulsar aquela linha de raciocínio da minha cabeça quando percebi que o loiro, Andrew, falava comigo.

- Então, Rosalie, para onde vai tão arrumada?

Franzi o cenho e olhei para a minha roupa; não eram muito arrumadas. Claro, eram vestes de princesa, se comparados com os trapos que a namorada de Emmett usava, mas eu usava roupas muito melhores em Nova York.

- Eu apenas vim deixar uma maleta na clínica, com Esme.

Eles se entreolharam, com um brilho de escárnio nos olhos.

- Por que a sua irmã teve de vir? Você não dirige? – Louise perguntou com um súbito interesse que eu não entendi.

- Não muito bem. O meu irmão, Edward, está tentando me ensinar.

Louise deu um sorriso simpático. Ela não se sentia nem um pouco ameaçada por mim? Será que ela realmente tinha acreditado quando Emmett dissera que ela era a mulher mais bonita que ele conhecia – obviamente uma mentira, especialmente quando eu estava por perto?

- Emmett me ensinou ano passado, mas ele não me deixa dirigir a caminhonete. Ele prefere me ensinar a trocar as peças, consertar os defeitos... mas, sinceramente, eu acho que, além de ser uma enorme perda de tempo, isso não é trabalho de mulher!

E eu não podia concordar mais com Louise. Depois de dois anos vendo as pessoas que me cercam se fascinar pelo hobby do meu querido Edward, felicitei-me por finalmente encontrar uma pessoa que concordava comigo.

- Opa! – Emmett quase gritou, brincalhão, antes que eu pudesse expressar a minha concordância. – Assunto proibido com Rosalie por perto!

Ele deu uma risadinha e eu me lembrei que na quarta-feira Edward conseguira me irritar e eu acabei brigando com o meu querido irmão por causa daquele hobby.

- Por quê? – Eu disse, antes que pudesse segurar a minha boca. Que diabos eu estava fazendo? – Eu gosto muito de carros; apenas não aprendi bem a dirigi-los. Quando não estou irritada com Edward nos divertimos muito na garagem! – Menti descaradamente.

Os grandes olhos verdes de Emmett me olharam com curiosidade, e eu não pude evitar que um sorriso aparecesse em meus lábios.

- Sério? – Assenti. – E você não tem medo de se sujar? Ou, sei lá, quebrar as suas unhas?

Os meus olhos se estreitaram.

- Eu não sou tão superficial.

Mentira. Eu era. Sempre fui.

- Desculpe – ele disse. Emmett deu um sorriso sem graça e o seu rosto ficou adoravelmente corado. – É que você é tão...

Ele, aparentemente, não soube como terminar a frase; mas eu vi pela minha visão periférica que Louise não tinha gostado do que ele quase dissera. Ela abriu a boca para dizer qualquer coisa, mas Andrew a impediu, sorrindo para mim.

- Ele quer dizer que você é muito feminina; muito delicada. Eu mesmo não consigo lhe imaginar com as mãos sujas de graxa – Dizendo isso, ele tocou a minha mão, mas afastou-se imediatamente. – Uau, você está com frio?

Vi Emmett olhar confuso para o amigo e tratei de bolar imediatamente uma desculpa.

- Eu tenho pavor de sangue, e acabei vendo um pouco no consultório de Carlisle. Acho que a minha pressão deve ter baixado.

- Nossa! – Louise disse. Agora, a expressão dela tinha uma ponta de desprezo. – Ainda bem que você não estava aqui quando o Sr. Horn foi procurar o Dr. Cullen. Ele tinha um corte gigante no braço... Dava para ver o osso, e tudo! Era sangue para todo lado; nós até pensamos que ele teria que amputar!

Meu rosto se contraiu ao imaginar a cena; o veneno encheu a minha boca. Vi Emmett trazer a namorada para mais perto e sussurrar em seu ouvido: "comporte-se". Acho que a minha expressão foi interpretada como pavor. Não queria mais ficar ali.

- Ainda bem mesmo... – suspirei no mesmo momento em que o Sr. Horn e Carlisle estavam deixando o consultório. Agradeci a Deus por sentir apenas cheiro de álcool e merthiolate. – Bem, eu acho que já vou.

- Espere – Andrew se levantou imediatamente e tocou mais uma vez a minha mão. Era estranho, ser tocada por um humano... será que a pele de Emmett também era tão quente e macia? – Você não pode ficar? Nós lhe deixaremos em casa.

- Não. Talvez outro dia.

Andrew suspirou resignado.

- Tudo bem... foi um prazer lhe conhecer, Rosalie.

Sorri.

- Foi um prazer conhecer todos vocês.

Sem mais, dei meia-volta.

- Rosalie! – Era a voz de Emmett. Virei-me. – Eu realmente não acredito nas suas habilidades como mecânica! Que tal colocarmos elas em teste amanhã?

Abri levemente a boca. Droga!

- Amanhã?

- Sim! Edward me convidou para aparecer no fim de semana, então vou amanhã de tarde. O que você acha?

A justiça divina não falhava, aparentemente. Mas eu era Rosalie Hale: eu nunca admitiria uma mentira. Então, sorrindo, eu apenas disse:

- Que seja!

E encaminhei-me para o carro.

XxXxXxX

- Edward! – Eu disse, ainda do lado de fora da casa. Sabia que ele não saíra para caçar, pois, além de sentir o seu cheiro, a irritante música do piano podia ser ouvida desde a rodovia estadual. Ele parou de tocar. – Edward, eu preciso da sua ajuda!

Quando entrei, ele já estava de pé, recostado à porta de vidro que levava aos fundos da casa.

- O que você fez?

Bufei. Por que ele tinha que ser tão irritante?

- Nada! Apenas preciso que você me ensine mecânica.

Edward franziu o cenho.

- Você? Você realmente acha que eu vou deixar você tocar nas engrenagens do meu carro?

- Você pode me ensinar no Hudson, eu não me importo! Contanto que eu aprenda alguma coisa... até amanhã!

- Posso perguntar por que você tem que aprender a mexer nos carros?

Dei um meio sorriso, me aproximando dele.

- Porque eu quero ter mais momentos fraternais com você.

Esme, que escutava a nossa conversa parada na porta de entrada, riu-se.

- E porque ela disse ao Emmett McCarty que sabia fazer isso e ele vem aqui amanhã para provar que Rosalie estava mentindo!

Um sorriso de escárnio escapou dos lábios de Edward e ele me olhou ligeiramente malicioso.

- Você mentiu para o Emmett McCarty?

- Menti! E será humilhante se ele descobrir isso! Já imaginou como o meu humor ficará insuportável, se eu passar a me sentir humilhada? Já pensou como os meus pensamentos ficarão repetitivos e cada vez mais egocêntricos? Ora, vamos, Edward! – Suspirei, virando-me para Esme. – Esme você não acha que Edward e eu deveríamos passar mais tempo juntos?

- Claro! – Ela respondeu – Isso me deixaria muito feliz!

- Rosalie, nós vamos nos matar!

- Ou nós encontraremos um interesse comum, e, pela primeira vez em dois anos, poderemos agir como irmãos! Justamente como Esme e Carlisle querem!

Eu não estava mentindo. Realmente estava disposta a dar uma chance ao hobby de Edward... e aos momentos fraternais.

- Tudo bem – Edward disse, resignado. – Mas você não vai aprender muito de hoje para amanhã.

- Nós temos a eternidade, Edward!

XxXxXxX


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