Your Guardian Angel... escrita por Misu Inuki


Capítulo 4
Sem saída....




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Zeniba me levou ata uma sala pequena. Os móveis eram todos de madeira e pareciam bem antigos. Daqueles que a gente encontra sempre na casa de nossos avós. Tinha uma estante abarrotada de livros, uma mesa com duas cadeiras enormes. Uma típica sala de professor com um único detalhe: não havia nenhuma fotografia. Só imagens semelhantes as do livros espalhadas pelo local.

A senhora se sentou em uma da cadeiras e pediu que me sentasse na outra.
Durante todo o trajeto até aqui, não havia conseguido pensar em nenhuma boa desculpa para não ter ido para minha aula, e mesmo com aquele rosto bondoso, Zeniba não deixava de ser uma professora. 

-Minha menina- a senhora começou - Notei que estava muito transtornada lá em cima... O que lhe deixou daquele jeito?

Apertei minhas mãos uma contra a outra no meu colo. Me sentia tentada a contar o que estava realmente acontecendo para ela, mesmo que fosse loucura. 

-Tudo bem.- Zeniba sorriu percebendo meu nervosismo.-Não precisa me dizer nada agora, se não quiser. Você está passando por alguns problemas, mas quero que saiba que pode confiar em mim. Sou sua amiga.

Sorri e, sem pensar a abracei. Zeniba estava se tornando a avó que eu nunca tive.

-Obrigada

-Não há de que, minha querida. Agora volte direto para sua sala, ok?

Balancei a cabeça afirmando e saí em disparada. Se matar um tempo de aula me causou, tantos problemas, que dirá se eu perdesse o resto do dia?

Ignorei a cara feia do professor de Biologia que estava saindo da sala quando eu cheguei e fui direto para minha carteira.

-Você está aqui? -Ayumi exclamou surpresa ao me ver.
-Não, sou um clone meu. A original está em casa dormindo- falei rindo.
-Ok, “senhorita-clone-da-Chihiro” .-Ayu fez um sinal de aspas com as mãos- Pensei que a original tivesse  fugido com um certo ruivinho....

Rolei os olhos, perdendo a pose brincalhona.

-Claro que não, amiga. Que idéia!

-E porque não?

-Você ainda me pergunta?- falei incrédula

-Ué!-Ela se defendeu- Somos jovens! Temos que aproveitar as oportunidades da vida.... E por acaso você iria morrer se faltasse um dia?

Imediatamente me lembrei da sombra no pátio, e do que aconteceu no banheiro. Me arrepiei completamente.

-Prefiro não arriscar....- respondi num fio de voz

As aulas passaram mais rápido do que eu esperava. Afinal estava prestando atenção, coisa que não fazia há tempos.

Me despedi de Ayu-chan e fui direto para casa, e dessa vez, pelo caminho normal, movimentado.
Demorei bem mais para chegar, mas foi melhor assim.

Abri a porta, e estranhei o silêncio. Deixei minha mochila em cima do sofá, e chamei em vão pelos meus pais.

Andei por todos os cômodos e nada.

-Estranho.... Minha mãe não é de sair sem deixar pelo menos um bilhete para mim, e meu pai está de folga hoje....- falei comigo mesma enquanto voltava para sala.

Então escuto o barulho de um prato caindo no chão vindo da cozinha. Fiquei estática. Segundos depois,  escuto outros objetos caindo lá.

“Deus do céu! Que eu faço agora?”-pensei desesperada.

Se eu corresse para fora de casa, seja quem for que estivesse na cozinha, me alcançaria com facilidade, pois a porta estava trancada.
Se eu ficasse parada, a pessoa logo chegaria aqui, porque da sala até a cozinha são pouquíssimos metros.

“Só tem um jeito....”

Peguei um vaso de cerâmica da minha mãe e caminhei lentamente até lá.
Suava frio, a cada passo que dava. 
Abri a porta  pronta para arremessar o objeto e........

Encontro Yin e Yang brincando no meio da bagunça.
Caí de joelhos no chão, aliviada.
Os gatinhos, percebendo minha presença, correram ao meu encontro ronronado.

-Vocês me assustaram, seu loucos!- falei acariciando o pêlo macios deles.

Fiquei sentada ali por um momento, me recompondo, quando o telefone toucou.
Me levantei e corri para atender.

-Alô?

-Chihiro?-uma voz masculina respondeu do outro lado da linha

-Eriol!-respondi contente- Você não imagina o que me aconteceu agora....

Contei toda a historia dos fantasmas-gatos, e rimos muito do meu “mico”.

-É serio! Eu me senti uma daquelas mocinhas de filme ação.-falei rindo

-Só faltava a música de fundo.-Eriol comentou  - E o herói da história.

- E você acha que eu preciso de alguém para me salvar?-falei ainda em tom de brincadeira

Ele riu e voltou a falar

-Falando em filme... Pensou na minha proposta?

Agradeci mentalmente por estarmos no telefone. Assim ele não viria o meu rosto completamente vermelho.
A verdade é que eu não tinha pensado nenhuma vez sobre a idéia dele.
E teria que decidir rápido.

- ... Então? - ele perguntou depois do meu silêncio
- Sabe Eriol...-comecei a enrolar- Hoje foi um dia tão corrido, estou com muita coisa na cabeça, e ainda tenho que terminar meu quadro para o concurso de pintura da escola....

Nada disso deixava de ser verdade. Faltavam poucos meses para o grande dia, e eu não gostei de nenhuma das pinturas que eu fiz. Mas duvido que ele acreditaria nessa.

-Mas neste Sábado você vai estar livre.

-Como você sa.....

-Sua amiga me disse.

“Eu mato aquela louca!”-pensei irritada

- Que horas eu passo aí para de buscar?- Eriol perguntou confiante

- Ás sete.- me rendi.

-Ótimo -Respondeu completamente feliz- Nos vemos amanhã na escola, então?

Murmurei um “haram” e nos despedimos. Coloquei o telefone no gancho, e fui para cozinha.
Não estava muito animada com esse encontro. Eriol era um grande amigo meu, e eu sabia que estava alimentando falsa esperanças nele.
Peguei a vassoura e arrumei toda a bagunça. Quando está terminado de guardar a loulça, minha ficha caiu.
Yin e Yang são filhotes, e não conseguem pular muito alto, O salto mais alto que o Yang já deu foi para minha cama, e eu ainda o ajudei.
Então como conseguiram subir na pia e derrubar as coisas?

 Olhei para os lado procurando alguma outra superfície que ele poderiam ter usado como escada, e não encontrei nada.

Arrepiada, corri para o meu quarto e tranquei a porta.
Me joguei na cama, tremendo, quando eu senti que estava deitada em cima de alguma coisa.
Levantei e tive que engolir o meu grito de susto.

O livro negro da Zeniba estava em cima da cama.

Sendo que ele estava dentro da minha mochila lá na sala.

Fiquei encarando o objeto sem ter coragem de me mexer, ou desviar o olhar.

“Se alguém queria me assustar, pode ter certeza que conseguiu” - pensei

No mesmo instante um vento forte entrou pela janela do meu quarto. Ele trazia pétalas de flores da cerejeira, que se prendiam no meus cabelos e nos móveis.
Coloquei as mãos na frente do rosto, mas mantive os olhos abertos.
O vento ficava cada vez mais forte até que conseguiu abrir o livro e passar algumas folhas.
Quando as páginas estavam na metade o vento subitamente parou.

Me aproximei de vagar da cama e receosa olhei as páginas que haviam parado.

Elas estavam em branco.
Nenhuma imagem, nenhum símbolo estranho....Nada.

Criei coragem para fechar o livro, quando as pétalas que estavam no meu cabelo caíram no livro.
Me afastei e olhei  as páginas de cima.

As pétalas formavam uma imagem....
Um rosto...

-Esse é....é -gaguejei incrédula no que via

Era o mesmo rosto que eu havia desenhado ontem assim que acordei.


O rosto que aparecia nos meus sonhos.


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