Passaram trinta minutos e Pedro estava com a porta de seu quarto fechada, sem sinal de vida, tirando o momento que ele fechou a porta com força e gritado com o Thomas. Resolvi perguntar para ele se tinha acontecido algo. Sua mãe tinha gritado da cozinha para ele, falando que ia ter que ir à cidade vizinha para uma emergência (na verdade era a festa que ela tinha combinado com todo mundo, que Pedro não sabia). Subi as escadas, me aproximei do seu quarto e bati na porta. Tock Tock. Nenhuma resposta. Girei a maçaneta e vi que a porta não estava trancada e entrei. Coloquei os três presentes em sua cama e me sentei na sua cama, observando seu quarto. Nunca tinha reparado que seu quarto era tão organizado e bonitinho, era bem colorido e todos os móveis eram brancos, tinha vários pôster de bandas e um mural de fotos. Tinha foto dele desde bebê até a idade atual, dele com as avós e os avôs, primos, tios, professores, uma dele com outros amigos, dele fazendo chifres no Lanza, abraçando o Thomas e várias nossas. Em uma delas eu tinha dez anos e ele onze. Estávamos de mãos dadas, um de frente ao outro, de rostos virados para a câmera, ele fazendo bico e eu rindo. Fiquei fitando aquela foto e arregalei os olhos. Eu havia lembrado o que tinha acontecido naquele dia!

- Lucas, vem para cá tirar uma foto comigo! – Era Pedro.

- Claro. Fui até ele e fizemos uma pose engraçada. Nossas mães tiraram as fotos e saíram do local.

- Vão brincar amores! – Minha mãe falou e saímos correndo para a cobertura de nosso antigo prédio.

- Aqui dá pra correr! – Pedro comemorou. Começamos a brincar de pega-pega.

- Você não me escapa! – Falei rindo, e ele saiu correndo. Ele não viu o degrau e tropeçou, caindo em meus braços. Ele me olhou nos olhos e ficamos imóveis.

- Pedro... – Falei. Ele continuou me olhando, se aproximou de mim e encostou sua boca na minha. Arregalei meus olhos e continuei imóvel. Ficamos um bom tempo naquele jeito, ele estava com os olhos fechados.

Separei-me dele assustado. Ele abriu os olhos e ficou normal, como se nada tivesse acontecido.

- Pe-Pedro o que foi isso? – Perguntei.

Ele me observou mais um pouco e saiu de lá, sem falar nada.

De repente Pedro sai do banheiro e sai do meu leve estado de transe. Fiquei um tanto assustado novamente, arregalando meus olhos sem intenção e ele parou brutamente na porta. Ele estava nu, totalmente nu. Ele deu um grito estranho e foi correndo até a cadeira, pegou a primeira roupa que viu na frente e cobriu o seu membro. Fiquei observando-o e ele me encarava paralisado.

- Er, ah, Pedro... Estava encostada a porta – menti na cara dura- E você não me respondeu – olhei pra nossa foto com a boca levemente aberta – e tava demorando, sua mãe saiu – Falei tudo confuso. Ele ficou me encarando e aos poucos foi normalizando sua expressão. Aquela cena de certa forma me deixou confuso. Não devia ficar assim, aliás, ele tem as mesmas coisas que eu, por que eu senti que fiquei vermelho?

Ele deu um sorrisinho um pouco malicioso misturado com timidez, me deu medo!