Moonshine escrita por Carool Black


Capítulo 4
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

Olá! Depois de receber mais alguns reviews lindos eu resolvi postar mais! Consegui leitoras novas, olha que mágico! Espero que gostem! E já aviso, é um cap triste! u-u



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Desci correndo as escadas para a cozinha com a mochila nas costas. Havia uma galera lá, mas nem dei atenção. Estava atrasada, então corri até a geladeira e peguei uma jarra que continha um liquido vermelho vivo. Despejei-o no copo e bebi com sede, fazia um tempo que eu não caçava e não podia me dar ao luxo do descontrole, ainda mais com um sangue tão apetitoso como o de Nat sempre perto de mim. Nós sempre mantínhamos sangue em estoque (geralmente animal, porque vovô não podia ficar roubando sangue humano sempre, ainda mais em uma família ‘vegetariana’!) para os dias de necessidade. Se bem que eles quase não duravam, tio Emmett bebia tudo!


– Nessie, você precisa comer direito. - disse minha mãe, Bella. Ela e essa mania de meio humana comigo. Revirei os olhos enquanto acabava de beber.


– Estou atrasada. E você sabe que não gosto destas coisas - disse fazendo cara feia para o bacon que ela me oferecia. Ela insistia em cozinhar pra mim. Não cozinhava mal não, é só que... eu prefiro outro tipo de comida, se é que você me entende!


– Eu disse que esse lance de escola era ruim. Vê só, ela nem come direito. - disse meu pai, Edward, recostado na bancada da cozinha admirando minha mãe cozinhar (era quase um hobby pra ele admirar minha mãe!). Ele sempre dizia isso agora que íamos nos mudar. Ele devia ter dito isso antes de eu entrar na escola, quando eu queria desesperadamente sair, e agora eu teria realmente de sair. Meu estômago embrulhou novamente. Ignorando os olhares nervosos que meus pais trocavam, beijei o rosto de mamãe e fui até meu pai.
Olhei pra ele e ele nem precisou ler meus pensamentos para adivinhar o quê eu queria.


– Ela está na estrada ainda, chegando perto do ponto. Se não andar logo ela ganhará de você! - ele rolou os olhos. Eu lhe sorri e também lhe beijei a face. Gritei um tchau pra galera na casa e sai em disparada pela porta.


– E não se esqueça de contar a ela! - ouvi minha mãe gritar antes que eu chegasse até a estrada. Meu estômago deu outro solavanco. Corri pela estrada afora. Eu era rápida, mais rápida que uma humana normal e o mínimo mais lenta que um vampiro. Avistei o ponto de ônibus na beira da estrada. Por que tínhamos de morar tão longe da cidade? Só porque ninguém podia ver nossa pele brilhar no sol ou saber que meu pai tinha 17 anos a quase um século? E daí? A gente podia morar um pouco mais perto pelo menos!

Não avistei ninguém no ponto. Presumi que mais uma vez tinha ganhado dela.


– BUUU! - me sobressaltei e senti meu coração disparar.


– Você me assustou! - briguei e me virei para encarar o suposto 'fantasma'. E lá estava ela, Natasha. Ela não mudara muito durante os anos. Continuava com os cabelos longos e ondulados e o sorriso gentil. A pele morena constratava com seu olhar brilhante que também nunca mudara, como se quisesse preservar aquela doçura e inocência de criança. Era meio avoada, mas bem esperta. Ainda a minha melhor amiga. E parecia bem menos desnutrida, pra falar a verdade.


– Você é muito boba! Sempre se assusta! E por falar nisso... EU GANHEI! - ela sorriu radiante e fez a “dancinha da vitória” idiota para comemorar. Fazia isso só pra me irritar!

Desde que nos tornamos amigas competíamos para ver quem chegava primeiro no ponto de ônibus. Geralmente eu ganhava, mas às vezes diminuía a velocidade só pra ver o sorriso alegre de Nat pela manhã, era contagiante, melhorava qualquer humor ruim. Por isso me senti bem mais leve, embora não tivesse me esquecido que ainda deveria lhe contar da mudança. Eu tinha medo de lhe dizer alguma coisa, afinal eu fora a única amiga dela assim como ela era a minha única amiga. Doía mais ainda lembrar que teria de me separar dela.


– Olha lá, é o ônibus. - avistei a grande carroça amarela que diziam ser o ônibus escolar. - E vê se melhora essa cara! Hoje está um dia lindo.


"Por enquanto", pensei com desgosto subindo para o ônibus.

O dia passou normalmente. Ninguém mencionou a mudança dos Cullen. O quê era bom, porque eu teria tempo para conversar com Nat, e era deprimente, porque ninguém ali sentiria realmente nossa falta (não que eu fosse sentir a falta deles, fala sério!). As aulas estavam acabando. Meu último tempo era de Literatura junto com Nat. Suspirei. Era hora de enfrentar. Rabisque um bilhete para ela.


"Preciso falar com você. É meio urgente. Podemos ir até o Candy's depois da aula? Nessie"


Lancei-lhe discretamente o papel. Ela o leu meio intrigada e me olhou confusa. Logo rabiscou uma resposta e me devolveu o papel.


"Tudo bem. Não tem ninguém me esperando em casa mesmo! Só espero que você me pague um sorvete duplo depois do trauma, porque pela sua cara é tragédia! Nat"


Ri baixinho de sua resposta. Ela nem tinha idéia do que eu lhe falaria.


O Candy's era, nada menos, que uma doceira e lanchonete que havia perto da escola e que Nat me apresentara logo após nos conhecermos. Quando as aulas acabaram, eu e ela caminhamos até lá e nos sentamos em uma mesa perto da janela que dava para a rua. O nosso lugar favorito. Sempre que íamos lá, nos sentávamos ali para poder ver os estudantes passando e falar mal deles. Era nosso hobby! Mas aquele dia não era de diversão. Pelo menos não pra mim. Pedimos dois sanduíches naturais e dois milkshakes. Enquanto Nat devorava o seu com um apetite animal, decidi falar de uma vez.


– Nat, tenho que te falar uma coisa. - ela simplesmente me encarou, ainda mastigando. Respirei fundo me preparando para o tranco. - Eu e minha família... nós vamos... nos mudar.


Dito e feito. Nat largou o sanduíche e arregalou os olhos pra mim, creio que querendo encontrar um indício de brincadeira. Tentei me manter séria a muito custo, já que ela estava com a boca aberta sem perceber e eu via muitas alfaces entre seus dentes e pedaços mastigados. Ela se recuperou do choque e enfim falou, ou melhor, gritou.


– COMO ASSIM SE MUDAR? EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ VAI EMBORA! COMO PODE FAZER ISSO COMIGO RENNESME CARLI CULLEN!?


Pronto, me ferrei. Quando ela falava meu nome inteiro ou era pra me irritar ou era porque realmente estava chateada. Nesse caso era a segunda opção. Tentei argumentar, mas não consegui, as palavras ficaram presas na minha garganta. Nem sequer me importei com os babacas que nos olhavam torto na lanchonete. Senti-me mal. Eu era tudo o que ela tinha, sem exagero. Seus pais morreram em um acidente quando ela era criança, viveu em um orfanato a vida inteira praticamente. Sempre fora maltratada por todos, e quando achava que tudo estava perdido ela me conheceu. Alguém que a compreendeu e lhe estendeu a mão. E por mais que pareça que eu esteja me gabando, mentira, a própria Natasha me contara isso. E era por isso que eu não queria deixá-la. Nat era minha única amiga. O único ser que eu pude confiar, apesar de ela não saber tudo sobre mim.


– Porque você não me contou antes? - seu tom agora era baixo e magoado. Ela largara o sanduiche no fim e encarava o prato com o claro indício de que perdera a fome (o que era raro nela.).


– Estava esperando o momento certo. - não conseguia encará-la também. Como eu sou covarde!


– Quando vocês vão?


– Amanhã, pela manhã - ela ergueu o rosto e arregalou os olhos. Eu via a decepção estampada em seus olhos.


– Amanhã?! - eu apenas assenti. Ela baixou mais uma vez o olhar. - Vai voltar pra Forks? - eu assenti novamente. Que droga, onde estava minha voz? - Entendo. Bem... espero que seja feliz, Rennesme. Foi... muito bom te conhecer.


E foi assim. Ela simplesmente saiu sem olhar pra trás. Sem nem dizer 'adeus' ou 'me escreva'. Não resisti. Joguei algumas notas na mesa e sai atrás dela. Ela já havia sumido. Era realmente rápida quando queria. O céu escureceu anunciando uma chuva. Não pude evitar uma lágrima solitária cair de meu rosto assim como a garoa fina. Corri. Corri sem rumo como nunca antes e só parei quando cheguei em meu jardim. Estaquei olhando para a entrada. Com certeza meu pai deveria ter ouvido meus pensamentos enquanto eu me aproximava, e eles se resumiam apenas a Nat e na dor que ela sentia e que eu compartilhava. Entrei em casa e avistei todo o pessoal na sala. Eles me olhavam com pena. Pai bocudo, já espalhou meu sofrimento pra família toda!


– Oh minha pequena Nessie. Eu sinto muito... - começou tia Rose estendendo os braços para me consolar, mas eu me afastei dela ainda chorando.



– Tudo culpa de vocês. Agora devem estar felizes. Eu finalmente perdi a única amiga que poderia ter em toda a minha existência. Eu odeio vocês. Odeio! - não conseguindo suportar, corri até meu quarto e me joguei na cama. Chorei até pegar no sono e tentar esquecer. Lembrei de Jacob e como ele sempre fazia eu me sentir melhor nessas horas. Mas lembrar dele me fazia pensar em Nat, e isso doía mais. Quem sabe no outro dia eu não acordasse e percebesse que tudo não passou de um pesadelo.



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Notas finais do capítulo

Pobre Nessie! y-y
Já sabem, o próximo só vem com reviews bonitos! :D
Beijinhos e até a próxima!



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