You escrita por Raisa Black


Capítulo 1
Capítulo Único - You


Notas iniciais do capítulo

Bom, a fic é Sirius/Marlene McKinnon, ok? hsaohsioahsioas



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Londres, 19 de Outubro de 1981

Marlene,

Abrir a gaveta e pegar este pergaminho e esta pena talvez tenham sido os atos mais dolorosos que eu já tenha feito. Não pelo ato em si, mas simplesmente porque ele representa a minha despedida final. O momento que eu tanto evitei, mas que bate à minha porta por uma questão de sobrevivência. Mesmo que eu não queira mais sobreviver.

Eu não tive uma infância feliz, você sabe. Eu sempre fui a ovelha negra da família, e quando recebi a carta de Hogwarts senti, além de uma grande felicidade, um grande alívio também, porque agora eu podia decidir por mim mesmo, eu sabia que a minha vida iria mudar. Só não imaginava que fosse tanto!

Lembro quando fui ao Beco Diagonal; já havia ido la algumas vezes, mas naquele dia, foi como se eu estivesse vendo o lugar pela primeira vez. Andei por todas as lojas, comprando tudo o que via de interessante pela frente, mesmo sob os resmungos da minha mãe.

O momento mais interessante foi, de fato, quando comprei a minha varinha: 30 centímetros, carvalho e fio de cabelo de unicórnio. Ela seria a minha fiel escudeira.

Saí daquela loja em direção ao lugar que eu menos tinha vontade de ir: à Madame Malkin. Lembro que entrei no ateliê com a pior cara que consegui formar, afinal, me dava arrepios só de pensar naquela mulher me espetando por inteiro.

Mas foi então que eu vi. Uma linda garotinha, pelo menos uma cabeça mais baixa do que eu. Ela tinha cabelos negros ondulados, que caíam, como em cascata, até a metade das costas. Possuía a pele alva como a neve e eu podia ver os seus lábios, em tom carmim, refletidos pelo espelho do local. Lábios esses, que estavam contorcidos em desagrado, enquanto a atendente desferia alfinetadas contra as roupas que ela usava.

O uniforme de Hogwarts.

Antes que eu pudesse esboçar qualquer reação, Madame Malkin me puxava em direção à um banquinho, coincidentemente ao lado do da garotinha. Atirou-me as vestes por cima da roupa leve que eu usava e saiu para pegar os alfinetes.

Olhei para a garotinha e coloquei o melhor dos meus sorrisos no rosto, enquanto a cumprimentava e perguntava, mesmo que fosse um tanto óbvio, se ela iria para Hogwarts também.

Quando a garotinha virou-se com um sorriso incrivelmente doce nos lábios e respondeu que sim, que esperava aquilo desde o ano passado, eu me perguntei mentalmente se Merlim havia mandado anjos para habitarem a Terra.

O jeito puro como olhava para mim e o seu sorriso vermelho, faziam-na incrivelmente perfeita, como se esculpida por algum gênio da arte.

“Sou Sirius Black, e você?” Vi o cenho da menininha franzir levemente ao ouvir meu sobrenome, mas mesmo assim ela respondeu, com sua voz aveludada e levemente rouca: “Marlene McKinnon, prazer”.

Sim, era você, e eu realmente ficarei admirado se você não percebeu isso desde o princípio.

Conversamos bastante, enquanto nossos uniformes eram ajustados e, entre uma espetada e outra e várias caretas de dor, eu descobri que você queria ser artilheira do time de quadribol da Grifinória (sim, você falou que entraria na Grifinória nem que precisasse subornar o Diretor. Um pensamento um tanto Sonserino, se me permite dizer.), e que depois de se formar, trabalharia como jornalista, no Profeta Diário.

Você me contou que, diferente de qualquer outra garota que eu tenha visto, não lia o Seminário das Bruxas por ser simplesmente inútil. Eu ri perante sua afirmação, enquanto lhe achava ainda mais encantadora.

Infelizmente, nossos uniformes foram ajustados e tivemos que ir embora. O ateliê da Madame Malkin, o lugar que eu menos desejara ir, tornou-se o lugar que eu queria ficar por mais tempo. Irônico, não? Mas pelo menos eu tinha a certeza de que lhe veria dia 1º de setembro.

Quando esse dia, agora ainda mais esperado, chegou, eu lembro que fiquei tão eufórico que mamãe precisou me dar uma poção relaxante do seu estoque numeroso.

Fomos para a Estação King’s Cross, onde eu não hesitei em atravessar a pilastra entre as plataformas nove e dez, mesmo sob as reclamações de meus pais e meu irmão, Régulus.

Procurei você por toda parte, mas parecia que aquele anjo era fruto da minha imaginação fértil, pois eu não lhe vi em nenhum lugar. Frustrado, despedi-me da minha família e adentrei o trem, onde fiquei numa cabine com aqueles que viriam a se tornar meus melhores amigos: James, Remus e Peter. Também tive a companhia de Lily por algum tempo, mas ela estava muito entretida em olhar a paisagem e depois em falar com o Ranhoso.

Após horas de conversas e risadas, a mulher do carrinho de doces apareceu, e quando eu fui escolher as minhas guloseimas, você passou apressada pelo vagão, mas não me notou, ou fingiu não me notar.

Eu paguei os doces, apressado, e fui atrás de você, mas você já havia sumido, e por mais que eu olhasse cabine por cabine eu não lhe achava. Novamente me perguntei se você não era somente uma ilusão.

Tive a certeza de que você era real apenas no momento do Chapéu Seletor, onde eu, incrivelmente já sentado na mesa da Grifinória, vibrei quando você também fora mandada para esta casa.

Chamei-lhe e abri espaço para que sentasse ao meu lado, o que você fez com um sorriso enorme no rosto. “Não precisou subornar o professor Dumbledore, afinal”. Dei uma piscadela e não contive um sorriso ao ver você corar levemente. “Digamos que o Chapéu Seletor ficou com medo do que eu poderia fazer se ele me mandasse para outra casa”.

Sorri, enquanto o banquete era servido; comemos enquanto conversávamos, e quando o mesmo se encerrou, fomos juntos para o salão comunal, onde eu deixei-lhe na beira das escadas, após inúmeras e inúteis tentativas de subi-las.

A partir daí, viramos amigos. Sempre que não me viam com James ou um dos futuros Marotos, era porque eu estava com você. Acompanhei sua tentativa frustrada de entrar para o time de quadribol no primeiro ano, mesmo sabendo que era proibido.

Tivemos a nossa primeira detenção juntos, ao afanarmos uma vassoura para que você pudesse mostrar do que era capaz àqueles “imbecis, patéticos, seguidores de regras” como você se referia aos jogadores do time.

Passaram-se alguns meses e finalmente chegara o Natal, mas para minha frustração, todos os meus amigos quiseram ir para casa (até mesmo você), fazendo com que eu ficasse sozinho na escola.

Claro que eu fiquei irritado, mas quando você voltou eu devo dizer que fiquei muito feliz.

O problema foi que desse dia em diante nos afastamos. Eu andava cada vez mais com os Marotos e você com as suas novas amigas: Lily Evans, Dorcas Meadowes e Emmeline Vance.

Nos falávamos muito pouco e, geralmente, as conversas mais longas que tínhamos eram através da minha coruja, New.

Os exames chegaram e, junto com eles, o fim do ano letivo. Eu tive que voltar para aquele inferno, ironicamente chamado de casa. As cartas dos Marotos e as suas eram o meu único refúgio e meio de agüentar toda aquela situação.

Quando voltamos para a escola, nos falamos com mais freqüência, e seu principal assunto eram os teste de quadribol que eu, você e James iríamos fazer.

Talvez o dia dos testes tenha sido um dos mais contrastantes da minha vida. Eu, ao mesmo tempo que irradiava felicidade por ter virado batedor, não conseguia deixar de ficar triste ao ver nos seus olhinhos cor-de-avelã a decepção por não ter sido aceita como artilheira.

“Não tem problema. Eu ainda tenho mais cinco anos pra tentar entrar no time”. Eram essas as suas palavras quando eu falava qualquer coisa sobre o assunto, e eu não conseguia deixar de admirar o fato de que você se negava a aparentar tristeza apenas para que eu não me sentisse culpado.

Felizmente, essa fase passou, e logo eu tinha de volta aquela Marlene que sorria para tudo e para todos. Quando eu perguntei porque você sorria tanto, não pude conter meu próprio sorriso ao ouvir suas palavras: “Eu devo ter algum problema genético. Eu sorrio até mesmo quando estou extremamente irritada!”.

Novamente chegou o Natal, mas dessa vez só você fora embora, o que me fez perguntar o que havia de tão importante fora dos portões do castelo.

Quando você voltou, eu fiquei tão irritado com a sua ausência (um ato extremamente egoísta, eu sei) que lhe evitei até o fim do ano, ignorando até mesmo as insistentes corujas que batiam à minha janela nas férias.

O terceiro ano chegou e agora nós mal nos falávamos. Eu estava muito entretido com a descoberta da licantropia de Remus, e com os planejamentos relacionados à animagia, que mal tinha tempo para você.

Mas não é como se você se importasse, afinal, estava muito preocupada em correr atrás de Lucius Malfoy, seu pseudo primeiro-amor.

Claro que eu achava aquilo totalmente ridículo e despropositado, afinal, Malfoy namorava minha prima, Narcissa, e nunca olharia para você, uma grifinória do terceiro ano.

Mas não pude deixar de ficar surpreso ao virar um corredor, um dia, e me deparar com você e aquele loiro albino aos beijos.

Era um selinho, que mais parecia roubado, agora que penso melhor, mas naquela hora tudo o que sentia era uma raiva cega. Raiva essa, que me fez lançar uma azaração no garoto que, assustado, foi para a Ala Hospitalar, dizendo que acertaria as contas comigo depois.

Você ficou indignada com a minha atitude e passou a me ignorar completamente, o que me deixou frustrado. Também não comemorou comigo o seu ingresso no time de quadribol e tampouco eu vi seu teste.

Só voltamos a nos falar, e desta vez com mais freqüência, quando Malfoy cumprira a sua promessa. Fiquei uma semana na Ala Hospitalar e não me lembro de você ter saído do meu lado um momento sequer.

Quando o quarto ano chegou, eu percebi o quanto as férias haviam feito bem à você. Estava mais alta e seu corpo finalmente havia ganhado formas mais femininas. Os seus cabelos estavam mais curtos, na altura dos ombros e sua boca não era mais carmim, e sim de um tom peculiar de cereja.

Naquele momento, Marlene McKinnon, eu comecei a prestar mais atenção em você. No jeito como você sorria, andava, falava e até mesmo voava. Eu descobri então, que você tinha um sorriso maroto que eu nunca havia notado.

Era um sorriso no canto esquerdo da boca, que só aparecia quando você duvidava ou debochava de algo, ou sabia de algo que as pessoas à sua volta desconheciam. Quando você sorriu, pela primeira vez naquele ano, desse jeito para mim, eu me peguei pensando em como seria beijar esses seus lábios tão convidativos.

Repreendi-me mentalmente, mas a partir daquele momento, eu não conseguia mais enxergar você como a minha melhor amiga. Você era algo além disso, algo que eu não sabia o que era, mas agora que eu penso melhor, eu posso afirmar que você sempre fora.

Passei a adquirir o papel de irmão mais velho na sua vida, já que o seu havia se formado. Não sabia o que estava acontecendo, mas só de pensar em você com algum garoto, me dava um incomodo inexplicável e uma raiva cega.

A partir deste momento, nossa amizade nunca mais foi a mesma. Brigávamos constantemente e você, sempre que me via, virava as costas ou ia para qualquer lugar onde eu não estivesse presente.

Eu não agüentava mais essa distância, não agüentava mais a sua ausência e, quando você começou a namorar Edgar Bones eu surtei, tendo que ser mandado para a Ala-Hospitalar pelos Marotos, para que pudesse tomar algo para me acalmar.

O quarto ano acabou e eu alimentava esperanças de receber uma coruja sua pedindo desculpas, mas ela nunca veio. Você não me mandou cartas naquelas férias.

Pontas falou que era assim mesmo, que você só estava irritada com o meu “chicletismo” em cima de você, mas que logo isso ia passar.

E eu esperei que passasse. Esperei durante todo o meu quinto ano que você falasse comigo, mas nem quando seu namoro com Edgar acabou, você veio.

Eu queria lhe contar que conseguira virar um animago, um belo cão negro, mas achava despropositado aparecer de repente com essa novidade. Nós não éramos mais tão ligados.

Eu via você passando com suas amigas, eu queria falar com você, mas eu não conseguia. Eu não sabia como fazer isso.

Quando, no Natal do sexto ano, você me mandou uma lembrança e eu li a sua tentativa de retomar a amizade, eu não pude ficar mais feliz. Sabia que você era orgulhosa e que se fizera aquilo, com certeza havia passado por uma batalha interna antes.

Ao descer as escadas do dormitório, pude ver você sentada olhando a lareira, e me perguntei porque não fora para casa, como em todos os outros anos.

“Eu meio que devia um Natal à um grande amigo meu. Se ele quiser a minha presença, é claro”. Você respondeu quando transformei minha dúvida em palavras e, naquele momento, olhando para o seu rosto apreensivo, eu percebi o que me atormentava desde que peguei você com Malfoy.

Eu havia me apaixonado. Eu, Sirius Black, estava apaixonado pela minha melhor amiga.

No último passeio à Hogsmeade do ano, eu e você fomos juntos pela primeira vez. Rosmerta se assustou ao me ver sem James, mas sorriu ao me ver com você. Não sei o que se passou na mente daquela mulher, mas tampouco quero saber.

Lembro que nunca nos divertimos tanto! Aquele dia era só nosso e eu não permiti que ninguém invadisse nosso espaço. Apenas quando você cismou que queria entrar na Casa dos Gritos, foi que tudo desandou, de certa forma.

É claro que eu nunca lhe contaria que sabia como entrar. Seria como trair a confiança de Remus e de Dumbledore. Acompanhei você até o mais perto que podíamos ir, e quando você, após inúmeras tentativas, resolveu voltar ao castelo, frustrada, eu percebi que não podia esperar mais.

Fomos parte do caminho em silêncio, até que eu tive coragem para iniciar o assunto que tanto me atormentava. Quando percebi, estava me declarando para você, falando coisas que eu jamais sonharia em falar, mas o golpe final foi quando eu lhe beijei de repente.

Eu fiquei com medo que você recuasse, virasse o rosto e nunca mais falasse comigo, mas todos esses pensamentos se esvaíram quando você colocou a mão em volta do meu pescoço.

“Sirius, eu...” foram essas suas únicas palavras quando o beijo acabou, pois eu lhe beijei novamente, dessa vez com mais urgência.

“E se não der certo?” você perguntou, quando o beijo terminara, e eu não pude deixar de sorrir. Você era, na melhor das palavras, precavida.

“Se não der certo...” eu me vi respondendo “Eu vou fazer de tudo para continuar com a sua amizade; eu vou lutar por ela”.

A partir daquele momento começamos a namorar. Ficar com você era a melhor coisa que havia acontecido na minha vida. Você era incrível, e eu só confirmei isso quando você me ajudou a sair de casa para morar com James, e quando você me deu parte das suas economias para que eu comprasse aquela moto trouxa que eu tanto queria.

O nosso sétimo ano foi incrível. Eu vivia um conto de fadas, como diriam os trouxas. Acho que a parte mais divertida de todo esse ano foi ajudar Lily a entender o pobre Pontas e, finalmente fazer com que eles namorassem.

Provavelmente, esse também fora o ano que passara mais rápido. Quando vi, já estava fazendo os NIEM’s e logo depois estava no Expresso de Hogwarts pela última vez.

Você chorava ao meu lado e ficava armando planos de invadir o Ministério para pegar um Vira-tempo, a fim de viver aqueles sete anos novamente...

Mas, infelizmente você não conseguiu realizar seu intento. Havia coisas em jogo agora, e com Voldemort no controle de muitas coisas dos mundos mágico e não-mágico, foi necessário que nós, até então adolescentes, entrássemos numa batalha que poderia ser sem volta.

Você foi um dos membros mais notáveis da Ordem da Fênix. Sendo a espiã d’O Profeta Diário, você trouxe muitas informações úteis para nós, permitindo que capturássemos vários comensais.

Lutamos juntos várias vezes e, nos pouquíssimos momentos de paz, fazíamos piqueniques na varanda da sua casa. Em um deles, inclusive, foi quando nós nos unimos pela primeira vez de corpo e alma.

Nós tínhamos entrado para pegar não-lembro-o-quê no seu quarto e de repente tudo já estava acontecendo.

Beijar você, ter você ali comigo, naquele momento tão íntimo e especial, fez com que eu tivesse a certeza de que você era a mulher certa para a minha vida. Eu queria você, eu amava você, e isso bastava.

“Eu te amo” percebi as palavras saindo da minha boca quando chegávamos ao clímax e o seu olhar de felicidade me fez sorrir, enquanto gemia fortemente, ao mesmo tempo que você.

“Eu também” você murmurou, enquanto se aninhava nos meus braços e dormia candidamente. Eu poderia morrer naquele momento, que morreria realizado.

O tempo passou e tudo parecia piorar para a Ordem. Voldemort ganhava forças com o auxílio dos gigantes e nós estávamos cada vez mais desesperados em busca de soluções.

O ponto máximo disso tudo foi a morte trágica de um membro da Ordem. Vi você, Lily e Emma entrarem em depressão, como se somente agora tivessem percebido a amplitude de tudo o que acontecia.

Eu cheguei a ponto de lhe comprar um gato (mesmo sendo alérgico ao bichano) para lhe fazer sorrir; você sempre quis um gato e eu fiquei bastante aliviado quando vi um sorriso brotar em seu rosto ao ver o presente. Você o chamou de Bê.

Quando tudo ficou relativamente calmo e todos conseguimos superar a morte daquele colega querido, fomos surpreendidos com a notícia do casamento de Pontas e Lily, que fora realizado em uma cerimônia discreta, apenas para os mais íntimos.

Eu também queria casar com você, mas você não aceitava meus pedidos insistentes, alegando que nossos amigos eram loucos, e que nós não poderíamos fazer isso com o mundo em guerra.

Claro que eu não gostava das suas evasivas, mas entendia seu ponto de vista e sabia que, no fundo, tudo o que você mais queria era que ficássemos juntos morando num chalé, com vários filhos e netos.

Quando Harry nasceu, eu não pude ficar mais feliz. Havia me tornado o padrinho do garoto, que mesmo com poucos meses de vida, era igual ao pai, tanto em aparência, apesar te ter os olhos de Lily, quando em marotice.

Lembro das gargalhadas que dei quando você confessou sentir ciúmes do garoto, porque eu dedicava “muito” do meu tempo à ele, e “pouco” à você, o que não era verdade, é claro. Eu sugeri que tivéssemos nossos próprios filhos, mas você apenas revirou os olhos e sorriu daquele jeito que eu tanto amo.

A guerra continuava e nós vimos Lily, Pontas e os Longbottom quase morrerem três vezes em encontros com Voldemort. Todos nós estávamos cansados, e sentíamos que estávamos perdendo essa batalha aos poucos.

Foi então que eu decidi. Nós nos casaríamos, custasse o que custasse. Podíamos morrer a qualquer momento, e isso era motivo suficiente para que eu quisesse cometer todas as loucuras possíveis e impossíveis. Não queria morrer sem ter feito tudo o que desejava.

Mas não fui eu quem morreu. Pouco antes do aniversário de um ano de Harry, nós dois marcamos um encontro. Ia ser naquele dia que eu oficializaria tudo com você, independente da sua vontade.

Eu não lembro por quantas horas esperei você no meu apartamento, e quando saí, altamente irritado, à sua procura, deparei-me com Emmeline. Ela chorava muito, mas conseguiu falar, entre soluços, a notícia que me tiraria o chão. Você não estava mais entre nós.

Talvez eu tenha ficado horas em choque, ou até mesmo poucos minutos, mas tudo o que eu consegui fazer, quando voltei à mim, foi chorar nos braços da minha amiga. Da nossa amiga.

Eu não sabia o que fazer, que rumo tomar. Eu sabia que todos nós estávamos sujeitos à isso, mas toda vez que pensava (e ainda penso) que você nunca mais estaria nos meus braços, sorrindo daquele jeito que só você sabia sorrir, me dava um aperto no peito e uma vontade louca de atirar tudo para o alto e cometer um desatino.

Eu me isolei de tudo e de todos. Evitava até mesmo os Marotos. A única coisa que eu fazia era ficar deitado na cama, sentindo o seu perfume suave de rosas impregnado nos meus travesseiros.

Eu chorava até não poder mais, e então eu ficava quieto, apenas olhando a nossa foto no meu criado-mudo. Tínhamos onze anos ainda; você sorria abertamente e pulava nas minhas costas, enquanto eu me limitava a revirar os olhos e abrir um sorriso de canto.

E então o aniversário de Harry chegou. Eu não queria falar com ninguém, então me enfiei em uma missão qualquer da Ordem, como uma forma de pretexto para evitar meu afilhado.

Quando voltei para casa, encontrei uma carta de Lily. Ela falava que o filho havia adorado meu presente e também falava de você, mesmo que de uma forma fria e impessoal. Eu sabia que ela só fizera isso por que sabia da minha dor. Ela sabia que eu não gostaria que ela ficasse se lamentando e demonstrando pena.

Não pense que ela esqueceu a amizade de vocês duas! Ela te considera muito, mas falar sobre você dói demais, e a única forma que ela encontrou de lidar com isso, foi minimizar tudo. E um desses meios foi apenas se referindo à você pelo sobrenome.

Eu devo confessar que achei estranho esse meio dela, mas a entendo perfeitamente e sei que é o jeito que ela lida com a situação.

Agora eu preciso te perguntar uma coisa. Por que você nos deixou? Por que foi embora assim, sem mais nem menos? Sem dar um mísero adeus? Eu só queria entender...

Dumbledore fala que você morreu bravamente, mas eu ainda não consigo me conformar! E o nosso chalé? Nossos filhos e netos tão sonhados não existirão mais? Por que, Marlene? Por que você fez isso comigo? Conosco?

Você sempre vai ser a mulher da minha vida, e eu quero que você nunca se esqueça disso, meu amor.

Agora eu preciso ir. Dumbledore quer que eu vá na casa do Pontas mais tarde para tratar de um assunto importante. Desde que ele ouviu uma profecia relacionada aos nossos amigos, que ele não pára quieto, e agora parece ter encontrado a solução ideal para resolver o problema.

Só peço que não ligue as lágrimas neste pergaminho, eu apenas não consegui me conter. Mas não precisa me dizer para não chorar, porque agora, finalmente, as minhas lágrimas secaram. Eu acho que nunca mais vou chorar novamente.

Espero que esteja tudo bem com você aí, ao lado de Merlim. Cuida da gente, tá? Proteja os nossos amigos, porque eles realmente estão precisando de uma ajudinha extra.

E tem outra coisa. Eu estou colocando a nossa aliança de noivado nesta carta. Infelizmente nosso compromisso não vai poder se realizar, você foi embora sem me dar esta oportunidade. Mas eu realmente espero que você goste dela, e a guarde como símbolo do nosso amor.

Te amo pra sempre e sempre,

Sirius Black


Sirius abriu um buraco frente à lapide da garota e depositou no mesmo a carta que carregava nas mãos. Tocou a ponta dos dedos nos lábios e então as colocou nas letras douradas que formavam o nome “Marlene McKinnon”.

Tapou o buraco e admirou a lápide madrepérola à sua frente, onde pode ler as inscrições na mesma.

Marlene McKinnon, nascida 01 de outubro de 1959, falecida 12 de julho de 1981.

Forte do princípio ao fim; excelente amiga e companheira.

Cuidai de nós.

- Você foi, é e sempre será a minha melhor amiga. O meu grande amor. Mas agora já está na hora de dizer adeus. – sua voz saiu rouca e falha, mas não havia vestígios de lágrimas. Ele estava certo quanto à não conseguir chorar mais.

Levantou-se e, sem olhar para trás, seguiu rumo às portas do cemitério, onde aparatou para a casa de James.

Já era a hora de voltar à realidade. Os amigos precisavam dele naquele momento.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, essa é a minha primeira fic aqui nesse site, hsaoishiaoshoiashaosh
Espero que vocês curtam bastante (:

Obrigado ao Rodrigo, que betou pra mim.

:*



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