MALDIÇÃO! Que horas são? Olhei pros lados, me sentindo sonolenta. Que horas havíamos voltado da casa dos meninos mesmo? As lembranças estavam fracas, e minha cabeça doía. Não por ter bebido, mas pela provável dor de cabeça que apareceria. Melhor não contar pra minha mãe que comi pizza ontem.

Levantei mais rápido, ao ouvir a música tornando-se mais alta, e se continuasse, acordaria a casa toda. Desliguei o despertador e abri meu notebook, já entrando na internet. Meu twitter piscou, mostrando que uma DM havia sido mandada. Estranhei, mas fui lê-la.

@tommcfly “Minha star girl, você esqueceu seu casaco comigo, passa aqui e pega depois, xx”

Mordi meu lábio levemente, ignorando a dor de cabeça, me animando com isso. Observei meu pijama, vendo se não era indecente demais, para o caso de Bob ou Debbie atender, achei-o decente o bastante. É. Deixei um breve bilhete a minha mãe, por precaução. Peguei meu material e coloquei a roupa de escola dentro da mochila, para se demorasse demais lá.

Coloquei meu crocks rosa, nem um pouco chamativo, e fui em direção a casa da frente com minha mochila nas costas. Fechei o portão, levando o controle comigo. Pediria para Tom levá-lo de volta, qualquer coisa. Pensei em bater palmas, mas antes que pudesse fazê-lo, a porta da frente abriu. Era Debbie.

- Bom dia Debbie! – comprimentei-a.

- Bom dia Mika! O que esta fazendo aqui? Você não tem aula? - Debbie franziu as sobrancelhas confusas, e eu ri calmamente.

- Esqueci meu casaco com o Tom ontem.

Debbie riu calmamente, abrindo o portão, que, parecendo demorar anos, por fim se abriu por completo, entrei, calmamente, e parei para agradecer Debbie.

- Ele está no quarto. – ela me interrompeu, piscando, ri, sem graça.

- Obrigada Deb. Até. – despedi-me e entrei, ainda me sentindo extremamente pobre diante daquela casa.

Cheguei no corredor e lembrei-me a ordem das portas. Abri a segunda, dando de cara com duas beliches, brigando por espaço em um cômodo que eu diria ser menos que o meu. Dei uma olhada e rapidamente achei Tom. Aproximei-me, na ponta do pé, com medo de acordar os outros e cutuquei-o. Nada.

Lembrei-me de alguma entrevista, onde algum dos meninos dizia que Tom era o mais dorminhoco. Ri baixinho. Tínhamos mais uma coisa em comum. Cutuquei-o novamente, e ele enrugou o nariz, mexendo-o e estava prestes a virar para outro lado, quando resolvi fazer diferente. Belisquei-o. Pronto. Acordou. Num pulo.

Tom estava prestes a começar a xingar meio mundo, já com cara de emburrado. Tampei sua boca, fazendo sinal para ele não fazer barulho e Tom forçou os olhos, tentando me enxergar no meio da escuridão.

Resolvi testar uma coisa. Tirei minha mão de sua boca, e antes que Tom pudesse falar algo, colei meus lábios aos seus. Ele estava surpreso. Vi os olhos dele se fecharem, e fechei os meus, me entregando ao beijo.

Tentei sentar ao lado de Tom, mas quando percebi, a mão de Tom estava na minha cintura, me puxando para perto. Caí. Em cima de Tom. E, agindo como se não fosse Tom Fletcher, sua mão voltou á minha cintura, e de repente estávamos nos beijando novamente.

Me arrumei de um jeito que eu considerei bom pra minhas costas, e para Tom. Quer dizer, eu estava quase sentada em sua cintura. Tenso. Joguei minhas mãos em volta de seu pescoço, já aproveitando e arranhando levemente sua nuca. Tom suspirou por entre o beijo e eu quase desmaiei.

Era quase como se não nos beijássemos há anos. Como se tivéssemos nos separado como naqueles filmes e tivéssemos acabado de nos re-encontrarmos. E que ótimo re-encontro eu estava tendo. Deus!

Subi minhas mãos, puxando os cabelos de Tom, e senti seus beijos pararem. Abri meus olhos, a escuridão doeu, mas acustumei-me rápido. E de repente eu já podia ver os olhos de Tom. Eu podia ver que ele mordia levemente os lábios. Como ele estava apenas de regata. E, acima de tudo, que seus olhos me diziam tudo que ele estava sentindo.

Desejo. Paixão. Algo parecido com saudade... E mais desejo.

Me perguntei se Tom havia bebido algo, mas então, de repente, meu Tom estava lá de novo. Sua expressão mudou, e eu quase podia ver suas bochechas vermelhas. Seus olhos me diziam que ele estava arrependido e com vergonha.

Tom Fletcher havia perdido o controle. Mesmo que por pouco tempo. Ele havia perdido o controle. Comigo. Oh yeah, baby!

- Oh, shit, Mika, eu sinto muito, mesmo, eu sou um idiot- Já disse que odeio pessoas que se desculpam demais? Por isso beijei Tom, fazendo-o ficar quieto.

Pude sentir seus lábios duros. Ele não queria abri-los. Suspirei derrotada.

- Eu te desculpo. – sussurrei, derrotada, e antes que eu pudesse piscar, os lábios de Tom já avançavam sobre os meus.

Joguei meus braços em volta de seu pescoço, novamente, e me surpreendi. A mão de Tom em meu rosto, acariciando-o. O jeito que sua mão em minha cintura puxava-me para perto dele. Abri meus olhos, sem desgrudar meus lábios dos seus e percebi que seus olhos também estavam abertos. E dessa vez havia algo de diferente.

Desejo. Luxuria. Saudade. Paixão. Amor.

A intensidade dos beijos de Tom estavam me deixando tonta. Eu não conseguia entender. Tom me pedia desculpas por me agarrar – uma coisa que, por mim, não é nada ruim, para ele se desculpar – e de repente, estava me beijando com tanta intensidade que eu estava perdendo meu foco.

Separei nossos lábios, apertando meus braços em volta de seu pescoço ao perceber que a tontura parecia estar ali ainda. Encostei minha cabeça em seu peito, ofegante. As mãos de Tom abraçaram-me, cuidadosas.

- Isso foi pra mostrar pra você que- o interrompi.

- Que você me faz ficar tonta? Porque eu estou. E não é pouco.

A leve risada de Tom me tranqüilizou. Mordi meus lábios levemente, sentindo uma vontade de beijá-lo novamente.

- Não isso, mas é bom saber. – arregalei meus olhos, me sentindo totalmente envergonhada, apertei minha cabeça, escondendo-a na curva de seu pescoço – Na verdade, foi pra mostrar pra você outra coisa. Mostrar que eu não estou com você por desejo carnal. Eu já disse isso e repito. Você é importante pra mim. Você não é uma garota qualquer. Você é minha garota.

Senti uma leve tontura novamente e Tom tirou-me de perto dele. Ele arrumou-me, sentando-me na sua frente. Sua mão segurando levemente meu queixo. Nossos olhos fixos. Ele depositou um leve beijo em meus lábios e eu me senti nas nuvens. Soltei um suspiro, mordendo levemente meu lábio.

- Você entendeu? - Tom perguntou-me. Ele estava sério.

- Sua garota. Entendi.